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11.Diretrizes gerais para uma política de avaliação de tecnologia em saúde no SUS

No documento SaudenoBrasil (páginas 192-200)

A avaliação de tecnologia é um instrumento fundamental na elaboração e acompanhamento de uma política em saúde. Assim, o tema deve ser pensado não só como uma área temática per si, mas como uma abordagem metodológica a ser adotada na formulação de políticas em saúde quanto à regulamentação do setor e no processo de decisão com relação à incorporação e difusão de tecnologias de forma a propiciar eficiência e eqüidade ao sistema de saúde como um todo.

A Figura 2 apresenta resumidamente a abrangência da ATS por todo o ciclo de vida de uma tecnologia e as relações de alguns atores do SUS e suas principais ações neste ciclo. Nesta repre- sentação, foram escolhidos apenas os atores mais diretamente atuantes no SUS. Neste cenário, os atores vão demandar uma grande troca de informação e a avaliação e/ou decisão de um irá re- fletir nas ações de outro ou mesmo no conjunto como um todo. Assim surge uma das principais necessidades da ATS: o trabalho integrado e coordenado das ações. Sem um ator que possa de fa- to fazer esta ligação, muito esforço pode ser desperdiçado ou mesmo replicado desnecessariamen- te pelos diferentes atores envolvidos no processo.

Entretanto, como discutido no item anterior, a ATS, em países como o Brasil, deverá levar em consideração as limitações quanto a: recursos financeiros e humanos, evidência científica e fato- res políticos, éticos, culturais e ambientais. Essas limitações irão demandar criatividade e inovação metodológica para superá-las, o que só poderá ocorrer com incentivo à pesquisa metodológica na área e uma atuação interdisciplinar dos pesquisadores envolvidos.

Finalmente, cabe destacar que o sucesso de uma política de ATS no SUS irá demandar algumas ações prioritárias no sentido de fazer face a alguns dos desafios abordados anteriormente. Dentre estas ações destacam-se:

1. Incentivo à formação de recursos humanos nas diversas áreas do conhecimento envolvidas nas diferentes fases do ciclo de vida das tecnologias.

2. Sensibilização dos gestores dos três níveis hierárquicos do SUS quanto à necessidade de ampliar a visão quanto às conseqüências de um processo de incorporação de tecnologia mal conduzido e de adotar critérios objetivos e claros neste processo, tendo como referên- cia a melhor evidência disponível.

3. Sensibilização dos profissionais de saúde e da sociedade em geral para as conseqüências econômicas e sociais do uso inapropriado de tecnologias nos serviços de saúde.

4. Envolvimento dos profissionais de saúde e da sociedade na definição dos critérios para pri- orizar e na formulação de políticas de saúde.

5. Adoção de critérios objetivos para priorizar, contemplando aspectos de efetividade, neces- sidade, segurança e eqüidade, privilegiando sempre que disponível a evidência científica. 6. Amplo debate na sociedade quanto às questões de incorporação de tecnologias com alto

impacto econômico, ético e social.

7. Cooperação e troca de experiências com outros países em desenvolvimento e com uma es- trutura de ATS (por exemplo: Cuba e Chile), como também com países com experiência no uso de ATS na elaboração de diretrizes políticas e clínicas.

8. Incentivo ao desenvolvimento de sistemas de informação para monitorar o uso das tecno- logias em saúde e conhecer o perfil epidemiológico da população.

9. Integração dos bancos de dados do Datasus de forma a facilitar a pesquisa nas bases e am- pliar o uso do grande volume de dados na pesquisa.

Figura 2 – Diagrama esquemático da atuação dos diferentes atores do SUS na avaliação de uma tecnologia em saúde ao longo de seu ciclo de vida.

Agradecimentos

Ao Prof. Sergio M. Freire (DIM/FCM/UERJ) pela revisão do texto e sugestões apresentadas. 194 Desenvolver Tecnologia Registrar Produtos Incoroporar Tecnologia Monitorar o uso Avaliação de Tecno- logia por todo o ci-

clo de vida Indústria MS SES SMS Instituições de Saúde Hospitais Federais Hospitais Municipais Hospitais Estaduais Hospitais de Ensino Universidades Controle de pes- quisa ANVISA VISAS Solicitar Registro Abandonar Tecnologia Barborar dire- trizes clínicas Formular políticas Capacitar recursos hu- manos

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ELOIR PAULO SCHENKEL NORBERTO RECH, MARENI ROCHA FARIAS ROSANA ISABEL DOS SANTOS, CLÁUDIA MARIA OLIVEIRA SIMÕES

1. Caracterização Panorâmica

A inclusão dos princípios defendidos pelo Movimento da Reforma Sanitária na atual Constitui- ção Brasileira e na Lei Orgânica da Saúde nº 8.080/90 estabelece o direito de todos e o dever do Estado em prover o acesso universal igualitário às ações e serviços para a promoção, proteção e recuperação da saúde, inclusive no que diz respeito à assistência farmacêutica. Esta, por sua vez, deve ser entendida como o “conjunto de ações desenvolvidas pelo farmacêutico e outros profissi- onais da saúde, (....) tendo o medicamento como insumo essencial e visando a acesso e o seu uso racional. Envolve a pesquisa, o desenvolvimento e a produção de medicamentos e insumos, bem como a sua seleção, programação, aquisição, distribuição, dispensação, garantia da qualidade dos produtos e serviços, acompanhamento e avaliação de sua utilização, na perspectiva de obtenção de resultados concretos e da melhoria da qualidade de vida da população” (Opas, 2002).

