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– Das Competências

No documento Cu rs o d e R eg im en to I nt (páginas 167-170)

Capítulo VI Das ComissõesDas Comissões

AULA 3 – Das Competências

Art. 24. Às comissões permanentes, em razão da matéria de sua competência, e às de-mais comissões, no que lhes for aplicável, cabe: 

I – discutir e votar as proposições sujeitas à deliberação do Plenário que lhes forem distribuídas;

II – discutir e votar projetos de lei, dispensada a competência do Plenário, salvo o disposto no § 2º do art. 132 e excetuados os projetos:

a) de lei complementar;

b) de código;

c) de iniciativa popular;

d) de comissão;

e) relativos a matéria que não possa ser objeto de delegação, consoante o § 1º do art. 68 da Constituição Federal;

f) oriundos do Senado, ou por ele emendados, que tenham sido aprovados pelo Plenário de qualquer das Casas;

g) que tenham recebido pareceres divergentes;

h) em regime de urgência;

III – realizar audiências públicas com entidades da sociedade civil;

IV – convocar ministro de Estado para prestar, pessoalmente, informações sobre assunto previamente determinado, ou conceder-lhe audiência para expor assunto de relevância de seu ministério;

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V – encaminhar, através da Mesa, pedidos escritos de informação a ministro de Estado;

VI – receber petições, reclamações ou representações de qualquer pessoa contra atos ou omissões das autoridades ou entidades públicas, na forma do art. 253;

VII – solicitar depoimento de qualquer autoridade ou cidadão;

VIII – acompanhar e apreciar programas de obras, planos nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento e sobre eles emitir parecer, em articulação com a comissão mista permanente de que trata o art. 166, § 1º, da Constituição Federal;

IX – exercer o acompanhamento e a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, ope-racional e patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta, incluí-das as fundações e sociedades instituíincluí-das e mantiincluí-das pelo poder público federal, em ar-ticulação com a comissão mista permanente de que trata o art. 166, § 1º, da Constituição Federal;

X – determinar a realização, com o auxílio do Tribunal de Contas da União, de diligências, perícias, inspeções e auditorias de natureza contábil, financeira, orçamentária, opera-cional e patrimonial, nas unidades administrativas dos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, da administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades insti-tuídas e mantidas pelo poder público federal;

XI – exercer a fiscalização e o controle dos atos do Poder Executivo, incluídos os da ad-ministração indireta;

XII – propor a sustação dos atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa, elaborando o respectivo decreto legislativo;

XIII – estudar qualquer assunto compreendido no respectivo campo temático ou área de atividade, podendo promover, em seu âmbito, conferências, exposições, palestras ou seminários;

XIV – solicitar audiência ou colaboração de órgãos ou entidades da administração pública direta, indireta ou fundacional, e da sociedade civil, para elucidação de matéria sujeita a seu pronunciamento, não implicando a diligência dilação dos prazos.

§ 1º Aplicam-se à tramitação dos projetos de lei submetidos à deliberação conclusiva das comissões, no que couber, as disposições previstas para as matérias submetidas à apre-ciação do Plenário da Câmara. (Parágrafo com redação dada pela Resolução nº 58 de 1994.)

§ 2º As atribuições contidas nos incisos V e XII do caput não excluem a iniciativa concor-rente de deputado. 

Comentários

O art. 24 do RICD é de grande importância para o entendimento do processo le-gislativo, já que dispõe sobre as competências das comissões. Para melhor entendi-mento da matéria, passemos a analisar alguns dispositivos sobre o referido artigo.

Inicialmente, vale ressaltar que as competências descritas se referem, em regra, às comissões permanentes e às especiais. Relativamente a estas, destacamos a mencionada no art. 34, II, do RICD (Cesp criada para emitir parecer em substituição a mais de três comissões de mérito).

Assim, compete às comissões discutir e votar proposições sujeitas à delibera-ção do Plenário e apreciar projetos de lei ordinária que dispensarem a competência

Capítulo VI – Das Comissões do Plenário, o que se denomina “poder conclusivo das comissões” ou “apreciação conclusiva das comissões” (CF, art. 58, § 2º, I, e RICD, art. 24, II). Sobre esse assunto, dedicamos comentários à aula 10 do capítulo II.

