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A IBM dominava o mercado dos computadores quando a Embrapa foi criada. Era o tempo dos digitadores, dos cartões perfurados. Os grandes computadores – mainframes – que poderiam ser acessados à distância eram um sonho para a empresa que se formava. No entanto, em 1973 a empresa firmou um contrato com o Centro de Informática e Processamento de Dados do Senado Federal – PRODASEN para operação do computador IBM 370, modelo 155. Foram feitos acordos de operação com a UnB – Universidade de Brasília e com a Companhia Energética de Brasília – CEB. Desse modo, foi criado em Brasília em janeiro de 1974, o Departamento de Processamento de Dados – DPD. Tinha “o propósito de planejar, coordenar, apoiar e difundir, na Empresa, o uso de processamento automático de informações técnico-científicas e administrativas e a adoção dos mais eficientes métodos de pesquisa, especialmente dos métodos quantitativos” (EMBRAPA, 2002a, p. 40). Assim, em agosto de 1976, a Embrapa passou a operar computador próprio, porém alugado da IBM do Brasil, instalado provisoriamente na Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia em Brasília, DF. O DPD em setembro do mesmo ano passa a designar-se Departamento de Métodos Quantitativos – DMQ com duas áreas de atuação: Área de Métodos Quantitativos e Área de Processamento de Dados.

A partir de 1978 com a aprovação pela Coordenação das Atividades de Processamento Eletrônico – CAPRE do Governo Federal da execução do primeiro módulo da expansão do equipamento de processamento de dados da Embrapa, diferentes unidades de pesquisa da empresa recebem apoio para utilização da informática no desenvolvimento de seus projetos de pesquisa, podendo assim acompanhar a evolução da informática no mundo e recém-chegada ao Brasil.

Em 1979 equipamentos de processamento de dados são finalmente instalados na sede da Embrapa, em Brasília. Prossegue a expansão autorizada em 1978, com a duplicação de CPU, incorporação de unidades e mais um computador Cobra 400. A empresa apóia o suporte para desenvolvimento de banco de dados; amplia o apoio a projetos de pesquisa; ganha força a interação com as atividades de informação e documentação, para operação de base de dados internacionais, produção de bibliografias, banco de teses e demais serviços de suporte (TURAZI, 2001).

Em 1985 entram em operação oito bases de dados e é criado o Catálogo Coletivo de Periódicos, além de organizada a Comutação Bibliográfica com um serviço de comutação bibliográfica, com o intuito de buscar informação em periódicos e em documentos não-

convencionais. A empresa adquire 2.500 títulos de periódicos e cerca de 20 mil livros. Nesse ano também é criado o Núcleo Tecnológico de Informática para a Agricultura – NTIA, em Campinas, SP (atualmente Embrapa Informática Agropecuária), com o objetivo de produzir ferramentas de informática para solução de problemas inerentes à pesquisa agropecuária.

Em 1987 é criado o Departamento de Informática – DIN com a atribuição de planejar e coordenar a execução das ações de informática na empresa. Neste ano são adquiridos 84 microcomputadores que permitiu dotar as unidades da empresa dos recursos de informática. Rapidamente, o micro passa a ser equipamento indispensável não só na pesquisa, como na área de serviços de apoio. A velocidade de comunicação aumenta, o fax se populariza e surgem as redes de comunicação (TURAZI, 2001).

Em 1990, mais evolução. A sede possui, para processamento digital de imagem, vídeo de alta resolução e software que roda somente em mainframe. Nas unidades descentralizadas são realizados trabalhos em microcomputadores que necessitam de periféricos como plotter (espécie de impressora gigante que imprime mapas cartográficos e geográficos), mesas e câmaras digitalizadoras. Nos laboratórios há também automação laboratorial em biotecnologia outras aplicações científicas e na própria geração de tecnologia de informática. Ainda em 1991, inicia-se a implantação do Sistema Embrapa de Informação – SEI. Segundo TURAZI (2001), o novo projeto é estratégico e de alta prioridade para a empresa, como instrumento gerencial que viabiliza a implantação dos novos objetivos organizacionais. Para implantar o SEI, a Diretoria Executiva da Embrapa formou um grupo de computação, composto por técnicos de Unidades Descentralizadas de diferentes regiões do País, para desenhar a primeira versão do aplicativo AINFO, em ambiente de Software NTIA. Em dezembro de 1991 é distribuída essa primeira versão a todas as unidades descentralizadas da Embrapa, ocasião onde também foi ministrado um treinamento pra utilização dos recursos computacionais agora disponíveis. Em 1992 é criada a versão 2.0 do AINFO. TURAZZI (2001, p. 141), diz que “o AINFO foi a primeira iniciativa que chegou ao final do processo, oferecendo à Embrapa um produto para o tratamento da informação de forma integrada”. Tendo em vista a nova reorganização institucional da empresa em 1993, é reformulado o Departamento de Informática – DIN, passando a se chamar Departamento de Informação e Informática, mantendo a mesma sigla – DIN, com a atribuição de subsidiar a Diretoria Executiva na formalização da política de informação e informática.

