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requalificação do Convento Corpus Christi e o Espaço Grand Cruz, estando previstos novos atrativos culturais e turísticos, como é o caso do projeto “Mundo dos Vinhos” da Fladgate Partnership.

Numa primeira análise destacam-se no território elementos que per- fazem uma malha singular com elevado valor cultural e patrimonial, onde sobressai a relação privilegiada com o rio Douro que nos envol- ve num enquadramento visual distinto.

A cultura do vinho, presente no edificado das caves, a Ponte D. Luís I, os Conventos da Serra do Pilar e Corpus Christi, o Castelo de Gaia e as Igrejas de Santa Marinha e Senhor do Além são algumas das

referências que caracterizam o território.

No sentido de propormos um projeto viável e profícuo salientamos alguns dos pontos fracos destacados no documento Masterplan: Acessibilidades

- Deficiente especialização de tráfegos;

- Rede viária deficitária em capacidade e cobertura; - Mobilidade condicionada;

- Falta de estacionamento automóvel; Morfologia

- Ausência de atravessamentos nascente / poente; - Áreas muito escarpadas;

- Dificuldade de vencimento entre cota alta e baixa; - Zona orientada a Norte, exposição solar diminuta; Espaço Público

- Falta de espaços públicos de referência;

- Ausência de jardins, parques públicos para usufruto pela popula- ção residente e visitante;

- Ambiente de degradação física e ambiental dos quarteirões interiores;

Tecido social

- População residente envelhecida e empobrecida;

- Rutura entre a dimensão social dominante e a dimensão turística. - Universo populacional pouco instruído

Na definição de expectativas, o documento Masterplan realça, como preocupação institucional e conceptual, a afirmação da Cidade como pólo aglutinador de sinergias, com o intuito de se tornar um marco da contemporaneidade e sustentabilidade inserido na área metropolitana onde se integra. Neste contexto, são destacadas algumas intenções que poderão potenciar as características singulares do património, tornando o centro histórico um núcleo de referência:

No campo da habitação aponta para reforço da sua extensão, pro- curando criar condições para a fixação de novos habitantes, promo- vendo a reabilitação de áreas existentes e apostando numa oferta diferenciada, através da inclusão de novos espaços e tipologias ino- vadoras, refletindo um padrão urbanístico e arquitetónico elevado, pretendendo corresponder a formas contemporâneas e sustentáveis; Ao nível urbanístico, considera de extrema relevância uma maior complementaridade entre as duas margens do Douro. Neste sentido, é de salientar esforço de melhoria da circulação viária, reforço dos

transportes coletivos com preocupações ambientais, sendo destacada a importância de constituição de anéis de ligação nascente-poente e norte-sul, devendo estes estar associadas a estes novos eixos uma estrutura de parqueamentos adequada. Deverão ser definidos novos usos para espaços desativados, com a preocupação de defender e preservar o património existente.

Na análise ao espaço público, é salientada a importância da expansão de áreas de lazer, permanência e contemplação, devendo ser recla- mados miradouros, percursos pedonais, cicláveis e locais singulares cujo valor panorâmico seja relevante. Destacando a necessidade de implementação de um projeto de sinalética adequado aos diferentes usos, bem como a definição de uma proposta de iluminação ajustado que promova a valorização cenográfica do território.

Na dimensão turística, é realçada a necessidade de definir estratégias para uma maior fixação de turistas, através de diversificação da ofer- ta, de equipamentos de referência, desenvolvimento de programas e circuitos para públicos visitantes explorando a vertente lazer e refor- çando o papel lúdico.

Com a intenção de delimitar o campo de ação, são destacadas ape- nas as estruturas físicas e funcionais da zona integrante da frente ribeirinha do cais e das caves de vinho do porto. Esta demarcação, composta por dois campos distintos representa uma área central que se transpõe ao núcleo histórico mais antigo, ocupando 50% da área de intervenção analisada pelo documento estratégico.

