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EDUCAÇÃO TIMORIANA: UMA PROPOSTA ALTERNATIVA

Hab Literária dos professores Pré-Escolar

EDUCAÇÃO TIMORIANA: UMA PROPOSTA ALTERNATIVA

Antero Benedito da Silva

Introdução

Conforme relatos escritos, ouvidos e vivenciados, era opinão dominante no inicio da intervenção das Nacões Unidas em Timor-Leste, que o pais havia se transformado em ‗a blank slate - tabularasa‘. E de acordo com a intelectual Australiana Helen Mary Hill (Boughton 2011), foi pautado nesse pensamento que agentes internacionais e alguns timorenses construiram nosso Timor. O palácio presidencial era chamado de Palacio das Cincas (Palace of ashes) do Xanana Gusmao em Caicoli, reforçando o pensamento dominante da época. Havia a afirmação recorrente de que Timor não tem nehuma estrutura, seja material ou imaterial, nada, zero, ‗we built timor out of nothing‘.

Podemos verificar hoje que o pensamento de tabularasa ou nothingness a respeito da jovem Nação Timor-Leste, não se referia meramente as infra-estruturas em ruinas do nosso pais pós-ocupado pela Republica da Indonesia, que saiu do territorio no final do ano de 1999. Mas o nothingness tem outros signos conotativos tais como: a ausência do sistema sociopolítico, econômico e também a ausência de conhecimento conforme o modelo eurocentrico9 do que seja definido como episteme. Timor foi reduzida a tabulrasa, o territorio da ausência, dessa forma não se permitiu naquele momento que houvesse contribuição de uma epistimologia timorense ja que na ausência não há nada a ser vislumbrado, aliás, Timor não pode ter cultura e nem esperiências, sua localização e no vazio. Entretanto, pensadores como Mojab e Dobson tem opiniões bem distintas. Eles defendem que os sobreviventes-resistentes de invasões em seus proprios territorios têm a sua maneira de aprender e de se estruturar nos ambientes de guerra. Se conseguiram a sobrevivência foi por causa de suas agências de inteligência, organização social, habilidade de adaptação e inovação (Boughton 2011, p.193). Ainda de acordo com Mojab e Dobson, o objetivo da educação continuada em Timor deve ser orientada pelo resgate das experiencas da educacção da Resistencia, devido ao sentido que exerce no povo timorense e do dialogo com os diversos saberes na qual foi contruida, que diga-se de passagem criados sob influência da necessidade.

Argumenta-se entre os estudiosos de ciências educacionais que as alternativas no universo da educação constituem-se por dimensões e são elas: as políticas, as estruturais, as culturais e a natureza de gestão e pedagogia. A pedadogia é talves o espírito da educação que o know howI adquirido procura estimular os estudantes a serem independentes nos seus pensamentos, reflexções e ações (da Silva, AB 2014,p.81), por isso constiui-se em epistemologia.

Complexidade da Educacao Timoriana

A presente proposta de estruturação não finalizada (pois deve ser dinâmica, viva, em constante construção) de uma Educação Timoriana refere-se a articulações entre as ciências e práticas, pautadas sempre nas culturas, fé ou espiritualidades (beliefs) e praticas timorense, que vão constituir-se em uma narrativa de educação contemporânea. Entretanto, a Educacão Timoriana tem a sua herança colonial, que necessita de processos de compreenção, apontamentos críticos e debates, para assim superar toda forma

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Conforme pensamento de Mignolo Eurocentrismo não dá nome a um local geográfico, mas à hegemonia de uma forma de pensar Universal fundamentada no grego e no latim e nas seis línguas europeias e imperiais da colonialidade.

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de poder colonial que insista em permanecer e subjulgar aquilo que se difere de um padrão uni-versal ocidental. Em relação ao sistema de educação e do próprio fundamento que estabelece o marco zero epistêmico, requerido como propriedade intelectual do poder colonial das metrópoles, deve-se procurar percebé-los e questioná-los para dessa forma libertar-se da ciência unicamente colonial e edificar o conhecimento e praticas timorense, não mais de forma subserviente e hierarquica a um modelo hegemônico mais por meio da troca intercultural, porém de bases timorianas.

