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SEIS CAPÍTULOS DE HISTÓRIA ALUSIVA AOS EMBAIXADORES

A ORIGEM DO IMPÉRIO BABILÔNIO

O primitivo território que deu origem ao império babilônio de Nabucodonosor passou por uma longa e mui variada história e estêve sob a liderança de diferentes povos e reinos antes do grande potentado

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111 empunhar o cétro mundial. De conformidade com o livro de Gênesis, as cidades de Babilônia, Erech, Accad e Calah, daquele território na terra de Sinear, na Mesopotânia, foram fundadas por Nimrod, um bisneto de Noé através de seu filho Cam.1 Estas cidades constituíram originalmente naquele primitivo período histórico, depois do dilúvio, vários Estados ou Cidades-Estados, ali na terra de Sinear, no sul da Mesopotâmia. Posteriormente, alguns daqueles Estados agruparam-se em maiores Estados ou reinos. Primitivas inscrições referem a esta área ou país de Sinear, como duas sessões distintas — os reinos de Sumer e de Accad — o primeiro ao sul, próximo ao Gôlfo Pérsico, cêrca da latitude trinta e dois e o segundo ao norte dêste. Ambos os dois reinos ou sessões, foram dotados com maior número de cidades, grandes e pequenas. As mais importantes em Sumer eram: Ur, Erech, Sridu, Nippur, Lagash, Larsa e Isin; e, em Accad: Babilônia, Kish, Outhah, Borsippa e Sippar. Accad é chamada “Sinear”, em alguns textos bíblicos;2 e “terra dos caldeus” em outros.3

De acordo à assim chamada “pequena cronologia”, o primeiro período Aumeriaur foi substituído pela dinastia Accad no vigésimo quarto século a.C., quando os reis semitas venceram aqueles e apossaram-se de todo o país. O grande rei Sargon I, de Accad, criou um império que alcançou desde o Gôlfo Pérsico até o interior da Ásia Menor. Naram-Sin foi outro grande rei de Accad.

Mas, por sua vez, depois de um século de domínio a dinastia Accad chegou ao seu fim, vítima de uma invasão do povo montanhês — Guti. Êste povo submeteu e governou então tôda a Mesopotânia, embora algumas cidades continuassem a gozar uma espécie de autonomia, tal como a próspera Lagash sob Judea, seu grande rei. Porém, depois de mais de um século de domínio, os Gutis foram vencidos pelos Sumerianos que experimentaram uma renascença de poder. Estabeleceram a forte terceira dinastia de Ur, que exerceu domínio na Baixa Mesopotâmia de 2070 a 1960 a.C. No décimo nono século o país foi duas vêzes invadido, uma vez pelos elamitas das montanhas orientais e outra vez pelos amoritas do deserto sírio. Êstes últimos tiveram êxito em fundar a forte primeira dinastia de Babilônia, em 1830 a.C., da qual Hammurabi (1728-1686 a.C.) foi o sexto e mais

1 Gênesis 9:6-10. 2 Gênesis 10:10; 11:2; Isaías 11:11. 3 Jeremias 24:5; 25:12; Ezequiel 12:13.

ARACELI S. MELLO

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famoso rei. Hammurabi liquidou o último rei de Larsa e reinou pràticamente sôbre todo o vale da Mesopotâmia e expandiu-se à Síria e ao império de Accad de Sargon I. Durante este período a cidade de Babilônia tornou-se a capital do império. Mas, posteriormente, em 1550 a.C., a Mesopotâmia foi mais uma vez invadida, — agora pelos Hititas sob seu rei Mursilis I, e a dinastia de Hammurabi desapareceu. Êstes invasores saquearam Babilônia, capturaram seu rei e carregaram a estátua de ouro de seu principal deus — Marduque. Babilônia tornou-se então menos importante do que os poderosos impérios Hitita e Egípcio. Durante êste mesmo tempo os Kassites do nordeste assolaram o país e reinaram na Baixa Mesopotâmia durante vários séculos.

No décimo-terceiro século, ao norte da Mesopotâmia, ergueu-se outro poder mundial, o Império Assírio, o qual uniu outra vez a Mesopotâmia e a Ásia Ocidental ao Mediterrâneo. Por seis séculos Babilônia foi mais ou menos um Estado dependente da Assíria. Nestes séculos Babilônia frequentemente rebelou-se contra o jugo estrangeiro, tendo sido sufocadas essas rebeliões. Tiglath-Pileser III (745-727 a.C.), que introduziu diversas novações políticas e militares, fêz-se rei de Babilônia sob o nome de Pul, tentando assim evitar novas rebeliões desta cidade. Sargon II também fêz-se coroar rei de Babilônia com as mesmas intenções. Todavia os assírios tiveram de conquistar e ocupar Babilônia repetidas vêzes durante os séculos em que mantiveram a posse da Mesopotâmia, mas usualmente trataram o país com respeito, não tendo sido jamais completamente incorporado ao Império Assírio, senão que gozou sempre de um “status” diferente dos de outras nações submetidas. Senaqueribe, porém, fatigado das constantes rebeliões dos babilônios, destruiu Babilônia em 689, a.C., sendo por seus contemporâneos e por muitos assírios considerado o seu ato um sacrilégio e blásfemo crime, tendo seu filho Assaradon reedificado a cidade tão logo que subiu ao trono, após o que a grande cidade experimentou o seu mais áureo e florescente período.

Em 626 a.C., Nabopolasar, um oficial caldeu sujeito aos assírios, declarou-se rei de Babilônia. Depois de ter batalhado contra os assírios por vários anos com irregular sucesso, aliou-se êle aos medos, pelo casamento de seu filho Nabucodonosor com uma princesa da côrte de Ciaxares, e, com o auxílio dêstes depois de um cêrco de três mêses, conquistou Nínive em 612 a.C. Quando os conquistadores dividiram o Império Assírio, ao rei de Babilônia tocou tôda a Mesopotâmia, Síria e Palestina. Mas foi necessário a Nabopolasar batalhar por alguns anos ainda contra os remanescentes assírios na

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113 Mesopotâmia Superior, bem como contra os egípcios que auxiliavam os assírios esperando com isso tornarem-se senhores da Síria e Palestina. Em 606, o príncipe Nabucodonosor, seu filho e general, avançou até à Judéia, levando de vencida o exército egípcio que defendia suas pretenções na Ásia até ao rio Eufrates. Durante esta campanha e neste ano, soubera êle da morte súbita de seu pai Nabopolasar, em Babilônia, para onde regressou imediatamente a fim de cingir a corôa como único legítimo herdeiro do trono.