Acesso, no caso específico dos medicamentos, significa ter o produto adequado, para uma finali- dade específica, na dosagem correta, pelo tempo que for necessário, no momento e no lugar reque- rido pelo usuário, com a garantia de qualidade e a informação suficiente para o uso adequado, ten- do como conseqüência a resolutividade das ações de saúde (Bermudez et al., 1999). Portanto, “aces- so”, no contexto do uso racional e seguro, não pode estar restrito à disponibilidade do produto me- dicamento, requerendo a articulação das ações inseridas na assistência farmacêutica e envolvendo, ao mesmo tempo, o acesso a todo o conjunto de ações de atenção à saúde, com serviços qualifica- dos, integrantes do conjunto das políticas públicas.

No Brasil, o acesso aos medicamentos segue o padrão de iniqüidade social e, conseqüentemente, iniqüidade em saúde. Os dados sobre o acesso, na sua acepção mais simples – de possibilidade de ob- ter o produto –, são estarrecedores, conforme apontado em diferentes documentos, entre os qua- is os registros da CPI dos Medicamentos ocorrida em 2000 (Brasil, 2000):

• Apesar de o mercado brasileiro de medicamen-

tos estar entre os maiores do mundo e ser o mais rentável do País, cerca de 70 milhões de brasileiros não têm acesso aos medicamentos.

199

1 Texto de referência elaborado pelo Professor: Eloir Paulo Schenkel, Mareni Rocha Farias, Norberto Rech, Rosana Isabel dos Santos e Cláudia Maria Oliveira Si- mões, do Núcleo de Assistência Farmacêutica – De- partamento de Ciências Farmacêuticas da UFSC, sob a coordenação do Prof. Dr. Eloir Paulo Schenkel. Agra- decemos a contribuição dos profissionais e alunos do Núcleo nas discussões e apoio na revisão dos docu- mentos utilizados: Alexandra Crispim da Silva, Carine Raquel Blatt, Daiani de Bem Borges, Felipe Pasquot- to Borges, Iane Franceschetti, Mariliz Fernandes Mar- tins, Raphaela Negro de Barros Cardoso, Renata Ma- cedo de Moura, Tulani Conceição da Silva e Vanessa de Bona Sartor. Agradecemos também aos Professo- res Armando da Silva Cunha Junior (UFMG), Claudia G. Serpa Osório-de-Castro (ENSP/Fiocruz), Mauro Silvei- ra de Castro (UFRGS), Sotero Serrate Mengue (UFRGS), pelas críticas e sugestões apresentadas.

• Enquanto 15% da população com renda mensal acima de 10 salários mínimos consomem 48%

do total de medicamentos do mercado, 51% da população com renda entre zero e quatro sa- lários mínimos consomem 16%.

Não bastasse essa limitação quanto às possibilidades de acesso, os medicamentos constituem uma das primeiras causas de intoxicações no Brasil, segundo dados do Sistema Nacional de Infor- mações Tóxico-Farmacológicas, causando agravos diretos e indiretos à saúde, com reflexos impor- tantes tanto do ponto de vista da saúde pública como dos aspectos econômicos inerentes. Além disso, casos de intoxicações, inclusive óbitos, devido a medicamentos de baixa qualidade, são re- correntes no País, conforme freqüentes divulgações através da mídia. Esse conjunto de dados de- monstra a precariedade do acesso, no seu sentido mais amplo.

A fragilidade do setor farmacêutico no País e seus reflexos sobre a soberania nacional também foram evidenciados pelos dados levantados na CPI de 2000, que apontou as seguintes caracterís- ticas gerais:

• Ser constituído por oligopólios, com elevada concentração de empresas transnacionais, em que

os dez maiores laboratórios respondem por cerca de 45% do faturamento total.

• Não desenvolver, no País, os estágios de pesquisa e desenvolvimento de medicamentos, bem

como de produção em escala industrial, mas apenas o processamento físico, o marketing e a comercialização.

• Apresentar insuficiente produção de fármacos, tanto pela falta de investimentos específicos

quanto pela ausência de políticas efetivas de desenvolvimento tecnológico-industrial, provo- cando dependência externa (cerca de 80% da demanda), forte desequilíbrio na balança espe- cífica de pagamentos, bem como vulnerabilidades quanto aos aspectos de qualidade e segu- rança dos insumos farmacêuticos utilizados no País.

• Apresentar uma evolução histórica da produção pública de medicamentos marcada pela des-

continuidade das diretrizes políticas e gerenciais e pela freqüente insuficiência de recursos de custeio e investimentos.

• Ser marcado pelo fato de que “a visão dominante da produção farmacêutica divorciou-se pro-

funda e gravemente da ótica sanitária”.

Durante a mesma CPI, foram revelados, ainda, indícios de contratação de preços de importa- ção desvinculados dos seus efetivos custos entre empresas associadas no Brasil e no exterior (pre- ços de transferência), o que, além de seus aspectos tributários, deve ser avaliado por suas conse- qüências na elevação dos preços finais dos medicamentos e remessas cambiais.

Estas observações conformam a visão de um setor caracterizado por oligopólios, com elevada concentração de empresas transnacionais, segmentado por classes terapêuticas e que apresenta relativa estabilidade no número de unidades vendidas, embora com aumento nos níveis de fatu- ramento.

Neste contexto, as estratégias mercadológicas adotadas pelo setor têm privilegiado o lança- mento de novos medicamentos com preços cada vez mais elevados, o que traz reflexos importan- 200

No documento SaudenoBrasil (páginas 192-200)

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