A finalização do poder colonial Português em 1975 foi substituida rapidamente pela imposição de um novo sistema colonial, agora pela Indonesia, tambem em 1975, definido por análises jurídico- internacionais de invasão, que culminou no surgimento de uma resistênsia popular que lutou em várias frentes, nacionais e internacionais, até o ano de 1999. A vitória da resistencia foi determinada 24 anos depois da invasão Indonésia numa votação popular que pôs fim a ocupação violenta e seguida de estrangeiros, marca o inicio de um país soberano timorense. A educação timoriana hoje tem influência e raizes desta complexidade do domino colonial, o Portugues, Indonesio e da Organização das Nações Unidas (ONU) no periodo transição entre 1999 ate 2002.

A americana Susan Nicolai após trabalhar em Timor no inicio do periodo da transição liderada pelo ONU em 2000, anunciou em sua pesquisa numa publicação com o titulo,‖Learning independence education in emergency and transition in Timor-Leste since 1999‖, estabeleceu a sua posicão como observadora educacional timorense do periodo pós-colonial. Nicolai argumenta que cada regime colonial tem a sua herança (legacy), ―each of East Timor‘s administrations had introduced new ways of working— language, civil service and structure---into the education system and indeed into governance as a whole (NICOLAI, 2002, p.41)‖, e que hoje ainda permanece a influencia no sistema de educação timorense.

As heranças coloniais principais são divididas em tres grupos.

Primeira, o elitismo é uma das herancas coloniais. Existia uma escola de primeiras letras e de educação que convidavam para frequentar seus cursos apenas os filhos dos régulos. Essa situação consta em registros publicos do ano de 1839 (BELO, 2011, p.23). 100 anos mais tarde no inicio de 1940, con o regime do Novo Estado, Salazar propôs contrato público com a igreja católica designando-a para introduzir o sistema de educação nacional com o financiamento do Estado. Apesar de ser uma política pública a educação não era universal, sua orientação estava voltada para servir a elite (LENNOX, 2000, p.28; NICOLAI, 2002, p.41). A escola Liceu Dr. Francisco Machado, fundada em 1960, foi identificada como estrutura pública voltada para a frequência dos filhos das elites colonias. Enquanto que a escola técnica fundada no ano de 1968 oferecia estudos mecânicos e comerciais, como a escola nocturna e privada Francisco Xavier do Amaral, em St.Cruz, foi escola dos Mauberes, dos operários e camponeses.

Segunda herança colonial foi a politica linguística. Em 1901, o missionário Padre Manuel Mendes Laranjeira publicou uma cartilha da língua tétum que foi adotada como método oficial para todas as escolas de Timor (BELO, 2014, p.46). Entretanto o tetum nao foi desenvolvido pelo Estado Colonial dentro dos currículos escolares. Não havia publicação dos dicionários, livros e revistas em lingua tétum. O Governo portúguês, não por a caso, utilizou a língua portuguesa como lingua intermediária até o ano de 1975. Durante o periodo da ocupação-invasão da Indonésia, a lingua Indonésia (uma versão da lingua malay) foi a lingua educacional em todo nivel de ensino e até hoje ainda possui sua influência no sistema de educação timorense.

Terceira herança colonial foi um sistema de reprodução sem adaptação do sistema educacional colonial. Da Silva (2011) argumentou que o obscurantismo foi uma politica colonial para continuar o domínio sobre o povo timorense. Ate 1974, menos de 20% dos timorenses foram literados. Nicolai argumenta ainda que a educação em Timor foi uma forma de promoção da cultura portuguesa e valores Católicos, apesar da inculturação desses valores. Um exemplo atual da continuidade da promoção cultural portuguesa, é a não aceitação de registro de nomes timorenses na certidão de nascimento, permiti-se apenas nomes cristãos.

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Nicolai (2002, p.42) defende que ―It was done through encouraging portugues culture and Catholic values. Teaching did not include local culture or geography, and instead emphasized the East Timor‘s links with the empire. Essentially, during this period, ties to Portugal represented ‗a window to the west‘ for the elite‖. Salienta ainda o autor que durante o periodo da ocupação Indonésia, o governo transformou a situação, investindo na politica de educação universal a todos e quantitavimente os números das escolas e estudantes cresceram. Identificou-se 788 escolas primárias com 167.181 estudantes; 114 escolas pre-secundárias com 32.197 estudantes; 54 escolas secundárias com 18.973 estudantes no final de 1999. Apesar de tudo, a educação teve o objectivo de ‗indonezianization‘ dos timorenses para ser fiel ao Indonésio (NICOLAI, 2002, p.43), e o resultado foi contrário pois o povo decidiu o seu destino para ser uma nação soberana. Outro objetivo da educação foi fundamentar o desenvolvimento econômico, de acordo com a orientação do desenvolvimento do arquipélago (Nicolai,S 2002, p.43). Mas na altura, os timorenses estavam lutando pelos seus direitos de auto-determinação politica. O interesse de desenvolvimento da economia foi para beneficiar mais os Indonesios, particularmente os generais e as elites militares e não os povos locais timorenses.

