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A IMPORTÂNCIA DAS ESTRATÉGIAS DIDÁTICAS NAS AULAS DE ESTUDO DO MEIO

Alessandro Tomaz Barbosa Silvia Madalena Freitas Estanislau Alves Correia Vanessa Lessio Diniz

Introdução

Este trabalho foi resultado do Trabalho de conclusão do curso de formação de professores da Educação Básica, realizado na Universidade Nacional Timor-Lorosa‘e (UNTL) que trata sobre a importância do desenvolvimento de estratégias didáticas no ensino do Estudo do Meio.

Nos dias atuais o ensino de Estudo do Meio no contexto timorenses vem demonstrando a necessidade de se pensar o uso de novas abordagens e estratégias para permitir um processo de ensino-aprendizagem de qualidade. A partir da elaboração de novas estratégias, pode-se contribuir para que os alunos aprendam os conteúdos da disciplina Estudo do Meio relacionando como o seu dia-a-dia e não simplesmente transmiti-los, de forma descontextualizada e fragmentada.

Consideramos que as modalidades didáticas que busca relacionar o conteúdo escolar com o contexto do aluno constitui-se como meios facilitadores de um ensino mais dinâmico e mais interativo, fugindo da educação bancária, no sentido freireano. Paulo Freire destaca que na perspectiva da educação bancária, o aluno é apenas um sujeito passivo que recebe o conhecimento pronto (―elaborado‖).

Indo contrário a essa concepção de educação, destacamos as abordagens construtivistas que consideram o aluno um sujeito ativo e participativo no processo de ensino e aprendizagem, pois o conhecimento deve ser assimilado, apropriado, construído ou resignificado, tomando como ponto de partida o conhecimento prévio e as experiências/saberes que constituem a carga cultural dos estudantes (PEREIRA et al., 2012).

Para Karling (1991), ensinar é procurar descobrir interesses, gostos, necessidades e problemas do aluno. Escolher conteúdo, técnicas e estratégias preveem recursos didáticos adequados e a criação de um ambiente favorável para o estudo. Neste sentido, o professor deve ser mediador do processo ensino- aprendizagem do aluno, utilizando recursos e estratégias inovadoras adequadas para que o ensino tenha a sua qualidade. Segundo Krasilchik (2004) é importante que os professores possam refletir sobre a metodologia empregada na sala de aula, buscando verificar a relação com o conteúdo. As diferentes modalidades didáticas são usadas para diminuir o desinteresse dos alunos e facilitar o processo de ensino e aprendizagem.

É importante destacar que não há um método perfeito ou ideal para ensinar nossos alunos a enfrentar a complexidade dos assuntos trabalhados, mas sim haverá alguns métodos mais favoráveis do que outros (BAZZO, 2000). A partir das experiências no curso de Formação de Professores da Educação Básica na UNTL e de leituras referentes ao tema estratégias didáticas no ensino de Ciências, elaboramos como pergunta de pesquisa: Qual a importância de desenvolver diferentes estratégias didáticas no ensino do Estudo do Meio?

Este trabalho tem como objetivo geral investigar a importância do planejamento e da operacionalização de estratégias didáticas no Ensino do Estudo do Meio do 6º ano do 2º ciclo do Ensino Básico.

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Participaram dessa pesquisa nove alunos do 6º ano do Ensino Básico (II Ciclo). A escolha desses alunos deve-se ao elevado número de alunos que estudavam nessa série escolar. Totalizando o número de alunos do 6º ano (turma A, B e C) tínhamos 98 estudantes. Buscando garantir o anonimato e a privacidade dos sujeitos, os alunos serão representados como A1, A2, A3, A4, A5, A6, A7, A8 e A9.

O local onde realizou-se essa pesquisa foi a escola Básica Filial 1.2. Rumbia Caicoli, localizada em Díli, no sub-distrito de Vera Cruz, no Suco de Rumbia. A Localização da escola de Rumbia é estratégica, situa-se no centro da comunidade, dando assim facilidade de deslocação dos alunos de Casa-Escola-Casa, área de Matadouro, Colmera, Mascarenhas, Balide rai hun, Quintal boot, e cobre também Quintal kiik. Portanto, a localização da escola é numa zona estratégica onde se situa a população.

Instrumentos de coleta de dados

O questionário utilizado nessa pesquisa é composto por perguntas fechadas e abertas. Através das perguntas fechadas, obtivemos informações relacionadas ao perfil dos sujeitos. As questões abertas, que correspondem à segunda parte dos questionários, foram feitas para aprofundar o que os alunos entendiam sobre a importância do desenvolvimento de diferentes estratégias didáticas no Ensino do Estudo do Meio do 6º ano do 2º ciclo do Ensino Básico.