A frente ribeirinha do cais define-se por uma área pedonal extensa confrontada por uma frente habitacional que se caracteriza pela ati- vidade comercial e sócio cultural existente, maioritariamente ao nível do piso térreo. Nesta área, onde se encontram implantados alguns dos edifícios emblemáticos das caves de Vinho do Porto, destaca-se também o projeto “Cais de Gaia”, inaugurado em 2003, que permitiu a abertura a novas dinâmicas, aumentando o poder atrativo da zona no campo do lazer.

As caves, assentes nas condições inatas do território orientado a nor- te, formam a malha urbana para o interior, segundo uma planificação orgânica e complexa. Esta estruturação representa em si mesmas as suas limitações funcionais, o que se traduz numa imagem de cidade mais triste e escura a norte e mais eletrizante e movimentada no referido Cais de gaia.

Figura 64 Arquivo autor

Assumimos a definição do conceito de operação de reabilitação ur- bana como uma intervenção integrada de regeneração de uma área específica, que inclua a reabilitação do edificado, infraestruturas, equipamentos, espaços urbanos e verdes, que assumam a condição associada à fruição coletiva e que implique um programa de investi- mento público28.

Analisando as prioridades de atuação, verificamos a intenção de pre- servar e qualificar os valores ambientais paisagísticos, de proteger e potenciar o património, de qualificar as áreas de relevância estratégi- ca, de reforço do sentimento de identidade e pertença, de consolida- ção e alargamento da multifuncionalidade e por fim de melhorar as condições de acesso, circulação e comunicação.

Neste contexto enunciamos as intervenções estratégicas para que seja entendido de forma global a dimensão do diagnóstico e propostas adjacentes numa linha temporal de 10 anos: Rede verde e parque cir- cular; Centro Histórico de Gaia património mundial; gestão, valorização e animação do património; unidade de intervenção prioritária; espa- ços de uso público; programa centro histórico/centro de identidade; identidade morfo-tipológica; regeneração do tecido económico local de pequena dimensão; repovoamento e diversificação habitacional; mobilidade no centro histórico; comunicação e divulgação.

Numa revisão à caracterização e diagnóstico realça-se a análise dos documentos estratégicos, documentos de gestão territorial em vigor e a caracterização do território concreto de intervenção nas áreas físicas, ambientais, socioeconómicas e urbanísticas.

Tendo todos estes aspetos em consideração, realçamos a evolução do tecido urbano ao longo dos séculos, onde destacamos a importância permanente da área do Castelo de Gaia (desde o século I a.C.) e o desenvolvimento do movimento ascendente após a implementação da estação das Devesas no ano de 1864.

Destacamos também a identidade morfo-tipológica efetuada no contexto de diagnóstico, onde podemos analisar uma mancha pre- dominante de edificações associadas a caves de vinho do porto, con- trastando com a mancha diminuta relativa à habitação, que apenas tem relevância na área do Castelo de Gaia, na Rua Cândido dos Reis, na Calçada da Serra e Rua do Pilar.

No âmbito da rede verde e parque circular verificamos a diminuta área verde de utilização pública (apenas no jardim do morro), havendo, no entanto, uma mancha considerável de áreas verdes de enquadramen- to paisagístico.

Como consequência, constatamos as possibilidades de ligações pe- donais, criando um conjunto de percursos com interesse paisagístico. Assim, as ações estruturantes associadas configuram a valorização do sistema de vistas, a introdução de zonas de estadia articuladas com a rede de percursos e a reabilitação de miradouros, bem como a reabertura de percurso, vielas e escadas encerrados por privados. Destacamos, neste documento de análise exploratória, a ação estruturante ligada à identidade, onde se procura promover o envolvimento e o conhecimento da comunidade local, em articulação com o turismo e com as coletividades, associações e instituições. Consequentemente foi desenhado um plano de comunicação, elaborado pela investigadora, com a vertente de intervenção local

3.2.2.