As alíneas do inciso II do art. 24 do RICD relacionam as matérias que neces-sariamente devam ser apreciadas em Plenário, ou seja, projetos de lei sobre os quais não incide o poder conclusivo das comissões. Como exemplo, citamos os projetos de iniciativa popular, que, pela sua singularidade, merecem ser apreciados pelo Plenário da Câmara dos Deputados após seu exame pelas comissões da Casa.

Afinal, não seria razoável que projeto que obtivesse 1% (um por cento) das assinatu-ras do eleitorado nacional, distribuído em pelo menos cinco estados (isto é, em pelo menos cinco unidades da federação, dentre os 26 estados e o Distrito Federal), com não menos de três décimos por cento (três milésimos) de subscrições em cada um deles (CF, art. 61, § 2º, e RICD, art. 252), fosse debatido e votado apenas no âmbito das comissões. O mesmo se pode dizer em relação aos projetos de código. O Código Civil, por exemplo, trata de uma enorme diversidade de matérias, motivo pelo qual a análise do projeto que o propõe deva ser realizada pelo conjunto de deputados federais, e não apenas pelos membros da comissão especial criada para dar pare-cer sobre esse projeto (arts. 34, I, e 205, § 1º).

Outra importante competência das comissões refere-se à realização de audiência pública, instituto que visa à aproximação do cidadão com o Parlamento federal. Nela, é possível reunir representantes da sociedade organizada para debater com os par-lamentares assuntos de interesse da população. Para isso, são agendadas reuniões com vistas a colher subsídios para instruir matéria legislativa em tramitação, bem como para tratar de assuntos de interesse público relevante, mediante requerimento de qualquer membro da comissão ou a pedido da entidade interessada (art. 255).

Cumprindo o princípio de freios e contrapesos entre os poderes da República, as comissões podem convocar ministros de Estado (CF, art. 58, III) ou quaisquer titulares de órgãos diretamente subordinados à Presidência da República para pres-tarem, pessoalmente, informações sobre assunto previamente determinado, con-forme prescreve o art. 50, caput, da Constituição Federal. Além disso, o ministro de Estado pode comparecer às comissões por sua iniciativa para expor assunto relevante de seu ministério.

Outro instrumento de fiscalização utilizado pelo Legislativo é o pedido escrito de informação a ministro de Estado. Também com fundamentação constitucional (art. 50, § 2º), serve para obter informações relevantes por escrito, importando em crime de responsabilidade a recusa ou o não atendimento no prazo de trinta dias, bem como a prestação de informações falsas. Os detalhes sobre esse requerimento encontram-se no art. 116 do Regimento Interno da Câmara dos Deputados.

Com base nos mecanismos de exame previstos nos arts. 70 e 71 da Constituição Federal, cabe às comissões promover a fiscalização financeira, orçamentária, contábil, operacional e patrimonial da União e entidades congêneres, em conso-nância com os trabalhos desenvolvidos pela comissão mista prevista no art. 166,

§ 1º, da Constituição Federal – Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização (prevista na Resolução-CN nº 1 de 2006 e corriqueiramente conhecida como Comissão Mista de Orçamento).

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Assim, diversos são os instrumentos de que o Legislativo se vale, por meio das comissões, para equilibrar o exercício do poder, evitando eventuais abusos, como a faculdade de propor a sustação dos atos normativos (regulamentações de normas jurídicas) do Poder Executivo que excedam os limites, conforme prevê o inciso V do art. 49 da Carta Magna.

Por derradeiro, observe que a diversidade de atribuições das comissões legislati-vas revela a importância a elas atribuída pela própria Constituição Federal. Nelas, o cidadão pode ser ouvido não apenas indiretamente, por meio de seus representan-tes eleitos, mas também de forma direta, quando convidado ou convocado a parti-cipar de seus trabalhos.

AULA 4 – Das Comissões Permanentes – Do Número

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