• Nenhum resultado encontrado

Plano de aula: Um guião muitas vezes não seguido na íntegra

Lista de Abreviaturas AC – Avaliação Criterial

4. Realização da Prática Profissional

4.1. Organização e Gestão do Ensino e Aprendizagem

4.1.2.3. Plano de aula: Um guião muitas vezes não seguido na íntegra

“A aula é realmente o verdadeiro ponto de convergência do pensamento e da acção do professor.” (Bento, 2003, p. 101) Bento (2003, p. 102) refere que a aula se traduz no campo de realização e concretização do sistema educativo. Desta forma, os PA traduzem-se na forma de planeamento mais detalhada e específica, uma vez que a sua elaboração encontra-se dependente de todos os restantes níveis de planeamento. Como referi outrora todos os níveis de planeamento devem estar interligados entre si e devemos encarar este processo (planeamento) como um todo. Possuo plena consciência que a elaboração dos PA foi muito facilitada pela elaboração das UD. Bento (2003) advoga que se não se tiver em consideração o plano anual e a UD não se pode planear uma aula. Rink (2014) corrobora esta premissa ao afirmar o plano de aula é um guião no processo de ensino baseado nos objetivos estipulados na UD. A mesma autora afirma que os PA devem transformar objetivos gerais e específicos em experiências para os alunos.

O PA é o mais volátil dos três níveis de planeamento, uma vez que é influenciado diretamente por diversos fatores. Deste modo, é fulcral, aliada a uma boa preparação da aula, que o professor possua um conhecimento aprofundado da matéria fazendo face às necessidades que surjam no decorrer da mesma.

De forma a operacionalizar este nível de planeamento, adotei uma estrutura definida e criada em sede de NE em conjunto com a PC, que era transversal a todos os EE. Bento (2003) defende que qualquer aula deve ser estruturada em três partes distintas: parte preparatória, parte principal e parte final. Rink (2014) advoga que a aula deve ter principio, meio e fim pois só estruturando assim a sessão o professor consegue conferir propósito às experiências dos alunos. Nos PA realizados, a nomenclatura adotada foi: parte inicial, fundamente e final.

Em todas as aulas, a parte inicial foi dividida em dois momentos: o primeiro dedicado à verificação de presença dos alunos e posterior explicação breve dos conteúdos e objetivos da aula; o segundo momento era dedicado à adaptação do organismo ao exercício físico. No que diz respeito à verificação de presenças, foi uma tarefa que à medida que fui conhecendo os alunos deixei de despender tempo com ela. No segundo momento, numa fase inicial do ano letivo tive principal atenção em selecionar situações de aprendizagem específicas que possibilitassem o transfere para as situações a realizar posteriormente. No final do ano letivo, o segundo momento da parte inicial era essencialmente dedicado ao desenvolvimento da condição física dos alunos, o que se verificou na melhor estratégia a adotar de acordo com as características da turma. Prova do referido anterior são os excertos seguintes:

“De seguida, à semelhança do ocorrido até então, optei pela realização de uma ativação mais específica, com bola, exercitando habilidades técnicas básicas da modalidade nomeadamente, a posição fundamental, os deslocamentos, o passe de frente e a manchete” (Diário de Bordo –

Semana 31, pp. 6-7)

“No que diz respeito ao planeamento fui alertado para a componente da condição (...) Vou ter atenção a este aspeto e em aulas futuras irei procurar realizar situações que visem esta componente como ativação geral. A minha turma é complicada, não me basta dizer o que é para fazer pois eles não cumprem, tenho de estar “em cima deles”, pelo que creio que é a melhor opção realizar no início da aula.” (Diário de Bordo – Semana

24, p. 9)

Na parte fundamental da aula, a mais duradoura das três partes, cumpriram-se as funções didáticas e os objetivos principais da aula. A seleção das situações de aprendizagem considerou sempre o nível dos alunos e, tiveram em atenção o cumprimento dos objetivos a alcançar para cada aula, estipulados na UD. Nem sempre foi fácil esta tarefa uma vez que possuía uma turma bastante heterogénea e, na maioria das vezes, realizava dois PA distintos, isto é, idealizava sempre situações de aprendizagem distintas de forma a que fossem mais adequadas ao grupo de alunos (nível de ensino) a que se proponham. Foi sem dúvida algo bastante que me deu bastante trabalho e nem sempre foi simples tal tarefa, uma vez que tinha receio de ser

bastante ambicioso com ambos os grupos e não corresponder às reais necessidades dos alunos.

