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Segundo Dewar, (in Zwaga & al, 2004) os métodos podem ser di- vididos em procedimentos de campo e de laboratório, com base em métodos subjetivos como classificações de clareza, classificação das preferências e ‘opinião de perito’. Refere ainda que muitas de- cisões importantes foram feitas com base em pouca ou nenhuma evidência objetiva.

Nesta analise são evidenciados os métodos psicológicos e psicofísi- cos, nomeadamente através do tempo de reação, “glance legibility”, distância de legibilidade, compreensão, classificações de preferência e deteção do sinal. Estes fatores têm sido empregados para medir a eficácia dos símbolos. Dewar considera que as técnicas de laboratório têm a vantagem de economia de tempo e dinheiro, no entanto, para que haja garantia que esses métodos sejam devidamente validados é

necessário que haja confrontação através de medidas reais da eficácia dos símbolos no contexto verdadeiro.

No teste de compreensão, amplamente abordado por Brugger (in Zwaga et al., 2004), obtiveram-se as conclusões demonstrativas que o método de estimativa de compreensão é mais eficaz, sendo que a abordagem em laboratório demonstrou ser mais eficiente e muito menos dispendiosa.

Há a possibilidade de apresentar o pictograma sem identificação, mé- todo mais demorado, mas que se traduz numa riqueza de informação sobre as deduções do utilizador, podendo permitir ajuda acrescida no processo de redesenho.

Pode enunciar-se o método de escolha múltipla de grande eficiência, no entanto realça a dificuldade no processo de seleção das respostas adequadas de forma a minimizar os efeitos de adivinhação (Zwaga et al., 2004).

O teste de estimativa de compreensão, baseado no estudo de Zwaga (1989), que consistia na tarefa do utilizador estimar qual a percen- tagem da população que pensava que iria entender o significado do símbolo fornecido. Com este estudo, Zwaga consegue acrescentar ao padrão de 67% determinado pela ISO, 20% de intervalo de incerteza, passando ao intervalo de 47 aos 87%. No entanto Dewar refere a necessidade de verificação através de um teste de compreensão. O mais importante deste teste é a melhoria significativa da eficiência da avaliação de um conjunto de símbolos, uma vez que nem os mui- to maus, nem os muito bons da mesma mensagem precisam de ser testados.

Na análise de significado, Dewar enuncia o diferencial semântico, como técnica de avaliação da compreensão dos elementos de um símbolo. Este consiste na apresentação de adjetivos bipolares cui- dadosamente selecionados (por exemplo, bonito-feio simples-com- plexo; forte-fraco). Perante este teste, Dewar e Ells (1979) já tinham demonstrado que classificações sobre esta escala se correlacionavam bem com a medição da compreensão. Usando a análise discrimina- tória e análise classificativa com as classificações de diferenciais se- mânticas, foram capazes de determinar quão bem os significados dos símbolos e os significados dos componentes individuais do símbolo foram compreendidos.

O questionário pode assim apresentar a indicação alternativas para os significados supostamente enunciados, inferindo a sua funcionalida- de. Neste método de reconhecimento, o teste é feito na ausência de contexto, através da exibição do ícone de forma isolada, na ausência de um rótulo de texto ou de outros elementos de interface.

O efeito do contexto e familiaridade na compreensão, possui também uma relevância grande, de acordo com Dewar, (in Zwaga et al., 2004) uma vez que sendo a maioria da investigação sobre a compreensão dos símbolos feita em laboratório, a maquetização poderá não trans- mitir qualquer informação sobre o contexto em que o símbolo pode aparecer. Neste sentido, para aumentar os níveis de compreensão, é dada importância ao fornecimento do contexto. A familiaridade com os símbolos também amplia a sua compreensão.

Concordando com Dewar, é considerado fundamental que o desenho e definição de novos símbolos mantenham uma relação intrínseca

com o sistema de informação no qual serão inseridos (in Zawga et al., 2004).

