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2.1.1.3. Despesa Fiscal

No documento Conta Geral do Estado 2018 (páginas 86-92)

Situação Financeira das Administrações Públicas

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Conta Geral do Estado de 2018

Quadro 38 — Evolução da carteira de dívida em 2018

(milhões de euros)

Fonte: Autoridade Tributária e Aduaneira

III.2.1.1.3.Despesa Fiscal

O processo de quantificação da despesa fiscal de 2018 obedeceu aos critérios que constam do Manual de Quantificação da Despesa Fiscal elaborado pela Autoridade Tributária e Aduaneira (AT), o qual foi utilizado pela primeira vez quando da quantificação da despesa fiscal para efeitos do Orçamento do Estado para 2017.

A alteração registada em 2018 que assume maior relevância é a inclusão do valor da despesa fiscal de Impostos do Selo apurada com base nos valores declarados no Anexo Q da Declaração Empresarial Simplificada (IES).

Comparativamente ao ano anterior, verifica-se um acréscimo de 3,5% da despesa fiscal de 2018.

Para este aumento contribuíram positivamente os impostos sobre o rendimento (35,5%) e sobre o património (5,5%), contrariado pelo decréscimo de 3,1% dos impostos sobre a despesa.

IRC IRS IVA OIE Outra Total

Dívida Ativa 1 318,9 788,9 2 169,1 138,1 1 741,5 6 156,5

Dívida Suspensa 3 454,5 761,9 2 968,7 442,8 1 494,9 9 122,8

Dívida Incobrável 777,4 572,1 1 790,3 37,4 989,1 4 166,4

Dívida Total 5 550,8 2 122,9 6 928,1 618,3 4 225,5 19 445,7

Instauração de Dívida 567,2 574,5 819,4 206,5 748,2 2 915,8

Outros Aumentos de Dívida 29,0 11,0 13,5 2,1 50,2 105,7

Aumentos de Dívida 596,2 585,5 832,9 208,6 798,3 3 021,6

Cobrança de Dívida 181,3 282,8 235,7 166,7 267,7 1 134,2

Anulação de Dívida 171,6 150,9 213,0 22,7 362,4 920,6

Prescrição de Dívida 57,5 37,8 149,6 2,7 55,4 303,0

Redução de Dívida 410,4 471,6 598,3 192,1 685,5 2 357,8

Dívida Ativa 1 460,4 788,7 2 155,0 164,1 1 792,7 6 360,9

Dívida Suspensa 3 354,3 744,7 2 820,5 414,1 1 362,5 8 696,1

Dívida Incobrável 921,9 703,5 2 187,1 56,6 1 183,2 5 052,4

Dívida Total 5 736,7 2 236,9 7 162,7 634,8 4 338,3 20 109,4

Situação Financeira das Administrações Públicas

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Quadro 39 — Despesa fiscal

(milhões de euros)

Fonte: Autoridade Tributária e Aduaneira

Impostos sobre o Rendimento

Em termos globais, a despesa fiscal de 2018 nos impostos sobre o rendimento, que representou cerca de 21% da despesa fiscal total, registou um crescimento de 35,5% face ao ano anterior. Para esse crescimento contribuiu essencialmente a despesa fiscal de IRC.

Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares (IRS)

No ano de 2018, a despesa fiscal em IRS registou um acréscimo no valor de 167,2 milhões de euros (19%).

Para este acréscimo contribuiu essencialmente a tributação com recurso a taxas preferenciais, nomeadamente o benefício atribuído a residentes não habituais, cujo aumento foi de 115,2 milhões de euros (26,6%) face ao ano anterior, bem como a despesa fiscal referente às deduções à coleta relativas às pessoas com deficiência, em 30,1 milhões de euros (9,3%).

Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas (IRC)

O montante global da despesa em IRC registou um aumento de 427,8 milhões de euros (53,7%) face ao ano anterior.

