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3 ASPECTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA

3.4 INSTRUMENTOS DE PESQUISA

3.4.12 Teste de Wechsler de memória visual e de dígitos

3.4.12.1 T ESTE DE MEMÓRIA DE DÍGITOS

O teste de memória de dígitos consiste na tarefa de repetição, na mesma ordem e em ordem inversa, de uma cadeia gradativamente crescente de números, sendo que as séries aplicadas são as mesmas do WAIS. Os testes são aplicados separadamente e, em cada um deles, os dígitos são apresentados na cadência de um por segundo, com entonação decrescente da voz no último elemento de cada série. O número em frente à série representa a quantidade de algarismos que ela contém.

A nota referente ao teste de memória de dígitos consiste na soma dos valores obtidos nos dois subtestes descritos a seguir: o teste de memória de dígitos em sentido normal e o teste de memória de dígitos em sentido inverso.

3.4.12.1.1 Teste de memória de dígitos em sentido normal

No teste de memória de dígitos em sentido normal, começa-se com o ensaio I da série 3.

O comando adaptado à pesquisa foi: “Vou dizer alguns números. O sr./A sra./Você deve ouvir com atenção e, quando eu acabar, repetir o que ouviu. Entendeu? (Aguardar resposta) Posso começar?”.

Em cada série, se o sujeito repetir corretamente o ensaio I, deve-se passar à série seguinte. O ensaio II da mesma série só é apresentado se o primeiro for malsucedido. A série seguinte, por sua vez, só deve ser apresentada quando houver êxito em um dos ensaios da série anterior.

Termina-se o teste quando o sujeito errar dois ensaios de uma mesma série. A pontuação corresponde ao número da última série em que ele obteve sucesso em um dos ensaios.

Tabela 3 – Séries do teste de memória de dígitos em sentido normal N.º da série Ensaio I Ensaio II

3 5-8-2 6-9-4 4 6-4-3-9 7-2-8-6 5 4-2-7-3-1 7-5-8-3-6 6 6-1-9-4-7-3 3-9-2-4-8-7 7 5-9-1-7-4-2-8 4-1-7-9-3-8-6 8 5-8-1-9-2-6-4-7 3-8-2-9-5-1-7-4 9 2-7-5-8-6-2-5-8-4 7-1-3-9-4-2-5-8-6 Fonte: ECPA (1969, p. 18).

Diferentemente da versão americana, em que o teste termina na série 8, o teste aplicado na presente pesquisa conserva a série 9, conforme suas versões francesa e portuguesa.

3.4.12.1.2 Teste de memória de dígitos em sentido inverso

O teste de memória de dígitos em sentido inverso segue a mesma lógica de aplicação do teste anteriormente descrito, sendo que o comando adaptado para a pesquisa foi: “Agora vou dizer alguns números, mas, desta vez, quando eu acabar, o sr./a sra./você vai repetir em sentido contrário. Por exemplo, se eu disser 7-1-9, o que o sr./a sra./você tem de dizer? (Aguardar resposta. Se o indivíduo responder corretamente, continuar). Muito bem! Aqui tem outros números! (Caso o sujeito erre ou não tenha compreendido, dar a resposta exata e um outro exemplo). Lembre-se de que deve repetir em sentido contrário: 3-4-8. (Se o sujeito for bem-sucedido neste segundo exemplo, começar o teste com o ensaio I, pela série de dois dígitos. Se o sujeito for bem-sucedido no exemplo, mas não o for nos dois ensaios da série 3, apresenta-se a série 2 e suspende-se o teste)”. A princípio, o comando foi elaborado com base na tradução feita pela pesquisadora, a partir do comando francês, anteriormente traduzido para o PE. Dadas as diferenças entre PE e PB, optou-se por uma adaptação que visasse a um tratamento que não gerasse desconforto no sujeito por sua formalidade, uma vez que no Brasil a informalidade é mais marcante no tratamento interpessoal do que em países europeus. Sendo assim, a título de exemplificação das alterações feitas no comando, segue o comando citado em suas versões francesa e portuguesa europeia.

