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A maioria das pessoas confunde os conceitos informação e conhecimento [grifos meus]. Isso é normal tendo em vista que muitos autores, principalmente da área de informação e também de tecnologia da informação não fazem distinção entre estes “conceitos gêmeos”, como os caracteriza SVEIBY (1998). A distinção entre ambos é fundamental para podermos analisar e trabalhar a comunicação em uma empresa, seja pública ou privada. Assim não procedendo, estaremos sob o risco de trilharmos um caminho, muitas vezes, falso e confuso, utilizando a Tecnologia da Informação (TI) como solução para todos os problemas detectados, comunicacionais e de gerenciamento do conhecimento, sob sua forma mais cruel: a substituição do homem pela máquina.

O tão divulgado, porém amplamente inconsciente, pressuposto de que informação é igual a conhecimento e de que a relação entre um computador e a informação equivale à relação entre o cérebro humano e o conhecimento humano podem levar a perigosos e onerosos erros (SVEIBY, 1998, p. 29).

Conhecimento já é a informação tratada e decodificada, transformando dados aleatórios em informações importantes para nos fazer, por exemplo, realizar uma tarefa com mais eficiência ou eficácia, ou mesmo melhorar nosso relacionamento com outras pessoas. TARAPANOFF (2001, p. 36 e 37) conceitua que “conhecimento pode ser considerado como uma coleção de informação (...) e (...) que a informação constitui a principal matéria-prima, um insumo comparável à energia que alimenta um sistema”. Mais ainda: que “a nova sociedade – da informação e do conhecimento atribui ao seu objeto de estudo – a informação, o conceito de bem ou recurso, econômico e estratégico.”

Porém, outros autores como SVEIBY (1998, prefácio) enfatizam que “com minha experiência no setor da mídia, afirmo que, em nossa moderna era da tecnologia da informação, o tão divulgado pressuposto de que a informação é significativa e valiosa é um pressuposto completa e perigosamente incorreto”. Desse modo, a maioria dos autores não dá um crédito assim tão alto à informação e sustenta uma noção radical: a informação é desprovida de

significado e vale pouco. “Entretanto, atualmente os governos e muitas empresas agem como

DAVENPORT (1998, p. 12) apesar de usar o termo informação e não conhecimento em seus escritos, como a maioria dos autores dessa área, trata esse conceito com uma valoração mais abrangente. Para ele a informação por si só não é importante. Ela deve estar incorporada ao dia-a-dia das organizações. “Os administradores precisam, na verdade, de uma perspectiva holística, que possa assimilar alterações repentinas no mundo dos negócios e adaptar-se às sempre mutantes realidades sociais”.

A Ecologia da Informação enfatiza o ambiente da informação em sua totalidade, levando em conta os valores e as crenças empresariais sobre informação (cultura); como as pessoas realmente usam a informação e o que fazem com ela (comportamento e processos de trabalho); as armadilhas que podem interferir no intercâmbio de informações (política); e quais sistemas de informação já estão instalados apropriadamente (sim, por fim a tecnologia) (DAVENPORT, 1998, p. 12).

Portanto, informação não é um conceito que você possa estudar em separado da realidade, por exemplo, do contexto de uma empresa, ou mesmo engessá-la em conceitos pré- definidos, como os efetuados por alguns pesquisadores da Ciência da Informação e áreas afins. Para estes pesquisadores, após esse processo de conceituar a informação ou o conhecimento e sua gestão em etapas pré-definidas, onde as pessoas e a informação não se relacionam, a tecnologia da informação (TI) ilusoriamente pode então dar um tratamento adequado ao emaranhado de informações existentes em uma empresa e enfim os usuários se sentirem satisfeitos. No entanto, alguns desses pesquisadores da Ciência da Informação se diferenciam pelo fato de distinguirem corretamente os termos estudados.

O termo cujo uso remonta à Antiguidade (sua origem prende-se ao latim

informare: dar forma à) sofreu, ao longo da história, tantas modificações em

sua acepção, que, hoje, seu sentido está carregado de ambigüidade, como antes mencionado. Com freqüência é confundido com comunicação; outras tantas vezes, com dado; em menor intensidade, com instrução; mais recentemente, com conhecimento (MARANHÃO, 2002, p. 267).

Mesmo assim, conhecimento e informação são quase sempre confundidos. No setor da Tecnologia da Informação, os dois podem até ser usados como sinônimos, mas não para o entendimento da cultura organizacional/institucional. Dessa forma, segundo SVEIBY (1998, p. 47) a palavra informação normalmente está associada tanto aos fatos como à comunicação deles. Para ele, em muitos aspectos “a informação é ideal para transmitir o conhecimento

explícito, pois é rápida, segura e independente de sua origem”. No entanto, o valor não está na informação armazenada, mas na criação de conhecimento de que ela pode fazer parte.

Assim sendo, informação e conhecimento se distinguem. Por exemplo, quando falamos ou escrevemos, utilizamos a linguagem para articular alguns de nossos conhecimentos tácitos, tentando transmití-los a outras pessoas e parece sensato que o transmissor ou interlocutor atribua à informação algum significado. No entanto, declara SVEIBY (1998, p. 49) “a informação é um método não confiável e ineficiente de transferência de conhecimentos de pessoa para pessoa porque os receptores – não os transmissores – imprimem à informação o seu significado. O significado que uma pessoa expressa nunca é o mesmo que aquele gerado na mente da pessoa que o recebe”.

Assim, temos dois fenômenos distintos: a informação, em forma de números, símbolos, fotos ou palavras exibidas em uma tela, e o conhecimento, que é o que a informação passa a ser depois de interpretada.

TABELA 1. Diferenças entre dados, informação e conhecimento.

Dados

Informação

Conhecimento

Simples observações sobre o estado do mundo

Dados dotados de relevância e propósito

Informação valiosa da mente humana

• Facilmente estruturado • Requer unidade de análise

• Inclui reflexão, síntese, contexto

• Facilmente obtido por máquinas • Exige consenso em relação ao significado • De difícil estruturação • De difícil captura em máquinas • Freqüentemente quantificado • Exige necessariamente a mediação humana • Freqüentemente tácito

• Facilmente transferível • De difícil transferência

Adaptado de DAVENPORT, 1998, p. 18.