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A Educação Especial no Estado de São Paulo: aspectos históricos e políticos

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1. A EDUCAÇÃO ESPECIAL: UMA DISCUSSÃO NECESSÁRIA

1.3 A Educação Especial no Estado de São Paulo: aspectos históricos e políticos

No Estado de São Paulo, a preocupação em propiciar uma educação especial aos alunos com deficiências, surgiu em 1917, com a criação da primeira "escola de anormais", na Capital. Foi criada, pela Lei n.1.879, de 19/12/1917, porém não chegou a ser instalada. (MAZZOTTA, 2005, p. 139).

No ano de 1930 foi criada e instalada, no edifício da Inspeção Médica Escolar, no Largo do Arouche, na Capital, uma “escola de anormais”, sendo ao mesmo tempo instalada uma “classe especial de anormais” no Grupo Escolar do Belém, atual EEPG Amadeu Amaral. (MAZZOTTA, 2005, p. 139).

O Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, de 1932, ao propor a Reconstrução Educacional do Brasil, inspirou uma tomada de decisão política incluindo a educação especializada no contexto da educação em geral, no âmbito da educação pública.

No final dos anos cinquenta e início da década de sessenta, diversas medidas governamentais foram tomadas para a organização e o funcionamento da educação dos excepcionais. Foram criadas classes para atendimento de alunos surdo- deficientes auditivos, físicos, mentais e visuais; instalados cursos oficiais para especialização de professores e, criados nos órgãos centrais, setores próprios para a orientação desta área da educação.

Até o ano de 1966, o atendimento educacional especializado vinha sendo desenvolvido de acordo com a orientação específica de cada um dos diferentes órgãos a que se subordinavam as quatro áreas da educação especial (surdo- deficientes auditivos, físicos, mentais e visuais). Ainda, em 1996 foi criado o Serviço de Educação Especial, subordinado ao Departamento de Educação, com a atribuição de estabelecer as diretrizes e normas para as várias áreas de "excepcionalidade" atendidas na rede oficial de ensino, ou seja: surdos auditivos, físicos, mentais e visuais. (COSTA; SOUZA; RUNFE,2008).

Com a criação do Serviço de Educação Especial, deu-se início no Estado de São Paulo, a construção e a implantação de nova política de educação especial, marcada basicamente, pela busca de maior integração dos alunos excepcionais no meio escolar comum.

Na década de setenta, o Conselho Estadual de Educação e a Secretaria da Educação editaram normas que se consubstanciaram na nova política para a educação especial.

A Lei n. 5.692/71 ao definir “tratamento especial” aos alunos com “deficiências físicas ou mentais, os que se encontram em atraso considerável quanto à idade regular de matrícula e os superdotados”, não promove a organização de um sistema de ensino capaz de atender às necessidades educacionais especiais, reforçando assim, o encaminhamento dos alunos para as classes e escolas especiais.

Acrescentaram-se também a Deliberação CEE n. 13/73 e a Resolução SE n. 73/78. Nesse período, bem como nos anos oitenta, a expansão do atendimento educacional especializado tem ocorrido principalmente, na rede de escolas públicas comuns, em paralelo à manutenção e à relativa ampliação dos serviços especiais segregados, tidos como necessários, em sua maioria, mantidos por instituições particulares. (SÃO PAULO. CREMC,2008).

No âmbito federal, buscando oferecer um atendimento mais eficaz, em 1973, o MEC criou o Centro Nacional de Educação Especial (CENESP), responsável pela gerência da educação especial no Brasil. Sob a égide de uma visão integradora foram impulsionadas ações educacionais voltadas às pessoas com deficiência e às pessoas com superdotação; no entanto, os atendimentos ainda eram configurados por campanhas assistenciais e iniciativas isoladas do Estado.

