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O IMPRESSIONANTE SONHO DOS IMPÉRIOS

SEIS CAPÍTULOS DE HISTÓRIA ALUSIVA AOS EMBAIXADORES

O IMPRESSIONANTE SONHO DOS IMPÉRIOS

Introdução

A matéria inspirada dêste segundo capítulo, uma das mais fascinantes e dramáticas narrativas da revelação, encerra, em apenas quatro símbolos, a história política do mundo relativa a vinte e cinco séculos decorridos e ao estabelecimento duma nova ordem de paz e justiça na terra no futuro. No sétimo capítulo se nos apresenta a mesma matéria profética em símbolos diferentes e com algumas impressivas variantes em detalhes. Esta revelação, como apresentada nos emblemas do segundo capítulo, foi dada a um declarado pagão, ignorante do evangelho de Deus, totalmente leigo em revelações proféticas, símbolos proféticos e interpretação profética, alheio em absoluto às profecias inspiradas de Deus. Aquela do capítulo sete, porém, foi concedida a um dos profetas do Senhor, um homem familiarizado com a revelação do céu. Em ambas as exposições — capítulos dois e sete — Nabucodonosor, soberano do império mundial de Babilônia, estava e está representado por uma cabeça de ouro e por um leão-alado, respectivamente.

Há, pois, uma razão lógica que levou Deus a revelar ao rei Nabucodonosor a futura história dos podêres do mundo como apresentada no segundo capítulo e não como apresentada no sétimo capítulo. Naquele capítulo êle é simbolizado no ouro, emblema da riqueza e da glória, e neste num leão, imagem da fôrça, de domínio implacável, de despotismo, de abjeto orgulho. Se Deus lhe houvesse dado a revelação que lhe deu como a temos no capítulo sete, êle teria ficado assombrado com o símbolo do terrível leão destruidor definindo a sua pessoa e a sua política como monarca da terra, e teria imediatamente se insurgido contra a inspiração e manifestado repulsa ao Deus de Israel, do qual Daniel era honrado representante em sua côrte. E isto muito embora fosse o leão representado na arte e na mitologia caldáica como imagem de poder.

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Nabucodonosor pretendia construir um grande império, ser um inigualável estadista real, amar seus súditos e prover- lhes todo o bem- estar possível e a felicidade — e o capítulo quatro revela ter alcançado êste seu desejo. Fôsse êle revelado pela inspiração no símbolo de arrogante e destruidor leão, seria provocá-lo e repelir o próprio Deus e despertar-lhe animosidade e ira contra Seu povo, principalmente contra Daniel e seus companheiros que tinham altas funções em seu reino como embaixadores do céu. Eis, pois, a razão primária da revelação em duas séries de símbolos diferentes, sendo a primeira preferentemente dada ao rei Nabucodonosor, e a segunda ao mundo depois dêle.

Deus estava procurando fazer de Nabucodonosor um testemunho vivo de Seu poder em todo o orbe. Disse-lhe Deus o sonho e sua interpretação como encontrado no sétimo capítulo, nada seria conseguido. Porém, em dar-lhe o sonho como exposto no capítulo dois, revelou Deus um tato especial para não exasperá-lo, e conseguiu dêle favorável impressão ao interpretá-lo Daniel e assegurar-lhe a honra de estar representado na cabeça de ouro da estátua de seu sonho. Semelhante a seus contemporâneos, Nabucodonosor cria em sonhos como um dos meios pelos quais os deuses revelavam os seus desejos aos homens. E, a divina sabedoria revelou-se ao grande rei no próprio terreno de sua crença dando-lhe um notável sonho inspirado. Deus sempre adata seu modo de operar em pról dos homens segundo a capacidade individual de cada um e as circunstâncias do tempo em que vivem. Assim agiu o Todo-poderoso em relação ao rei de Babilônia para dar-Se-lhe a conhecer bem como ganhar a sua confiança e assegurar a sua cooperação em promover o bem estar da família humana sob seu govêrno mundial invencível.

Ao grande rei foi mostrado o curso da história como ordenado pelo Altíssimo e como efeito de Sua vontade. Foi-lhe referido o lugar de sua responsabilidade no grande plano do céu, a fim de que êle tivesse a oportunidade de cooperar efetivamente com o divino programa. Todavia, as lições da história dadas a Nabucodonosor, eram designadas a instruir tôdas as nações e todos os homens em eminência sôbre as massas até o fim do tempo. A tôdas as antigas potências assinalou Deus um lugar especial em Seu glorioso plano. Mas, quando governantes e povos falhavam em sua oportunidade, sua glória era reduzida a pó. E, as nações modernas, inclusas também no divino plano, devem dar ouvidos às lições da passada história e ao trato de

TESTEMUNHOS HISTÓRICOS DAS PROFECIAS DE DANIEL

85 Deus com os antigos povos e reconhecê-l’O como Pilôto-Chefe na marcha milenária das nacionalidades.

Por outro lado, os símbolos das revelações em sonhos dos dois capítulos — 2 e 7 — decrescem de valor e evidentemente indicam a crescente estabilidade do poder do homem como governante. Daí a terrível política armada dos quatro impérios no antigo mundo, a fim de manter a autoridade e a submissão. E até os nossos dias a inglória e repelente história se repete, cujos atores são as grandes potências do século!

É notável como Deus deu a um pagão a revelação da sucessão dos Impérios do mundo! Não quer isto dizer que o rei Nabucodonosor tenha recebido de Deus o Dom de Profecia — como Daniel — para poder obter a tão extraordinária revelação profética. Antes dêle outros personagens importantes receberam revelações de Deus em sonhos, sem a necessidade da antecipação do Dom de Profecia. Êles não foram chamados para exercerem o encargo de profetas. As revelações a êles dadas, como uma excessão, visaram, principalmente, dar-lhes certa medida de conhecimento de Deus e de seu poder, para que Seu povo não viesse a sofrer demasiadamente em suas mãos.

Foram dados sonhos a Faraó1; a Abimelech, rei de Gerar2; a um soldado midianita3; ao copeiro e ao padeiro de Faraó4; a Labão5; aos magos que procuravam Jesus6; à mulher de Pilatos7. Nenhum dêstes personagens, porém, era profeta regularmente chamado por Deus para um tal ofício. Tão somente receberam mensagens ocasionais em virtude de certas circunstâncias reinantes, desfavoráveis aos filhos de Deus no mundo do passado.

O capítulo dois de nossa consideração pode dividir-se nas seguintes partes: 1) O providencial esquecimento do sonho do rei por êle mesmo; 2) A derrota dos sábios de Babilônia em revelar o sonho ao rei; 3) O decreto de morte contra os embusteiros sábios; 4) A revelação do sonho numa visão a Daniel; 5) Daniel notifica o sonho ao soberano; 6) Os impérios do mundo no sonho da história; 7) O eterno reino de Deus no símbolo duma esmiuçante pedra.

1 Gênesis 4:1-37. 2 Gênesis 20:3-6. 3 Juízes 7:13-15. 4 Gênesis 40:5-22. 5 Gênesis 31:24-29. 6 S. Mateus 2:12. 7 S. Mateus 27:19.

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O rei Nabucodonosor ficou plenamente satisfeito. Como Daniel foi capaz de contar-lhe o sonho com todos os seus detalhes êle creu que sua interpretação era correta e a aceitou. Então o rei exaltou ao Deus de Israel como supremo Deus e engrandeceu o extraordinário jovem hebreu.

I — O SONHO DO REI NABUCODONOSOR