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– Processo Eleitoral da Mesa (Parte I)

No documento Cu rs o d e R eg im en to I nt (páginas 109-113)

Capítulo IV Disposições Disposições

AULA 19 – Processo Eleitoral da Mesa (Parte I)

Capítulo IV – Disposições Preliminares do RICD a) no caso de ausência a cinco reuniões ordinárias consecutivas, sem causa

justificada;

b) em caso de mudança de legenda partidária;

c) renúncia ao cargo de membro da Mesa;

d) nos casos que ensejam vaga na Câmara, desde que ocorridos com membro da Mesa.

Importante registrar que, em decisão sobre a Questão de Ordem nº 168, de 2016, a Presidência da Casa firmou o entendimento de que a expressão “legenda partidária”, contida no § 5º do art. 8º do RICD, deve ser interpretada extensivamente, de modo a abranger o termo “partido” e a expressão “bloco parlamentar”. E, de acordo, com essa interpretação extensiva, a mudança entre partidos dentro de bloco parlamentar não alteraria a representação proporcional de que trata os artigos 8º, caput e §§ 4º e 5º; 12, caput e §§ 1º e 10, todos do RICD, e no art. 58, § 1º da Constituição Federal.

Dessa forma, o deputado que se desfiliar de partido que não era integrante de blo-co parlamentar ou mudar para partido fora do bloblo-co parlamentar em que se enblo-con- encon-trava alteraria a representação proporcional e, por conseguinte, perderia o cargo que ocupava em razão da bancada a que pertencia. Esse entendimento aplica-se, tam-bém, às migrações de legenda partidária ocorridas durante a janela partidária aberta pela EC nº 91, de 2016, que franqueou aos deputados a mudança de filiação partidária no período de 19 de fevereiro a 19 de março desse ano sem prejuízo do mandato.

Em consonância com esse entendimento e, em conformidade com a decisão so-bre a Questão de Ordem nº 162, de 2016, a troca de partido, exceto a que se realizar dentro do bloco parlamentar, implica a perda da vaga também em comissão, ainda que o deputado que tenha mudado de partido ou de bloco parlamentar exerça cargo de natureza eletiva.

Nos termos do art. 238, a vaga na Câmara verificar-se-á em virtude de falecimen-to, renúncia ou perda do mandato.

Cu rs o d e R eg im en to I nt er

Comentários

O processo eleitoral para escolha dos membros da Mesa da Câmara foi altera-do pela Resolução nº 45 de 2006. No que se refere às alterações promovidas pela citada resolução no art. 7º do RICD, é pertinente esclarecer que o legislador interno objetivou estabelecer que a eleição da Mesa Diretora, realizada em votação secreta, será procedida, em regra, pelo sistema eletrônico e, em caráter excepcional, por meio de cédulas.

Dessa forma, para incluir como regra a votação pelo sistema eletrônico e man-ter no artigo em comento as disposições referentes à votação secreta por meio de cédulas (procedimento anteriormente previsto como regra, que passou a constar em caráter de exceção), o legislador reorganizou o art. 7º. Nesse sentido, transcre-vemos trecho do parecer da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania ao Projeto de Resolução nº 117 de 2003, que deu origem à Resolução nº 45 de 2006:

“Optamos por estabelecer no caput do art. 7º a regra de votação pelo sistema ele-trônico e acrescentar parágrafo único, ao mesmo artigo, com as formalidades da votação por cédulas, no caso de avaria ou qualquer outra impossibilidade de uso do sistema eletrônico”. (DCD, 3/7/2005, p. 23295)

Quanto ao processo eleitoral da Mesa, as candidaturas devem ser registradas, junto à Mesa, individualmente ou por chapa. Se for candidatura oficial, o líder do partido ou do bloco parlamentar registrará o candidato previamente escolhido pela bancada respectiva para concorrer ao cargo que couber à sua representação, obe-decido o critério da proporcionalidade partidária. As candidaturas avulsas são co-municadas por escrito ao presidente da Câmara pelo próprio deputado candidato (arts. 7º, caput, I; 8º, IV; e 10, V).

O processo eleitoral para escolha dos membros da Mesa poderá ser realizado em dois escrutínios: primeiro e segundo. Como dito na aula 12 deste capítulo, exige--se sempre a presença da maioria absoluta dos deputados para a efetiva realização do processo de eleição da Mesa. Assim, presentes, no mínimo, 257 deputados, es-tes são chamados a votar. Dessa forma, ter-se-á:

1) em primeiro escrutínio, a eleição do candidato que obtiver a maioria absoluta dos votos para o cargo a que concorrer;

2) em segundo escrutínio, a disputa entre os dois candidatos mais votados para cada cargo no primeiro escrutínio, considerando-se eleito o que obtiver a maioria dos votos (maioria simples);

3) havendo empate em segundo escrutínio, a proclamação da eleição do candi-dato mais idoso, dentre os de maior número de legislaturas.

