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IV. CAMPO EPISTEMOLÓGICO E MÉTODOS

IV.1. E PISTEMOLOGIAS

haja transparente comunicação entre as instituições a compô-la66. O problema que examinamos já mobiliza a esfera federal, o que pode ser percebido pela proposta do Ministério da Justiça à Fundação para a Infância e Adolescência (FIA) para que, em cooperação, combatam o aliciamento de jovens para o tráfico67.

as mulheres não foram reconhecidas em seu valor − ficando então as crianças à mercê da construção de seu lugar sempre por outrem, estando sujeitas a distorções e à invisibilização de suas contribuições. Esta sociologia das crianças em muito se aproxima à sociologia feminista, pois parte da construção de um objeto, (ou, melhor dizendo, de um sujeito) que era invisibilizado, sendo, de certa forma, ignorado pela sociologia tradicional.

Segundo Alanen, as crianças chegaram mesmo a serem descritas como não-sociais ou em processo de se tornarem sociais. A idéia básica da autora é a de incluir na sociologia tanto as crianças como seus pontos de vista, valorizando o fato de que as crianças são agentes sociais por elas mesmas. Sob esta perspectiva é possível perceber que as construções sociais da infância não apenas estruturam a vida das crianças, mas são também estruturadas pelas atividades das próprias crianças. A partir daí a autora preocupa-se em explicitar e explicar as competências sociais das crianças nos seus diversos espaços de atuação e interação, como novos sujeitos do conhecimento.

Um forte elo que nos leva a evocar a proposta epistemológica desta autora é o fato de pensarmos, também como Honneth (2003a), que processo semelhante de invisibilização e indiferença ocorre especialmente com as crianças e adolescentes em situação de exclusão e de desfiliação. Indiferença que por vezes só é rompida quando passam a ser considerados ameaça para a sociedade com o conseqüente aumento da pressão de exclusão e mesmo de extermínio.

Sugerimos então uma extensão do rol de grupos merecedores de reconhecimento de sua plena existência sociológica. Epistemologicamente este trabalho aponta para esta direção.

Esta ótica ganha importância a partir do fato de que, embora não tenhamos entrevistado crianças, estamos igualmente preocupados com elas. Além disso, constamos que muitos adolescentes, apesar de poderem ter, ou não, uma aparência endurecida, são, ainda, crianças que não tiveram o seu tempo de brincar.

Como psicanalista defendo a idéia de que a psicanálise deve interagir com outros saberes. Recorrendo a Geertz (1997), procurando aproximar o tema pelo lado da sociologia, percebemos que, se existem há algum tempo questionamentos em relação à cientificidade das próprias ciências sociais, estes não podem ser resolvidos por uma problemática substituição de uma abordagem macro por uma abordagem micro:

“ Abandonar a tentativa de explicar fenômenos sociais através de uma metodologia que os tece em redes gigantescas de causas e efeitos, e, em vez disso, tentar explicá-los colocando-os em estruturas locais de saber, é trocar uma série de dificuldades bem mapeadas, por outra de dificuldades quase desconhecidas” .(Geertz, 1997:13).

Por outro lado, embora acreditemos que as mazelas sociais − dentre elas o tráfico de drogas − estão de modo geral ligadas aos vícios estruturais de nossa sociedade, este caminho explicativo / contestador pode ser paralisante e simplificador sempre que este modo de ler a realidade levar à diminuição do repertório de possibilidades de enfrentamento dos problemas, podendo levar-nos a um beco sem saída, já que não é de uma hora para outra que se pode redistribuir a riqueza, mudar a ideologia, ou o sistema econômico de uma sociedade68. Acreditamos e defendemos a idéia de que dentro do contexto de uma crítica ampla a um macro modelo gerador e perpetuador de desigualdade perversa e excludente sejam inventadas, operacionalizadas, defendidas e difundidas ações microssociais de resistência e de atenção local / focal aos problemas identificados, sob a perspectiva da possibilidade de uma silenciosa, mas poderosa revolução (ou criação de rede de resistência) molecular (Guattari, 1987).

Neste sentido, nossa pesquisa aponta para o caminho de conjugar o diagnóstico macro-estrutural com as micro-circunstâncias e micro-processos de emergência do problema de adolescentes entrando, morrendo e matando no tráfico de drogas. Procuramos avançar também em relação ao diagnóstico feito, por exemplo, por Cruz Neto, Moreira e Sucena (2001:52-53) no qual estratégias de sobrevivência material ganham destaque no complexo conjunto de elementos envolvidos na entrada de crianças e jovens no tráfico de drogas.

Acreditamos que, entrelaçadas com as estratégias de sobrevivência material estão tortuosos caminhos de sobrevivência psíquica, dos quais voltaremos a falar mais adiante.