Para o acréscimo da despesa fiscal em IRC contribuíram essencialmente as isenções tributárias, nomeadamente as isenções referentes a fundos de pensões e equiparáveis (artigo 16º, nº 1, do Estatuto dos Benefícios Fiscais [EBF]); as deduções à matéria coletável, fundamentalmente devido ao acréscimo das rubricas «Transmissibilidade de Prejuízos» e «Majoração à criação de emprego»; e as deduções à coleta, motivado pelo aumento das rubricas «SIFIDE — Sistema de Incentivos Fiscais em Investigação e Desenvolvimento Empresarial» e «RFAI — Regime Fiscal de Apoio ao Investimento»,

Valor %

DF.1 Rendimento 1 396,6 1 675,8 2 270,8 595,0 35,5

DF.1.A IRS 574,0 879,0 1 046,2 167,2 19,0

DF.1.B IRC 822,6 796,7 1 224,6 427,8 53,7

DF.2 Património 1 137,0 929,6 980,8 51,2 5,5

DF.2.C IUC 12,7 13,3 13,5 0,1 1,0

DF.2.E IS 1 124,2 916,3 967,3 51,0 5,6

DF.3 Despesa 448,8 8 386,5 8 127,8 -258,7 -3,1

DF.3.A IA/ISV 40,7 352,9 375,6 22,6 6,4

DF.3.B IVA - interno 118,1 7 461,8 7 188,5 -273,3 -3,7

DF.3.C ISP 288,7 441,4 422,1 -19,3 -4,4

DF.3.D IABA 0,7 129,4 140,6 11,3 8,7

DF.3.E IT 0,6 1,0 1,0 0,0 -2,0

TOTAL 2 982,3 10 991,8 11 379,3 387,5 3,5

Código Designação 2016 2017 2018

Variação em 2018/2017

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contrariado pelo decréscimo na rubrica Crédito Fiscal Extraordinário ao Investimento, benefício cujos efeitos se concentraram no período de 2013, sendo a dedução em 2018 já meramente residual.

Impostos sobre o Património

A despesa fiscal proveniente dos impostos sobre o património totaliza 980,8 milhões de euros, o que representa 8,6% do total da despesa fiscal. Para este valor concorre o IUC, com 13,5 milhões de euros, e o Imposto do Selo (IS), com 967,3 milhões de euros.

Em comparação com o ano de 2017, a despesa fiscal proveniente destes impostos teve um aumento no valor de 51,2 milhões de euros, o que representa uma variação positiva de 5,5%.

Imposto Único de Circulação (IUC)

A despesa fiscal referente ao IUC regista um valor de 13,5 milhões de euros, o que representa uma variação homóloga de 1%.

Na evolução da despesa fiscal em sede de IUC destacam-se duas rubricas:

• «Pessoas com deficiência cujo grau de incapacidade seja inferior ou igual a 60% em relação a veículos das categorias A, B e E e nas condições previstas no nº 5» (artigo 5º, nº 2, alínea a) do CIUC), que representa 41,1% do valor total da despesa fiscal do IUC. Esta rubrica evidencia, em 2018, uma variação positiva de 1,8%, em comparação com 2017.

• «Veículos da categoria D, quando autorizados ou licenciados para o transporte de grandes objetos» (artigo 5º, nº 8, alínea a) do CIUC), que representa 31,6% do valor total da despesa fiscal do IUC. Esta rubrica evidencia, em 2018, uma variação positiva de 16,7% em comparação com a do ano de 2017.

Imposto do Selo (IS)

No que concerne ao Imposto do Selo, os benefícios fiscais concedidos consubstanciam-se, em regra, em isenções.

Como reiteradamente se tem destacado, o IS assenta, regra geral, no método da repercussão legal, caraterizado pelo facto de a figura do sujeito passivo estar dissociada da do titular do encargo, ou seja, durante as diferentes fases do imposto o sujeito ativo do imposto não tem qualquer contacto com o titular do encargo. Esta forma de liquidação e pagamento do IS é estruturante ao imposto e obedece a um princípio de simplicidade, que vem consagrado no 3º parágrafo do Preâmbulo do respetivo Código. Especificidade que, sendo inerente a este imposto, o distingue dos impostos sobre o rendimento, relativamente aos quais o sujeito passivo é simultaneamente o titular do encargo do imposto.

Assim, os benefícios fiscais em sede de IS acompanham o titular do encargo e são, regra geral, de caráter automático, não sendo verificados pela AT, mas por uma pluralidade de sujeitos passivos, em que se incluem notários, conservadores, instituições de crédito, seguradoras, advogados, solicitadores,

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mas que, no limite, pode ser qualquer pessoa coletiva ou profissional no exercício de uma atividade independente.

Constituem exceções ao antes referido os casos de liquidação pela AT, em que se incluem as verbas nº 1.1 e 1.2 da Tabela Geral do Imposto do Selo (TGIS) — a partir de 2009, face à alteração introduzida pela Lei do Orçamento do Estado para 2009 — e ainda o imposto relativo à verba nº 2, a partir de 01 de abril de 2015 (artigo 206º da Lei nº 82-B/2014, de 31 de dezembro — Lei do Orçamento do Estado para 2015).