Segundo Richardson (1999, p. 191-192) as questões fechadas caracterizam-se por apresentar categorias ou alternativas de respostas preestabelecidas, enquanto que as questões abertas levam os sujeitos a responderem com frases. As questões dos questionários foram agrupadas em blocos ou partes e tiveram a seguinte composição:

Quadro 1: Partes ou Blocos Temáticos e suas respectivas questões – Questionário aplicado aos alunos da disciplina Estudo do Meio do 6º ano do 2º ciclo do Ensino Básico.

Questionário – alumnus

Parte I: Identificação do aluno Questões não representadas por números. Parte II: Metodologia do ensino Questões de 1 a 4

Referencial Metodológico

Após a coleta dos dados, adotamos como procedimento metodológico a ―Análise de Conteúdo‖ proposta por Bardin (2008). Para esse autor, a análise de conteúdo compreende três fases: a pré-análise; descrição analítica e a interpretação inferencial. A fase da pré-análise é caracterizada como fase da organização do material, essa primeira fase possui três momentos: ―a escolha dos documentos a serem submetidos à análise, a formulação de hipóteses e dos objetivos e a elaboração de indicadores que fundamentem a interpretação final‖ (BARDIN, 2008, p.121, grifo do autor).

Nessa primeira etapa realizou-se uma leitura para permitir o primeiro contato com o material, essa primeira leitura dos questionários é caracterizada como leitura ―flutuante‖, sendo importante para conhecer a estrutura da narrativa e ter as primeiras orientações e impressões em relação à mensagem dos documentos1 de forma a definir o corpus da pesquisa (BARDIN, 2008, p. 122).

No segundo momento foi realizada a descrição analítica, nessa etapa o material de documentos que constitui o corpus da pesquisa foi submetido a um estudo aprofundado. Segundo Trivinos (1987) nessa

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etapa os procedimentos como codificação, classificação e a categorização são básicas nesta instância do estudo. A operação de codificação consiste em tratar os dados coletados através de recortes, agregação e enumeração (BARDIN, 2008).

Nessa operação de codificação é que será o momento de escolha de unidades de registro, a seleção de regras de contagem e a escolha de categorias. A unidade de registro é a ―unidade de significação a codificar e corresponde ao segmento de conteúdo a considerar como unidade de base, visando à categorização e a contagem frequencial‖ (BARDIN, 2008, p. 130).

Segundo Bardin (2008) pode-se utilizar seis técnicas de análise de conteúdo para a interpretação da comunicação: análise categorial, análise de avaliação, análise da enunciação, análise da expressão, análise das relações e análise do discurso. Para esse trabalho foi adotado a análise categorial.

A Análise Categorial consiste em fazer o desmembramento do texto em unidades (categorias), ou seja, é reunido um grupo de elementos com características em comum (BARDIN, 2008).

A terceira etapa consiste na interpretação inferencial, nesse momento a análise alcança uma maior intensidade. O pesquisador ―infere‖ sua visão sobre as categorias construídas, tendo como objetivo interpretar o quê o texto quer dizer.

Resultado e discussão

A maioria dos sujeitos participantes da pesquisa é do sexo feminino (66,6%) que correspondem a 6 alunos. A faixa etária dos alunos que participaram da pesquisa tem média de 10 a 13 anos.

Perguntamos aos alunos o que eles entendem sobre Metodologia de Ensino. A partir dessa questão, criamos algumas categorias:

Gráfico 1: As metodologias de ensino citadas pelos alunos.

Aos serem questionados o que entendem sobre Metodologias de ensino, percebemos que os alunos não citam nenhuma definição, enunciando apenas os tipos de metodologia de ensino. A figura acima demostra que 18,4% dos alunos entendem sobre metodologia de ensino o ato de escrever, sendo a percentagem maior. Os alunos que correspondem a 13,6% entendem metodologia de ensino como aprender, ler e outros (as disciplinas que compõem o 2º ciclo do Ensino Básico). Os alunos também entendem como metodologia de ensino: contar, explicar e ensinar (9,0%), conforme exposto no gráfico 1. Em relação as metodologias utilizadas pelos professores, a figura 2 aabaixo, mostra que sete dos alunos que correspondem a 18,4% afirmam que as metodologias de ensino que o professor utiliza é contar e ler, enquanto que 15,7% destacam que as metodologias do ensino que o professor utiliza são jogos e escrever.

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Gráfico 2: As metodologias do ensino que o professor utiliza, segundo os alunos da disciplina estudo do meio.