A antropologia e a sociologia, em especial a microsociologia, podem também incorporar uma dimensão psicológica para ampliar a abrangência ou a profundidade de sua análise, principalmente no que concerne aos atos e comportamentos de indivíduos entre si e em relação às instituições e grupos. Os cientistas sociais da primeira Escola de Chicago recorriam, por exemplo, ao interacionismo simbólico e à psicologia social (reconhecida como

68 Devemos deixar clara nossa posição crítica em relação às situações em que tal diagnóstico é utilizado para paralisar segundo o discurso: ‘o problema é estrutural, logo não podemos fazer muita coisa... ’ Que é muito comum em nosso dia-a-dia. Outra utilização para nós inaceitável deste diagnóstico é quando é transformado em justificativa para a ação violenta de jovens, que estariam encontrando na violência uma forma de reagir à perversidade das desigualdades sociais, segundo o discurso: ‘pelo menos estão reagindo de alguma forma, não estão passivos... ’. Destacamos que já houve quem visse os traficantes como revolucionários, fazendo à força certa redistribuição de riqueza tal qual Robin Hood. Contra o que argumentamos que estão exatamente esmagados pelo sistema capitalista, servindo ao mercado talvez do pior lugar possível (se julgamentos de valor forem possíveis aqui), porque não estão apenas a perder coisas materiais, mas submetidos a regimes e regras em que perdem sua própria humanidade. Por outro lado destacamos como positivas as iniciativas que questionam estas desigualdades estruturais, procurando criar ações de transformação e de resistência às diversas formas de dominação, como, por exemplo, o Fórum Social Mundial (em sua última edição, porém, fazemos nossas as palavras de Saramago que incita à ação urgente no lugar de uma utopia que pode nunca realizar-se).

Tradicionalmente, programas de educação popular têm incidido contra a perpetuação de macro-desigualdades agindo desde as bases.

um campo intermediário entre a psicologia e as ciências sociais) criticando, por outro lado, o recurso à psicanálise. Na opinião deles, esta forma de compreensão dos processos psicológicos levaria a um constrangimento da possibilidade de mudanças dos indivíduos ao dar muito peso aos traumas infantis (ver, por exemplo, Velho, 1999:14-15). Por outro lado, vimos que alguns intelectuais da Escola de Frankfurt recorreram justamente à psicanálise − embora muitos a considerem ultrapassando os limites do conjunto das psicologias − para melhor instrumentarem-se para a análise crítica da sociedade.

Geertz (1997:9) permite-nos outra aproximação ao incluir Freud, o pai da psicanálise, entre os vários autores responsáveis pela rejeição da idéia de uma ciência social tecnológica.

Segundo ele, as originalidades das produções de autores que incluem desde Kuhn a Foucault, passando por Weber, contribuíram profundamente para que a ciência da sociedade ao enredar-se nestas novas produções, estivesse no ponto de tornar-se profundamente irregular:

(...) não é mais a irmandade interdisciplinar, ou sequer o ecletismo erudito que se tornam necessários. É um reconhecimento, por todas as partes envolvidas de que as linhas que agrupavam acadêmicos em várias comunidades intelectuais, ou (o que tem mais ou menos o mesmo resultado) os dividiam em comunidades diferentes, estão se cruzando em ângulos muito excêntricos hoje em dia.” (Geertz, 1999:39-40).

Geertz (1997:9) apresenta-nos uma interessante imagem que acreditamos possa ajudar o leitor a visualizar o que pretende a presente pesquisa. Para ilustrar a idéia de como se pode constituir uma sociologia interpretativa das culturas ele diz que: “ (...) uma espécie de cruzamento entre a fraqueza que um connoisseur tem pelo detalhe e um exegeta pela comparação – tornou-se popular nas ciências sociais” . Embora tal frase esteja aplicada às ciências sociais, creio que permite uma analogia consistente com a proposta do presente estudo, sendo que a fraqueza pelo detalhe do connoisseur seria análoga à atenta escuta psicanalítica aos sinais manifestos indicativos de elementos da subjetividade latente, inconsciente. Por outro lado a fraqueza pela comparação do exegeta seria, grosso modo, análoga ao próprio modo de trabalho da sociologia, na tarefa, por exemplo, de agrupar os dados. Neste mesmo sentido, sentimos que de alguma forma a idéia de “ descrição densa” , veiculada por Geertz cabe à ousadia de nossa empreitada.

Cremos ser mais adequado, portanto, não apenas tomar o paradigma da complexidade como um ponto de fuga, mas de fato situar esta pesquisa dentro desta perspectiva, que, sendo mais abrangente, inclui a idéia de inter e da trans-disciplinaridade e é vista, por exemplo, por Plastino (2001:30-31) dentro de um recorte epistemológico no qual a realidade, antes de ser vista como uma ordem sustentada por princípios lógicos ou racionais, apresenta-se constituída por uma “ pluralidade de regiões e modalidades do ser – respondendo a lógicas diferentes e nem sempre coerentes entre si (...)” (ibid:30).

