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Fundamentos Legais

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2. A IMPLANTAÇÃO DO PROGRAMA ENSINO INTEGRAL NO ESTADO DE

2.1 Fundamentos Legais

Considerando a “educação” como peça fundamental na formação de crianças/jovens, a “Escola de Tempo Integral” (ETI) desempenha papel relevante na dinâmica escolar, assim como na esfera social com vistas ao desenvolvimento global do indivíduo.

Embora esteja a “Escola de Tempo Integral” fundamentada em uma legislação mais específica, não se pode deixar de considerar toda a legislação na qual está fundamentada a educação Nacional.

A Constituição da República Federativa do Brasil (1988), em seu Título VIII, capítulo III, seção I, art. 205, p.50, da Educação, dispõe que:

Art.205. A Educação, direito de todos e dever do Estado e da família será promovida e incentivada, com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. (BRASIL.Constituição da República Federativa do Brasil,1988,p.50).

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEM, n. 9394/96) garante em seu Título II, Art.2º:- Dos princípios e Fins da Educação Nacional que:

Art.2º. A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por

finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. (BRASIL.Ministério da Educação.Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9394/96.).

Tendo como fundamento esses princípios, no ano de 2005, com o objetivo de atender às expectativas da comunidade intra e extraescolar, a Resolução SE-SP n. 89, de 9 de dezembro de 2005, dispõe sobre o projeto de escola de tempo integral, instituindo:

Art. 1º. Fica instituído o Projeto Escola de Tempo Integral com o objetivo de prolongar a permanência dos alunos de ensino fundamental na escola pública estadual, de modo a ampliar as possibilidades de aprendizagem, com o enriquecimento do currículo básico, a exploração de temas transversais e a vivência de situações que favoreçam o aprimoramento pessoal, social e cultural. (SÃO PAULO.Secretaria da Educação do Estado de São Paulo. Resolução SE-SP n. 89/2005).

Para a implantação de uma proposta de tal envergadura foram estabelecidos critérios de adesão que atendessem às escolas da rede, uma vez que, nem todas encontravam - se devidamente estruturadas para corresponder aos requisitos do novo modelo; algumas tiveram perdas de ambientes escolares como: biblioteca, sala de coordenação, entre outros.

A Resolução SE-SP n. 89/05, no parágrafo único, do artigo 3º prevê os critérios para a adesão das escolas, devendo cada qual estruturar-se com:

Artigo 3º.

Parágrafo único. 1.espaço físico compatível com o número de alunos e salas de aula para funcionamento em período integral; 2.a intenção expressa da comunidade escolar em aderir ao projeto, ouvido o Conselho de escola.(SÃO PAULO. Secretaria da Educação do Estado de São Paulo. Resolução SE-SP n. 89/2005).

Esta mesma Resolução, em seu art. 2º. incisos I; II; III; IV e V instituiu objetivos definidores ao funcionamento das escolas que fizerem adesão à proposta. São eles:

I- Promover a permanência do educando na escola, assistindo-o integralmente em suas necessidades básicas e educacionais, reforçando o aproveitamento escolar, a autoestima e o sentimento de pertencimento;

II- Incentivar as oportunidades de socialização na escola;

III- Proporcionar aos alunos alternativas de ação nos campos social, cultural, esportivo e tecnológico;

IV- Incentivar a participação da comunidade por meio do engajamento no processo educacional implementando a construção da cidadania;

Adequar às atividades educacionais à realidade de cada região, desenvolvendo o espírito empreendedor. (SÃO PAULO.Secretaria da Educação do Estado de São Paulo. Resolução SE/SP n.89/2005).

Como apresentado anteriormente, a ampliação do tempo de permanência de crianças e jovens, ponto diferencial dos demais modelos escolares, exige da escola o funcionamento em dois turnos-manhã e tarde, com uma jornada de nove (9) horas diárias e uma carga horária semanal de quarenta e cinco (45) aulas, conforme disposto no art. 4º, da Resolução SE-SP n. 89/05.

Gimeno Sacristán, há mais de uma década, afirmava que as novas expectativas que vêm recaindo sobre a escola atrelam-se ao que define como “uma concepção globalizadora da educação trazem exigências não só para a permanência de crianças/jovens na escola, mas da necessidade de uma reestruturação sobre a função social desta instituição”. Sacristán (1998) destaca ainda que:

Toda essa gama de pretensões para a escolaridade, num mundo de desenvolvimento muito acelerado na criação de conhecimento e de meios de difusão de toda a cultura, coloca o problema central de se obter um consenso social e pedagógico nada fácil, debatendo sobre o que deve consistir o núcleo básico de cultura para todos, num ambiente no qual o academicismo tem raízes importantes. [...] Chegar a um consenso é tarefa difícil por si só, que se vê complicada pela pluralidade cultural que compõe nossa realidade como Estado e pela carência de uma tradição da discussão do currículo básico como a base cultural de um povo, como a única base para muitos cidadãos que têm essa oportunidade cultural como a mais decisiva de suas vidas. (SACRISTÁN, 1998, p. 58).

