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CAPÍTULO 2 EDUCAÇÃO INFANTIL: ASPECTOS DA LEGISLAÇÃO E

2.2 PRESSUPOSTOS TEÓRICOS METODOLÓGICOS DOS DOCUMENTOS

2.2.2 Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil DCNE

Ao longo da trajetória da EI, podemos observar como resultado que novas políticas educacionais foram sendo delineadas para esta etapa da Educação Básica. Nesse processo, a Resolução nº 5, de 17 de dezembro de 2009 (BRASIL, 2009) fixa as novas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil – DCNEI (BRASIL, 2010, p. 11).

As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil articulam-se às Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica e reúnem princípios, fundamentos e procedimentos definidos pela Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, para orientar as políticas públicas e a elaboração, planejamento, execução e avaliação de propostas pedagógicas e curriculares de Educação Infantil.

O campo da EI vive um intenso processo de revisão de concepções sobre educação, de crianças em espaços coletivos, e de seleção e fortalecimento de práticas pedagógicas mediadoras de aprendizagens e do desenvolvimento das crianças. Buscamos destacar por meio deste documento, formas de garantir a continuidade no processo de desenvolvimento das crianças sem antecipação de conteúdos que serão trabalhados no Ensino Fundamental.

A cada ano, um maior número de crianças é matriculado em escolas de EI. Nos últimos anos, mais do que a alimentação e os cuidados pessoais, a EI passou a valorizar e dar importância a educação de uma criança no primeiro período de sua vida, objetivando a construção de sua identidade. Sendo assim, as DCNEI (BRASIL, 2010) definem a EI como:

Primeira etapa da Educação Básica, oferecida em creches e pré- escolas, às quais se caracterizam como espaços institucionais não

domésticos que constituem estabelecimentos educacionais públicos ou privados que educam e cuidam de crianças de 0 a 5 anos de idade no período diurno, em jornada integral ou parcial. [...] É dever do Estado garantir a oferta de Educação Infantil pública, gratuita e de qualidade, sem requisito de seleção (BRASIL, 2010, p. 12).

Conforme determina o Artigo nº 29 da LDB nº 9.394/1996 (BRASIL, 1996), a finalidade da EI é proporcionar o desenvolvimento integral da criança em todos os seus aspectos, físico, intelectual, linguístico, afetivo e social, visando complementar a educação recebida na família e em toda a comunidade em que a criança vive.

A criança pode ser definida pelas DCNEI (BRASIL, 2010, p. 14) como:

[...] um sujeito histórico e de direitos que, nas interações, relações e práticas cotidianas que vivencia, constrói sua identidade pessoal e coletiva, brinca, imagina, fantasia, deseja, aprende, observa, experimenta, narra, questiona e constrói sentidos sobre a natureza e a sociedade, produzindo cultura.

Dessa forma, ressaltamos o papel do professor ao oferecer e possibilitar experiências de modo que as práticas vivenciadas pelas crianças na EI sejam inovadas e aperfeiçoadas. Para Piccolo e Moreira (2012, p. 17) “as creches e pré-escolas têm obrigação de representar espaços de estimulação e não cerceamento das capacidades criativas das crianças, incentivando-as a explorarem o ambiente e as diferentes expressões”.

Com o objetivo de promover o desenvolvimento integral de crianças de 0 a 5 anos de idade, o currículo apresentando na DCNEI (BRASIL, 2010, p. 12) é um “conjunto de práticas que buscam articular as experiências e os saberes das crianças com os conhecimentos que fazem parte do patrimônio cultural, artístico, ambiental, científico e tecnológico”.

Dessa forma, a proposta pedagógica das instituições de EI, deve ser elaborada num processo coletivo, com a participação de todos (direção, professores e comunidade), não devendo ser visto como algo que é construído e arquivado, servindo apenas para fins burocráticos, porém, deve ser vivenciado em todos os momentos nas práticas pedagógicas.

De acordo com as DCNEI (BRASIL, 2010, p. 13) a proposta pedagógica “é o plano orientador das ações da instituição e define as metas que se pretende para a aprendizagem e o desenvolvimento das crianças que nela são

educados e cuidados”. Sendo assim, deve cumprir plenamente sua função sociopolítica e pedagógica. Deve ter como objetivo

[...] garantir à criança acesso ao processo de apropriação, renovação e articulação de conhecimentos e aprendizagens de diferentes linguagens, assim como o direito à proteção, à saúde, à liberdade, à confiança, ao respeito, à dignidade, à brincadeira, à convivência e à interação com outras crianças (BRASIL, 2010, p. 18).