O ano de 1994 é a época da reengenharia nas empresas, fim da centralização de dados nos mainframes e início da dinastia dos sistemas distribuídos, baseados em equipamentos servidores, banco de dados corporativos e redes locais. No início da década de 90 nem mesmo o fax estava vulgarizado, porém ficou obsoleto com a chegada da internet. E a velocidade de comunicação cresceu no mundo e também na Embrapa. “Até o final de 1994, os sistemas de informação projetados pra o ambiente mainframe ficam descontinuados na Embrapa, sendo substituídos por novos sistemas, voltados pra o ambiente cliente/servidor em banco de dados relacional INGRES”, conta TURAZZI (2001, p. 169).

Em 1995, estava prevista a implantação na empresa de novos sistemas desenvolvidos pela própria Embrapa, como o Módulo Local do Cadastro de Recursos Humanos e o Sistema de Acompanhamento de Processos. Após mais de dois anos para interligar todas as unidades de pesquisa da empresa, em 1996 a Embrapa chega em uma situação confortável. Cada Unidade da empresa está conectada à Rede Nacional de Pesquisa – RNP, que por sua vez está conectada à Internet. A RNP, lançada em 1990, é uma iniciativa do Ministério da Ciência e Tecnologia cujo objetivo é implantar uma moderna infra-estrutura de serviços Internet, com abrangência nacional. Até abril de 1995, a atuação da RNP se restringia a áreas de interesse da comunidade de educação e pesquisa no País Assim, essa estrutura viabiliza uma fonte de recursos e um meio de comunicação alternativo ao telefone, correio e fax, sendo também barato (o custo de uma conexão internacional não teria custo adicional ao custo de uma linha urbana dedicada à conexão com a RNP), e cada vez mais utilizado no mundo inteiro (estima-se cerca de 40 milhões de usuários em todo o mundo – dados de 2001) (ABREU; COUTO, 2001).

Mesmo com o uso da RNP a Embrapa enfrenta problemas, pois nem todas suas Unidades de pesquisa se situam no meio urbano e em 1996 as linhas de conexão à Internet sofrem com a falta de infra-estrutura na área rural, por exemplo, onde estão localizadas muitas de suas unidades. Além disso, o acesso fica encarecido, devido ao esquema de tarifas da Embratel e também há falta de qualidade na transmissão de dados por estas linhas na área rural. Nem o acesso via rádio solucionou o problema, pois as características geoambientais das regiões onde estão algumas unidades é fator limitador de acesso à Internet. A solução é utilizar satélites. “O uso de canais de satélite permitiria a interligação de todas as unidades da Embrapa em rede, dando origem a uma rede corporativa com capacidade de transmissão de dados, voz e imagem”, afirma TURAZZI (2001, p. 177).

FIGURA 5. Desde sua criação a Embrapa investe em informática.

Fonte: Embrapa, 2002a, p. 155.

Assim, em 1997 a empresa conclui o software para o Sistema de Informações Gerenciais – SIGER e dá os primeiros passos para a instalação da Embrapasat, uma rede privada de telecomunicações, que integra todas as unidades via satélite, com imagem, voz e dados. O relatório de 1998 registra o progresso da Embrapasat, inaugurado durante a solenidade do 25o aniversário da empresa, com a conclusão da compra de equipamentos para

videoconferência.

Hoje, a pesquisa em informática na empresa é voltada para o software destinado ao agronegócio (agropecuária, agroclimatologia, pecuária, agricultura de precisão, bioinformática). Existem parcerias entre a Embrapa Informática Agropecuária com outras Unidades da Embrapa em variados projetos para implementação de bases científicas de dados e apoio a projetos de pesquisa na questão da informática agropecuária. Atualmente, está havendo um redirecionamento do trabalho, pois a trajetória mudou, devido à preocupação em desenvolver mais produtos para a própria empresa.

O jornalista Noenio Spinola, num trabalho sobre o futuro do mercado acionário, afirma que “com o fim da guerra fria, o mundo entrou na guerra pelas comunicações, por sistemas lógicos, pela melhor educação para

administrar máquinas, equipamentos e recursos humanos. Vencerá essa guerra quem estiver bem mais equipado com conhecimentos” (EMBRAPA,

2002a, p. 222).