A parte final da aula era essencialmente destinada à realização de breves reflexões acerca do desempenho dos alunos, retirar possíveis dúvidas e transmitir informações aos alunos relativas à aula seguinte. “A lesson closing completes a lesson. Often this culmination should take the form of a review of what was learned, an opportunity to orient the students to what may come in the next lesson.” (Rink, 2014, p. 227).

“Antes de entrar na aula o professor tem já um projeto da forma como ela deve decorrer, uma imagem estruturada, naturalmente, por decisões fundamentais” (Bento, 2003, p. 102). O mesmo autor defende que o professor deve empenhar os seus esforços na materialização do planificado, no entanto, deve também ter a capacidade de adaptar-se aos condicionalismos. O resultado e operacionalização de um PA dependem sempre da qualidade da sua preparação. “O dia a dia confirma sempre que o resultado de uma aula depende preponderantemente da qualidade da sua preparação” (Bento, 2003, p. 106). Neste seguimento as aulas não devem ser planeadas de forma superficial. À luz do referido anteriormente, reitero a importância do atentar ao maior número de variáveis, aquando da elaboração de um PA, que no exercício da prática docente são demasiadas. Sabe-se que quanto maior for o investimento a nível da planificação, por parte do professor, maior é a possibilidade de proporcionar aprendizagens positivas aos seus alunos. Em todas as aulas, para além do PA, idealizei (mentalmente) um conjunto de situações extra a realizar face caso alguns “imprevistos previstos” (por mim) sucedessem. Foram diversas as vezes que o PA não foi cumprido na sua íntegra devido a variados fatores (falta de assiduidade de um número elevado de alunos, ver a minha lecionação reduzida a um terço do pavilhão, entre outros). Estas situações idealizadas por mim auxiliaram-me na tomada de decisões espontâneas que tantas vezes nos são requeridas no exercício da profissão docente, como podemos constatar no seguinte exemplo:

“Devido ao número reduzido de alunos com que contei (devido ao atraso de 5 alunos, falta de 2 e não realização de aula de 3) a segunda situação

reduzido o espaço (...) Deste modo, optei por, durante a situação de aprendizagem, retirar mais uma bola e consegui imprimir uma maior dinâmica. Sinto que o número de alunos “teórico” que tenho é o número ideal para a lecionação de aulas, contudo, visto esse número reduzido para menos de metade nesta situação foi problemático e, fui forçado a adaptar o que havia planeado. (Diário de Bordo – Semana 20, p. 2)

Dado o contexto da minha turma, onde foram registadas várias situações de falta de assiduidade, foram frequentemente realizadas situações em que o que havia sido planeado não correspondeu à realização prática. À medida que o tempo passou, fui adquirindo mais experiência e, consequentemente, mais pronta e facilmente solucionava tais situações.

Realização: Condução do processo de ensino e

aprendizagem

De acordo com as normas orientadores o EP 1, o EE deve ser capaz de “conduzir com eficácia a realização da aula, atuando de acordo com as tarefas didáticas e tendo em conta as diferentes dimensões da intervenção pedagógica” (p. 4).

A realização representa o ponto de convergência de todos os conceitos referidos anteriormente, nomeadamente a conceção e o planeamento.

Esta parte afigura-se como a figura principal de todo o EP, foi daqui que surgiram as maiores dificuldades, ansiedades e vitórias. Foi também aqui que coloquei em prática todas as estratégias/metodologias afim de suprir os problemas que surgiam. Foi aqui onde denotei mais fragilidades e também onde desenvolvi mais competências atenuando assim as debilidades. Foi aqui o grande palco de todo o EP, e que despertou ao longo desta aventura inúmeros e desfasados sentimentos. É daqui que levo as grandes memórias, as batalhas travadas e o sucesso alcançado.