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DANIEL — PRIMEIRO MINISTRO DO REINO

SEIS CAPÍTULOS DE HISTÓRIA ALUSIVA AOS EMBAIXADORES

DANIEL — PRIMEIRO MINISTRO DO REINO

VERSO 48: — “Então o rei engrandeceu a Daniel, e lhe deu muitos e grandes dons e o pôs por governador de toda a província de Babilônia, como também por principal governador de todos os sábios de Babilônia”.

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O rei Nabucodonosor havia feito grandes promessas de custosas dádivas e grandes honras a quem o satisfizesse revelando e interpretando o seu esquecido sonho. Fiel a esse compromisso, cumpriu-o à risca engrandecendo a Daniel e dando-lhe “muitos e grandes dons”. O vocábulo “dons” é vertido por James Moffatt, do original “mattens” — por “presentes”. Embora não saibamos quais os presentes doados a Daniel pelo soberano, podemos crer que foram custosos. James Moffatt traduz “grandes dons” por — “vistosos presentes”. O rei Belshazzar, mais tarde, como recompensa pela leitura e interpretação da fatídica sentença — Mene Tekel Peres — ofereceu-lhe vestes de púrpura, cadeia de ouro ao pescoço e o lugar de terceiro rei do reino. Daniel, porém, não se deixou intoxicar com os “presentes” e “honras” de Nabucodonosor e de Belshazzar. Um embaixador de Deus do seu quilate, não espera dádivas ou favores dos homens pelo desempenho de sua honrosa missão conferida pelo céu. Desprendido de tudo quanto é efêmero, cumpre êle o seu dever visando apenas a recompensa eterna que o seu Deus lhe pode dar bem como a todos os que como êle lhe forem fiéis.

A segunda honra prestada a Daniel pelo rei de Babilônia, foi a de empossá-lo no govêrno da província de Babilônia. Era esta a mais alta honra conferida a um governador de província, pois Babilônia era a província-mãe que incluía a própria grande e suntuosa capital do reino e do mundo. Esta honra Daniel aceitou e alegrou-se com ela, não em face do elevado pôsto como uma honra pessoal, mas para poder salientar-se mais como representante do poderoso rei do universo. Além disso Daniel iria mostrar àqueles que no mundo desempenhavam elevadas funções administrativas, o que significa ser um burocrata; sim, demonstraria a essa classe de funcionários públicos o que em verdade significa um burocrata patriota (embora não fôsse um caldeu) e não um parasita que só pensa em salário, aumento de salário e em aposentadoria com o mínimo tempo de serviço possível. E Daniel, como foi José séculos antes no Egito, demonstrou deveras o que é um burocrata de consciência e como devo êle servir o seu país no importante encargo em que está empossado, sem lezar o erário público com um parasitarismo morto que anseia pelo fim do mês para embolsar proventos pelo trabalho que não fêz ou pelo mínimo que produziu. No seu encargo de confiança, exemplificou Daniel ao mundo o que é um homem que serve a Deus e como desempenha a

TESTEMUNHOS HISTÓRICOS DAS PROFECIAS DE DANIEL

171 sua função de responsabilidade, seja perante o Estado seja perante qualquer organização empregadora, (Ver o capítulo VI neste sentido).

A terceira honra conferida a Daniel, foi o de “principal governador de todos os sábios de Babilônia”. Ainda que esta destacada honra o colocou em sabedoria acima de todos os pretensos sábios, êle, com tôda a certeza, não se simpatizou com ela. Era a mesma coisa que ser o chefe duma quadrilha de mentirosos e embusteiros! Mas, o rei, é claro, não sabia que esta aparentemente destacada honra não o honrava. Todavia cremos que o sábio Daniel deu ótimas lições de sabedoria àqueles homens tidos como sábios, mas sem qualquer sabedoria. Deu-lhes, certamente, grandes aulas demonstrando-lhes que a verdadeira sabedoria tem sua fonte em Deus e que dÊle ela emana aos que O temem e O servem.

A quarta honra do soberano a Daniel e que a temos no versículo seguinte, foi a de primeiro ministro do reino, conjuntamente com a de governador da província de Babilônia — “mas Daniel estava às portas do rei”. Esta, a maior função dum homem de Estado, depois do chefe do executivo — do rei ou do presidente — Daniel desempenhou durante todo o tempo em que existiu o Império de Babilônia, por setenta anos. Vimos aqui um caso inédito — o primeiro encargo de primeiro ministro do mundo, de tôda a terra! Neste pôsto-chave do reino mundial, foi Daniel, mais propriamente, o primeiro ministro do reino universal de Deus no setor da terra. Que grande bênção para as nações não fôra êle! Que exemplar dignidade de alto funcionário não fôra êle para todos quantos ocupavam a mesma função de primeiro ministro entre as nações de seu tempo e de todos os tempos até agora! Cremos que tôda a prosperidade do grande reino de Nabucodonosor deveu-se à influência de Daniel em Palácio como chanceler mundial e o primeiro depois do rei — para não dizer o rei como primeiro depois dêle. Depois da morte de Nabucodonosor, os seus sucessores não deram muita importância a Daniel como chanceler, e o reino foi a pique. Os persas, porém, inicialmente, tiveram grande prosperidade, graças ao fato de terem reconhecido em Daniel um homem indispensável, pondo-o também como primeiro ministro ao tempo de Dario, o Medo, e ao iniciar Ciro o seu reinado. Felizes as nações com burocratas do caráter de Daniel.

O que mais se destaca em tôda esta sublime história, é que Daniel foi feito governador de Estado e primeiro ministro dum reino mundial

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história da civilização humana. José, no Egito, ascendeu ao pôsto de primeiro ministro aos trinta anos de idade, o que é também notável.1 É de suma importância que êstes fatos envolvam dois jovens tementes a Deus, fiéis em todos os altos princípios que respeitam à vida que um cidadão cristão e filho de Deus deva aqui viver. Que poderá fazer, Deus hoje com jovens do caráter de Daniel e de José, que O honraram ao sumo? E onde estão êstes jovens leais aos princípios do céu no século XX? Fornecerá o cristianismo tais jovens nesta geração? Possui-los á a Igreja de Deus hoje, jovens da têmpera de Daniel e de José? Pode ser que se possa encontrar tais jovens hoje, todavia é necessário procurá-los com a lanterna de Diógenes!