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SEIS CAPÍTULOS DE HISTÓRIA ALUSIVA AOS EMBAIXADORES

O FULMINANTE GOLPE TEUTÔNICO

É certo que dentro ou fora das fronteiras romanas não havia uma única potência capaz de se erguer sozinha contra Roma e exterminá- la. Para derribar o gigante seria necessário muito poder, muita fôrça reunida, o ímpeto duma avalanche de povos que o invadissem simultâneamente e lhe arrebatassem tôda a chance de se defender com êxito. Seriam impressindíveis pelo menos dez poderes como os dedos da estátua e os dez chifres do quarto animal bem indicam, para levar Roma Imperial ao colápso e à catacumba. E, como os dedos e os chifres pertencem ao seu símbolo, quer na estátua quer no quarto animal, Roma, pois, criaria um estado de coisas, uma situação de fraqueza moral, social, política e belicosa, que a esporia como vulnerável e fácil presa à invasão em massa e fatal de seu território e de seu Império.

Quando os imperadores romanos, depois de Constantino o Grande, se tornaram em sua maioria ociosos, fracos, afeminados,

ARACELI S. MELLO

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intemperantes, voluptuosos, dissolutos, dados ao luxo, ao circo, ao alcoolismo, e se fizeram por isso mesmo incapazes para o trôno, e seus exércitos passaram a constituir-se em grande parte de mercenários em vez de inteiramente de patriotas, e prepararam assim a desintegração do Império, — viram os vigorosos bárbaros de além fronteiras ter chegado o momento decisivo para a ação almejada e imediata. Abater o monstro de “ferro” já cambaleante e reduzi-lo a pedaços, era o anelo dêles todos. Um dilúvio de povos guerreiros

“teutônicos”, sedentos de vingança e de melhores terras, forçam as já

enfraquecidas, flutuantes, vulneráveis e quasi desguarnecidas fronteiras do Reno e do Danúbio, num verdadeiro furacão, numa avalanche antes desconhecida e incontrolável, vibrando tremendas batalhas, ocasionando tôda a sorte de destruição, morticínio e pilhagem até então sem registro nos antigos anais da História.

Nêste tempo o mapa do Império Romano Ocidental sofreu muitas mudanças repentinas e violentas, enquanto as trajetórias dos invasores hostis violentavam o território e o cruzavam e recruzavam em um confuso labirinto. Dessas insanas correrias destruídoras, todos os historiadores concordam ter surgido finalmente dez reinos distintos, e podemos dizer, de conjunto, que se estabeleceram no território de Roma Ocidental desde os começos do quinto séculos até ao ano 476 de nossa éra.

Dez dos invasores, em verdade, e conforme a profecia dos dez dedos e dos dez chifres, investiram com rigor e apressaram a queda de Roma. Deram afinal o golpe de misericórdia e a dividiram dècuplamente no Ocidente Europeu. Como as pernas de “ferro” representam o Império Romano unido e forte, os pés “em parte de ferro e em parte de barro”, representam o continente europeu ou Roma Ocidental dividida; ou melhor ainda, conforme a profecia — os dez dedos e os dez chifres representam as várias nacionalidades invasoras originais que a dividiram e fundaram propriamente a Europa Moderna, que são: Anglo-saxões — inglêses, francos — francêses, alemanes — alemães, lombardos — italianos, visigodos — espanhóes, suevos — portuguêses, borgundos — suíços, e mais os ostrogados, vândalos e hérulos dos quais diremos coisas surpreendentes no capítulo sete versículo oito. Sôbre êstes povos que dividiram Roma, veja-se apêndice nota 6.

Assim cumpriram os dez poderes citados acima, inconcientemente, a grande profecia da divisão e queda do outrora poderoso Império. E, desde 476 a.D., o ano fatal de Roma no Ocidente, Europeu, permanece êle dividido e continuará dividido,

TESTEMUNHOS HISTÓRICOS DAS PROFECIAS DE DANIEL

139 porque a voz da divina profecia assim o quiz e assim o determinou no conselho de Deus Todo-poderoso. À medida que o tempo avança, a dividida Roma Ocidental constituída em Continente Europeu, forma- se mais e mais dividida, quer em território quer em ideologias políticas.

Ao deflagrar-se a I Grande Guerra Mundial de 1914-1918, as nações européias viviam quasi tôdas sob o regimem monárquico. Os tratados de 1918-1922 modificaram muito a estrutura do Velho Continente e, com os desmembramentos verificados, os países até então existentes, em número de 26, passaram a somar 33. O período de 1922-1938 trouxe à tona, principalmente, duas extranhas ideologias — autoritarismo e totalitarismo — de cunho marcadamente anti- democrático. Essas transformações foram frutos das violações sucessivas dos tratados de paz, ou em virtude de revoluções internas e de constituições solapadas. E, depois da II Grande Guerra Mundial, resultante da brusca transformação para o autoritarismo e totalitarismo, o malfadado ex-território do antigo Império Romano virou maior confusão e maior cáos, dividido em dois perigosos blocos comandados pelo Leste e Oeste, que constantemente se ameaçam e se desafiam.

Roma Cesarina, como dissemos, foi simbolicamente queimada pela palavra da profecia inspirada e reduzida a cinzas, não havendo possibilidade de impor-se jamais de nenhuma forma ainda que todos os romanos e seus Césares ressuscitassem do túmulo e do pó exigissem o cétro do mundo que outrora lhes pertencia. Outrossim, nenhuma potência moderna, por mais poderosa que seja será capaz de unir novamente a Roma dividida e empunhar o seu antigo cétro mundial em suas mãos, sòzinha.

Ainda que o dividido reino, de acôrdo com a profecia, se tornasse por uma parte, forte, no que respeita às nações representadas no ferro de sua divisão, contudo êstes fragmentos não conseguiriam jamais fundir todos os fragmentos numa restauração do que fôra outrora Roma Ocidental. A parte frágil — as nações fracas — representadas no “barro de lodo”, parece constituir a causa do fracasso de tôda a possível união, pois ferro e barro não se podem fundir. Fortaleza e fraqueza, pois, caracterizam até a divisão do que fora o grande reino mundial de Roma.