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O feedback pedagógico: Uma ferramenta poderosa no processo de ensino-aprendizagem

Lista de Abreviaturas AC – Avaliação Criterial

4. Realização da Prática Profissional

4.1. Organização e Gestão do Ensino e Aprendizagem

4.1.3.8. O feedback pedagógico: Uma ferramenta poderosa no processo de ensino-aprendizagem

“É lugar-comum referenciar o feedback como uma mais-valia do professor no processo de interação pedagógica.” (Rosado & Mesquita, 2011, p. 82) De acordo com Rink (2014) o FB assume-se como a informação que o aluno recebe acerca da sua performance. A mesma autora defende que o FB tem a capacidade de manter o aluno concentrado na situação de aprendizagem e funciona como agente motivador e supervisiona as respostas do aluno. Para Rosado e Mesquita (2011) o FB pedagógico é definido como um comportamento reacional do professor à resposta motora do aluno. Os mesmos autores referem que após a realização de uma habilidade motora por parte dos alunos, estes devem receber um conjunto de informações acerca do seu desempenho, de modo a que consigam incrementá-lo.

Segundo Hoffman (1983), podemos dividir o FB em duas fases distintas: fase de diagnóstico e fase de prescrição. “Uma das maiores lacunas na qualificação do feedback situa-se na dificuldade de os agentes de ensino diagnosticarem as insuficiências dos praticantes” (Rosado & Mesquita, 2011, p. 83). Para os mesmos autores, a falta do domínio dos conteúdos é definida como um dos responsáveis pelos erros na fase de diagnóstico. Pode-se então

afirmar que a qualidade do FB está intrinsecamente relacionada ao conhecimento da matéria por parte do professor. Durante o ano letivo verifiquei que em aulas de certas matérias era mais interventivo do que noutras. De forma a colmatar tal lacuna procurei literatura específica de algumas modalidades de forma a desenvolver o meu conhecimento específico das mesmas, de forma a potenciar o meu conhecimento sobre a matéria.

Tendo presente o referido anteriormente, para o professor fornecer um FB correto ao aluno deve ser dotado da capacidade de observar e detetar o erro. Esta foi a minha dificuldade inicial no que diz respeito à emissão de FB. Associada à falta de experiência, algum receio de errar, fez com que nas primeiras aulas não me sentisse tão seguro para corrigir os alunos e, consequentemente, fosse menos interventivo. Associado a esta problemática muitos dos FB emitidos por mim não eram providos de conteúdo, e as minhas intervenções eram maioritariamente referentes ao comportamento dos alunos, como se pode verificar no excerto seguinte:

“No que toca à minha prestação enquanto professor ainda se verifica a necessidade de melhorar aspetos referidos outrora. A diminuição do tempo de instrução e a necessidade de ser mais interventivo emitindo maior número de FB (com conteúdo) aos alunos. Até então as minhas intervenções têm sido, maioritariamente, direcionadas para aspetos relativos ao comportamento dos alunos.” (Diário de Bordo – Semana 10,

p. 3)

Estou ciente que, o facto de lecionar a uma turma que levantou bastantes problemas a nível disciplinar, fez com que por vezes focasse mais a minha atenção no comportamento dos alunos e não tanto no seu desempenho. Este foi um aspeto que fui atenuando e melhorando à medida que fui conseguindo exercer um maior controlo sobre a turma.

A minha capacidade de observar e detetar o erro foi fundamental no que diz respeito à emissão de FB. Sarmento (2004, p. 15) refere que a observação “constitui um instrumento de aprendizagem, mas também um meio para os profissionais actuarem criticamente sobre os comportamentos”. À medida que fui melhorando a minha capacidade de observar e detetar o erro fui tornando- me de forma paulatina mais interventivo e emitindo um maior número de FB.

Não obstante, Rink (2014) refere que quanto mais cedo o FB for emitido, após a realização da tarefa, maior é o seu potencial para ajudar o aluno. Desta forma procurei adequar a emissão de FB como resposta à realização da tarefa pelo aluno e a sua influência foi visível.

Superadas as primeiras dificuldades uma nova surgiu, esta foi um pouco mais persistente e difícil de ultrapassar e residiu essencialmente no fecho do ciclo de FB, como se pode constatar no excerto seguinte:

“No que diz respeito ao meu desempenho enquanto professor sinto que fui bastante interventivo, emitindo um número considerável de FB aos alunos. Os FB são um fator preponderante no processo de E/A, segundo Rosado e Mesquita (2011) um FB emitido imediatamente a seguir à execução cria condições de maior eficácia, urge então a imprescindível necessidade de os continuar a emitir com frequência. Não obstante, devo ter em atenção ao ciclo de FB algo que nesta aula foi quebrado várias vezes por mim. Aos alunos não basta corrigir apenas uma vez, é importante observar novamente a sua execução e emitir novo FB, guiando assim melhor o aluno no processo de E/A. Caso isto não se verifique o aluno pode não ter a noção se a sua execução foi de encontro à correção feita pelo professor ou não.” (Diário de Bordo – Semana 30, pp. 2-3)

Foi difícil cumprir com o ciclo do FB de forma regular. Mas para que serve um FB se não conseguirmos aferir se este surtiu o devido efeito? Nesta linha de pensamento, Rosado e Mesquita (2011) recomendam que depois do FB inicial, o professor observe se este cumpriu o propósito ambicionado, para de novo diagnosticar e intervir, caso seja necessário. Os mesmos autores afirmam que o fecho do ciclo de FB assume duas funções importantes. A primeira, na medida que permite ao professor percecionar se o comportamento do aluno mudou efetivamente e a segunda, porque consegue verificar a qualidade do seu FB. Nesta perspetiva o fecho do ciclo de FB é também importante para o aluno pois, só assim o aluno consegue percecionar se a sua execução melhorou de acordo com as indicações fornecidas pelo professor.

Na mesma linha de pensamento, o meu principal erro residiu em não verificar a resposta do aluno após o primeiro FB. Só com o tempo é que consegui cumprir de forma mais recorrente o ciclo de FB. Estava ciente que, para me tornar melhor professor, urgia a necessidade de melhorar a minha emissão de FB, especialmente no que diz respeito ao fecho do seu ciclo.

Procurei melhorar a cada aula que lecionava e, com o avançar das mesmas tive a oportunidade de me dedicar de forma afincada a estes aspetos. Sinto que foi ao nível do FB que mais batalhas travei, mas também foi ao nível deste, que mais evoluí ao longo de todo o EP.

4.1.3.9. O professor reflexivo: A importância da reflexão na