A Educação especial, enquanto modalidade de ensino e ao congregar conjunto de recursos a serem organizados e disponibilizados no sistema de ensino e nas Unidades Escolares para dar aos alunos com deficiências suporte especializado passou a caminhar em defesa da igualdade de oportunidade para todos, oferecendo o ingresso, a permanência e terminalidade para o aluno com dificuldades educacionais especiais em classes de educação especial. Esse período teve início a partir de meados dos anos de 1970 e década de 1980, quando a Educação especial passou a assumir novo papel, vindo a constituir-se a partir da Deliberação CEE n. 13/73 que estabeleceu no Artigo 1º, § 2º: “O aluno somente será considerado como excepcional quando essa condição for caracterizada por profissionais credenciados que recomendem a convivência de encaminha-lo à educação especial”. Essa exigência também se expressa na Resolução SE n.73/78, que, além disso,

estabeleceu parâmetros para a caracterização de deficientes mentais, auditivos, visuais e físicos, elegíveis para o recurso de Educação Especial. A Resolução SE n. 247/86, que revogou da Resolução SE n. 73/78, altera a caracterização da clientela elegível para a Educação Especial, porém reitera a necessidade de avaliação por profissionais credenciados. Por sua vez, mediante a Portaria Conjunta CENP/CEI/COGSP/DAE, de 24 de dezembro de 1986 exigiu-se que essa avaliação fosse realizada por equipe interdisciplinar e, somente na impossibilidade de contar com essa equipe pode ser realizada por profissionais credenciados de cada área específica.

No caso de deficiência mental, a avaliação específica deve ser feita por equipe interdisciplinar ou, na sua impossibilidade, por psicólogo. Apesar de ser exigida já na Resolução SE n.73/78 foi mantida a exigência nos documentos posteriores, vigentes até hoje. A avaliação psicológica nem sempre foi realizada ou serviu de base para o encaminhamento de alunos às classes especiais para deficientes mentais. (OMOTE, 2000).

As classes especiais instaladas em escolas da rede regular de ensino do Estado de São Paulo, alicerçadas no princípio da integração, visavam preparar o aluno com deficiência para sua inserção em uma classe comum, compatível com seu nível de escolaridade. O atendimento nessas classes se dava mediante avaliação por profissionais credenciados, uma equipe multidisciplinar de (psicopedagogo, psicólogo, fonoaudiólogo e outros profissionais da área da saúde), conforme já esclarecido anteriormente, não se descartando a necessidade de laudo médico especializado, para que pudesse ser oferecido ao aluno um ensino adequado às suas necessidades e ao seu ritmo de aprendizagem, respeitando seus limites, suas habilidades e suas competências.

As classes deveriam constituir-se em ambiente próprio e adequado ao processo ensino-aprendizagem do alunado da educação especial. O estudante tinha sua matrícula efetivada de 1ª a 4ª série/ano do Ensino Fundamental, permanecendo na escola por um período de 5 (cinco horas), assistido por professores especializados, que deveriam trabalhar os mesmos conteúdos desenvolvidos nas classes regulares do Ensino Fundamental, porém sendo esses adaptados e desenvolvidos de acordo com o tempo e as necessidades apresentadas pelo aluno, de modo que pudesse dominá-los, com o objetivo de garantir ensino adequado e de qualidade.

Os conteúdos deveriam ser trabalhados obedecendo às especificações para cada nível de ensino, pois os alunos matriculados nas classes especiais poderiam permanecer frequentando a mesma classe até que apresentassem um rendimento cognitivo adequado, compatível e equivalente ao dos alunos das classes regulares. A promoção do aluno para as classes regulares exigia uma avaliação, mediante a qual se detectavam avanços pedagógicos, comportamentais e sociais, além dos rendimentos equivalentes ao dos alunos das classes regulares, assim como, rendimento satisfatório nas áreas cognitiva, sensório-motora, psicomotora e comportamental.

O currículo também era adaptado de forma a atender às necessidades e os limites de aprendizagem de cada aluno, pois embora os conteúdos fossem trabalhados de forma diferenciada na comparação com o das classes regulares, se fazia necessário considerar o tempo de aprendizagem de cada aluno, em que resultados nem sempre se efetivavam como esperados.

As classes eram compostas por grupos, de no máximo quinze (15) e no mínimo dez (10) alunos, especificamente para (DM) conforme o grau de comprometimento e suas necessidades, uma vez que para alguns, o atendimento necessitava ser prestado de forma individualizada, considerando suas dificuldades cognitivas, motoras e sensoriais que comprometiam a aprendizagem e seu desenvolvimento global, bem como, as carências afetivas e emocionais que pudessem comprometer o aprendizado.

Na realidade, foram as classes especiais que, amparadas pela legislação em vigor, garantiram aos alunos com deficiência um ensino que atendesse suas necessidades educacionais na rede pública estadual durante longo tempo. Nos anos de 1990, em função de muitas lutas, movimentos e campanhas desencadeadas para oferecer às pessoas com deficiência um serviço educacional apropriado, verificou-se a necessidade de se adotar novas formas de atendimento aos alunos com deficiência, uma vez que a sociedade clamava por uma escola mais humanizada e igualitária, um espaço escolar no qual as pessoas com deficiências não fossem excluídas do sistema educacional, sob a alegação de suas limitações.

