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Lista de Abreviaturas AC – Avaliação Criterial

4. Realização da Prática Profissional

4.1. Organização e Gestão do Ensino e Aprendizagem

4.1.2.2. Unidade didática: O guião da ação pedagógica

“Constituem unidades fundamentais e integrais do processo pedagógico e apresentam aos professores e alunos etapas claras e bem distintas de ensino e aprendizagem.”

(Bento, 2003, p. 75) “Once the teacher has decided on the units to be thaught in a year’s program, individual units should be planned” (Rink, 2014, p. 237). Depois de ultrapassar o primeiro nível de planeamento deparamo-nos com o segundo, nomeadamente as UD. Bento (2003, p. 76) afirma que é nas UD que “reside precisamente o cerne do trabalho criativo do professor” e que é em torno das mesmas que “decorre a maior parte da actividade de planeamento e de docência do professor”. Siedentop (2008), por sua vez, afirma que o objetivo primordial das UD, reside no conseguir que todos os alunos consigam alcançar os objetivos, tendo sempre presente as características individuais de cada um, para aquela matéria de ensino. Neste seguimento, Rink (2014) advoga que os objetivos da UD devem ser especificados de forma clara de acordo com o que é expectável que os alunos aprendam ao longo da UD.

Estando ciente que este nível de planeamento é fulcral, servindo de sustentação para o desenrolar do processo de E/A nas diferentes matérias de ensino, as UD foram elaboradas tendo por base o MEC, como referido no item 4.1.2, de acordo com o modelo proposto por Vickers (1990). Apesar da realização de tal documento ser morosa, evidenciou-se muito útil ao longo deste ano letivo uma vez que, todos os aspetos fundamentais para o processo de planeamento do ensino das diversas modalidades estavam congregados num único documento o que facilitou a sua consulta para a elaboração dos PA.

Com a elaboração deste nível de planeamento procurei conferir coerência ao ensino e uma sequência lógica aos conteúdos. Em todas as UD criadas, independentemente da matéria de ensino a que se referia, estiveram sempre presentes conteúdos das quatro categorias transdisciplinares na EF: habilidades motoras, cultura desportiva, fisiologia do treino e condição física e conceitos psicossociais, ambicionando desta forma um desenvolvimento

A UD de cada modalidade foi elaborada depois da realização da avaliação diagnóstica (AD), uma vez que os resultados da mesma são determinantes para a tomada de decisão acerca dos conteúdos a lecionar, ordem de introdução e tempo dedicado aos mesmos, objetivos a atingir, formas de avaliar, entre outros. Só desta forma é possível ajustar os conteúdos às necessidades reais dos alunos e, consequentemente, organizar o processo de E/A segundo níveis de desempenho, como foi necessário realizar. Todavia, em algumas modalidades, devido ao escasso número de tempos letivos disponíveis, não foi possível a realização das devidas AD. Nestes casos, recorri às informações que detinha de anos anteriores sobre a turma e ao PEF para elaborar as UD. Não obstante, sempre que necessário, após a lecionação da primeira aula, refletia acerca do que havia sido planeado por mim, tendo presente o desempenho dos alunos e, caso necessário, a UD seria ajustada.

Alguns fatores determinantes que tive sempre em consideração aquando da realização deste nível de planeamento recaíram nos recursos materiais, temporais e humanos disponíveis. Apesar de toda a análise e reflexão sobre tais fatores e outros que poderiam vir a suceder (falta de auxiliares da ação educativa, condições climatéricas, indisponibilidade temporária das instalações, entre outros), as UD elaboradas estiveram sempre abertas a adaptações como se pode constatar no excerto seguinte:

“Ao longo desta unidade didática, caso seja necessário, serão feitas alterações ao que estava planeado, de forma a adequar o processo de ensino/aprendizagem ao nível de desempenho que os alunos vão apresentando e às condições disponíveis para a prática” (MEC de Futebol

- Justificação da extensão e sequência dos conteúdos, p. 27)

Siedentop (2008) afirma que o maior problema na planificação de UD, particularmente quando os alunos estão agrupados por níveis, reside no facto de alguns alunos possuírem sérias limitações, enquanto outros são possuidores de capacidades e competências que lhes permite atingir níveis superiores. O mesmo autor refere ainda que a maioria dos docentes tendem a planificar as suas unidades em função da média dos alunos da turma, ou então “un poco por debajo” (Siedentop, 2008, p. 230). Só então posteriormente adaptam numa tentativa de ajustar aos alunos e depois acabam por lecionar

conteúdos muitos distintos do que haviam planeado. Neste seguimento, como fui presenteado com uma turma (residente) muito heterogénea, contendo, de uma forma geral, dois níveis de ensino bastante díspares, fez com que houvesse planificado todas UD atentando sempre de forma cuidadosa e refletida a estas “discrepâncias”, de forma a não cair no erro de planificar para a média ou por baixo, como se pode constatar no excerto seguinte:

“Tanto a referida situação de jogo como os conteúdos táticos, apresentam um grau de exigência e compreensão de jogo superior pelo que apenas os alunos de nível avançados os irão experienciar.” (MEC Voleibol -

Justificação da extensão e sequência dos conteúdos, p. 26)

Devido a este cuidadoso planeamento por níveis de ensino, ao constante controlo e reflexão que realizei ao longo de todo o ano letivo, conseguiram-se alcançar a maioria dos objetivos estipulados para cada UD. À exceção da UD de voleibol, onde a evolução dos alunos de nível inferior ficou um pouco aquém do expectável e planeado, nas restantes modalidades as UD foram cumpridas e, de uma forma geral, alcançados os objetivos. As alterações que foram realizadas evidenciaram-se positivas pois permitiram melhorar o desempenho dos alunos, aumentando a experiência motora dos mesmos e o desenvolvimento de outras áreas do conhecimento.

Em suma, ao longo deste ano consciencializei de forma mais profunda o que tantas vezes foi apregoado nos anos anteriores da minha formação: As UD são das fases mais importantes e preponderantes para a preparação do processo de E/A. Para a sua elaboração auxiliei-me no suporte bibliográfico fornecidos nas várias didáticas específicas do primeiro ano deste ciclo de estudos e pelos livros publicados pelos docentes da FADEUP. Estes serviram de base para o meu planeamento e argumentação das minhas tomadas de decisão. Estes documentos são fulcrais para a atuação de todos os EE uma vez que nos ajudam a justificar as nossas opções e promovem em nós uma reflexão crítica acerca do que pode ser melhorado e alterado. “Planning units of instruction requires that teachers have a framework for developing scope and sequence.” (Rink, 2014, p. 235).

4.1.2.3. Plano de aula: Um guião muitas vezes não seguido na