A versão francesa: “ ‘Maintenant, je vais dire des chiffres, mais cette fois, quando j’aurai fini, vous devrez les redire à l’envers. Par exemple, si je dis 7 – 1 – 9, que devez-vous dire? ’ Si le sujet répond correctement, dire : ‘ Voici d’autres chiffres’, et commencer l’épreuve avec l’Essai I de la série de 3 chiffres. Si le sujet ne répond pas correctement ou n’a pas compris, donner la réponse exacte et un autre exemple, en disant : ‘ Rappelez-vous que vous devez redire à l’envers : 3 – 4 – 8 ’. Si le sujet réussit, aborder le test avec l’Essai I de la série 3. Mais, s’il échoue à ce second exemple, aborder le test avec l’Essai I de la série de 2 chiffres. Si un sujet réussit un exemple mais échoue aux deux essais de la série 3, on lui donne la série 2 et on arrête le test. ” (ECPA, 1969, p. 19).

Sua versão em PE: “Agora, vou dizer alguns números mas, desta vez, quando eu acabar, o (a) Senhor (a) vai repeti-los em sentido contrário. Por exemplo, se eu disser 7–1–9, que dirá o (a) Senhor (a)? Se o indiv. responder correctamente, dizer: ‘Aqui tem outros números’, e começar a prova com o Ensaio I da Série de 3 dígitos. Se o indiv. não responder correctamente; ou não tiver compreendido, dar a resposta exacta e um outro exemplo: ‘Lembre-se de que deve repetir em sentido contrário: 3– 4–8’. Se o indiv. for bem sucedido, neste segundo exemplo, começar o teste com o Ensaio I da Série de 2 dígitos. Se o indiv. for bem sucedido num exemplo mas não o for nos dois ensaios da Série 3, apresenta-se a Série 2 e suspende-se a prova.” (UL, 1999?).

Tabela 4 – Séries do teste de memória de dígitos em sentido inverso

N.º da série Ensaio I Ensaio II

2 2-4 5-8 3 6-2-9 4-1-5 4 3-2-7-9 4-9-6-8 5 1-5-2-8-6 6-1-8-4-3 6 5-3-9-4-1-8 7-2-4-8-5-6 7 8-1-2-9-3-6-5 4-7-3-9-1-2-8 8 9-4-3-7-6-2-5-8 7-2-8-1-9-6-5-3 Fonte: ECPA (1969, p. 19).

Assim como no teste anterior, diferentemente da versão americana, em que o teste termina na série 7, o teste aplicado na presente pesquisa conserva a série 8, conforme suas versões francesa e portuguesa.

3.4.12.2 Teste de memória visual

No teste de memória visual, são utilizadas três cartelas (Vide anexo B), uma de cada vez, contendo desenhos a serem memorizados e reproduzidos. Duas das figuras do teste provêm da Escala de Performance do Exército Americano, elaborada após a Primeira Guerra Mundial. A terceira faz parte do teste de Binet. (ECPA, 1969, p. 6).

Provido de um lápis e um papel, o sujeito recebe as instruções referentes à cartela A e executa a tarefa. O mesmo ocorre em relação às cartelas B e C.

O comando referente às cartelas A e B é o que segue: “‘Vou mostrar um desenho. O sr./A sra./Você tem 10 segundos para observar. Depois eu escondo o desenho e o sr./a sra./você terá de desenhar o que viu. Olhe com atenção e aproveite o tempo. Não comece a desenhar antes de eu dar o sinal. Está pronto(a)?’ (Mostrar o cartão por 10 segundos) ‘Agora, pode desenhar’”.

