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Dalva Aleixo Dias – Biografia

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CAPÍTULO III – Antropologia da Comunicação na USP

7. Focos irradiadores da Antropologia da Comunicação

7.2. Dalva Aleixo Dias – Biografia

Filha de Olavo Aleixo Dias e Maria Gardim Dias, Dalva Aleixo Dias nasceu no dia 05 de março de 1961, em uma pequena cidade do interior de São Paulo, chamada Óleo, nas adjacências da estância hidromineral de Águas de Santa Bárbara. A cidade natal de Dalva.

[...]É uma terra de migrantes. É uma região onde existem muitos migrantes e imigrantes que foram tentar a vida lá. Eu vim para Bauru em 1979, com o objetivo de estudar. A vontade de pes quisar extremos da sociedade, talvez tenha surgido ainda na minha cidade. Algo que era relevante lá era o preconceito com as religiões africanas de uma

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Entre os critérios para a escolha dos entrevistados, estava: objeto de estudo; continuidade da linha de pesquisa; atuação docente e localização.

forma geral, pois o catolicismo predominava. Mas eu sempre combatia isso: tinha amizade com a professora espírita, com o maçom... (Dias, 2008)70

A origem familiar de Dalva também a inspirou. A docente se classifica como “uma típica brasileira, com uma mistura grande de etnias”. (Dias, 2008) Quando chegou a Bauru, a pesquisadora trouxe consigo os seus pais, mas logo depois, constituiu a sua própria família. Dalva é mãe de duas filhas, e avó de um neto.

Em Bauru, Dalva concluiu o curso de Relações Públicas, no ano de 1984, pela UNESP (Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”). Pela mesma instituição, dois anos depois, em 1986, a docente se graduou em jornalismo.

Para prosseguir com os seus estudos em nível de pós- graduação, Dalva seguiu para a Universidade de São Paulo, e, em 1995, torna-se mestre em Ciências da

Comunicação pela ECA-USP. A dissertação “Comunicação e Política na Umbanda de Bauru: dos rituais nos terreiros às festas públicas no Sambódromo” foi orientada pela Professora Dra. Solange Martins Couceiro de Lima.

Atualmente, a pesquisadora leciona para os cursos de Comunicação Social, nas habilitações de Radialismo, Jornalismo e Relações Públicas da UNESP. Inclusive, grande parte das orientações de trabalhos de conclusão de curso que Dalva realiza, está focada para a área de Comunicação Cultural. “Tenho uma atuação grande na área de gestão cultural”. (Dias, 2008)

Além das atividades docentes, a pesquisadora é doutoranda em Didática de Ciências Sociais, pela Universidade de La Laguna, na Espanha. A tese que pretende defender recebeu o título provisório de “Diversidade e Educação: Análise dos Discursos sobre Educação para a Convivência na Espanha”, e tem a orientação do Professor Dr. Salvador Quintero Rodríguez.

7.2.1. Dalva Aleixo Dias – Pensamento:

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Desde a graduação, Dalva Aleixo Dias sempre demonstrou interesse pelos estudos relacionados às questões regionais, à cultura popular, e às crenças e religiões

marginalizadas no Brasil.

O primeiro trabalho de conclusão de curso da investigadora fez um inventário das instituições culturais da região de Bauru. Nessa ocasião, Dalva trabalha va na Secretaria do Estado da Cultura, o que a impulsionou a escrever sobre as manifestações culturais locais.

Em seguida, para o curso de jornalismo, a docente desenvolveu um projeto sobre a influência das emissoras de TV regional no cotidiano da sociedade local. O TCC recebeu o nome de “Análise do Telejornalismo Regional: Estudo de Caso Rede Globo Oeste Paulista”.