Convém refletir ainda alguns relatórios e guias normativas estipula- das numa linha temporal crescente pelos diversos comités técnicos do ISO, (International Organization for Standardization), e realçadas por Neves, Moreira da Silva et al (2016), nomeadamente o relatório ISO TR 7239: 1984, as normas ISO 9186:1989, ISO 7001:2007 e ISO 22727:2007.

Assumindo os dados apresentados pela norma ISO 9186:1989, re- ferentes aos procedimentos para o desenvolvimento e teste de sím- bolos de informação ao público, um símbolo é aceite se 67% dos utilizadores compreenderem de forma quase inquestionável. E segun- do Dewar (in Zwaga et al., 2004), as maiores dificuldades na análise de um pictograma dizem respeito ao seu significado, mais do que a eficácia da cor, da forma ou da complexidade visual.

Na definição da implementação dos símbolos associados à informa- ção pública, o relatório ISO TR 7239: 1984 destacou três princípios basilares, nomeadamente a importância dos procedimentos para o desenvolvimento ou aplicação de símbolos, os critérios visuais e por último, o procedimento de implementação dos símbolos de informa- ção pública.

No entanto, segundo Barry Gray (iso org 2),na definição de novas simbologias, que reflitam pictoricamente novos valores e atividades que despontam com o crescimento continuado no comércio interna- cional, viagens e turismo, requerendo um metodologia comunicativa comum, surge a necessidade de elevar a normalização e coerência de novos símbolos, sendo que o ISO 7001:2007, segundo Neves, Morei- ra da Silva et al. (2016) destaca e institui três premissas capitais: a- o conteúdo da imagem padrão; b- a função; 3- o campo de aplicação. Para a construção de um símbolo, é referida a importância da defini- ção de grelhas, no sentido em que facilita a definição de tamanhos semelhante e consistentes entre símbolos.

Em simultâneo, através da norma ISO 22727:200718, são definidos

princípios organizados numa estrutura tripartida, de forma a garantir a consistência e compreensão, são eles o processo de criação, a sua função e significado e o design gráfico dos símbolos. Estes princípios tornam-se facilitadores numa análise formal ao novo símbolo, nomeadamente na definição de preenchimentos e contrastes, simetria, representação da figura humana e setas direcionais. Mais uma vez são destacadas questões que devem ser enunciadas para a sua pertinência pictórica num universo possuidor de alguma abun- dância, nomeadamente o seu significado intencional e não inten- cional, as alternativas pictóricas existentes, a sua função, a sua real necessidade, a sua aplicabilidade, a quem se direciona.

Nesta breve apresentação de conceitos estruturantes para a elabora- ção de novos símbolos é realçado por Neves et al (2016) o processo formal de validação dos novos símbolos, através de testes de visibi- lidade e de dados, com posterior revisão, ajuste e implementação. A conceção deste sistema metodológico representa a sustentação formal e conceptual de um novo elemento pictórico.

Neste campo de análise realçamos a estruturação apresentada por Neves, Moreira da Silva et al. (2016) os testes de usabilidade, como

18 ISO 22727:2007 Graphical symbols – Creation and design of public information symbols – Requirements 1.edição. International Organization for Standardization, Geneva (2007).

elementos fulcrais para a avaliação da qualidade gráfica e funcional e comunicativa dos símbolos.

São assim definidos os testes de exploração, avaliação, validação e comparação.

O teste de exploração avalia preliminarmente a eficácia do símbolo, através de maquetização, de forma a conhecer a opinião do utiliza- dor do modelo desenvolvido. A sua utilização destaca-se em fase de projeto, sem dados fornecidos ao utilizador.

O teste de avaliação evolutiva (assessment test), surge num contexto de avaliação continua posterior ao teste de exploração, procurando avaliar e testar se a validação conceptual foi efetivamente implemen- tada, permitindo aferir se a descodificação da mensagem e a com- preensão do significado dos símbolos gráficos foram atingidos. Para uma maior assertividade, as pesquisas dos símbolos devem refletir uma aproximação ao objeto final.

