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Direcionamento da pesquisa profissional e sua aplicação

A estrutura deste trabalho de pesquisa destaca a experiência prática que o pesquisador traz para a Academia e inverte o ponto de partida da pesquisa, iniciando pelo problema trazido da realidade e como a pesquisa poderá agregar soluções. Por meio desta proposição e ao empregar as diretrizes para a Pesquisa Profissional, busca-se entender um fenômeno como um todo e assumir que o todo é um sistema complexo maior que a soma de suas partes, pois fora fundamentado com uma visão holística. (Patton, 1990).

Esta estratégia de pesquisa encontra fundamentação na Teoria da Aprendizagem Experiencial – TAE em Kolb (1984), em que a transformação da experiência gera conhecimento. A TAE se caracteriza por ser uma teoria orientada a uma visão profissional, pela necessidade de se ter

vivenciado uma experiência concreta ou estar-se inserido em uma, durante o período de geração de conhecimento (Krakauer; Marques e Almeida, 2015).

A teoria remete a um ciclo que parte da experiência concreta, representando o fazer, passa pela observação reflexiva, momento de pensar sobre a experiência, chega à conceitualização abstrata, quando o pesquisador passa a entender as teorias ligadas a sua prática e culmina na experimentação ativa, quando o estudante faz uso da teoria absorvida em prol e retornando à aplicação prática, conforme apresentado na Figura 12.

Figura 12 – Ciclo de aprendizagem experiencial (Kolb). Fonte: Krakauer et al. (2015, p. 6).

Também contribuem para a consolidação do método proposto, estudos de Bordenave e Pereira (1982) sobre a Metodologia da Problematização, que encontra no modelo do Arco de Maguerez, ciclo similar ao de Kolb, assumindo a realidade como ponto de início e fim. A pesquisa se origina na observação da realidade (problema), determinam-se os pontos-chave, segue para a teorização, em seguida para a formulação de hipóteses de solução e o pesquisador retorna à realidade para aplicação da solução (prática), conforme representação na Figura 13.

Figura 13 – Metodologia da problematização – Arco de Maguerez. Fonte: Bordenave e Pereira (1982).

As contribuições da Teoria da Problematização de Maguerez, encontradas nos trabalhos de Bordenave e Pereira (1982) e as presentes na Teoria Experiencial de Kolb discorridas por Krakauer et al. (2015) embasaram a proposição de diretrizes para o desenvolvimento de projetos de pesquisa para Mestrados Profissionais, a fim de distingui-los, por sua gênese, dos trabalhos oriundos dos Mestrados Acadêmicos.

Segundo Krakauer et al. (2015), o trabalho surge de um tema pertencente à vivência prática do pesquisador do Mestrado Profissional e entra para a pesquisa por meio da análise dos fatos e descrição da sua experiência. Segue para a reflexão do pesquisador sobre a experiência, a fim de delimitar o escopo do problema e os objetivos da pesquisa. Chega à etapa de geração do conhecimento, quando são obtidos os referenciais teóricos para explicar, justificar e contribuir com a prática. Nesta etapa, o pesquisador pode seguir a aplicação de uma abordagem holística, por meio dos conceitos da Teoria Geral dos Sistemas, para captar as teorias que suportam os elementos que fazem parte do problema e entender suas inter-relações como forma de entendimento do todo (Martins; Theóphilo, 2009).

De posse das perspectivas prática e teórica e do entendimento de seu relacionamento, o trabalho de pesquisa segue pela exploração do tema no ambiente externo, por meio da coleta de informações junto aos agentes envolvidos, com vistas a complementar o entendimento e evoluir na solução do problema. Esta culmina na contribuição teórico-prática da pesquisa por meio da formulação de um plano de intervenção com as constatações do estudo e as

recomendações à prática. Entretanto neste ponto, interrompe-se o ciclo, dado que a aplicação do plano na prática não cabe no escopo de atuação do pesquisador neste momento.