Para o mestrado, Dalva escolheu trabalhar com os aspectos da religião Umbanda. A primeira razão que a levou escolher esse assunto foi a oportunidade de estudar algo desconhecido para a sociedade científica:

Pra mim o desconhecido sempre foi um desafio. Ter medo é uma limitação muito grande para o ser humano. E para a minha a investigação, e as reportagens que eu fazia... Eu levava tudo como forma de vencer as incertezas que o medo nos traz. Quanto à minha pesquisa, primeiro eu vi que existia preconceito contra o espiritismo. Então, eu estudei toda a doutrina do kardecismo, para entender o porquê de pessoas tão boas, às vezes, serem chamadas de “bruxa”, “macumbeiras”, ou algo do gênero. Então, eu passei a entender a questão da cultura. E a mesma coisa ocorria com o preconceito contra a maçonaria. Com isso, eu passei a defender o espiritismo, a maçonaria, a umbanda, todas as coisas que eram repelidas pela maioria da população. (Dias, 2008)

A segunda motivação estava fortemente ligada ao apreço que a pesquisadora tinha pela cultura e crenças populares:

Eu me interessava muito pelas religiões populares. Eu encaro muito essa coisa de “arte adivinhatória” como uma espécie de “psicanálise de pobre”. Não tenho nada contra pobre, não é isso. O que eu quero dizer é que, às vezes, existem pessoas que podem pagar pelo psicólogo, pelo médico. E aquelas que não podem pagar, buscam essa fé, um conselho através da vidência.

[...] Aí eu tinha duas coisas: a primeira é que eu tinha um contato grande com as pessoas que exerciam “arte adivinhatória” aqui em Bauru. Na cidade que eu nasci, apesar do preconceito, não existia médico, era só o farmacêutico e a benzedeira. Aliás, eu não sei quem era mais importante. Eu acredito que as pessoas iam mais nas benzedeiras. Com isso, eu comecei a pesquisar as benzedeiras, tanto de origem africana/indígena, como as de origem européia [...] (Dias, 2008)

Para compor a sua dissertação, Dalva Aleixo Dias cursou disciplinas oferecidas pela ECA, e pelo Departamento de Antropologia da FFLCH. No seu texto, a docente se utilizou das referências de João Baptista Borges Pereira, Oracy Nogueira, Roberto da Mata, Renato Ortiz, entre outros. Para se ter uma idéia, poucas teorias comunicacionais foram utilizadas no desenvolvimento da investigação.

Apesar dos trabalhos referentes à cultura popular existentes em seu currículo, Dalva Aleixo Dias não se considera uma antropóloga da comunicação:

Eu acho que seria muita pretensão, mas eu posso garantir que eu faço o melhor para manter as relações com a Antropologia e com a Comunicação. Eu não “mergulhei” profundamente nos dois campos: Comu nicação e Antropologia. Eu acredito que deveriam ter dentro da Antropologia estudos referentes à Comunicação e vice-versa. (Dias, 2008)

Quanto ao doutorado, a pesquisadora observa que deu continuidade aos estudos da sociedade e da Comunicação:

Estou concluindo o doutorado, mas, na Universidade de La Laguna, na Espanha. Fiz toda a pesquisa, porém não defendi. Mas eu continuo nessa linha de Comunicação e sociedade. Eu fui para as Ilhas Canárias, pensando em estudar religiões sincréticas afroamericanas. As Ilhas Canárias são um lugar estratégico, pois é um centro de encontro entre África, Europa e América. Mas aí eu comecei a estudar a questão da imigração, que se transformou na minha tese. (Dias, 2008)

7.2.2. Dalva Aleixo Dias – Relacionamento com Solange

Couceiro:

Dalva Aleixo Dias conheceu Solange Couceiro, quando ainda cursava disciplinas como aluna especial no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação da ECA-USP.

Para se ter uma idéia, segundo as afirmações de Dias (2008), no início da década de 90, as questões étnicas eram abordadas na ECA, sob duas perspectivas: os negros na imprensa com a Professora Solange Couceiro; e os negros e as artes com a Professora

Dilma Melo e Silva. Dalva Aleixo Dias escolheu a proposta de Solange Couceiro, por estar mais próxima do que deseja pesquisar.

Quanto ao relacionamento com Solange Couceiro, a investigadora aponta que sempre foi muito amistoso:

[...] Pra mim, ela foi democrática, aberta, e muito solidária com a gente, enquanto estudante. Eu sempre considerei que o suporte teórico que a Solange defendia era essencial para os estudantes de Comunicação naquele tempo, isto é, a base nas Ciências Sociais. A Solange, o Ismar de Oliveira Soares e a Dilma sempre orientaram nesse sentido. E eu seguia, pois sempre acreditei que eles estavam certos [...] (Dias, 2008)

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