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3. A METODOLOGIA DA INVESTIGAÇÃO

3.4. Métodos e técnicas de recolha dos dados

3.4.2. Técnicas de recolha de dados

3.4.2.4. Entrevista

A entrevista é definida por Gil (1999, p.117) como

“a técnica em que o investigador se apresenta frente ao investigado e lhe fornece perguntas com o objetivo de obtenção dos dados que interessam à investigação. (Ela é), portanto, uma forma de interação social. Mais especificamente, é uma forma de diálogo assimétrico, em que uma das partes busca coletar dados e a outra se apresenta como fonte de informação”.

Quivy e Van Campenhoudt (2008, p.191-192) afirmam que a entrevista permite um contato maior entre investigador e interlocutor, permitindo um grau máximo de autenticidade e profundidade, além de flexibilidade e fraca directividade de dispositivo de recolha.

Em relação ao nível de estruturação, Gil (1999, p.119-121) classifica quatro tipos distintos de entrevista: a entrevista formal, a entrevista focalizada, a entrevista por pautas e a entrevista estruturada. O primeiro tipo caracteriza-se como o de menor estruturação entre os quatro, ele apenas difere-se da conversação pois seu objetivo é coletar dados servindo para a obtenção de uma visão geral do problema investigado. O segundo tipo é tão livre quanto o primeiro, mas fica apenas um assento sobre o qual

o entrevistado pode falar livremente. O terceiro tipo apresenta um certo grau de estruturação, por guia-se por pontos de interesse que o entrevistador explora no diálogo. Os pontos devem se relacionar e se apresentar de forma ordenada. O quarto tipo se apresenta com uma grelha com relação fixa de perguntas, cuja ordem e relação é invariável para todos os inquiridos.

No caso da entrevista estruturada, Gil (1999, p.121) lembra que quando a entrevista é totalmente estruturada, com alternativas estabelecidas, ela aproxima-se do questionário. No grupo da entrevista estruturada há também a entrevista semidirectiva, também chamada de semidirigida. De acordo com Quivy e Van Campenhoudt (2008, p.192), ela “não é inteiramente aberta nem encaminhada por um grande número de perguntas precisas”. Os autores (2008, p.192) afirmam que ela é geralmente composta de perguntas-guias que são relativamente abertas e que pede uma postura ‘aberta’ do entrevistador para que deixe o entrevistado falar livremente, mas que, ao mesmo tempo, exerça um tipo de controle para que o entrevistado não fuja do assunto abordado. Para De Ketele e Roegiers (1999, p.21) a entrevista semidirigida é aquela que o entrevistador tem algumas perguntas pré-estabelecidas para lançar a título de referência. Neste caso há perguntas elaboradas com antecedência que servem como guião de entrevista e que são complementadas por outras que emergem da dinâmica da entrevista.

O processo que envolve a entrevista é composto pelo entrevistador, o entrevistado, a situação da entrevista e o instrumento de captura dos dados (ou roteiro de entrevista. As informações são alcançadas por meio de um roteiro de entrevista, o qual é composto por uma lista de pontos ou tópicos a serem abordados e que tem a ver com a problemática central devendo ser seguida na sua condução (Haguette, 1995, p.86).

Ruquoy (2005, p.109) cita que para realizar uma entrevista devemos ter um plano de entrevista, que é composto pelo guia de entrevista (composto pelos pontos que desejamos explorar) e o modo de intervenção (com o emprego do guia e as atitudes do entrevistador), em que o guia pode ser fracamente ou fortemente elaborado, de acordo com a aplicação maior ou menor dos temas e hipóteses traduzidos em indicadores. Na presente pesquisa o guia de entrevista emerge como

a matriz de validação, que cruza questões e indicadores do modelo de análise e que pode ser vista no anexo R.

Nesta presente pesquisa o inquérito por entrevista é realizado por meio de entrevistas com radialistas, com o objetivo de saber como a participação do utilizador influi em seu trabalho. Estas entrevistas terão respostas livres, as quais serão compiladas buscando-se generalizações a partir de casos isolados. A condição metodológica escolhida para a entrevista é uma das citadas por Ruquoy (2005, p.86): “uma relação verbal entre o investigador e a pessoa interrogada”, numa relação direta, face a face.

O público-alvo das entrevistas são os radialistas das emissoras que compõem a amostra das emissoras. É imprescindível que os radialistas que têm o seu horário investigado por meio das observações não-participante e participante sejam entrevistados. Além deles, é importante entrevistar os diretores, coordenadores e pessoas envolvidas na produção do website da emissora, para que tragam não só os dados relativos à produção do áudio, mas também da produção diversificada que ocorre na versão em linha da emissora. Por meio de perguntas devemos buscar dados sobre os indicadores do conceito produção de webrádio (ver tabela 11) e da componente conteúdos mediáticos e presença em linha da dimensão participação através do acesso e descarga de recursos em linha do conceito participação em linha do utilizador (ver tabelas 9 e 10). Os indicadores desta dimensão devem ser obtidos por aqueles que administram o website das emissoras investigadas.

Sugere-se pelo menos duas entrevistas para cada emissora, uma com o locutor e outra com o produtor de conteúdo. A combinação dos depoimentos destes dois profissionais mapeará todo o processo de produção da emissora, desde a linha de frente (a cabine de locução, onde são veiculados a grande maioria dos conteúdos) até o background (a sala de produção, onde são organizados e planeados os conteúdos). Sugere-se para a presente investigação o uso de perguntas abertas, as quais são compreendidas como aquelas em que “as pessoas respondem como querem utilizando o seu próprio vocabulário, fornecendo os pormenores e fazendo os comentários que consideram certos" (Freixo, 2012, p.228). Como vantagem das perguntas abertas, Foddy (1996, p.143) lista que elas

“a) Permitem aos inquiridos expressarem-se através das suas próprias palavras; b) Não sugerem respostas: - Indicam o nível de informação de que os inquiridos dispõem; - Indicam o que é mais relevante no espírito dos inquiridos; - Indicam a intensidade dos sentimentos dos inquiridos; c) Evitam efeitos de formato; d) Permitem identificar complexos quadros de referência e influências motivacionais; (...)"

O objetivo do uso das perguntas abertas é o de expressar os indicadores do modelo de análise, aqueles que só podem ser recolhidos por meio da expressão dos factos daqueles que vivem dentro do universo da temática abordada.

Em relação à amostra dos entrevistados, Ruquoy (2005, p.103) afirma que

"nos estudos qualitativos interroga-se um número limitado de pessoas, pelo que a questão da representatividade, no sentido estatístico do termo, não se coloca. O critério que determina o valor da amostra passa a ser a sua adequação aos objectivos da investigação, tomando como princípio a diversificação das pessoas interrogadas e garantindo que nenhuma situação importante foi esquecida. Nesta óptica, os indivíduos não são escolhidos em função da importância numérica da categoria que representam, mas antes devido ao seu carácter exemplar".

Propõe-se a realização de entrevista de forma presencial, utilizando o tipo de entrevista semidirigida. Sugere-se um mínimo de quatro entrevistas, duas para cada emissora, sendo uma com um locutor da emissora (que está em contato direto com a audiência, seja pela fala, seja pelos recursos digitais visual-verbais) e outra com o produtor (que elabora conceptualmente conteúdos e produz alguns conteúdos, seja de áudio, seja visual-verbal para a Internet). A entrevista com esses dois profissionais envolveria, portanto, os principais expoentes da área de produção de conteúdo da emissora.