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Do processo de análise e interpretação de trabalhos

A análise desenvolvida por nós está embasada nos princípios metodológicos propostos por Fiorentini e Lorenzato (2009), e também nos de Severino (2002).

Tratando-se de trabalhos de investigação documental desse tipo, Fiorentini e Lorenzato (2009) destacam que, apesar da crítica de que a amostra não é representativa, essa pode ser uma técnica de investigação útil, se o pesquisador construir categorias de análise, buscando os principais, os mais frequentes e diferentes itens que surgirem dos dados. Esses autores consideram o processo de análise, como um processo amplo, abrangendo o processo de interpretação, e reiteram que a análise e a interpretação estão contidas num mesmo movimento.

Severino (2002), por sua vez, considera a análise interpretativa como sendo uma abordagem do texto, com vistas à sua interpretação, mediante a situação das ideias do autor, e o que se tem em vista, é a síntese das ideias, do raciocínio e a compreensão profunda, superando a estrita mensagem do texto, explorando a fecundidade das ideias expostas, dialogando com outras.

Segundo Fiorentini e Lorenzato (2009), a fase de análise envolve uma organização inicial das informações que podem ser obtidas por meios diversos como entrevistas, observações, fichas obtidas a partir de documentos e afins, afirmando m que: “esse é um processo trabalhoso e meticuloso que implica múltiplas leituras do material disponível, tentando nele buscar unidades de significados ou, então,

padrões e regularidades para, depois, agrupá-los em categorias”. (FIORENTINI e LORENZATO, 2009, p. 133)

Ainda segundo esses autores, a organização deve ser guiada pela questão investigativa e pelos objetivos da pesquisa, situação em que, nem sempre, as informações obtidas podem estar de acordo com as hipóteses levantadas, exigindo do pesquisador habilidade e flexibilidade para ajustar o direcionamento de sua investigação.

Para esses autores, uma vez levantadas as categorias, o processo de análise pode ocorrer de duas formas: segundo um percurso de análise vertical, em que cada categoria é analisada separadamente; e, segundo um percurso de análise horizontal, em que todas as categorias são analisadas em conjunto, ao analisar-se uma dada situação. Em nosso caso, podemos dizer que lançamos mão das duas formas ao mesmo tempo.

Severino (2002) descreve que a leitura analítica é um método de estudo que tem por objetivos: favorecer a compreensão global do significado do texto; treinar para a compreensão e interpretação crítica; favorecer instrumentos para o trabalho intelectual, como no desenvolvimento de estudos dirigidos, confecção de resumos, resenhas, relatórios, entre outros. Seus processos básicos são:

 A delimitação da unidade de leitura, que corresponde à primeira medida a ser tomada pelo leitor, considerando como unidade de leitura um setor do texto que forma uma totalidade de sentido, podendo-se considerar um capítulo, uma seção ou outra subdivisão do texto.

Ainda segundo as orientações do autor, quando a leitura de um texto é feita para fins de estudo, deve ser feita por etapas, e apenas depois de terminada a análise de uma unidade é que se passará à seguinte.

Foi seguindo esses critérios metodológicos que subdividimos cada dissertação em quatro unidades de leitura e análise, conforme consta no quadro de referência para análise temática, apresentado na Figura 6.

 A análise textual, etapa que corresponde ao momento de preparação do texto, momento em que se trabalha sobre as unidades delimitadas, buscando uma visão do conjunto, levantando esclarecimentos de forma a evidenciar sua estrutura redacional.

Essa etapa, em nossa pesquisa, corresponde à fase de leitura inicial dos trabalhos, momento em que buscamos identificar como se subdivide o texto, como se dá a abordagem do tema e se desenvolve a proposta e, em que parte do texto se localiza cada unidade de análise, com vista à preparação para a análise temática.

 A análise temática, terceira etapa do processo, corresponde à fase de compreensão do texto, momento em que se busca identificar o tema/problema, a ideia central e as ideias secundárias, se houver. Aqui se busca evidenciar e esquematizar a estrutura lógica e sequencial das ideias do texto.

Corresponde, em nossa pesquisa, ao momento de leitura sistemática das unidades de leitura e análise, com a intenção de evidenciar as partes do texto que oferecem os instrumentos para efetivação da análise interpretativa, a qual tem por objetivo responder nossa questão de pesquisa e atingir o objetivo deste trabalho. Essa etapa de nossa investigação está no trecho que denominamos de “A análise temática dos trabalhos”, no Capítulo 4.

 A análise interpretativa, fase de interpretação do texto em que se busca situar a obra no contexto tanto do autor, quanto do contexto da cultura de sua especificidade e do ponto de vista histórico e teórico. Aqui se busca a associação de ideias do autor com outras ideias relacionadas à mesma temática, exigindo uma atitude crítica diante das posições do autor, quanto à coerência e validade da argumentação empregada, originalidade e profundidade das análises; alcances de suas conclusões e consequências; apreciação e juízo pessoal das ideias defendidas.

Essa fase é considerada por Severino (2002) como a mais delicada da leitura interpretativa, pois, exige do leitor certa maturidade pessoal, uma vez que é nela que ocorre o debate da questão tratada.

Trata-se no corpo de nossa pesquisa, da análise interpretativa, momento em que, por meio da discussão, comparação e reflexão sobre os resultados das pesquisas, encontramos as evidências que respondem nossa questão de pesquisa, permitindo-nos atingir o objetivo do trabalho.

 A problematização, fase de discussão do texto, buscando levantar e debater questões implícitas e explícitas no texto.

Esse foi o momento em que, ao finalizarmos a análise interpretativa, fez-se a retomada ao conjunto do texto, para a reorganização da reflexão pessoal, para a elaboração da síntese pessoal, o que para Severino (2002), corresponde à última etapa da análise textual.

 A síntese pessoal, momento em que se elabora um texto com redação própria, trazendo as discussões e reflexões pessoais.

A síntese pessoal corresponde, em nossa pesquisa, às considerações finais, nas quais se encontra a resposta para nossa questão de pesquisa.

Severino (2002) declara, ainda, ao se referir à análise interpretativa, o que nos propusemos a desempenhar nesta investigação:

Tal avaliação tem duas perspectivas: de um lado, o texto pode ser julgado levando-se em conta sua coerência interna; de outro lado, pode ser julgado levando-se em conta sua originalidade, alcance, validade e a contribuição que dá à discussão do problema. (p. 57)

Essa ideia nos direcionou para a análise das dissertações por nós privilegiadas, cujos detalhes da seleção se encontram no Capítulo 3 desta pesquisa.