Fox (2006) e Da Silva (2014) fizeram observações semelhantes ao de Nicolai. Fox colocou o sistema de educação timorense dentro da perspectiva teórica do Estado pós-colonial. A complexidade da educação pós-colonial, de acordo com Fox é caraterizada por uma corrente triangular entre a herança colonial, política de formacão do Estado e a realidade da globalização. Cada um deles tem a sua influência na educação nacional pós-colonial. A questão da política linguística em Timor, a controvérsia na adoptação do Tétum e Português, constitui uma das caracteristicas da educação pós-colonial (CARL, 2006). No ano de 2000 até meados de 2002, o Governo transitório foi liderado pela ONU, onde a educação era orientada ao ensino primário que, foi implementado de acordo com a vontade do Banco Mundial, estratégia pela qual visava combater a pobreza e fomentar o crescimento econômico.

Na mesma perspectiva, de acordo com Da Silva, os desafios da nossa educação sāo combinacões de causas políticas, estruturais, socioculturais e a natureza da gestão e pedagogia. Obviamente que as soluções são as combinações dos mesmos aspectos, entretanto são necessidades imediatas (Da Silva, 2014, p. 81). Noutro artigo sobre a educação da paz, Da Silva (2013) acrecentou ainda que o sistema da educação Timorense está infrentando uma relação triangular dos poderes entre domínio positivista da ciência, poder politico, fé ao poder das práticas rituais e religião comunitarias e a religião moderna como cristianidade e o Islamismo. Estes desafios são realidades e tensões contemporâneas. Os timorenses recorrentemente nos últimos tempos enfrentam estas complexidades para tomar decisões na vida cotidiana, tanto como cidadãos como um Estado jovem e soberano.

O poder politico dessa triangulação refere-se aos sistemas políticos nacionais e internacional, que tem a influência na direção e na filosofia da nossa educação. As tentativas da intervenção internacional ao sistema timorense para influenciar o nosso sistema de educação de acordo com o sistema neo-liberal é extremamente forte por parte das agencias internacionais. O resultado disso é a redução dos objectivos da educação para fomentar a reflexão e emancipação e o excessivo olhar para o crescimento econômico. Transformação desta relação triangular, salientou Da Silva, o objectivo da educação da paz Timorense (Da Silva, 2013.p.21). A educação também possui o seus problema nas areas de gestão pedaģógica, como a deficiencia na formação continuada de gestores educacionais.

Quanto a pedadogia, como afirmado anteriormente, é talvez o espírito da educação que a experiência acumulada desde o periodo da resistência, poderá dar sentido e facilitar os estudantes serem independentes no seus pensamentos e ações. Neste caso a pedagogia do sistema bancário, que apenas deposita o conhecimento em uma relação hierarquica de quem sabe para quem não sabe (professor- estudante) deve ser ultrapassado. A própria construção do termo a-luno significa sem luz, ou seja, sem conhecimento.

158 Os Professores e o domino da ciência e pedagogia

O total de professores timorenses é da ordem de 15.665 pessoas, incluindo os dirigentes escolares. O Ministério da Educação em 2014 também prevê número de professores voluntário de cerca de 4.220 pessoas (RDTL 2014. P.202). Os atuais professores do ensino básico e secundário foram recrutados no mérito da língua portuguesa quando o governo transitório começou implementar a língua portuguesa como língua intermediária. Outros professores do ensino secundário são os estudantes da Universidade Timor Timor (UNTIM) que iniciou o estabelecimento massivo do ensino secundário após a ocupação da Indonésia no início de 2000. Eles foram recrutado pela UNTAET (United Nations Transitional Administration) e ETTA (East Timor Transitional Administration) por causa do comprometimento desses professores, mas não tem formação pedagógica anteriores.

De acordo com (Nicolai 2002),

A tem of 12 East Timorese educationalists, supported through Australian volunteers International (AVI), prepared the test. It was written in Bahasa Indonesian—the most common language used in schools. Comprised of two parts, the first was designed to test knowledge of mathematics, social science, and natural science, and the second to test skills in educational, developmental and child psychology. Part two was eventually dropped as a selection determinant as it was decided that most candidates would have limited knowledge in pedagogy (Nicolai 2002, p.115).

