• Nenhum resultado encontrado

A Embrapa é uma organização de P&D (Pesquisa e Desenvolvimento) na área agropecuária que tem por objetivo gerar inovações tecnológicas que provoquem impactos econômicos e sociais no Brasil. Assim sendo, torna-se desnecessário afirmar a importância da Gestão do Conhecimento no apoio de suas operações internas e na geração de seus produtos

finais. No entanto, é importante frisar que uma característica marcante e particular das organizações de P&D, portanto, da Embrapa, é que os recursos informação/conhecimento são concomitantemente, os insumos (matéria-prima) fundamentais para que a empresa funcione/opere e também a composição básica de seus produtos finais (tecnologias, produtos e serviços) (FRESNEDA, 2003). Porém, mesmo com todo esse recurso informacional fazendo parte de sua estrutura de funcionamento operacional e de seus produtos, ainda não existe na empresa um projeto formal que objetive institucionalizar e prover uma arquitetura integrada para a Gestão do Conhecimento. O que se pode perceber e identificar são algumas iniciativas não sistematizadas, que mesmo isoladas, representam a preocupação de alguns empregados / unidades organizacionais e alocação de recursos significativos na área de GC.

Não existe até o momento (dezembro de 2002) um modelo e processos corporativos integrados que visem implementar de forma sistemática a Gestão do Conhecimento na empresa, embora, por paradoxal que seja, a Embrapa venha executando com sucesso e com outros nomes internos, desde a sua fundação em 1973, várias ações que são consideradas hoje com sendo componentes da Gestão do Conhecimento (GC). De qualquer maneira, para uma organização de P&D tal como a Embrapa, nomeando ou não, formalizando ou não, ela é obrigada por uma questão intrínseca e exigida pelos seus processos internos e pelo negócio em que está envolvida, a fazer Gestão do Conhecimento de uma forma ou de outra, implícita ou explicitamente. Assim sendo, a Gestão do Conhecimento na Embrapa, deveria ser entendida e encarada por todos na organização, como uma filosofia organizacional, corporativa e não somente como um conjunto de processos, métodos e ferramentas (FRESNEDA, 2003, p. 20-21).

A preocupação em inserir a Gestão do Conhecimento no Modelo de Gestão Estratégica – MGE da Embrapa começou depois da elaboração do Modelo de 1998 a 2000, quando a equipe do MGE, liderada pelo técnico Paulo Sérgio Vilches Fresneda da Secretaria de Gestão e Estratégia – SGE, percebeu que um dos objetivos estratégicos do MGE, denominado “Gestão da Informação”, precisava ser ampliado, para também gerenciar o conhecimento. Ainda quando Fresneda estava lotado no antigo Departamento de Organização e Desenvolvimento – DOD da Embrapa, hoje DGP – Departamento de Gestão de Pessoas, em Brasília, DF, realizando atividades de mapeamento do que a Embrapa havia feito, estava fazendo e planejando fazer na pesquisa e nas questões gerenciais, trabalhou no tema visando agrupar as iniciativas pertinentes ou relacionadas à GC sob o “guarda-chuvas” denominado Gestão do Conhecimento (GC). Ele e Daniella Lopes Marinho de Araújo, na época também no DOD, efetuaram então um levantamento da situação destas iniciativas na Embrapa, realizado

junto às Unidades Centrais (UCs) e Descentralizadas (UDs) da empresa em todo o Brasil, que sinaliza as ações e projetos voltados para a Gestão do Conhecimento. Participaram também desse levantamento a Secretaria de Gestão e Estratégia – SEG; a Assessoria de Comunicação Social – ACS; a Embrapa Informação Tecnológica; a Secretaria de Propriedade Intelectual – SPRI; e o Departamento de Tecnologia da Informação – DTI. Após esse processo, Fresneda e Daniella disponibilizaram este levantamento em um documento interno, elaborado em 2002 e reescrito em julho de 2003, intitulado “Iniciativas em GC na Embrapa” (ver ANEXO 2, p. 72), aprovado recentemente (junho 2004) pelo Comitê de Publicações da Sede – CPS como publicação interna da Embrapa. O objetivo deste documento, segundo Fresneda, “é mostrar para as pessoas que a GC já estava sendo feita na Embrapa em muitas das suas manifestações, o que precisávamos era institucionalizá-la”. Baseado neste conteúdo, Fresneda escreveu em 2001/2002 o artigo “A Gestão do Conhecimento em Organizações de P&D – o caso Embrapa” para o livro organizado por José Cláudio Cyrineu Terra – Gestão do Conhecimento

