• Nenhum resultado encontrado

2.1.1.4. Receita Não Fiscal

No documento Conta Geral do Estado 2018 (páginas 92-98)

Situação Financeira das Administrações Públicas

72

Conta Geral do Estado de 2018

é justificada pelo comportamento positivo da atividade económica, especialmente das atividades conexas com a indústria.

Imposto Sobre o Tabaco (IT)

Em 2018, no que concerne ao IT, a despesa fiscal fixou-se em 1 milhão de euros, mantendo-se constante face ao registado no ano de 2017.

III.2.1.1.4.Receita Não Fiscal

A receita efetiva não fiscal registou uma variação de 5% face à cobrança de 2017, alicerçada no comportamento das «Taxas, multas e outras penalidades», das «Vendas de bens e serviços correntes»

e das «Transferências», mantendo o seu peso na receita efetiva (26,2% no ano de 2018).35 Quadro 40 — Receita efetiva não fiscal da Administração Central

(milhões de euros)

Fonte: Direção-Geral do Orçamento

As «Contribuições para sistemas de proteção social» registaram um ligeiro aumento, de 1%, influenciado pelo comportamento das contribuições para a CGA — Caixa Geral de Aposentações, I.P.

(+35,4 milhões de euros), para o qual concorreu o facto de o calendário legal de entrega de contribuições pelas entidades empregadoras públicas decorrer até ao dia 15 do mês seguinte a que dizem respeito, podendo assim estas efetuarem o pagamento das quotizações no próprio mês ou no mês seguinte a que respeitam36, atendendo à redução do número de subscritores (por aposentação, falecimento ou outros motivos).

As «Taxas, multas e outras penalidades» registaram um acréscimo de 293,2 milhões de euros (+10,4%). Deve, no entanto, levar-se em conta a alteração do critério de contabilização da receita da taxa de incidência sobre os seguros (111 milhões de euros) efetuada pelo INEM — Instituto Nacional

35 Nos anexos deste volume constam quadros mais detalhados, por capítulo da receita corrente não fiscal e de capital.

36 Tendo o montante de quotizações entregues pelas entidades no próprio mês de dezembro, nos últimos anos, sido de 101,7 milhões de euros em 2016, de 65,2 milhões de euros em 2017 e de 77,4 milhões de euros em 2018, verifica-se que a receita do ano de 2017 está influenciada negativamente pelos efeitos de base do maior valor recebido em dezembro de 2016 (e menor em janeiro de 2017) e, por outro lado, pelo menor valor recebido no final do próprio ano.

Execução orçamental Variação em 2018/2017

2017 2018 Valor %

Contribuições para sistemas de proteção social 4 041,8 4 084,1 42,2 1,0

Receita não fiscal e não contributiva: 11 117,2 11 832,4 715,2 6,4

Taxas, multas e outras penalidades 2 808,1 3 101,2 293,2 10,4

Rendimentos da propriedade 915,5 906,4 -9,0 -1,0

Transferências 3 430,5 3 585,9 155,4 4,5

Vendas de bens e serviços correntes 2 703,5 2 983,2 279,7 10,3

Vendas de bens de investimento 227,1 213,6 -13,5 -5,9

Restantes receitas 1 005,9 1 030,6 24,7 2,5

Diferenças de consolidação 26,7 11,4

RECEITA EFETIVA 58 060,8 60 848,5 2 787,7 4,8

RECEITA EFETIVA NÃO FISCAL 15 159,0 15 916,5 757,5 5,0

Designação

Situação Financeira das Administrações Públicas

Conta Geral do Estado de 2018

73

de Emergência Médica, I.P., que. no ano de 2017, havia sido relevada como impostos indiretos diversos (106,8 milhões de euros), pelo que, sem este efeito, a variação positiva registada neste capítulo da receita ter-se-ia situado em 6,5%.

Destacaram-se ainda os acréscimos:

• Nas taxas arrecadadas pelo Instituto dos Registos e do Notariado (+32,8 milhões de euros, +9,8%), decorrente da regularização de processos com regras de custas37;

• Nas receitas cobradas pelo IGFEJ — Instituto de Gestão Financeira e Equipamentos da Justiça, I.P. (+32,2 milhões de euros, +13,6%), quer devido ao aumento das taxas de justiça realizadas pelo acréscimo da atividade dos tribunais, quer devido aos juros compensatórios contabilizados em 2018, nos termos do Decreto-Lei nº 269/98, de 1 de setembro38, resultante do incremento da atividade dos tribunais relacionada com a contagem de processos de execução que começou a ser efetuada em 2018;

• Nas portagens contabilizadas pela Infraestruturas de Portugal, S.A. (+28,1 milhões de euros, +7,7%), em resultado da evolução dos volumes de tráfego, da atualização tarifária anual, bem como de uma maior eficiência do sistema de cobrança;

• Nas propinas do Ensino Superior (+23,4 milhões de euros, +7%);

• Nas multas e coimas por infrações ao Código da Estrada e restante legislação entregue pela ANSR — Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária, em 13,7 milhões de euros (+29,5%), devido ao incremento da performance fiscalizadora garantida através do Sistema Nacional de Controlo de Velocidade (SINCRO).