Em consonância ao destacado por Sacristán (1998) sobre a importância das questões voltadas para o currículo básico como base cultural de um povo, a Resolução SE-SP n. 89/05, em seu art. 5º ratifica reforçando a importância de um currículo básico comum e, considerando a diversidade cultural das comunidades e alunos atingidos pelas escolas públicas estaduais. Expõe que a organização curricular das “Escolas de Tempo Integral” (ETI) deve ocorrer de forma a dar atendimento ao currículo do ensino fundamental, com as disciplinas da Base Nacional comum, mais as ações curriculares diversificadas direcionadas para:

I - orientação de estudos;

III - atividades Desportivas;

IV - atividades de Integração Social;

V - atividades de Enriquecimento Curricular. (SÃO PAULO. Secretaria da Educação do Estado de São Paulo. Resolução SE-SP n. 89/2005).

Diante da necessidade de assegurar aos alunos dos ciclos I e II do Ensino Fundamental, a ampliação da vivência de atividades escolares e de participação sociocultural e tecnológica, complementarmente, a Resolução SE-SP n. 7, de 18/01/2006 ao tratar da organização e funcionamento da “Escola de Tempo Integral” (ETI) passou a dispor em seu art. 2º :

Art.2º. A organização curricular dos Ciclos I e II do Ensino Fundamental em período integral compreenderá o currículo básico do Ensino Fundamental e um conjunto de “Oficinas de Enriquecimento Curricular”.

Parágrafo 1º - Entenda-se por oficina de enriquecimento curricular a ação docente/discente concebida pela equipe escolar em sua proposta pedagógica como uma atividade de natureza prática, inovadora, integrada e relacionada a conhecimentos previamente selecionados, a ser realizada por todos os alunos, em espaço adequado, na própria unidade escolar ou fora dela, desenvolvida por meio de metodologias, estratégias e recursos didáticos, tecnológicos coerentes com as atividades propostas para a oficina.

Parágrafo 2º - Os componentes curriculares, que integram o currículo básico do ensino fundamental, e os eixos temáticos das oficinas curriculares constam dos anexos I e II que fazem parte da presente resolução. (SÃO PAULO. Secretaria da Educação do Estado de São Paulo. Resolução SE-SP n. 7/2006).

Ressalta-se que para a atribuição de aulas das oficinas curriculares aos “oficineiros”, algumas exigências foram impostas pela legislação, entretanto, sem a possibilidade de se dar cumprimento, uma vez que a rede não dispunha de professores habilitados para atender às exigências da Resolução SE-SP n. 90/05.

É importante destacar que de acordo com o estipulado pela legislação, para a atribuição das aulas das oficinas curriculares aos oficineiros, como eram denominados os profissionais que concorriam para atuar nas oficinas, algumas exigências foram impostas como, por exemplo, aos candidatos para as oficinas de empreendedorismo social, por exigência legal o professor deveria ser habilitado em ciências sociais. Entretanto, tendo em vista a premente necessidade de se dar cumprimento ao calendário escolar e considerando a falta de profissionais habilitados tal oficina foi atribuída aos professores licenciados em história, autorização emitida pelas Diretorias Regionais de Ensino de cada região.

Em relação ao Quadro de Apoio Escolar (QAE), o Decreto 37.185/1993 fixou o módulo de pessoal a ser lotado nas unidades escolares da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo abrangendo os especialistas de educação do Quadro do Magistério (QM), além do Quadro de Apoio Escolar (QAE).

Um dos desdobramentos dessa legislação encontra-se na Resolução SE n.35/2000 ao regulamentar o processo de seleção, escolha e designação de docentes para exercer as funções de professor coordenador. A publicação da Resolução n.35/2000 alterou as regras para a seleção dos coordenadores pedagógicos, passando a ser de responsabilidade dos membros do Conselho de Escola. Com a publicação da Resolução n. 66/2006 ampliou-se a participação dos diretores na escolha dos professores coordenadores e estes passaram a ter maior atuação na definição dos critérios de seleção para a escolha dos ocupantes da função, segundo Fernandes (2012).

