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A UTILIZAÇÃO DO MANUAL ESCOLAR DA DISCIPLINA DE BIOLOGIA NO 10º ANO, NO DECURSO DO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM

Maria Lourdes Cardoso Angelita Viegas. S. Ximenes

Introdução

A educação deve ser entendida como um processo para influenciar os alunos para que eles possam se adaptar ao ambiente que lhes rodeia, para modificar sua sociedade positivamente. As ciências e a tecnologia, rapidamente se desenvolvem através da educação, no que faz parte da escola. Quando falamos em educação, hoje em dia, percebemos-a como uma acção social pode elevar o desenvolvimento do conhecimento do ser humano. A educação, também na sua realização, se faz nas escolas com os sujeitos, sobretudo com os alunos e professores. Por um lado, a motivação e orientação aos alunos para uma boa qualidade da educação deve partir dos pais, da família. E, por outro lado, há a responsabilidade dos professores que ensinam nas escolas, em relação à formação sobre a moral e o comportamento dos estudantes, para que se tornem qualificados.

Embora a Lei de Bases da Educação (LBE), exponha a necessidade de reorganização da educação, a fim de dar conta dos estímulos estabelecidos pelos processos globais e pelas transformações sociais e culturais na sociedade, na área das Ciências Biológicas, o ensino dessas se organiza, ainda hoje, de modo a privilegiar o estudo de conceitos, linguagem e metodologias desse campo do conhecimento, tornando o conhecimento científico pouco eficaz na interpretação e intervenção da realidade, principalmente no ensino e aprendizagem na sala de aula, em que esta visão é extremamente fragmentada. Para chegar a um nível de educação qualificada precisa-se elevar e reforçar o conhecimento dos alunos.

Num contexto educacional concebido como um sistema de componente educativo com uma função central, todos têm o direito de obter o processo de educação. Mas, para ter um bom resultado na educação qualificada, é preciso que as várias partes sejam coniventes, que suportam o sistema científico: os pais, os alunos, os professores, as condições ambientais, as facilidades escolares, o currículo e o manual escolar, estejam alinhados, apontando direções.

O currículo prepara os alunos para um trabalho específico, sendo elaborado em conformidade com o nível e tipo de ensino no âmbito do estado no sentido de aumentar os conhecimentos, as potencialidades e as capacidades dos alunos, tendo em conta a diversidade das potencialidades locais e o meio ambiente, além das necessidades de desenvolvimento regional e nacional e os desafios do próprio mundo, bem como o desenvolvimento da ciência, tecnologia e arte, as dinâmicas de desenvolvimento global, a unidade nacional e os valores nacionais.

No período de 2013 – 2014, foi realizada a formação de professores do ensino sobre a utilização do currículo e manuais escolares. Pretendeu-se analisar os impactos das formações de professores nas escolas sobre o currículo do Ensino Técnico-vocacional e a capacidade dos professores na utilização dos manuais escolares no ensino e aprendizagem. Este estudo analisa os impactos da formação no período de 2013 que foi dada pelo Ministério da Educação de Timor-Leste, juntamente com Associação Nacional de Escolas Profissional (ANEPSO) de Portugal, e Gest Entrepreneur (uma associação Portuguesa que está a elaborar o manual do ensino em empreendedorísmo).

Pires et al. (2008) mostra que o ensino de Ciências Naturais no currículo da Educação de Jovens e Adultos está passando atualmente por várias mudanças, de forma a buscar um ensino mais dinâmico, atualizado, contextualizado, onde se privilegia os temas de maior relevância para os alunos, a fim de

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buscar uma aprendizagem mais significativa e que os mesmos possam interagir com os conteúdos em sala de aula. Assim, é necessário selecionar temas e problemas relevantes para que os alunos sejam motivados a refletir criticamente sobre eles. É uma forma de introduzir temáticas na perspectiva da Ciência, Tecnologia e Sociedade no currículo convencional. É por meio de intervenções curriculares que emergem as aberturas para as alterações curriculares mais abrangentes.

A escola é uma instituição de ensino formal para os alunos, sob a direcção do professor. Os alunos apreendem e progridem de forma sistemática para obter o nível do ensino. Outra parte é a de dar oportunidade para os alunos desenvolverem as actividades de aprendizagem e/ou realizar a interacção no processo de ensino e aprendizagem juntamente com os professores e outros alunos, para ampiar as possibilidades de construção do conhecimento. Os ambientes escolares constituem como um lugar importante, por que a aprendizagem dos alunos e o desenvolvimento do conhecimento desses dependem, também, do ambiente. Um problema que os professores estão enfrentando é a variedade de comportamento dos alunos, ou seja, de personalidades diferentes no processo do ensino e aprendizagem.