Destacamos que o trabalho pedagógico na EI deve considerar a natureza infantil, priorizando vivências pedagógicas que priorizem o corpo em movimento. Considerando que a mesma se encontra em uma fase intensa de desenvolvimento e necessita de experiências corporais diversificadas e significativas. Com um caráter lúdico, prazeroso que oportunize o trabalho coletivo, a interação entre as crianças, a expressividade e a criatividade.

Para que as ações pedagógicas possam ser ampliadas, no sentido de contemplar o desenvolvimento integral das crianças, as propostas pedagógicas das instituições de EI, devem atender aos pressupostos apontados nas DCNEI (BRASIL, 2010, p. 25), tendo como eixos norteadores as interações, as brincadeiras e a garantia de experiências que:

 Promovam o conhecimento de si e do mundo por meio da ampliação de experiências sensoriais, expressivas, corporais que possibilitem movimentação ampla, expressão da individualidade e respeito pelos ritmos e desejos da criança;

 Favoreçam a imersão das crianças nas diferentes linguagens e o progressivo domínio por elas de vários gêneros e formas de expressão: gestual, verbal, plástica, dramática e musical.

 Possibilitem às crianças experiências de narrativas, de apreciação e interação com a linguagem oral e escrita, e convívio com diferentes suportes e gêneros textuais orais e escritos.

 Recriem, em contextos significativos para as crianças, relações quantitativas, medidas, formas e orientações espaço temporais;

 Ampliem a confiança e a participação das crianças nas atividades individuais e coletivas;

 Possibilitem situações de aprendizagem mediadas para a elaboração da autonomia das crianças nas ações de cuidado pessoal, auto-organização, saúde e bem-estar;

 Possibilitem vivências éticas e estéticas com outras crianças e grupos culturais, que alarguem seus padrões de referência e de identidades no diálogo e conhecimento da diversidade.

 Incentivem a curiosidade, a exploração, o encantamento, o questionamento, a indagação e o conhecimento das crianças em relação ao mundo físico e social, ao tempo e à natureza.

 Promovam o relacionamento e a interação das crianças com diversificadas manifestações de música, artes plásticas e gráficas, cinema, fotografia, dança, teatro, poesia e literatura.

 Promovam a interação, o cuidado, a preservação e o conhecimento da biodiversidade e da sustentabilidade da vida na Terram assim como o não desperdício dos recursos naturais;

 Propiciem a interação e o conhecimento pelas crianças das manifestações e tradições culturais brasileiras;

 Possibilitem a utilização de gravadores, projetores, computadores, máquinas fotográficas, e outros recursos tecnológicos e midiáticos.

Ressaltamos que nas DCNEI (BRASIL, 2010), são abordados alguns aspectos importantes como: oferta de vagas em creches e pré-escolas próximas às residências das crianças; jornada da EI, sendo no mínimo quatro (4) horas diárias em tempo parcial e igual ou superior a sete (7) horas diárias em tempo integral, formação mínima em magistério como exigência a todos os profissionais que atuam na EI, e orientações relacionados à transição para o Ensino Fundamental.

Em relação à avaliação, as instituições devem criar procedimentos para o acompanhamento do trabalho pedagógico e para a avaliação do desenvolvimento das crianças, sem objetivo de seleção, promoção ou classificação. As DCNEI (BRASIL, 2010) destacam a observação crítica e criativa das atividades, das brincadeiras e interações como meio de avaliação; os registros podem ser feitos de múltiplas formas. O momento da avaliação oportuniza ao professor refletir sobre a sua própria prática e buscar fundamentos teóricos e estratégias que aprimorem a sua ação educativa.

Os documentos oficiais brasileiros apontam para a garantia de oferecimento de uma EI de qualidade, e isso inclui ter professores habilitados, material adequado, bem estar e proteção, respeitando as características de desenvolvimento de cada criança e primando pelo seu desenvolvimento pleno. A fim de que proporcionem medidas e recursos necessários para que as mesmas possam ser colocadas em prática, ressaltamos a importância do conhecimento das DCNEI (BRASIL, 2010) por parte dos professores e sistemas de ensino.

2.2.3 A Educação Infantil na Base Nacional Comum Curricular – BNCC