O teste de validação, pretende determinar o comportamento dos sím- bolos perante padrões ergonómicos estabelecidos, na análise da forma, cor e grafismo, permitindo a verificação da rapidez de decodificação e clareza. Este teste surge no contexto final do processo, de forma a me- dir o desempenho dos símbolos, podendo ser testado em contexto real. O teste comparativo, produz a análise de diferentes símbolos gráficos entre si, avaliando qualitativamente as características intrínsecas de sinais diferentes, solicitando ao utilizador uma avaliação compara- tiva. Podendo surgir nas diferentes fases do processo, destaca-se a fase inicial do processo, para comparar as diferenças de estilo gráfico entre símbolos, a fase intermédia, de forma a medir a eficácia de um símbolo e, a fase final de forma a avaliar o sistema desenvolvido com outros sistemas em uso.

Neves et al. (2016) referem ainda que os testes de visibilidade efetua- dos em território real destinam-se a avaliar, de forma global, as di- versas componentes do sistema, nomeadamente a qualidade gráfica e funcional dos símbolos incrementados, e a sua capacidade comuni- cativa num espaço concreto, devendo formalmente envolver modelos à escala real. Esta análise, tal como referem Calori & Vanden-Eynden (2015) e Mollerup (2013), pode destacar necessidades de alteração, nomeadamente por confrontação com dificuldades formais, ligadas aos materiais, escolha de cores ou iluminação.

Aos testes visuais são associados os testes de compreensão de con- teúdos, resultantes da aplicação da norma ISO 9186-1: 2007 (E), que pretende definir a metodologia para testar a amplitude de comuni- cação da mensagem pretendida e a sua compreensão. Neste sentido são enunciados os testes de compreensão e de julgamento teste. Ao teste de compreensão é proposto qualificar a apreensão e com- preensão do símbolo, baseado na avaliação qualitativa das respostas dadas perante a avaliação do utilizador. Aqui, aos possíveis utiliza- dores propõe-se que indiquem o significado e ação subjacente ao símbolo. Sendo especialmente recomendada para a fase avançada do desenvolvimento de soluções gráfica. (sem respostas dadas)

O teste de julgamento surge como ferramenta de avaliação quan- titativa do entendimento de um símbolo. Neste caso, o julgamento de diversos símbolos por parte dos possíveis utilizadores, indicará a percentagem de compreensão de um símbolo especifico.

“a partir do momento em que o pregoeiro deixou de se manifes- tar oralmente nas cidades e passou a utilizar cartazes que todos podiam ler, nunca mais os tipos de letra pararam de se multipli- car”. (Cullen, 2002, p.95)

Podemos considerar que, ao vivermos num espaço onde a ansiedade impera, a informação pode tornar-se extremamente relevante. De que forma poderá o design de informação melhorar a integração do indivíduo no meio urbano e na sociedade contemporânea?

“The goose quill put an end to talk. It abolished mystery; it gave architecture and towns; it brought roads and armies, bureaucra- cy. It was the basic metaphor with which the cycle of civilization began, the step from the dark into the light of the mind. The hand that filled the parchment page built a city.” (McLuhan in Erlhoff & Marshall, 2008, p. 409)

Num momento em que a tecnologia vai abraçando aos poucos a cida- de, através de um número incontável de leds, a informação imaterial vai ganhando espaço na nossa capacidade de apreensão. Flusser (2010) denomina estas informações de “não coisas”, que penetram na cidade através de uma fluidez inapreensível.

Tornando essa orientação e comunicação efetivas é essencial criar uma linguagem visual que reflita o espaço onde se insere. Assim, qual a mensagem visual a produzir para que tal aconteça, para que se evite o recurso a métodos de criatividade inusitados no campo da tipografia?

2.3.3.

A TIPOGRAFIA

Figura 29

Através de uma análise segmentada, seguindo o raciocínio de Calori & Vanden-Eynden (2015), a tipografia surge como elemento domi- nante na comunicação da informação, em que a maioria de soluções desenhadas não se estabelece apenas com símbolos ou ícones, mas sim com a conjugação de palavras.