O processo de transformação das classes especiais em salas de recurso, no final da década de 1990, trouxe para gestores, professores, alunos e suas famílias

grandes preocupações, pois, embora tenha ocorrido de forma paulatina gerou insegurança e transtornos, principalmente, para a população de alunos que tinha rotinas educacionais sedimentadas (o que faz parte de suas deficiências), ocasionando, por vezes, a ruptura das suas atividades.

Assim, por conta do fechamento de algumas classes especiais, os professores foram compulsoriamente transferidos para outras unidades escolares, nas quais nem sempre existia o serviço de educação especial (classes especiais/sala de recurso) e, desse modo, alguns ficaram adidos, sem atuarem em seu ofício.

A sala de recurso consiste em um ambiente que conta com equipamentos pedagógicos específicos tendo em vista a natureza das necessidades especiais do alunado, no qual é oferecida a complementação do atendimento educacional realizado em classe comum.

O aluno deve ser atendido, individualmente, ou em pequenos grupos, por professor especializado, e em horários diferentes do que frequenta no ensino regular, cabendo ao professor além de prestar apoio direto ao aluno, auxiliar o professor da classe comum, sempre que for necessário.

No Estado de São Paulo, a instalação das salas de recurso nas escolas (antigos 1º e 2º graus) da rede estadual de ensino foi regulamentada pela Resolução SE n. 73/78 e revogada pela Resolução SE n. 247, de 30 de setembro de 1986, que em seu artigo 4º estabelece as modalidades de atendimento à classe especial, sala de recurso, unidade de ensino itinerante ao aluno excepcional. No artigo 6º determina que além do atendimento específico correspondente à excepcionalidade do aluno se oferecerá ao professor e ao educando da classe comum ou especial na qual esteja matriculado, os recursos especiais que lhes sirvam de apoio. O parágrafo único, do referido artigo, define que poderão ser inscritos em sala de recurso ou unidade de ensino itinerante os alunos excepcionais matriculados em Classe Especial ou Comum de Pré-escola, 1º e 2º graus.

A Portaria Normativa n. 13/2007, de 24 de abril de 2007, quedispôssobre a criação do "Programa de Implantação de Salas de Recursos Multifuncionais" e, considerando o que faculta a Constituição Federal/88, pela LDB n. 9394/96 e pela Resolução CNE/CEB n. 2/2001, o atendimento educacional especializado constituiu- se em estratégia pedagógica da escola para oferecer respostas às necessidades

educacionais especiais dos alunos, favorecendo o seu acesso ao currículo. Dessa forma, a Portaria Normativa 13/2007, do Ministério da Educação, publicada no DOU, 26 de abril de 2007, em seu artigo 1º resolve:

Artigo 1º - Criar o programa de implantação de salas de recursos multifuncionais com o objetivo de apoiar os sistemas públicos de ensino na organização e oferta do atendimento educacional especializado e contribuir para o fortalecimento do processo de inclusão educacional nas classes comuns de ensino.

Parágrafo único. A sala de recurso de que trata o caput do artigo 1º. é um espaço organizado com equipamentos de informática, ajudas técnicas, materiais pedagógicos e mobiliários adaptados, para atendimento às necessidades educacionais especiais dos alunos. (BRASIL. Ministério da Educação..Portaria Normativa 13, 2007).

A Resolução CNE/CEB n. 2/2001, que “institui as Diretrizes Nacionais para a educação de alunos que apresentem necessidades educacionais especiais, na Educação Básica, em todas as suas etapas e modalidades”, estabelece no Parágrafo único do artigo 1º:

Parágrafo único. O atendimento escolar desses alunos terá início na educação infantil, nas creches e pré-escolas, assegurando-lhes os serviços de educação especial sempre que se evidencie, mediante avaliação e interação com a família e a comunidade, a necessidade de atendimento educacional especializado. (BRASIL.Conselho Nacional de Educação.Resolução CNE/CEB 2, 2001).