No que concerne à avaliação, que tem como um dos princípios o aprimoramento da qualidade de ensino, constitui-se esta etapa em um dos pontos fundamentais para a reflexão e a transformação da prática escolar. Prevê-se que ocorra de forma contínua, de acordo com o processo ensino - aprendizagem, incluindo alternativas de recuperação e reforço, pressupondo acompanhar o rendimento dos alunos e criar formas de suprir possíveis defasagens de aprendizagem, sem comprometer o nível de ensino. Caberá aos professores o papel principal na organização dos conteúdos a serem ministrados, nas metodologias adotadas, nos recursos utilizados nos tipos diversificados de avaliações a serem aplicadas e na capacidade de bem se relacionar com seus alunos. O processo avaliativo se efetivará por meio de: observação, assiduidade, participação, interesse e trabalho individual e grupal.

Ainda, tendo em vista as conquistas educacionais das últimas décadas, desde o compromisso assumido na Carta Constitucional de 1988, na Conferência de Educação para Todos, realizada em Jomtien, na Tailândia, em 1990, convocada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), com a aprovação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, em 1996, e o desenvolvimento dos debates e reflexões sobre a educação, a Secretaria de Estado da Educação do Estado de São Paulo estabeleceu ações e programas adicionais às suas políticas públicas educacionais.

A Lei Complementar n. 1.164, de 4 de janeiro de 2012 instituiu o Regime de dedicação plena e integral – RDPI e a Gratificação de dedicação plena e integral – GDPI aos integrantes do Quadro do Magistério em exercício nas escolas estaduais de “Ensino Médio”.

Dada a necessidade de maior abrangência para o Programa Ensino Integral, a Lei Complementar n. 1.191, de 28 de dezembro de 2012 alterou vários artigos e incisos da LC n. 1.164/2012, uma vez que esta última restringia-se ao “Programa Ensino Integral nas Escolas Estaduais de Ensino Médio”, inovações para a melhoria do ensino, oferecendo ao aluno capacitação para administrar com qualidade, segundo suas aptidões, com responsabilidade social e institucional uma nova etapa no “Ensino Superior” e, até mesmo, para iniciar-se na competição do mercado de trabalho.

Por outro lado, assegurou os benefícios àqueles que dentro dos padrões estipulados por Lei, têm o seu exercício nas escolas estaduais de “Ensino Médio” de período integral caracterizado pela exigência da prestação de quarenta (40) horas semanais de trabalho, em período integral, com carga horária multidisciplinar ou de gestão especializada.

Levando-se em conta que nem sempre poderá o concluinte do nono ano de escolarização do ensino fundamental II imediatamente ingressar no ensino médio, ergue-se uma lacuna do desajuste social que por falta de informações, orientações recebidas durante a terminalidade do ciclo II, dificultam ao jovem ingressar, ainda que como aprendiz, em qualquer atividade que, baseada nos conhecimentos já adquiridos na escola, possa desenvolver-se e inserir-se qualitativamente em um segmento laboral que redunde no alicerce para dias futuros.

A preocupação das políticas públicas centradas no “Compromisso do futuro” das crianças/jovens atentou para a necessidade de ampliar seus benefícios. Assim, a Lei Complementar 1.191/12 objetivando garantir o Programa de Ensino Integral nas Escolas públicas estaduais alterou, revogou e/ou inseriu artigos e incisos na LC 1.164/12.

Assim, no Art. 6º da Lei Complementar (1.191/12) estão explicitadas as alterações que sofreu a Lei Complementar 1.164/12 ao instituir o Programa Ensino Integral, conforme regulamentações legais obtidas em documentos oficiais.

Impulsionado por alguns avanços no campo educacional, em 15 de julho de 2013 foi editado o Decreto n. 59.354/13 dispondo sobre o Programa de Ensino Integral, de que trata a Lei Complementar n. 1.164, de 4 de janeiro de 2012, alterada pela Lei Complementar n. 1.191, de 28 de dezembro de 2012, considerando o Programa Educação - Compromisso de São Paulo, cujas ações prevêm a melhoria da qualidade do ensino ministrado nas escolas paulistas.

Outros dispositivos legais regulamentaram e ainda regulamentam a implantação do Programa de Ensino Integral, a exemplo da Resolução SE-SP n. 52/14, de 2/10/2014 que dispõe sobre a organização e o funcionamento das escolas estaduais, do Programa Ensino Integral. A Resolução SE-SP n. 58/14, de 17/10/14 dispõe sobre o processo seletivo de crescimento de profissionais do quadro do magistério, para atuação nas escolas estaduais do programa de Ensino Integral.

2.2 A Escola de Tempo Integral e o Programa Ensino Integral: uma diferenciação

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