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PARTE I PERCURSO TEÓRICO DA PESQUISA

II – TEORIAS DA APRENDIZAGEM NA FORMAÇÃO DE AGRICULTORES

2.1 Educação e Aprendizagem

As discussões sobre a Educação de Adultos devem passar inicialmente pela distinção de dois conceitos-chave: Educação e Aprendizagem. A Educação pode ser definida como um planejamento ou uma organização da experiência de aprendizagem de forma racional (Kidd, 1973).

Para Vianna (2006), o conceito de Educação possui um sentido amplo e um restrito. O primeiro envolve os aspectos relativos à promoção do desenvolvimento do ser humano. E o segundo, envolve a instrução e o desenvolvimento de competências e habilidades.

Para Knowles, Holton e Swanson (2011), Educação é uma ação efetuada com o intuito de realizar mudanças no conhecimento, na habilidade e nas atitudes de pessoas.

Freire (2011a) define Educação como a construção do conhecimento, um processo de transformação, em que a singularidade de cada sujeito deve ser respeitada, assim como suas raízes e vivências, num contexto que o possibilite interagir na construção de sua cidadania.

Escola (2011), utilizando os conceitos de Gaston Mialaret, descreve três aspectos básicos de uma escola como organização. O primeiro deles é a própria instituição, que abrange as estruturas do sistema educativo e as regras que regulamentam seu funcionamento. O segundo se refere ao resultado do processo educativo que normalmente é a tônica do sistema educativo.

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O terceiro e último foca o processo que une, pela comunicação, duas ou mais pessoas em uma situação de troca constante em que ambas se modificam.

No que diz respeito à aprendizagem, autores renomados trazem seu conceito a respeito do assunto:

É uma mudança na capacidade intelectual do ser humano, que pode ser retida na memória e não atribuída só ao processo de crescimento físico (Gagné, 1965).

Para Kidd (1973), a aprendizagem é o resultado da observação, do estudo ou da experiência vivida. Ela pode ocorrer sem ser necessariamente um processo planejado e promover mudanças em diferentes características do indivíduo, seja em nível intelectual, com a aquisição de novas ideias, seja em atitudes, levando o indivíduo a ser mais eficiente ao realizar suas tarefas do dia a dia.

Para Pozo (2002), o ser humano possui apenas duas formas de adaptação ao ambiente: a sua constituição genética, que promove respostas específicas diante de determinados estímulos e/ou contextos, e a aprendizagem, que possibilita a alteração do comportamento ao se deparar com um novo estímulo ou uma modificação no ambiente em que vive.

Illeris (2007), diz que a aprendizagem é qualquer processo que promova uma mudança duradoura, que não seja causada pelo simples amadurecimento ou envelhecimento do organismo vivo. Para ele, os processos de aprendizagem são amplos e complexos, e a compreensão deles envolve o conhecimento das condições que os influenciam.

Adler e Doren (2010), distinguem aprender de informar. Para os autores, a aprendizagem se refere ao processo de entender mais sobre algo, o que é diferente de lembrar de informações que já se possui. Assim, enquanto informar é saber apenas que algo existe, aprender é entender o que não se entendia; é saber mais sobre algo: do que se trata, porque é assim, como suas características se relacionam entre si, as diferenças e semelhanças existentes entre elas.

Ormrod (2012), define aprendizagem como uma mudança de longo prazo nas associações mentais obtidas pela experiência.

Para Schunk (2012), a aprendizagem é uma mudança durável ou não, na capacidade de se comportar de uma maneira específica, resultante de uma experiência. Esse conceito de aprendizagem pode ser delimitado em três aspectos distintos:

 A mudança do indivíduo;

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 Sua ocorrência como resultado da experiência vivida. Um aspecto importante quando se aprofunda nesse conceito é que a identificação da mudança só pode ser observada no indivíduo pela constatação da alteração em seu comportamento, pelo que é dito, realizado ou escrito.

Zapata-Ros (2015), define aprendizagem como um conjunto de processos pelos quais se adquire ou mesmo se modifica ideias, competências, habilidades, comportamentos e valores, através do estudo, experiência, instrução, raciocínio e observação. Ela permite a atribuição de significado e valor ao conhecimento, tornando-o operativo em condições novas e muitas vezes complexas. Uma vez acrescido de valor, o conhecimento pode então ser transferido e utilizado por outros indivíduos ou grupos, em outros locais e épocas.

Sob o ponto de vista da aquisição de habilidades Motoras, a aprendizagem é uma melhoria na capacidade de desempenho mediante uma atividade física, aliada a condições específicas, como a disposição e as peculiaridades do ambiente. Para conhecer a eficácia do processo de aprendizagem é necessário que os meios utilizados em uma avaliação, levem em conta as condições citadas (Magill, 2000).

A maioria das definições de aprendizagem se refere à construção do conhecimento e à organização das informações recebidas pelas vias aferentes e registradas na memória do sujeito, mediante a significação dada por ele mesmo, de acordo com a vivência e o ambiente no qual está inserido (Agrello, 2016).

Embora haja distinção entre os diversos tipos de conteúdos de aprendizagem, a cognição está presente em todos eles, haja vista que experiências afetivas estão normalmente relacionadas a conteúdos Cognitivos e muitas vezes também ao desempenho de habilidades Psicomotoras. A classificação da aprendizagem, nesse aspecto, é muito mais uma questão de foco, em que a aprendizagem Cognitiva concentra a atenção no ato de conhecer, enquanto a Afetiva, nas experiências como dor, ansiedade, alegria ou tristeza, e a Psicomotora, nas respostas musculares (Moreira, 1999).

A grande maioria dos autores estabelece uma forte ligação entre a aprendizagem e o processo de adaptação do indivíduo ao seu ambiente através da mudança. Essa ligação pode ser observada nas definições de Agrello (2016), Gagné (1965), Illeris (2007), Kidd (1973), Ormrod (2012), Pozo (2002), Schunk (2012), os quais ligam o processo de adaptação e de mudanças do indivíduo às experiências vividas e seu ambiente, fazendo uma relação desse processo com os mecanismos de Processamento da Informação. Magil (2000), foca estritamente na habilidade Motora e o contexto onde ela ocorre. Freire (2011a), foca o indivíduo que aprende, direcionando

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seu conceito para o respeito à individualidade do sujeito que aprende. Já Moreira (1999), direciona a aprendizagem para seus domínios, distinguindo o conhecimento, a habilidade e a atitude. Zapata-Ros (2015), além de reunir muitas das perspectivas anteriores, introduz um conceito fundamental, o valor. Quando possui valor para o aprendiz adulto, a aprendizagem se justifica, motivando, gerando riqueza e evolução para sociedade. E esse é o foco desse estudo, utilizar o vídeo em um setor onde o ser humano utiliza suas habilidades para gerar valor, o trabalho.