Desta forma, segundo Plastino, o ser fugiria de um aprisionamento estabelecido pela razão meramente conceitual, podendo situar-se e ser pensado segundo a imagem de um real69 heterogêneo (ibid:30) onde fazem sentido – em importância não hierarquizada – as idéias de historicidade, imprevisibilidade, interpenetração, auto-organização, criatividade e acidente e, ainda segundo este autor, dentro de um processo de conhecimento complexo.

Fazendo agora uma ruptura com o pensamento do autor acima citado, não excluiria, nem colocaria em outro patamar ou outra ética, a possibilidade de entendimento do ser proporcionada pela psicanálise, uma vez inserida em um contexto em que o real (enquanto fatos da realidade passíveis de alguma forma de apreensão, mesmo que diferenciada por diferentes sujeitos) já está sendo pensado como eminentemente complexo. Ela, a psicanálise, deve ser pensada, para os fins desta pesquisa, mais do que como uma teoria do sujeito do inconsciente, de uma forma mais ampla, como uma teoria da própria subjetividade.

O mistério, citado pelo autor (Plastino, 2001:31), pode ser entrevisto por cada ângulo de refração de um prisma. E fazem parte das luzes que incidem sobre este as ciências que inventam o homem como objeto do conhecimento a partir do século XIX (Foucault, 1995:362 [1966]), e, precisamente indo ao encontro de nossa proposta, a psicologia e a sociologia são ciências que possibilitariam uma abordagem intrínseca sobre este objeto recém instituído e ao mesmo tempo tão complexo.

Em suma, defendo a idéia de que, se olhamos sabedores de que estamos em uma realidade complexa e multifacetada, a psicanálise, citada como uma terceira ferida narcísica, ao permitir o desvelamento de uma outra determinação das motivações e atos humanos, para além da consciência, pode ser complementar às outras ciências que estudam o homem e a sociedade, mesmo tendo feito um corte com a pretensa auto-determinação do homem e com a ciência social e a psicologia positivistas.

69 Neste contexto real refere-se à realidade e não aos três registros – real, simbólico e imaginário − postulados por Lacan (Seminário 22, RSI, 1974-75).

Cabe aqui aprofundar um pouco as formas através das quais a psicanálise pode associar-se às ciências sociais, e qual pode ser sua contribuição. Podemos dizer que especialmente a sociologia compreensiva está preocupada (cf. Becker, 1999), com a interpretação, a descoberta e atribuição de significados feitas pelos próprios atores, tanto para suas ações, como para as de outros de seu grupo e de outros grupos. Poderíamos iniciar uma discussão mais profunda pensando que, se de um lado está o significado, de outro lado temos o significante, que é bem a matéria-prima com a qual vai trabalhar a psicanálise, e que importa sobremaneira às análises que ensaiaremos neste trabalho. Por aí já teríamos uma aproximação profícua entre sociologia e psicanálise. Voltaremos a ela mais tarde.

No momento seguimos por um caminho mais direto, recorrendo às palavras do psicanalista Olivier Douville (2004) quando este diz que mesmo sendo sujeitos do inconsciente, não deixamos de ser seres da cultura ou de ser cidadãos de uma determinada cidade. Seria impossível ser sujeito falante e desejante destacado de uma ordem social, sem laços, sem a ritualização que (nem sempre70) precede o nascimento. Sugere deixar de lado a idéia abstrata de um puro sujeito estruturalista, que seria apenas uma variável lógica, pois “ ...

ele está preso a operações de ruptura/laço que envolvem sua densidade social e cultural”

(Douville, 2004:140).

A partir daí o autor enfatiza que não se pode deixar de lado esta dimensão de sujeitos (do inconsciente) inseridos no social chegando a propor que o encontro dos dois registros, do inconsciente e do social, são pauta para o projeto de um encontro entre antropólogos e psicanalistas. Já que este encontro envolveria: “ toda a análise antropológica (ou sociológica) do simbólico do sujeito em sua sociedade” (Douville, 2004:140).