O Governo, junto com a cooperação portuguesa, facilitou o curso de português nos distritos para assegurar o dominio da língua portuguesa, mas muitos ainda necessitam de mais formação (Nicolai, 2002, p.102). A Universidade Nacional Timor Lorosae (UNTL) tem mais de 400 professores, mas pela primeira vez, após de 15 anos de sua nova estruturação, começou a formação dos professores. No inicio de Março de 2015, a UNTL organizou uma conferéncia de dois dias sobre o Research Based Teaching and Learning (RBTL). Não só formação da língua, mas também formação pedagógica e formação permanente das matérias, passando pelas pesquisas e seminários, entretanto ainda são futuros compromissos do Ministério da Educação a continuidade dessas ações. Outras medidas para mobilizar e encorajar os professores e o incentivo da criação de sindicatos dos professores. O único sindicato que existi hoje é o Sindicato dos Professores de Timor-Leste. Antigamente chamado de East Timor Teachers, associação fundada pelos Estudantes da Solidariedade em 2000 (Nicolai, 2002. p.94). Entretanto não se encontra sindicatos dos professores do ensino superior tanto público como privado. A combinação de medidas estruturais realizadas por iniciativas dos professores são cruciais para contribuir no melhoramento da qualidade do ensino em todos os níveis.

Os professores podem aprender através das praticas existentes, resgatando as práticas do período da resistencia e levando em conta as praticas culturais. UNICEF estabeleceu programas Eskola Foun (Nova Escola) que utilizam child centered learning (CCL) com os seguintes princípios: ―inclusiveness, child- centredness in terms of pedagogy and provision of healthy, safe and protective learning environments; and democratic participation‖ e aplicação destes princípios pode alcançar uma educação com mais qualidade. A formação dos professores é integrada e 339 professores vêm de 38 escolas com 12.602 estudantes envolvidos no projecto (UNICEF Timor-Leste 2010. p.20). O Governo estabeleceu o Instituto de Formação dos Docentes e Professores de Timor-Leste (INFORDEPE) como centro operacional desse processo, e com apoio da Cooperação Brasileira o Instituto esta oferecendo uma alternativa de formação para melhorar a qualidade de ensino e aprendizagem.

159 Batalha pela Epistimologica Timoriana

O intelectual Frances Facoult argumentou que conhecimento é poder. Desde a época da renascença onde a razão significava superioridade e possibilitava a abertura de caminhos para a revolução industrial, reflete até os dias de hoje, Knowledge is power and belong. Essa ideologia permanece e as superpotências do norte adotam esse principio. Pelo fato de ter conhecimentos tecnologicos produzidos e acumulados, surge o impeto de descobrir e dominar outros mundos distantes, impondo uma colonização da terra, do corpo e da alma, produzindo politicas locais e internacionais imperialistas. E com os alicerces nestes principios, hoje ainda persiste poderes coloniais, que se resignificam e se camuflam na educação, politica, sociedade, espiritualidade, moda etc. Da nossa parte, podemos continuar nossa resistência vitoriosa e questionar a influência de politicas de dominação e de benefício principalmente aos paises imperiais.

O nosso sistema de educação dependente e reproduz a ciencia Uni-versal e um modo de vida eurocêntrico, em detrimento a um pensamento timoriano Pluri-versal, que respeita as culturas, tradições, linguas e dialoga com outros saberes. Imposição da ciência e tecnologia estrangeira significa também a imposição da epistimologia eurocêntrica e suas linguas imperiais (ingles, francês, portugues, alemão, espanhol e italiano).

Dentro de uma episteme timoriana, o conceito matenek em lingua Tétum refere-se ao sujeito que tem domínio dos assuntos da vida e ainda constitui-se outro significado, do substantivo knowledge que o sujeito ganha por meio de sua capacidade de compreender - hatene as externalidades e os fenômenos que acontecem na vida. O Naueti, lingua nativa encontrada na zona de Matebian, que tem semelhança ao Uai- ma, Kairui, Nikidi e Idate, nas outras zonas de Baucau, Viqueque e Manatuto, existe o conceito táda que se asemelha ao to know do Ingles. Alguém que conhece bem ou tem domínio a qualquer assunto ganha o adjetivo tada-ná (knowledgeable) e normalmente são as pessoas que possuem mais experiências da vida comunitaria. Na lingua Naueti tem outro conceito, tada-osi refere-se domínio de assunto, que demonstra aproximidade ao conceito knowledge.