O manual escolar como um guia é fundamental na construção do conhecimento pelos professores e alunos. Como Dos Santos Botas (2008:46) afirmou que "Os manuais escolares quando bem elaborados podem ser de guias, abrir caminhos, constituir pontos de referência para quem trabalha com eles". Para ensinar precisa preparar a planificação de aula, pois através do manual escolar o professor pode construir uma ideia de trabalho.

A ideia acima está de acordo com a afirmação dos autores Pereira e Durarte, (1999:367): ―A maioria dos professores planifica o seu ensino tendo por base o manual escolar; - O manual escolar constitui o suporte básico e fundamental para organizar as aprendizagens dos alunos; - muitos professores consideram que o manual constitui um mediador importante na construção do conhecimento científico escolar‖.

O uso do livro didático fornecido pelo governo favoreceu a aprendizagem dos alunos. Com ele, despertaram maior interesse e participação nas aulas, além de reforçar o nível de aprendizagem significativa em Ciências e Biologia. Isso se deve ao fato de o livro fornecer ao aluno a possibilidade de conhecer realidades antes nunca conhecidas por ele, principalmente em relação as imagens e experiências práticas. Bruzzo (2004) afirma que o conhecimento das Ciências Naturais está intrinsecamente associado à apreciação de imagens e ilustrações, pois isso facilita a interação dos alunos com os conteúdos e com as vivências do seu quotidiano. Já Oliveira, Delsin e Rodrigues (2003) mostram a ausência de livros didáticos em Ciências, dificultam o processo de ensino-aprendizagem. A utilização de revistas e artigos científicos, em apoio ao livro didático, mostrou-se bastante eficiente na aprendizagem. Essa metodologia mostra que as Ciências Biológicas são dinâmicas e se encontram em constante transformação, e que novos conhecimentos são desenvolvidos a cada dia. Resultados semelhantes foram alcançados por Oliveira, Delsin e Rodrigues (2003) ao trabalhar com alunos na disciplina de ciências.

Problema de investigação

Os problemas que emergem dos processos de concepção e de utilização dos manuais escolares, juntamente com a centralidade deste recurso pedagógico no processo de ensino-aprendizagem, têm conduzido a um amplo conjunto de recomendações e opiniões, muitas vezes divergentes, sobre a pertinência do seu uso nas salas de aula. Deste modo, a análise desta documentação pode gerar um interessante campo de investigação na interface entre a educação biológica e os estudos de políticas públicas. Além disso, coloca-se o problema de saber de que forma é que as inventariações de problemas, que surgem nos diferentes relatórios encomendados pelas autoridades educativas, pode ser articulada com agendas de investigação ou contribuir para investigação de carácter aplicado. Será interessante reflectir também sobre o que as autoridades educativas podem esperar e impulsionar, em termos de investigação, a partir desses relatórios.

77 Questões e objectivos de investigação

A questão desta investigação foi: "Quais as opiniões dos professores principiantes em relação à utilização do manual escolar da disciplina de biologia no 10° ano de escolaridade, no decurso do PEA?". O objetivo deste estudo foi conhecer as perceções dos professores principiantes em relação à utilização do manual escolar da disciplina de Biologia, no 10º ano de escolaridade. Pretendeu-se conhecer suas opiniões, identificando as dificuldades que enfrentam no decurso da sua prática pedagógica no Ensino Secundário.

Metodologia da investigação Local e Lugar de investigação

Este estudo foi realizado na Faculdade de Educação, Artes Humanidades da Universidade Nacional Timor Lorosa‘e, entre os dias de 2 à 7 de Fevereiro de 2015.

População

População em princípio, são todos os membros pertencentes a grupos de pessoas, animais, eventos ou objetos que vivem juntos em um só lugar. Sobre este assunto, de acordo com Nanawi (1985: 141) apud Setyawan (2006) "A população é a totalidade de todos os valores possíveis, como calcular ou medir os resultados quantitativos e qualitativos sobre as características específicas de um conjunto completo de objetos". Com base no exposto desta teoria, todos os elementos da população é objeto de pesquisa local, que têm valor qualitativo e quantitativo que pode ser estudado ou analisado, segundo as características. Assim, a população deste estudo são todos os futuros professores do ensino de Biologia da Faculdade de Educação, Artes e Humanidades da Universidade Nacional Timor Lorosa‘e.

Amostra

A amostra de pesquisa é uma parte da população considerada representativa. A amostra para Sugiyono (2003; 56) apud Setyawan (2006) ―é um fragmento conveniente, seleccionado da população; é um subconjunto do universo‖.

Com base nas teorias acima, a determinação da amostra, neste estudo realizado, identificou três futuros professores e/ou estagiários que ensinam no 10º ano do ensino de Biologia.

Instrumento e Técnica de Recolha de Dados

Os instrumentos utilizados neste estudo são: guião de entrevista e documentação sobre o manual escolar do 10º ano de escolaridade no ensino secundário.

