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Plano anual: O dilema de planear a longo prazo e segundo um roulement

Lista de Abreviaturas AC – Avaliação Criterial

4. Realização da Prática Profissional

4.1. Organização e Gestão do Ensino e Aprendizagem

4.1.2.1. Plano anual: O dilema de planear a longo prazo e segundo um roulement

“É um plano de perspetiva global que procura situar e concretizar o programa de ensino no local e nas pessoas envolvidas.” (Bento, 2003, p. 59) O plano anual surge através da consulta do programa nacional e dos documentos locais, bem como da interpretação desses documentos através do contexto em que estamos inseridos. Este é uma visão global do que se pretende realizar ao longo do ano letivo, tendo em conta os conteúdos, objetivos, recursos e contexto do meio onde este se insere. Através da realização deste devemos analisar todos os fatores condicionantes do processo de E/A e preferir opções que favoreçam o mesmo. Bento (2003), descreve o plano anual, como um planeamento a longo prazo, sem pormenores acerca da atuação do professor, sendo as demais medidas didático-metodológicas reservadas para os níveis de planeamento seguintes, nomeadamente para as UD e PA, não obstante, numa sequência lógica que inicia na realização do plano anual.

De acordo com o referido anteriormente, o plano anual deve abranger uma perspetiva global, integral e realista do modo como as normas nacionais serão adaptados ao contexto particular da prática (Bento, 2003). Neste devem estar contempladas todas as matérias e conteúdos que serão alvo de ensino para a o ano em questão, tendo com referência o determinado nos PEF, bem como as características do contexto (escola e alunos) onde este será aplicado. O autor supracitado acrescenta ao afirmar que, neste nível de preparação de ensino, deverão estar estipulados os objetivos gerais que se pretendem alcançar pelos alunos da turma no final do ano letivo. Os objetivos deverão estar descritos pelas três áreas descritas por Rink (2014), área psicomotora, cognitiva e afetiva. Estes devem ser elaborados tendo em conta as matérias e os conteúdos a lecionar, as condições estruturais e materiais, bem como o nível apresentado pelos alunos no início do ano letivo.

toda a análise da disciplina para o 12º ano, análise do contexto, da turma, objetivos para o ano letivo em todas as modalidades e recaindo nos três domínios (psicomotor, cognitivo e sócio afetivo), configuração do tipo de avaliação que fora utilizada e, ainda, uma apresentação sucinta das metodologias utlizadas na lecionação das modalidades propostas.

Tendo presente o referido anteriormente, o plano anual para a minha turma de 12º ano, turma residente, foi elaborado em concordância com o calendário escolar do ensino secundário e pela contabilização de aulas de EF previstas para cada período de acordo com o horário semanal da turma. Foi também definido, em concordância com a análise do PEF para o ensino secundário, através da planificação elaborada em sede de grupo de EF, onde ficou estipulado as matérias a lecionar por período e ciclo de ensino. Esta planificação ainda dependeu de um aspeto, que se circunscreveu à escolha realizada pelos alunos das modalidades coletivas e individuais a lecionar ao longo do ano letivo, regendo-me assim pela normas do PEF (Jacinto et al., 2001). A escolha destas modalidades foi realizada logo na primeira aula, a aula de apresentação, questionando os alunos e realizando uma posterior votação.

O PAA também foi tido em conta aquando da realização do plano anual, uma vez que este albergava uma panóplia de eventos que poderiam condicionar os conteúdos a abordar num determinado momento, bem como ser impeditivo da minha lecionação em determinada circunstância. Um exemplo que comprova o referido decorreu logo no primeiro período, quando decidi ensinar atletismo, na disciplina de corrida de resistência, uma vez que permitia aos alunos treinarem para a atividade do Corta-Mato.

Todos os fatores enunciados anteriormente foram condicionadores do plano anual por mim realizado. Mas a base para a realização do mesmo recaiu no roulement das instalações. Este sim ditou o que lecionar ao longo de todo o ano uma vez que, a instalação disponível para minha prática era limitadora da modalidade a lecionar. O roulement das instalações tinha como objetivo assegurar uma justa distribuição dos professores pelos diferentes espaços e alterava de duas em duas semanas, o que, por um lado permitiu (em alguns casos obrigou) uma lecionação de várias modalidades num curto espaço de

tempo, por outro impossibilitou a lecionação de forma ininterrupta de uma ou duas UD. Aquando da realização do plano anual este foi um aspeto que me fez bastante confusão, uma vez que chegou a suceder, num espaço de quatro semanas ter ministrado quatro UD distintas. Não era o que pretendia, pois partilho da opinião que o ideal passava pela lecionação de forma ininterrupta de uma ou duas UD simultaneamente, mas tal nem sempre foi exequível. Este tipo de situação obrigou a uma planificação prévia de um número elevado de UD, o que se verificou um trabalho árduo enquanto professor inexperiente. Para os alunos, o facto de, por vezes, ter iniciado uma UD e permanecido algumas semanas sem ter contacto com essa mesma UD, levou a alguns retrocessos na sua aprendizagem refletindo-se no seu desempenho. Este aspeto foi tido em consideração por mim aquando da definição dos objetivos no plano anual, não obstante tornou-se numa condicionante para a concretização do planeado e o alcance dos objetivos previamente definidos.

Um outro aspeto tido em consideração neste nível de planeamento foi a planificação dos momentos em que os testes de aptidão física seriam realizados, uma vez que o grupo de EF da EC definiu que os valores obtidos nos mesmos deveriam estar presentes na avaliação final dos alunos no 3º período. Neste sentido os testes foram realizados no início e final do ano letivo, no entanto, houve a preocupação de, em quase todas as aulas, serem realizados circuitos de condição física, proporcionando aos alunos momentos propícios para o desenvolvimento de tais capacidades.

Neste seguimento, o plano anual realizado foi extremamente útil, uma vez que desempenhou a importante tarefa de mapear as tarefas do docente, pois abrangia um todo que à medida que ia sendo “desconstruído”, “esmiunçado” permitia alcançar os níveis mais específicos do planeamento. Só olhando para o planeamento como um todo e realizando os diferentes níveis de planeamento de forma lógica se consegue alcançar uma sequência lógica, coerente e bem contextualizada de ensino. Bento (2003), refere que de acordo com as indicações do programa, o plano anual subdivide-se em diferentes unidades de matérias, denominadas de UD, algo que irá ser aprofundado de seguida.