O comando referente à cartela C é o que segue: “‘Agora, atenção, porque este é um pouco mais difícil. Este cartão tem dois desenhos. Vou pedir que olhe para os dois com atenção. Tem outra vez 10 segundos para observar o cartão, depois eu escondo e deixo fazer os dois desenhos. Um aqui (Indicar o espaço onde o sujeito deverá fazer o desenho) e o outro aqui (Indicar o espaço). Está pronto? (Mostrar o cartão C por 10 segundos) Pode começar.’”

A pontuação referente a cada um dos desenhos é a soma dos pontos correspondentes à presença de cada uma das características descritas ao longo desta seção, indicadas entre parênteses. A pontuação do teste consiste na soma dos pontos de cada um dos desenhos, sendo, no máximo, equivalente a 15 pontos.

Em relação ao desenho da cartela A, são considerados três pontos: (1) 1 ponto – se houver duas linhas cruzadas com quatro bandeirinhas.

(2) 1 ponto – se as bandeirinhas estiverem na posição correta, face a face nas partes superiores e inferiores das linhas cruzadas.

(3) 1 ponto – se as proporções a seguir forem respeitadas: ângulo central entre 60° e 120°; equilíbrio no tamanho das linhas em relação ao eixo central; semelhança das bandeirinhas a quadrados.

O manual do ECPA (1969, p. 22) prevê uma pontuação específica pela apresentação parcial das características do desenho. Caso a representação gráfica

se dê conforme a figura que segue, atribuir 1 ponto no total para o primeiro caso e 2 pontos no total para o segundo caso.

Figura 12 – Casos particulares de registro do desenho da cartela A Fonte: ECPA (1969, p. 22).

O número máximo de pontuação possível para o desenho da cartela A, portanto, é de três pontos.

O desenho B é um pouco mais complexo que o primeiro, tendo uma pontuação máxima de cinco pontos:

(1) 1 ponto – se houver um grande quadrado dividido com uma cruz ao meio. (2) 1 ponto – se houver quatro quadrados mais ou menos do mesmo tamanho

e uniformemente distribuídos dentro das quatro partes do quadrado maior. (3) 1 ponto – se os quadrados estiverem divididos com uma cruz ao meio, tal

qual o quadrado maior.

(4) 1 ponto – se houver o registro de pontos em cada um dos 16 quadradinhos formados pelas divisões, de modo que os quatro quadrados ocupem quase a totalidade do quadrado maior.

(5) 1 ponto – se houver o respeito das proporções em todo o desenho.

A pontuação de casos particulares também é prevista para este desenho, conforme é possível observar na figura a seguir, em que o exemplo 1 deve receber 2 pontos no total; e os exemplos 2 e 3 devem receber 3 pontos no total.

Figura 13 – Casos particulares de registro do desenho da cartela B Fonte: ECPA (1969, p. 24).

Os desenhos da cartela C, tratados como C1 e C2, são pontuados separadamente.

Para o desenho C1, há três pontos:

(1) 1 ponto – se houver um grande retângulo com um pequeno retângulo em seu interior. Caso um dos dois seja um quadrado, não se registra o ponto. (2) 1 ponto – se todos os vértices do retângulo interior forem ligados aos

vértices do retângulo exterior.

(3) 1 ponto – se o retângulo interior estiver deslocado corretamente para o lado direito do retângulo exterior.

Para o desenho C2, há quatro pontos:

(1) 1 ponto – se o retângulo central for aberto no sentido adequado e houver a formação simétrica dos detalhes nos extremos de cada linha.

(2) 1 ponto – se ao menos um dos detalhes na extremidade das linhas for representado com fidelidade.

(3) 1 ponto – se os dois detalhes forem simétricos e colocados na parte interior do desenho.

(4) 1 ponto – se as proporções forem respeitadas.

Neste desenho, dois casos particulares merecem a atenção:

Figura 14 – Casos particulares de registro do desenho C2 da cartela C

Fonte: ECPA (1969, p. 26).