e E-learning na prática (2003). “Objetiva-se com a divulgação interna deste documento, dar

conhecimento destas iniciativas de GC aos colegas embrapianos e iniciar um processo interno de discussão e elaboração de um modelo de Gestão do Conhecimento adequado para a Embrapa”, informam. Os organizadores do documento entendem também que a GC deva ser tratada como uma filosofia organizacional e corporativa, permeando todas as atividades (processos), produtos e pessoas (empregados) da Embrapa. Fresneda salienta no documento que “o mapeamento e a caracterização das iniciativas de GC cujo resultado é apresentado no documento já se constitui em um primeiro passo no sentido de iniciar o processo de discussão sobre a Gestão do Conhecimento na Embrapa” (FRESNEDA, 2003).

No levantamento foram, de acordo com os autores/organizadores, identificadas e caracterizadas cerca de 15 iniciativas relacionadas com a área de Gestão do Conhecimento. Estas iniciativas, gerenciadas por várias unidades organizacionais da empresa, se encontram em diversos estágios do ciclo de vida, segundo os autores, o qual foi desdobrado no documento em quatro fases distintas: planejamento; construção; implantação e operação, conforme descritas a seguir:

a) Planejamento: o assunto/tema da iniciativa já foi de alguma forma identificado internamente, provavelmente com o apoio de algum nível gerencial. Esta é a fase de levantamento de informações e de experiências em outras organizações, que termina com a formulação de uma proposta a ser aprovada pelas instâncias superiores da Embrapa. Em geral o projeto é

capitaneado por uma unidade organizacional e com o envolvimento de outras;

b) Construção: uma vez aprovada a proposta, com competência interna ou contratada externamente, a Embrapa inicia o desenvolvimento/elaboração/construção da solução que irá implementar as formulações contidas na proposta;

c) Implantação: construída a solução, a mesma é implantada na empresa. Esse estágio pode compreender a execução de projetos pilotos (este estágio funde-se de certa maneira com o estágio Construção) ou a pura e simples implantação em toda a empresa ou em parte dela, da solução que implementa as formulações da proposta. São executadas em geral as seguintes atividades: videoconferências com os executivos/gerentes de toda a empresa ou parte dela; eventos de treinamento presenciais e/ou por vídeo conferência; distribuição de material de divulgação e de suporte à capacitação dos empregados envolvidos etc, ou seja, é executado um conjunto de atividades que facilita o entendimento e o uso da nova ferramenta disponibilizada pelos empregados da empresa, e;

d) Operação: a solução se encontra funcionando e operacional na empresa como um todo ou em parte dela (FRESNEDA, 2003, p. 21).

Para facilitar o entendimento dos leitores sobre as áreas de atuação destas iniciativas na Embrapa, veja abaixo uma categorização proposta por FRESNEDA (2003) para agrupar as iniciativas:

(a) Apoio ao Negócio; (b) Gestão de Pessoas; (c) Apoio à Gestão; e,

(d) Tecnologia da Informação.

A categoria Apoio ao Negócio compreende as seguintes iniciativas:

# Iniciativas Estágio

Dezembro 2002

1 Agência de Informação Embrapa Implantação

2 Comunidades de Prática Implantação/Operação

3 Data Warehouse Construção

4 Inteligência Competitiva Planejamento

5 Gestão da Propriedade Intelectual Operação

Na categoria Gestão de Pessoas estão incluídas:

# Iniciativas Estágio

6 Gestão de Pessoas por Competências Construção

7 Educação Corporativa Implantação/Operação

Na categoria Apoio à Gestão podem ser citadas as seguintes iniciativas:

# Iniciativas Estágio

Dezembro 2002

8 Banco de Boas Práticas Implantação

9 Modelo de Gestão Estratégica (Balanced Scorecard) Operação

10 Gestão por Processos Implantação

11 Gestão de Relacionamento com os Públicos (CRM–

Customer Relationship Management5)

Implantação

A categoria Tecnologia da Informação inclui, por exemplo:

# Iniciativas Estágio

Dezembro/2002

12 Intranet Operação

13 Site Corporativo Operação

14 Portal (irá substituir as duas iniciativas anteriores) Implantação

15 Listas de Discussões Operação

Informações adicionais sobre cada uma das iniciativas acima relacionadas podem ser consultadas na página 72 do ANEXO 2 – Iniciativas de Gestão do Conhecimento na

Embrapa.

4.6. Política de Comunicação e sua interface com a Gestão do Conhecimento