Ressaltamos ainda o fato da experiência/formação do pesquisador/entrevistador, que ora se debruça sobre os dizeres dos jovens, ser em psicologia clínica e psicanálise, campos onde se busca além da história que é contada, uma outra história, inconsciente, a ser procurada não apenas nas narrativas, mas também nas entrelinhas, nos detalhes e nas ausências, nos sonhos e desenhos. Buscamos apreender o componente que talvez possamos

70 A ausência de um mínimo desta preparação para receber um novo ser é problemática e pode ser um importante elemento em uma vida que poderá vir a ter mais chances de desviar-se / ser desviada para caminhos à margem do reconhecimento pessoal e social. Tomamos como exemplo deste desinvestimento, a representação do filho como “uma boca para alimentar” transmitida ao pesquisador por uma mãe em uma favela da Zona Oeste do Rio de Janeiro. Em outras palavras, podemos dizer que o filho desinvestido afetivamente, como mera boca onde mecanicamente deve ser colocada comida, em área sob controle de facções do crime organizado, envolvidas com o tráfico de drogas provavelmente acabará recebendo outro tipo de alimento que lhe proporcionará o a mais (objeto a, perdido para sempre) que não teve de sua mãe, um a mais ilusório e alucinatório. Uma vez recebendo este tipo de alimento, alimentará, por sua vez, outra boca, também sem um investimento afetivo positivo e produtivo, muito pelo contrário, dando seqüência ao seu processo de desumanização.

nomear como o mais importante da intrincada e complexa trama da motivação dos sujeitos, procuramos nos aproximar do conhecimento daquilo que desperta seus desejos e participa de modo decisivo na decisão de agir desta ou daquela forma.

Colocando em outras palavras, poderíamos dizer que o pesquisador está voltado para tentar apreender uma realidade mais profunda a partir do que Freud chamou de formações do inconsciente, que são a via, as portas para se chegar aos conteúdos inconscientes. São elas os sonhos (via régia), o brincar, os chistes (inclui as piadas, os trocadilhos, os risos), os atos falhos (inclui os lapsos), os desenhos (bastante usados na psicanálise de crianças), além daquilo passível de ser reconhecido como uma omissão ou ausência no discurso, algo que por algum motivo não pode aparecer (esperava-se, mas não aparece na entrevista ou em uma conversa), podendo estar recalcado71.

Cogitamos ainda a possibilidade de o entrevistado entrar em contato, durante a realização da entrevista, com momentos de auto-reflexão que talvez nunca tenha experimentado antes, podendo chegar a certos insights durante o processo. Neste sentido a técnica se aproxima a um dos aspectos fundamentais da psicanálise que é o processo muito comum de o paciente saber mais de si, ao falar de si para o analista.

Em termos epistemológicos é o momento em que o entrevistado ou o analisando lança a si próprio um novo tipo de olhar, um olhar observador e perguntador sobre si mesmo.

Destacamos que tal quadro de emergência de possibilidades e (auto) percepções inusitadas, na situação de uma entrevista não-diretiva, em muito se aproxima com o que se observa na técnica de entrevistas semi-estruturadas quando estas são bem executadas, por um entrevistador sensível e que saiba ouvir, principalmente se dentro de um desenho de pesquisa que esteja informado pelas diretrizes tanto da pesquisa-ação como da associação livre.

Devemos esclarecer que a possibilidade de (auto) consciência propiciada por entrevistas semi-estruturadas não é uma característica apenas desta técnica ou da psicanálise.

Mais do que a técnica em si (que é apenas uma ferramenta), importam a escolha epistemológica que está por trás dela e o sentido ideológico que deve nortear a pesquisa e a

71 Uma referência interessante e original para análise de material em pesquisa social seguindo princípios psicanalíticos pode ser encontrada em Thiollent (1982) e Michelat (1982). Sugerem técnicas como o

“retardamento de categorização”, a “impregnação” pelo material levantado, levando em conta fatores eminentemente psicanalíticos, como a seqüência de enunciações. Fazendo analogia aos mecanismos de produção dos sonhos, os processos de condensação, acreditam que podem coexistir diferentes interpretações de um mesmo elemento, situação ou indivíduo. Informações sintomáticas seriam reveladoras das culturas e subculturas por onde transita o indivíduo. Acreditam poder, através de entrevistas não-diretivas, chegar ao “(...) mais profundo, mais significativo e mais determinante dos comportamentos do que o que é mais intelectualizado.” (Thiollent, 1982:194). Embora acreditemos que muito dos pontos desenvolvidos por estes autores sejam próprios também à nossa pesquisa, não os utilizaremos, por não haver plena concordância em pontos nodais (definição de ideologia, por exemplo) e por estarmos usando entrevistas semi-estruturadas (ao invés de entrevistas não-diretivas).

postura do entrevistador. E neste sentido, embora a psicanálise tenha estado historicamente associada aos setores mais ricos da sociedade em consultórios requintados, ela tem estado, quando não deturpada (como quando foi usada em prol de um adaptacionismo nos EUA, por exemplo) a serviço da transformação, e tem levado muitos sujeitos destas classes72 a depararem com questões de seu dia-a-dia, com remetimentos éticos importantes. Hoje, como exposto adiante, a realidade da inserção da psicanálise na sociedade é outra, e tem se modificado cada vez mais.

Podemos dizer então que nossa implicação e engajamento são com a transformação social e com a luta contra as opressões, no que acabamos por nos ver afinados com a posição crítica de análise da sociedade.