Assim, no campo das palavras escritas, corroborando a análise con- textual de Friedrich Friedl (Friedl et al., 1998), e considerando que, em todas as etapas do desenvolvimento histórico mundial, a palavra escrita e a tipografia constituíram um ingrediente fundamental para a cultura humana, assumimos como garantida a fluidez e rapidez da informação. Friedl refere ainda que se tornara inconcebível uma leitu- ra lenta, através dos novos meios de comunicação, sendo necessário que a informação nos chegue o mais natural, simples e eficazmente possível para uma rápida apreensão. Como tal, o autor menciona que o legado dos séculos passados foi conscienciosamente esquecido de maneira a ser substituído. A tipografia, regendo-se anteriormente em conformidade com os rígidos padrões e regras de um meio estático, é contagiada hoje por todos os novos conceitos dinâmicos, impul- sionada pelo ritmo acelerado das tecnologias comunicativas, promo- vendo alterações formais com base em ideias de harmonia, forma e proporção.

Destacamos por fim a analogia de Friedl, quando equipara a tipogra- fia com a palavra escrita e a articulação com a palavra falada, sendo a sua íntima dicotomia essencial para que haja uma total perceção.

“Os tipos de letra são vozes de palavras e determinam o tom visual do texto”. (Gordon & Gordon, 2002, p.39)

Neste contexto das palavras que se leem como se ouvem, e referindo Frutiger (2002), o leitor vai construindo inconscientemente um tipo de matriz referente a cada letra do alfabeto (ao longo do tempo), e nessa leitura recorrendo a esse “banco” de matrizes efetua a leitura de um tex- to, ou uma frase através de uma acuidade visual conjunta, não fazendo a captura letra a letra. Analisando à luz da perceção e significação, não podemos deixar de realçar o carácter visual compreendido na tipografia, quando emerge como representação gráfica estruturada de um código verbal complexo que, segundo Stockl (2005), contém três níveis semió- ticos com evidente paralelismo à semiótica triádica de Peirce, enunciada no ponto anterior (2.3.1). Num primeiro nível, a tipografia surge ele- mentarmente como simples codificação da linguagem, representando o valor icónico. Num segundo nível, pode ser evidenciado o intuito da comunicação, transmitindo alguns valores emotivos, conotativos e es- truturais que indiciam e facilitam a informação veiculada. Finalmente, num terceiro nível identificamos a representação pela capacidade dos elementos tipográficos integrantes se constituírem signos pictóricos em si mesmo, símbolos numa comunicação.

Focando-nos agora na especificidade formal dos grafismos, a tipogra- fia surge como elemento fulcral da fundamentação teórica e, deste modo, realçamos as análises e orientações expostas por Enric Satué, Joan Costa, Romedi Passini, José Allard, Chris Calori & Vanden-Eynden e Per Mollerup, na procura da clarificação da legibilidade visual.

Num momento da definição de um projeto tipográfico, a escolha do tipo de letra é central. De certa forma a opção centra-se na decisão pela opção pelo desenho de um novo conjunto de caracteres, capaz de formar um conjunto coeso de signos eficazes, ou se, por outro lado, se deve orientar a pesquisa no âmbito da utilização de famílias de caracteres já existentes.

Segundo Calori & Vanden-Eynden (2015), torna-se necessário obser- var três razões para que se introduza um tipo de letra já existente nomeadamente: 1. existência de inúmeros tipos de letra com grande legibilidade, já amplamente testadas e implementadas; 2. necessida- de de partilhar espaço com sistemas já existentes, o que permite uma consistência e unidade gráfica; 3. complexidade formal evidente na elaboração de um tipo de letra novo.

Perante esta análise, reencaminhamos a nossa investigação para a utilização de tipos de letra existentes, de igual forma definido para a adoção de símbolos e ícones no ponto anterior (2.3.2).

Deste modo, destacamos os fatores que podemos assumir como orientadores para a seleção dos caracteres, elementos que deverão representar todo um valor icónico, prováveis transmissores de valores indiciais e conotativos, assumindo-se até como símbolos da comuni- cação ambicionada.