Tetum Naueti

Hatene Tada = to know (Verbo)

Matenek Tadána = knowledgeable (substantive); knowing; MatenekTada-osi = tem domino o assunto ou tenho conhecemento.

O matenek ou o tada-osi tem a sua hierarquia. O matenek dos timorenses tem a sua cosmologia. O conhecimento sobre os assuntos metafísicos e espirituais normalmente são considerados a pessoas matenek por causa da sua permanência na pratica do pensar e de compreenção dos fenomenos fora do domínio humano.

A herança colonial foi profundamente internalizada pela nossa educação e o conhecimento dos paises colonizadores subalternalizou os conhecimentos nativos. A reclamação dominante hoje em dia no Timor e o processo de aculturação dos valores religiosos e das linguas locais, por imposição de uma alfabetização pautadas na cultura grega e romana são questões simbólicas do colonialismo Português.

Mas parece que existe a aceitação por parte dos timorenses e de agentes internacionais, o progressivo crescimento das religiões estrangeiras e a supressão das religiões nativas, a adaptação da lingua portuguesa e supressão das linguas e epitimologias locais e adoção da cultura escrita e o desaparecimento das culturas orais timorenses.

A nossa educação colonial foi orientada para dominio do knowledge dos colonialistas. Aprendermos a matemática, ciências naturais, filosofia e ciências sociais desenvolvida na Europa. Mas uma educação timoriana tem outro objetivo: resgate da educação do periodo da resistência e o conhecimento baseado nas cosmologias das terras de Timor.

O recente debate sobre o progresso da nossa nação é identificado com o conceito crescimento, growth, trata-se de assunto emergente. Qualquer regime politico que acolha o growth como paradgma do regime.

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As nossa educação então aceita o conceito como ciência nas nossas escolas. Os intelectuais que analisaram o growth, identificaram que o growth tem suas limitações. Growth tem alta dependência dos recursos naturais. O nosso growth depende da indústria do petroleo. Quando acabar o petroleo, considerado recurso não renovável, o growth vai desaparecer também.

Mas o nosso sistema politico reproduz o conhecimento sobre growth nos textos, que vai ser fonte das ciências nas universidades. Mas o conceito growth tem caráter acumulativo. Existem praticas culturais que os Mombaes de Timor chamam de Slulu-Mlulu (Ermera e Ainaro), e os Makalero‘s chamam de Fulidadai, e Manatuto (Arosan) e Bunak (Kawak), em Anhamland e indigenas do Norte do territorio chamavam de Garma. Esses exemplos são um conjunto de praticas de trabalhos colectivos da comunidade nas áreas da produção agricola e trabalhos sociais. Estamos a tentar construir uma escola chamada Economia Fulidaidai-Slulu nas zonas de agriculturas em Timor, para encorajar o progresso da epistimologia timoriana, de acordo com a cultura do povo. Suas bases são comunitarias, coletivistas e espirituais, de produção e respeito com a natureza.

Notas finais: Uma dialogo entre Pedagogia da Terra e Pedagogia Maubere

O recente regime da crítica educacional é destinada à política neoliberal. O presidente Americano, George Bush, pronunciou o Consenso de Washington em 1990, que o Estado minimalista Neoliberal seria o modelo ideal de desenvolvimento para todos os paises em desenvolvimento. A Função do Estado era criar regulamentos a favor do mercado capitalista para possibilitar crescimento econômico do país, por meio da promoção do setor privado e privatização dos serviços públicos do Estado ao povo. E acreditava- se na melhora da vida dos cidadãos. A qualidade da educação é avaliada na perspectiva liberal e

estaria associada à produtividade, lucro, desenvolvimento a qualquer custo, empreendedorismo, competitividade, competências profissionais apropriadas às mudanças no mundo do trabalho e na economia. Ela seria subsidiária da racionalidade empresarial, em que prevalecem o individual sobre o comunitário, o privado sobre o público, os interesses e concepções instrumentais sobre os valores da vida social, (Sobrinho, J.D 2010, p.1224).

Até hoje, a privatização da educação, da saúde e recentemente da água, que antigamente eram consideradas bens comums são pacotes da política neoliberal. Escreveu Garrett Hardin (1968), a tragédia de bens comums, para protestar contra a política de privatização do mercado capitalista neoliberal. Mas, mesmo assim, os novos Estados pós-coloniais seguiram e seguem o modelo do Estado neoliberal.

O Timor-Leste tem apenas uma única universidade nacional, a UNTL que por exemplo, admitiu

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