A Figura 14 consolida esses conceitos através do ciclo de desenvolvimento da pesquisa, que alicerça os direcionamentos para a Pesquisa Profissional.

Figura 14 – Ciclo de desenvolvimento da pesquisa. Fonte: Adaptado de Krakauer et al. (2015).

Segundo Almeida et al. (2016), no contexto dos Mestrados Profissionais, a metodologia de pesquisa é:

A sistematização do processo de elaboração de uma pesquisa. A sistematização é fundamental para se fazer ciência, uma vez que é ela que diferencia a ciência do senso comum e da ideologia. Acreditamos que essa sistematização não é única, varia de acordo com o tipo de pesquisa que se deseja realizar. (Almeida et al., 2016, no prelo, p. 8)

Essa sistematização é um conjunto de práticas sequenciadas e visa orientar o pesquisador a desenvolver sua pesquisa, no caso, partindo da sua prática profissional. A partir do exposto por Krakauer et al. (2015), este ciclo de pesquisa também pode ser representado pelo sequenciamento lógico de suas atividades, expresso na Figura 15, identificando suas fases e caracterizando aqui, o Método de Direcionamento para Pesquisa Profissional.

Figura 15 – Método de direcionamento para Pesquisa Profissional. Fonte: Elaborado pelo autor (2016).

Na interpretação deste diagrama, o Método de Direcionamento para Pesquisa Profissional propõe que o desenvolvimento do trabalho de pesquisa seja conduzido em etapas, sendo estas: relato do problema prático, identificação, análise e segmentação do problema; a fundamentação teórica, obtida ao se relacionarem as partes do problema com a teoria; fundamentação prática, possível a partir da aplicação de métodos e ferramentas para estudo de campo e; ao final, atinge o relato dos resultados e contribuições (Almeida et al., 2016, no prelo).

Transferindo-se do campo das proposições para a efetiva aplicação dos direcionamentos do método para a construção desta pesquisa, as diretrizes foram fielmente adotadas, iniciando-se pelo relato da experiência do pesquisador na participação em empreendimento familiar, contextualizando o leitor; seguiu para a identificação, análise e segmentação do problema, aplicando-se técnicas assessórias, como o Diagrama de Causa-Efeito para descoberta dos problemas, culminando na formulação da questão de pesquisa: “Quais os fatores que limitaram o crescimento da IDEALE Serviços?” e, por conseguinte, a definição do objetivo principal: ” Identificar aspectos que poderão contribuir para a implantação de um Centro de Serviços Compartilhados para micro e pequenas empresas”, passando aos objetivos específicos da pesquisa.

Como fora exposto no capítulo 2, dada a multidisciplinaridade desta pesquisa, a fundamentação teórica foi construída por meio de um eixo, contemplando a pesquisa de referencial dos seguintes assuntos: Marketing de serviços; Características das pequenas empresas; Venda de serviços; Relações de confiança; Operações de CSC; Qualidade e nível de serviço e; Terceirização e quarteirização.

No polo da fundamentação prática foi necessário reconhecer pontos limitantes e contributivos para o empreendimento, aplicando-se uma pesquisa qualitativa junto à base de clientes e ex- clientes. O entendimento da prática se estende para a aplicação de uma pesquisa quantitativa ao mercado para captar as necessidades do segmento de micro e pequenas empresas sobre terceirização dos serviços de execução de rotinas administrativas. Por fim, a fundamentação prática se esgota no cruzamento das análises anteriores (qualitativa e quantitativa), pela aplicação do método de triangulação, visando a descoberta de padrões, tendências e características relevantes ao negócio.

O diagrama da Figura 16 resume a aplicação do Método de Direcionamento para Pesquisa Profissional a este estudo:

Figura 16 – Método de direcionamento para Pesquisa Profissional aplicado. Fonte: Elaborado pelo autor (2016).