A Constituição Federal de 1988, em seu Título VIII, Capítulo III, Seção I DA EDUCAÇÃO, no Art. 205 afirma: “a educação, direito de todos, e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e a qualificação para o trabalho”. Já o Art. 206, inciso I, define que o ensino será ministrado com base nos seguintes princípios, igualdade de condições para o acesso, e permanência na escola. Por sua vez, mediante o Art. 208, inciso III, fica garantido o “atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino”. (BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil, 1988, p.38).

Em 1994, com a publicação da Política Nacional de Educação Especial, orientando o processo de “integração instrucional” condicionou o acesso às classes comuns do ensino regular àqueles que possuem condições de acompanhar e

desenvolver as atividades curriculares programadas do ensino comum, no mesmo ritmo que o dos alunos ditos “normais”. Tal política reafirma os pressupostos construídos a partir de padrões homogêneos de participação e aprendizagem, porém a política não provocou uma reformulação das práticas educacionais de modo a valorizar os diferentes potenciais de aprendizagem no ensino comum, mas manteve a responsabilidade da educação desses alunos exclusivamente no âmbito da educação especial.

Buscando oferecer suporte pedagógico ao processo de inclusão escolar dos alunos com deficiência na rede estadual de ensino, em 18 de julho de 1994, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo instituiu o Centro de Apoio Pedagógico para Atendimento ao Deficiente Visual (CAP), por meio da Resolução SE n. 135/94, tendo por finalidade:

[...] Artigo 1º: oferecer aos alunos deficientes visuais matriculados na Rede Estadual de Ensino recursos apropriados para desenvolverem atividades relativas à leitura, à pesquisa e ao aprofundamento curricular, promovendo a melhoria da qualidade do ensino desenvolvido nas classes comuns, através do aperfeiçoamento constante dos professores especializados na área, como também oferecer materiais adequados e produzir materiais específicos por meio da informatização do livro Braille ou outras tecnologias modernas e promover sua divulgação e distribuição na rede estadual de ensino. (SÃO PAULO. Secretaria de Educação do Estado de São Paulo. Resolução SE n.135/94).

A Resolução SE 32/2007 ao dispor sobre o desenvolvimento das ações do programa de atendimento aos alunos da rede pública com necessidades especiais, teve como uma das bases para a sua elaboração a Resolução SE n. 135/94.

Com base na necessidade de oferecer atendimento mais efetivo aos deficientes o Centro de Apoio Pedagógico para Atendimento ao Deficiente Visual (CAP/2002) foi ampliado e teve sua denominação alterada para Centro de Apoio Pedagógico Especializado (CAPE), definição essa normatizada pela Resolução SE n. 61/2002, prevendo um programa de atendimento aos alunos da Rede Pública com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/ superdotação. Considerando a importância de se oferecer condições que agilizassem o desenvolvimento das ações do programa de atendimento aos alunos com deficiência da rede pública estadual tornou-se necessária a capacitação para

professores especializados e demais profissionais envolvidos no processo educacional para garantir um percurso escolar de sucesso a esse alunado.

Por meio do Centro de Atendimento Pedagógico Especializado (CAPE), a rede pública estadual passou a desenvolver programas de capacitação para os professores especialistas, professores das diferentes áreas do conhecimento, professores coordenadores, professor coordenador do núcleo pedagógico (PCNP) - Educação especial, nas Diretorias de Ensino e Supervisores de Educação Especial. Os profissionais participantes nas capacitações assumiram o compromisso de multiplicar os conhecimentos adquiridos para os demais profissionais envolvidos no contexto do processo educacional.

A Resolução SE n. 130, de 6 de agosto de 2002 estabeleceu ações referentes ao Programa de Inclusão Escolar – CAPE, propondo:

I – efetivar ações de capacitação para todos os profissionais da rede estadual de ensino, no que diz respeito às demandas didático- pedagógicas dos alunos com “necessidades educacionais especiais”; II – oferecer aos professores recursos teóricos e técnicos apropriados ao desenvolvimento dos alunos com “necessidades educacionais especiais” da rede estadual de ensino;

III – selecionar, adaptar, produzir e disponibilizar materiais didáticos específicos para utilização por parte dos professores, alunos e comunidade escolar. (SÃO PAULO. Secretaria da Educação do Estado de São Paulo. Resolução n. 130/2002).

A Lei 9394/96, em seu capítulo V, artigo 58, § 2º. estabelece que “o atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns de ensino regular”.

Complementa a Lei 9394/96, no artigo 58, em seu § 3º que “a oferta de educação especial, dever constitucional do Estado, tem início na faixa etária de zero a seis anos, durante a educação infantil ”.