Entrevista

A elaboração de guiões de entrevista se deu através de questões organizadas, cujo objetivo é a obteção de os dados que permitam responder os objectivo deste estudo. Utilizamos a técnica de entrevista semiestrutural. Bogdan e Biklen (1994:134) dizem que a entrevista serve para ―recolha de dados

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descritivos na linguagem do próprio sujeito, permitindo ao investigador desenvolver intuitivamente uma ideia sobre como o sujeito, interpretam aspetos do mundo‖. Segundo os mesmos autores (Idem: 33), uma entrevista é considerada ―como uma conversa tendo em vista um objetivo‖. E ainda, ―A entrevista deve desenvolver-se de forma consistente, caraterizando-se pela focalização, fidedignidade e validade de um certo acto social como uma conversação‖ (CARDOSO, 2012: 63).

Contudo apesar da entrevista ser considerada um método de recolha de informações, Bardin (2011:90) refere que, no sentido mais rico da expressão, o espirito teórico do investigador deve permanecer continuamente atento, para que as suas próprias intervenções se traduzam em elementos de análise tão fecundos quanto possível. Para que seja uma entrevista mais flexivel, procedemos as entrevistas semiestruturadas, para as quais foram construidas e validados os respectivos guiões. A entrevista semiestruturada não é uma entrevista inteiramente livre, mas confere certa informalidade ao processo. Como referem Ludke e André (1986:33), numa entrevista ―a relação que se cria é de interação, havendo uma atmosfera de influência recíproca entre quem pergunta e quem responde‖, especialmente quando se utiliza uma ―entrevista não totalmente estruturada‖.

No pensamento do professor Camilo Cunha (2007:77) e De Ketele e Roegiers (1993:22). A entrevista é uma técnica que é mais utilizada no paradigma qualitativo, resultado de uma negociação entre o investigador e o entrevistado com o fim de descobrir a interpretação das exposições.

Fontes documentais

Sá-Silva et al (2009: 5), o documento como ―fonte de pesquisa pode ser escrito e não escrito, tais como filmes, vídeos, slides, fotografias ou pósteres. Esses documentos são utilizados como fontes de informações, indicações e esclarecimentos que trazem seu conteúdo para elucidar determinadas questões e servir de prova para outras.‖ Nesste estudo, utilizamos o manual escolar e sebenta de Biologia do 10º ano no ensino secundário.

Técnica de Analise de Dados

Para compreender melhor o objecto da pesquisa e as respostas elaboradas para recolha dos dados, o processo começou com a análise por item das questões. Para análise dos dados neste estudo, utilizou-se a análise do conteúdo para conhecer as ideias dos professores sobre a utilização da língua de instrução, as dificuldades enfrentadas e os métodos do ensino. A partir da análise desses fatores, poderemos provocar um olhar geral sobre o ensino do conteúdo do manual escolar e sebenta do 10º ano no ensino secundário.

Resultado da investigação

De um modo geral, os resultados demonstram a preferência pela utilização de uma sebenta elaborada em 2007/2008, num trabalho de parceria entre professores brasileiros e timorenses. As aulas decorreram em regime bilíngue, privilegiando-se o português, mas também o tétum. Os professores assumiram terem sentido dificuldades em falar corretamente a língua portuguesa.

Quando comparadas, as sebentas e os manuais escolares. apresentam diferenças ao nível de organização dos temas. Nas sebentas, o programa encontra-se dividido em duas unidades temáticas, que se subdividem em capítulos. Nos manuais, existem três unidades temáticas, que se subdividem em subtemas.

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No que diz respeito aos métodos de ensino utilizados pelos professores, observou-se uma diversidade. Não existindo, ainda, equipamentos laboratoriais à disposição, representando um recurso muito limitado nas escolas de ensino secundário no Timor-Leste.

Os professores apontaram dificuldades para contribuir na aprendizagem dos alunos, em relação aos conteúdos presentes no manual do aluno. Os professores principiantes dizem ter utilizado apostilas, na tentativa de resolver alguns dos problemas de aprendizagem que enfrentam com os alunos, em contexto de sala de aula, e onde os manuais escolares não eram suficientemente esclarecedores.

Considerações finais

Baseando-se nos resultados e nas dicussões, concluimos que há o uso do manual escolar pelos futuros professores nos seus lecionamentos. Eles disseram que a sabenta é mais fácil para trabalhar com os alunos do que manuais escolares. O motivo pela preferência das sebentas nas aulas ao invés dos manuais está relacionado a estrutura dos documentos. Enquanto nas sebentas o programa encontra-se dividido em duas unidades temáticas, que se subdividem em capítulos, nos manuais, existem três unidades temáticas, que se subdividem em muitos subtemas.

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ERROS ORTOGRÁFICOS DA LÍNGUA PORTUGUESA NA COMPOSIÇÃO DE ALUNOS DO

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