Em 2018, a despesa fiscal de IS passou a incluir o valor apurado com base nos elementos declarados no Anexo Q da Declaração Empresarial Simplificada (IES).

Consequentemente, foi atualizado o valor da despesa fiscal relativa aos anos de 2016 e 2017 no montante de, respetivamente, 444,7 milhões de euros e 434,6 milhões de euros.

De acordo com a lei, o prazo de entrega da IES decorre até ao dia 15 de julho de cada ano (regra geral), pelo que o valor da despesa fiscal de IS apurado através do anexo Q, correspondente ao ano de 2018, apenas será conhecido após aquela data, mantendo-se até lá como valor conhecido desta parcela de despesa fiscal o valor previsto inserido no Mapa XXI do OE2018.

Assim, a despesa fiscal total de 2018 em sede de IS registou uma variação positiva de 5,6%, em comparação com a do ano de 2017, ou seja, mais 51 milhões de euros.

Destaca-se com particular preponderância a rubrica a que se refere o artigo 6º, alínea e), do CIS

— «Aquisição gratuita de bens, incluindo por usucapião» —, que representa 52,2% do valor total da despesa fiscal do IS. Esta rubrica evidencia em 2018 uma variação positiva de 7,9%, em comparação com a do ano de 2017.

Regista-se igualmente um aumento de despesa fiscal na rubrica «Atos de reorganização e concentração de empresas», com uma variação homóloga de 319,8%. Este incremento está relacionado com o facto de o reconhecimento deste benefício fiscal ter passado a ser de reconhecimento automático.

Impostos sobre a Despesa

Os impostos sobre a despesa são os que maior peso têm no total da despesa fiscal (71,4%), e, para isso, muito contribuiu o IVA, cuja despesa ascendeu a 7188,5 milhões de euros.

Imposto Sobre Veículos (ISV)

Em sede de ISV, a despesa fiscal, no ano de 2018, situou-se nos 375,6 milhões de euros, o que representou um aumento de 22,6 milhões de euros (6,4%) relativamente ao ano de 2017. Este incremento deveu-se essencialmente ao aumento na introdução no consumo de veículos ligeiros de mercadorias até três lugares, de veículos ligeiros de passageiros híbridos plug-in, bem como das regularizações de veículos por ocasião da transferência de residência de particulares.

De salientar que 58,8% da despesa fiscal, em 2018, está associada aos veículos ligeiros de mercadorias até três lugares, dado que incide sobre estes veículos uma taxa reduzida de 10% da taxa

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normal associada à tabela B (contabiliza apenas a cilindrada), constituindo os restantes 90% despesa fiscal.

Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA)

A despesa fiscal em IVA, no ano de 2018, atingiu o valor global de 7461,8 milhões de euros, do qual 7095,3 milhões de euros correspondem ao montante apurado com o diferencial das taxas do IVA no Continente, que, mais uma vez se refere, tendo por base o Manual de Quantificação da Despesa Fiscal elaborado pela AT, passou a ser classificado como despesa fiscal em 2017.

O comportamento da receita de IVA está em grande medida associado ao aumento do consumo privado das famílias residentes, que se fixou em 3,8% em termos nominais, em 2018, e também ao consumo final de não residentes no território económico (exportações de turismo), que registou um aumento de 9,6%.

A receita cessante em IVA integra:

• Restituições de IVA suportado por Missões Diplomáticas e Organismos Internacionais (Decreto-Lei nº 143/86, de 16 de junho); Comunidades Religiosas e Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS) (Decreto-Lei nº 20/90, de 13 de janeiro); Forças Armadas, Forças e Serviços de Segurança, Associações e Corpos de Bombeiros (Decreto-Lei nº 113/90, de 5 de abril); Partidos Políticos (Lei nº 19/2003, de 20 de junho); e Regime Forfetário dos Produtores Agrícolas (artigo 59º-A a artigo 59º-E do Código do IVA), tendo atingido o valor global de 97,6 milhões de euros;

• Isenções do imposto concedidas nas importações, transmissões no mercado nacional e aquisições intracomunitárias de veículos automóveis, efetuadas por deficientes (IVA na vertente aduaneira), no montante de 16 milhões de euros;

• Diferencial de taxas no Continente no montante de 7095,3 milhões de euros.