Os «Rendimentos da propriedade» apresentaram uma ligeira quebra, de 9 milhões de euros (-1%), sendo de salientar:

• A diminuição dos juros de sociedades financeiras recebidos pela CGA (-63,3 milhões de euros, -22,4%), em resultado dos rendimentos dos valores aplicados em títulos da dívida pública afetos às suas reservas especiais, decorrente da normal gestão das carteiras de títulos da CGA, os quais podem variar consoante as condições de mercado verificadas em cada momento;

• A quebra dos dividendos contabilizados pela PARPÚBLICA — Participações Públicas, I.P., em 35,2 milhões de euros (-26,2%), justificada essencialmente pelo efeito de base dos 62,5 milhões de euros de dividendos extraordinários entregues em 2017 em resultado da dissolução da Sociedade Portuguesa de Empreendimentos (SPE), S.A.39, minorado pela

37 Transversal a todas as áreas de negócio e, consequentemente, resultando em acréscimo nas várias tipologias de receita (civil, predial, comercial, entre outros).

38 Aprova o regime dos procedimentos para cumprimento de obrigações pecuniárias emergentes de contratos de valor não superior à alçada do tribunal de 1ª Instância.

39 A SPE, que era maioritariamente detida pela PARPÚBLICA, concretizou em 2016 um acordo com a sociedade angolana Empresa Nacional de Diamantes de Angola — ENDIAMA, E.P., que contemplava a venda da participação minoritária da SPE no capital da Sociedade Mineira do Lucapa à ENDIAMA, colocando fim a um impasse de vários anos. A execução do acordo permitiu amortizar a totalidade da dívida da SPE à banca, apurar os lucros gerados e criar as condições para a sua distribuição pelos acionistas, sendo que, com a extinção do objeto social da empresa, os acionistas deliberaram ainda a dissolução da SPE.

Situação Financeira das Administrações Públicas

74

Conta Geral do Estado de 2018

entrega em 2018 de 33,2 milhões de euros a título de redução de capital próprio da Lazer e Floresta — Empresa de Desenvolvimento Agroflorestal, Imobiliário, Turístico e Cinegético, S.A.;

• A quebra dos dividendos entregues através da DGTF em 14,1 milhões de euros (-70,6%), devido essencialmente ao facto de não ter ocorrido remuneração do capital estatutário da Navegação Aérea de Portugal — NAV Portugal, E.P.E., à redução dos dividendos da Administração dos Portos de Sines e do Algarve (APSA) e à menor remuneração dos títulos de participação no Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU), I.P.40;

• A quebra dos juros recebidos da Administração Local — Continente pela DGTF, em 13,8 milhões de euros (-60,6%), devido à redução das taxas de juro, ao termo dos empréstimos concedidos no âmbito dos Programas Pagar a Tempo e Horas (PTH) e Regularização Extraordinária de Dívidas do Estado (PREDE) e ainda à amortização antecipada total dos empréstimos concedidos no âmbito do Programa de Apoio à Economia Local (PAEL), com a consequente redução da cobrança de juros.

Amenizando estas variações negativas, assinala-se o acréscimo na participação nos lucros do Banco de Portugal (+136,4 milhões de euros, +49%).

As «Transferências», consolidadas ao nível da AC, ascenderam a 3585,9 milhões de euros, conforme a repartição do quadro seguinte.

40 Conforme informação mais detalhada apresentada no «Quadro A32-Receita da AC com dividendos e participações nos lucros de Administrações Públicas» da secção «V. Anexos».

