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Lista de Abreviaturas AC – Avaliação Criterial

4. Realização da Prática Profissional

4.1. Organização e Gestão do Ensino e Aprendizagem

4.1.3.2. Economista e Artistas: Dois mundos díspares

Inicialmente possuía, de facto, uma grande esperança neste EP, de ser contemplado com uma turma que possuísse um excelente domínio motor, fosse motivada para a prática e disciplinada. Muito sinceramente, sou da opinião, que este é um desejo/sonho partilhado por todos os EE. Todavia, quando tive conhecimento que a minha turma era composta por duas turmas de cursos completamente distintos (economia e artes visuais) e, após ter marcado presença nas reuniões de conselho de turma antes do ano letivo iniciar fiquei desde logo apreensivo. As ilações retiradas das indicações dadas pelos professores anteriores de EF das respetivas turmas não podiam ser mais distintas. Além do mais seria a primeira vez que as turmas iriam formar apenas uma turma, ou seja, até então sempre tiveram aulas como turma em separado e, neste ano final iriam passar a formar uma turma às disciplinas de EF e Português. Este foi também um aspeto que me inquietou bastante pois consegui-me aperceber desde logo (primeiras aulas) que eram alunos que não conviviam, não possuíam qualquer tipo de relação, e que detinham maneiras de estar, viver e gostos completamente distintos. Estavam então formados dois grupos, completamente distintos a todos os níveis. Desde a nível do seu reportório motor, onde os alunos da turma de economia, de uma forma geral, eram em muito superiores aos de artes visuais, até à sua forma de estar e perspetivar a EF. No entanto, havia algo em comum às duas turmas. Tanto os alunos da turma de economia como da turma de artes em raras situações adotavam um comportamento adequado à aula, ainda que por motivos diferentes. Por um lado, os alunos da turma de artes não se sentiam minimamente motivados para a EF pelo que não se empenhavam na realização das situações de aprendizagem e tudo era motivo de distração e “brincadeira”. Por outro lado, os alunos da turma de economia olhavam para a EF como se de um recreio se tratasse e, como se tal fosse pensavam que possuíam livre arbítrio para fazer o que entendessem, caso contrário adotavam um comportamento inadequado manifestando por vezes o seu descontentamento através de faltas de respeito. Um aspeto que será aprofundado no tópico seguinte (4.1.3.3).

De facto, ao longo do primeiro ano deste ciclo de estudos, sempre fomos alertados para a grande heterogeneidade presente nas turmas, porém, nunca pensei ser possível deparar-me com tal grau de heterogeneidade a tantos níveis. Rosado e Ferreira (2011) referem que diferenças entre género e outras diversas variáveis, têm um impacto direto na gestão do ambiente da aula. Como se o referido até então já não se afigurasse uma problemática com diversos sentidos, algo que inflamou toda a situação residiu no facto de os alunos entre si, para além de não conviverem como referi anteriormente, terem desenvolvido uma relação negativa. De facto, a relação entre eles nunca foi a melhor e, coube a mim, enquanto professor, a gestão de todas as condicionantes supracitadas que traduzem, variáveis imprescindíveis e que condicionaram todo o meu planeamento e operacionalização do mesmo. “As “ligações emocionais” e a gestão das emoções destacam-se, assim, como aspectos nucleares da gestão dos ambientes de aprendizagem” (Rosado & Ferreira, 2011, p. 190).

Para além dos aspetos referidos anteriormente, a relação mais conflituosa mantida entre os elementos da turma era influenciada pelo seu desempenho completamente distinto nas situações de aprendizagem. Como também irei aprofundar mais à frente (tópico 4.1.3.5), procurei sempre realizar trabalho por níveis. Além de ser um acérrimo defensor deste, posso afirmar que consegui juntar o útil ao agradável, uma vez que ao preconizar este tipo de trabalho conseguia separar os grupos desestabilizadores. No entanto, por um lado, como a turma possuía um número elevado de alunos com falta de assiduidade nem sempre era viável este tipo de trabalho, por outro lado, foram variadíssimas as situações em que procurei que os alunos dotados de um maior reportório motor auxiliassem os restantes, procurando também promover uma melhor relação e, uma consequente redução de atritos entre os mesmos, algo que nem sempre foi possível como espelha o seguinte excerto:

“Sempre que tal não é possível (trabalho por níveis) sinto mais dificuldades no controlo da turma. Se por um lado os alunos da turma de economia, regra geral, são mais empenhados e muito competitivos, por outro lado os alunos da turma de artes são muito pouco empenhados e pouco competitivos não se esforçando como deveriam. Esta situação leva a

com os alunos de artes que não se esforçam. Deste modo, tento sempre encorajar os alunos de artes no sentido de aumentarem o seu empenho e os alunos de economia a colaborarem com os colegas, todavia, nem todos os alunos têm perfil para este tipo de função.” (Diário de Bordo – Semana

28, p. 4)

Mesquita e Rosado (2011, p. 31) defendem que a inclusão dos alunos menos dotados requerem mais encorajamento e uma atenção individualizada por parte do professor ou por “tutores que podem ser outros colegas.” No início várias vezes refleti se seria a estratégia mais adequada, uma vez que por variadíssimas vezes senti-me obrigado a intervir pois os alunos mais dotados por vezes ridicularizavam os restantes, levando a um incremento da sua desmotivação e a que se sentissem inibidos. Rosado e Ferreira (2011) advogam que as relações entre os alunos influenciam de forma muito significativa o ambiente de aprendizagem, nomeadamente através das críticas dos colegas.

De facto, nem todos os alunos mais dotados eram os mais indicados para assumir o papel de “tutores”, contudo, à medida que fui conhecendo os alunos, fui reconhecendo características em alguns que permitia adotar este tipo de situações. Mantendo-me fiel a este princípio considero que o saldo final foi positivo. Por exemplo, consegui que os alunos participassem no torneio de voleibol com elementos das duas turmas. Na UD de voleibol os alunos evidenciaram-se mais altruístas e várias vezes de forma autónoma alguns alunos mais dotados procuravam auxiliar, sem ridicularizar, os menos dotados. Deste modo, ainda que não de forma plena, considero que o trabalho desenvolvido neste âmbito produziu alguns frutos. Ainda que não de forma total, a maioria dos alunos chegou ao final do ano mantendo um relacionamento positivo, como se de uma turma tratasse, ainda que com algumas divergências. O facto de ter sido presenteado com uma turma deste género permitiu o desenvolvimento de capacidades e competências nomeadamente ao nível da minha postura e na habilidade para a gestão de conflitos.

4.1.3.3. A indisciplina: Um tónico presente ao longo de todo o