As Novas Diretrizes para a Educação Especial na Educação Básica introduzidas por meio da Resolução CNE/CEB n. 2/2001 garantiram a matrícula do aluno nas classes regulares, inscrevendo-o na sala de recurso de acordo com sua necessidade, conforme regulamentado, no Estado de São Paulo, pela Resolução SE/SP n. 95/00, revogada pela Resolução SE/SP n. 11/2008, ambas revogadas pela

Resolução SE/SP n. 61/2014 que ampliou, inovou, reforçou e regulamentou o Serviço de Educação Especial em âmbito estadual.

A Secretaria da Educação de Estado de São Paulo, verificando a necessidade de um serviço mais eficiente e efetivo para a população, público-alvo da educação especial, e em consonância com as propostas contidas na legislação federal, introduziu as Novas Diretrizes da Educação Especial na Educação Básica, determinando no artigo 2º que:

[...] os sistemas de ensino devem matricular todos os alunos, cabendo às escolas organizar-se para o atendimento aos educandos com necessidades educacionais especiais, assegurando as condições necessárias para uma educação de qualidade para todos (BRASIL. CNE/CEB, 2001).16

Com base no Plano Nacional de Educação (PNE), Lei n. 10.172/2001, foi possível identificar os avanços que a década da educação deveria produzir na construção de uma escola inclusiva, de forma a garantir o atendimento à diversidade humana, o estabelecimento de objetivos e metas a que o sistema de ensino favorecer junto aos que demandam necessidades educacionais.

Sob a perspectiva da educação inclusiva, a Resolução CNE/CP n. 1/2002 estabeleceu as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores de Educação Básica, definindo que as Instituições de Ensino Superior devem prever em sua organização curricular a formação docente voltada para a atenção à diversidade, contemplando o conhecimento sobre as especificidades dos alunos com necessidades educacionais especiais.

Outro avanço resultou a partir da Lei n. 10.436/02 que reconheceu a Língua Brasileira de Sinais (Libras) como meio legal de comunicação e expressão nas comunidades de surdos, bem como, estabeleceu a inserção dessa disciplina no currículo nos cursos de formação de professores e de fonoaudiologia.

Nesse mesmo ano (2002), a Portaria n. 2.678/02 do MEC aprovou as Diretrizes e Normas para o uso, o ensino, a produção e a divulgação do sistema Braille

16 BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Básica. Diário Oficial da União, Brasília, 14 de setembro de 2001. Seção 1E, p. 39-40.

em todas as modalidades de ensino e recomendou sua utilização em todo território nacional.

Em 2004, o Ministério Público Federal publicou o documento “O Acesso de Alunos com Deficiência às Escolas e Classes Comuns da Rede Regular”, objetivando disseminar os conceitos e diretrizes mundiais para a inclusão e reafirmando, desta maneira, os direitos e os benefícios da escolarização de alunos com e sem deficiência nas turmas comuns do ensino regular.17

Em 2005, o Ministério da Educação implantou o Programa de Educação Inclusiva: direito à diversidade, com vistas a apoiar a transformação dos sistemas de ensino em sistemas educacionais inclusivos, promovendo amplo processo de formação de gestores e educadores nos municípios brasileiros para a garantia do direito de todos à escolarização, à oferta do atendimento educacional especializado e à acessibilidade.

Os movimentos nacionais e internacionais, assim como o envolvimento de toda sociedade, colaboraram para que o espaço escolar viesse a constituir-se em alternativa educacional para alunos com deficiências.

Desse modo, observa-se no Estado de São Paulo, que desde o final dos anos de 1990 e início dos anos de 2000, as classes de educação especial foram sendo gradativamente encerradas e/ou transformadas em salas de recurso dando lugar a uma nova forma de atendimento aos alunos com necessidades educacionais especiais.

A sala de recurso é uma das formas de Serviço de Apoio Pedagógico Especializado (SAPE) identificada em sua nomenclatura atual, conforme estabelece a Resolução SE/SP n. 61/14, por “Atendimento Pedagógico Especializado” (APE).

O objetivo dessas salas é o de suprir as dificuldades dos alunos utilizando métodos, recursos, materiais e atividades pedagógicas que estimulem o seu desenvolvimento. Constituem uma alternativa educacional para alunos com deficiências que estejam regularmente matriculados em classes comuns e que necessitam de atendimento complementar e diferenciado, em virtude de defasagens

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