Quanto à apuração propriamente dita, note-se serem apurados primeiramente os votos para presidente. Em razão do disposto no art. 5º, § 2º, a apuração para os demais cargos só será procedida após a eleição do presidente. Nesse sentido, se o presidente não for escolhido em primeiro escrutínio, como costuma ocorrer quando nenhum candidato conta com o apoio da maioria, realiza-se a votação em segundo escrutínio para o cargo de presidente, deixando-se a apuração para os demais car-gos para momento posterior à definição do nome do novo presidente da Câmara.

Capítulo IV – Disposições Preliminares do RICD O presidente da sessão proclama o resultado da eleição do presidente da Câmara e o empossa imediatamente. A partir de então, o novo presidente assume a direção dos trabalhos da sessão e determina a apuração para os demais cargos. Concluída essa etapa, proclama o resultado e, no momento imediato, procede à posse dos eleitos (arts. 6º, § 3º; e 7º, caput, V).

A Resolução nº 45 de 2006 não se preocupou em detalhar o processo de eleição dos membros da Mesa pelo sistema eletrônico. Nesse sentido, a previsão de utiliza-ção de urnas eletrônicas não consta no texto regimental.

Exemplo:

Para um melhor entendimento dos procedimentos da eleição da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados, apresentamos, a seguir, um exemplo:

Cargo a ser disputado: presidente da Mesa Diretora Quantidade de candidatos: 5 (cinco)19

Quantidade de deputados presentes à eleição: 510 (quinhentos e dez), o que con-templa a exigência constitucional de presença em Plenário de pelo menos a maioria absoluta dos deputados, ou seja, 257 presentes (CF, art. 47).

Eleição em 1º escrutínio

Candidato Votos obtidos

A 207

B 117

C 124

D 53

E 2

Votos brancos 3

Votos nulos 4

Totalização 510

Cálculo da maioria absoluta de votos: (primeiro número inteiro acima da metade do total de votos, subtraídos os nulos)

total de votos, subtraídos os nulos: (510 – 4) = 506 metade: 506 ÷ 2 = 253

primeiro número inteiro acima da metade: 254

O resultado 254 representa a maioria absoluta de votos. Como nenhum candida-to alcançou esse número, ocorrerá eleição em 2º escrutínio com os dois candidacandida-tos mais votados (candidatos A e C). Vejamos essa eleição, considerando a presença em Plenário dos mesmos 510 deputados.

19 Na prática, há um acordo para que a disputa de presidente da Câmara, e somente para este cargo, possa ocorrer entre parlamentares de representações partidárias diferentes. Existe, to-davia, a possibilidade regimental de candidaturas avulsas provenientes da bancada do partido que, pelo princípio da proporcionalidade partidária, adquiriu o direito de concorrer ao cargo de presidente da Mesa. Assim, podem-se ter dois, três ou mais candidatos do mesmo partido concorrendo ao cargo.

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Eleição em 2º escrutínio

Candidato Votos obtidos Vencedor

A 195

C 210 VENCEDOR

Votos brancos 101

Votos nulos 4

Totalização 510

Assim, de acordo com o resultado da eleição em 2º escrutínio, o candidato C é o escolhido para ocupar o cargo de presidente da Câmara dos Deputados, já que obteve a maioria simples em segundo escrutínio.

Para esclarecer quanto ao número de votos necessários para a eleição dos mem-bros da Mesa em primeiro escrutínio, com exclusão apenas dos votos nulos, decidiu o presidente da Câmara dos Deputados, em Questão de Ordem nº 10.266, de 1997, regra esta confirmada na Questão de Ordem nº 545, de 2006, e atualmente em vigor:

QO nº 10.266, de 1997

Decide questões de ordem suscitadas pelos deputados Inocêncio Oliveira, na sessão de 3 de fevereiro, e José Genoíno, na presente sessão, acerca da interpretação do dispositivo regimental que trata do quórum de eleição dos membros da Mesa Diretora, nos seguintes termos: será eleito, em primeiro escrutínio, o candidato que obtiver a maioria absoluta dos votos computados, somando-se os em branco e excluindo-se os nulos. (grifo nosso)

QO nº 545, de 2006

Posto isso, recebo a presente questão de ordem, nos termos do artigo 95 do Regimento Interno, para, no mérito, deferi-la, e firmar o seguinte entendimento:

a) a eleição dos membros da Mesa da Câmara far-se-á nos termos do art. 7º do Estatuto Doméstico, observando-se o escrutínio secreto e a presença da maioria absoluta dos deputados, considerando-se eleito, em primeiro escrutínio, o deputado que obtiver a maioria ab-soluta de votos dentre o total de votantes e, em segundo escrutínio, o deputado que obtiver a maioria simples, incluídos os votos em branco e descontando-se os nulos;

b) a eleição nas comissões deverá observar os requisitos previstos no art. 7º, pela aplicação subsidiária do art. 39, § 3º, devendo processar--se igualmente em escrutínio secreto, presente a maioria absoluta dos membros da comissão, considerando-se eleito, em primeiro escrutí-nio, o candidato que obtiver a maioria absoluta de votos dentre o total de votantes e, em segundo escrutínio, o deputado que obtiver a maio-ria simples, incluídos os votos em branco e descontando-se os nulos.

(grifo nosso)

Capítulo IV – Disposições Preliminares do RICD

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