Segundo Krasilchik (1996), quanto mais às experiências educativas em sala de aula se parecer com as situações em que os alunos deverão aplicar seus conhecimentos, mais fácil se tornará a concretização do aprendizado.

Segundo a figura 3 abaixo, entre os 9 alunos da turma A, B e C, 30% dos alunos gostam das metodologias de ensino, como jogos e contar. A partir do enunciados desses alunos, percebe-se a importância do ensino lúdico, visando um ensino-aprendizagem prazeroso e eficaz.

Segundo a fala do aluno 6 ―as metodologias do ensino que eu gosto é ler, porque pode aumenta o valor‖ (A6). Percebemos nessa pesquisa que muitas vezes o interesse dos alunos em uma metodologia está relacionado aos testes escolares. Esses enunciados demonstram que a metodologia de ensino e a avaliação dos alunos caminham juntas, a escolha de uma metodologia de ensino implica no tipo de avaliação que será adotada pelos professores.

Gráfico 3: As metodologias de ensino que o aluno gosta. Os alunos A4 e A8 respondem que a metodologia de ensino que gostam é cantar.

As metodologias do ensino que eu gosto é cantar, porque a cantar fala sobre a arte música e entanto a música pode fazer as pessoas alegria e várias muitos música que as pessoas para refrescar (A4).

As metodologias do ensino que eu gosta é cantar, porque as músicas que eu gosta (A8).

Ao compararmos os tipos de modalidades didáticas que os professores utilizam com as metodologias que os alunos gostam, percebemos que contar é uma metodologia de ensino que a maioria dos alunos (30%) gostam e que os professores da disciplina estudo do meio utilizam. No entanto, jogos é uma metodologia que os alunos gostam, mas os professores não utilizam. Nesse sentido, observa-se que além

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do professor ensinar as sete disciplinas em uma turma, é importante conhecer também quais as metodologias que os alunos gostam para poder ensinar a partir do interesse dos alunos.

Em relação a importância do desenvolvimento das metodologias de ensino para a aprendizagem dos estudantes da disciplina estudo do meio. Os alunos A8 e A9 responderam:

A importância na minha aprendizagem na disciplina estudo do meio, o professor desenvolver várias metodologia do ensino [...]. (A8 e A9).

Identificamos que todos os alunos que participaram dessa pesquisa consideram importante que o professor desenvolva várias metodologias de ensino. Os enunciados dos alunos demonstram que eles têm interesse nas estratégias didáticas que o professor utiliza e não apenas no conteúdo.

Nessa pesquisa, percebemos que os alunos consideram importante que seja desenvolvido na disciplina Estudo do Meio várias metodologias de ensino, de forma, que permita a interação e a participação nas aulas.

Considerações Finais

A partir dos resultados observa-se que o desenvolvimento de diversas metodologias de ensino é muito importante para facilitar o processo do ensino e aprendizagem dos alunos na disciplina Estudo do Meio.

Consideramos que para melhoria da qualidade do ensino da disciplina Estudo do Meio, precisamos tomar como ponto de partida, conhecer as dificuldades dos professores e as metodologias utilizadas em sala de aula. Acreditamos que partindo do contexto das escolas e das condições dos professores, podemos pensar e elaborar estratégias de mudanças para o ensino de Estudo do Meio no cenário timorense.

Referências

BARDIN, L. Análise de conteúdo. 19ª ed. Lisboa/Portugal: Edições 70, 2008.

BAZZO, V. L. Para onde vão as licenciaturas?: a formação de professores e as políticas públicas. Educação, 25 (1): 53-65. 2000.

KARLING, A. A. A didáctica necessária. São Paulo, Ibrasa, 1991.

KRASILCHIK, M. Educação ambiental na escola brasileira: passado, presente e futuro. Revista Ciência e cultura, ano 38, n.12, p. 1958-1961, dezembro de 1996.

KRASILCHIK, M. Prática de ensino de Biologia. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo. 2004.

PEREIRA, M. G., BARBOSA, A. T. ROCHA, G. S. D. C. NASCIMENTO, C. V. C. NECO, E. C.Modalidades didáticas utilizadas no Ensino de Biologia na educação básica e no ensino superior. In: X Jornadas Nacionales; V Congreso Internacional de Enseñanza de laBiología: Entretejiendolaenseñanza de laBiologíaen una urdimbre emancipadora. Córdoba. Argentina, 2012. RICHARDSON, R. J. Pesquisa Social: métodos e técnicas. São Paulo: Editora Atlas, 1999.

TRIVIÑOS, A. N. S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1987.

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FORMAÇÃO DE PROFESSORES DA EDUCAÇÃO PRÉ-ESCOLAR

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