Relativamente às restituições, a despesa fiscal registou em 2018, em termos absolutos, um decréscimo de 16,7 milhões de euros (17,3%). Este decréscimo deve-se essencialmente à diminuição do valor imputado às comunidades religiosas, em 5,5 milhões de euros (-40,6%), e às IPSS, com menos 13,6 milhões de euros (-47%), contrariado pelo aumento imputado às missões diplomáticas, com mais 3,8 milhões de euros (38,5%).

Verifica-se, contudo, que continua a ser o valor pago às Forças Armadas que maior peso tem no valor global das restituições de IVA, com representatividade acrescida em 2018 face a 2017 (47,5%

face aos 40,7% em 2017). Segue-se o valor referente às IPSS, com um peso de cerca de 19,1% (menos 10,7% do que em 2017) e o das comunidades religiosas, que representam 10,1% (menos 4%

relativamente a 2017).

O valor pago no âmbito do Regime Forfetário dos Produtores Agrícolas registou em 2018, face ao ano transato, um acréscimo de 0,4 milhões de euros, o que representa uma variação de 57,1%. Este acréscimo deve-se ao facto de o montante pago no ano de 2018 contemplar o valor anual, ao invés do

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que aconteceu no ano de 2017, em que o valor pago apenas respeitava ao pagamento do segundo semestre de 2016.

Esta situação é resultado da alteração dos prazos para a apresentação dos pedidos, por força do Decreto-Lei nº 41/16, de 1 de agosto, que alterou o artigo 59º-B do Código do IVA, passando os pedidos de compensação a partir de 2017 a ser anuais, devendo ser submetidos até ao último dia do mês de março do ano seguinte.

A despesa fiscal de IVA na vertente aduaneira foi de 16 milhões de euros, o que representa um acréscimo de 3,6 milhões de euros relativamente ao ano de 2017, traduzindo-se numa variação de 29%.

Embora se encontre em linha com a tendência que se vem observando, o crescimento desta despesa fiscal em 2018 traduz-se numa aceleração face ao ano anterior (29%). Esta tendência diverge do resultado das vendas de automóveis ligeiros de passageiros, cujo crescimento se fixou apenas em 2,8%, encontrando justificação principal na reposição de rendimentos dos respetivos beneficiários, associada à anunciada previsão de alteração das regras de cálculo do Imposto sobre Veículos no que respeita à componente ambiental.

O diferencial de taxas no Continente (taxas intermédia e reduzida face à taxa normal) proporcionou uma despesa fiscal de 7095,3 milhões de euros, valor apurado de acordo com a metodologia descrita no Manual de Quantificação da Despesa Fiscal.

Imposto Sobre Produtos Petrolíferos (ISP)

Em 2018, em sede de ISP, a despesa fiscal sofreu um decréscimo de 4,4% (-19,3 milhões de euros) relativamente ao montante apurado em 2017, fixando-se em 422,1 milhões de euros.

Para esta evolução concorre fundamentalmente o comportamento das rubricas:

• «Produção de eletricidade ou de eletricidade e calor (cogeração)», que registou em 2018 um decréscimo de 13,8% (-24,5 milhões de euros), que se justifica pela aplicação das medidas transitórias em matéria de produtos petrolíferos e energéticos, previstas no artigo nº 251, da Lei nº 114/2017, de 29 de dezembro (Lei do Orçamento do estado para 2018);

• «Processos eletrolíticos, metalúrgicos e mineralógicos», que registou em 2018 uma diminuição de 13,2% (-14,6 milhões de euros), justificada por ajustamentos da atividade económica industrial.

Contrariado pelo comportamento da rubrica «Empresas de Transporte de Mercadorias», que apresentou em 2018 um acréscimo de 66,2% (16,6 milhões de euros), fixando-se no valor de 41,7 milhões de euros, significativamente superior ao apurado em 2017. Este comportamento é justificado pelo aumento do número de beneficiários elegíveis.

Imposto sobre o Álcool e as Bebidas Alcoólicas (IABA)

A despesa fiscal em sede de IABA totalizou em 2018 o montante de 140,6 milhões de euros, registando-se um acréscimo significativo relativamente a 2017 (11,3 milhões de euros). Esta variação

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é justificada pelo comportamento positivo da atividade económica, especialmente das atividades conexas com a indústria.

Imposto Sobre o Tabaco (IT)

Em 2018, no que concerne ao IT, a despesa fiscal fixou-se em 1 milhão de euros, mantendo-se constante face ao registado no ano de 2017.

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