Situação Financeira das Administrações Públicas

Conta Geral do Estado de 2018

75

Quadro 41 — Transferências da Administração Central

(milhões de euros)

Fonte: Direção-Geral do Orçamento

Quanto às transferências provenientes da UE, que tendem a acompanhar a evolução da despesa dos projetos que lhes deram origem, indicam-se as causas para as principais variações que justificam o acréscimo de 52,5 milhões de euros:

• O aumento das transferências comunitárias para a FCT — Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P., dos quais 21 milhões de euros provenientes do reforço do Concurso de Projetos em todos os domínios científicos de 2017 e, ainda, aa alteração das regras na norma de procedimentos relativos a pagamentos aos beneficiários no âmbito do Sistema de Apoio à Investigação Científica e Tecnológica (SAICT) no domínio da competitividade e internacionalização, que resultou no aumento do adiantamento de 15% para 30%;

• O acréscimo na Infraestruturas de Portugal, S.A., justificado pelo aumento da despesa relativa ao programa Ferrovia 2020 e à apresentação de candidaturas do mesmo programa.

Embora o seu efeito seja diluído nas restantes variações verificadas neste tipo de transferências, deve-se salientar, pelo seu valor expressivo, a quebra das transferências comunitárias a favor da Agência para a Competitividade e Inovação, I.P., IAPMEI, decorrente do efeito de base observado no ano de 2017, resultante da medida «Acelerador de Investimento».41

41 Medida pontual aplicada à antecipação de investimentos apresentados até final de 2016, que teriam uma majoração de 10 pp sobre a taxa de incentivo aprovada, que originou um pico de pedidos de pagamento no final de 2016 e que, depois de analisados e decididos, se traduziram num volume e valor atípicos de pagamentos no ano de 2017

Execução orçamental Variação em 2018/2017

2017 2018 Valor %

Transferências da União Europeia: 1 604,3 1 656,8 52,5 3,3

Fundação para a Ciência e a Tecnologia 18,1 50,6 32,5 179,8

Infraestruturas de Portugal 51,1 75,9 24,8 48,6

Guarda Nacional Republicana 4,5 15,2 10,7 234,7

Universidade de Aveiro 11,3 21,2 9,9 88,0

Agência para o Desenvolvimento e Coesão 142,2 147,5 5,3 3,7

Turismo de Portugal 54,9 55,6 0,7 1,3

IAPMEI - Agência para a Competitividade e Inovação 480,7 385,9 -94,8 -19,7

Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas 516,2 506,1 -10,1 -2,0

Outras 325,3 398,7 73,4 22,6

Transferências da Segurança Social: 1 386,0 1 458,6 72,6 5,2

Fundação para a Ciência e a Tecnologia 6,4 35,5 29,1 457,4

Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares 56,0 69,8 13,8 24,6

Instituto do Emprego e da Segurança Social 637,7 649,2 11,5 1,8

Caixa Geral de Aposentações 529,8 537,2 7,4 1,4

Fundo de Ação Social (DGES) 64,7 63,1 -1,6 -2,5

Outras 91,5 103,9 12,4 13,5

Outras transferências: 440,2 470,5 30,3 6,9

Direção-Geral de Recursos da Defesa Nacional 4,0 21,0 17,0 425,5

Fundo de Resolução 177,9 193,0 15,1 8,5

Outras 258,3 256,5 -1,8 -0,7

TOTAL DAS TRANSFERÊNCIAS 3 430,5 3 585,9 155,4 4,5

Designação

Situação Financeira das Administrações Públicas

76

Conta Geral do Estado de 2018

O acréscimo nas transferências provenientes da Segurança Social teve como variação mais preponderante a que se registou na FCT, essencialmente devido à entrada em execução das quatro candidaturas aprovadas pelo POCH no final do ano de 2017, bem como da candidatura aprovada já no decorrer de 2018 para cofinanciamento das bolsas a executar entre 1 de janeiro de 2018 e 31 de dezembro de 2020.

Quanto às «Outras transferências», assinala-se o acréscimo nas recebidas pela Direção-Geral de Recursos da Defesa Nacional, provenientes das quotizações da NATO, visando garantir a execução do projeto da «Escola de Comunicações da NATO».

Releva ainda o acréscimo das transferências recebidas pelo Fundo de Resolução com origem nas contribuições diretas periódicas que as instituições participantes fazem42, sendo principalmente justificado pela subida da taxa base para a determinação das contribuições (60,5 milhões de euros em 2018, face aos 48,1 milhões de euros em 2017).

As «Vendas de bens e serviços correntes» apresentaram um acréscimo de 279,7 milhões de euros (+10,3%), explicado sobretudo:

• Pelo Fundo Ambiental (+165,3 milhões de euros), proveniente dos leilões no âmbito do Comércio Europeu de Licenças de Emissão (CELE), tendo em conta o aumento do preço do carbono;

• Pela Parque Escolar (+37,1 milhões de euros, +33,5%), fundamentalmente com origem na Remuneração do Contrato Programa (RCP) celebrado com o Estado Português para o triénio 2016-2018, no âmbito do Programa de modernização de escolas secundárias, tendo em conta ter ocorrido em 2018 a faturação e o recebimento da tranche da RCP referente ao quarto trimestre de 2017, para além do aumento da faturação da receita do ano;

• Pela CP — Comboios de Portugal, E.P.E. (+19,7 milhões de euros, +7,2%), resultante do transporte de passageiros, em função do aumento do número de passageiros transportados e das atualizações tarifárias, bem como pelo reconhecimento como receita orçamental da totalidade dos recebimentos de clientes;

• Pela RTP — Rádio e Televisão de Portugal, S.A. (+19,2 milhões de euros, +41,7%), devido ao recebimento de verbas associadas ao evento Festival Eurovisão da Canção e ao sublicenciamento de jogos do Mundial de Futebol.

As «Vendas de bens de investimento» registaram uma quebra de 13,5 milhões de euros (-5,9%), influenciada decisivamente pelo efeito de base do recebimento, até maio de 2017, de 23,7 milhões de euros relativos às operações de alienação de 12 aeronaves F-16 à República da Roménia.43

As «Restantes receitas» registam um acréscimo de 24,7 milhões de euros, verificando-se variações de sinal contrário, conforme espelhado no quadro seguinte.

42 Artigo 153º-H do Decreto-Lei nº 298/92, de 31 de dezembro, que aprova o Regime Geral das Instituições de Crédito e Sociedades Financeiras.

43 Decorrente da Resolução do Conselho de Ministros nº 55/2013, de 21 de agosto, com um plano de recebimentos previsto de cinco anos, acrescido das situações previstas na Resolução do Conselho de Ministros nº 84-S/2016, de 30 de dezembro.

Situação Financeira das Administrações Públicas

Conta Geral do Estado de 2018

77

Quadro 42 — Restantes receitas da Administração Central

(milhões de euros)

Fonte: Direção-Geral do Orçamento

Nas «Outras receitas correntes», a quebra de 41,8 milhões de euros é essencialmente explicada pela variação negativa nos Subsídios da Segurança Social, onde se destaca a quebra de 41,7 milhões de euros (- 73,7%), no IEFP — Instituto do Emprego e Formação Profissional, I.P., relativos a valores do FSE referentes ao financiamento das medidas de formação profissional, nas quais o IEFP é o promotor, com origem no POCH e no POISE.

O acréscimo nas «Outras receitas de capital» resultou especialmente do reembolso de suprimentos concedidos a uma das participadas da Caixa Seguros e Saúde, SGPS, S.A., no ano de 2018 (21,5 milhões de euros), evento não corrente da atividade da sociedade, e da reclassificação de diversas notas de crédito de fornecedores pela Infraestruturas de Portugal, S.A., que transitaram de ano em aberto e que estavam a ser classificadas anteriormente como menos despesa (+10,9 milhões de euros).

A evolução nos «Recursos próprios comunitários», receita consignada ao orçamento comunitário, ocorreu por via do aumento nas importações.

As «Reposições não abatidas nos pagamentos» evidenciaram variações de sinal contrário, sendo claramente de destacar o aumento das restituições da UE, em resultado da diminuição nas necessidades de financiamento do orçamento europeu, concretizada através de orçamentos retificativos, dando origem à devolução aos Estados-Membros, o qual, no entanto, foi atenuado pelas quebras nas restantes componentes.

Execução orçamental Variação em 2018/2017

2017 2018 Valor %

Outras receitas correntes: 504,8 462,9 -41,8 -8,3

Subsídios - Segurança Social 198,3 140,7 -57,6 -29,1

Prémios e taxas por garantias de riscos 60,2 73,9 13,7 22,8

Outras 246,3 248,3 2,1 0,8

Outras receitas de capital 48,6 77,0 28,4 58,4

Recursos próprios comunitários 187,3 223,7 36,4 19,4

Reposições não abatidas nos pagamentos (RNAP): 265,2 267,0 1,8 0,7

Restituições da União Europeia 84,7 115,7 31,0 36,7

Saldos de gerência anterior - Escolas 41,3 39,6 -1,7 -4,2

Saldos de gerência anterior - Defesa (LPM) 38,1 27,6 -10,5 -27,6

Outras 101,1 84,2 -17,0 -16,8

RECEITA EFETIVA 1 005,9 1 030,6 24,7 2,5

Designação

Situação Financeira das Administrações Públicas

78

Conta Geral do Estado de 2018

No documento Conta Geral do Estado 2018 (páginas 92-98)