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3. A METODOLOGIA DA INVESTIGAÇÃO

3.4. Métodos e técnicas de recolha dos dados

3.4.2. Técnicas de recolha de dados

3.4.2.1. Observação não participante

Freixo (2012, p.224) define a observação não participante como o “tipo de observação em que o investigador permanece fora da realidade a estudar. A observação é assim feita sem que haja interferência ou envolvimento do observador na situação, ou seja, o investigador assume o papel de espetador". A observação não participante engloba dois tipos de observação descritos por Gil (1999, p. 111-116): A

observação simples98 e a sistemática. O primeiro tipo de observação, como o nome

sugere, é realizada de forma simplificada, apenas acompanhando, no tempo, os factos que ocorrem, sendo espontânea, informal e não planeada, coletando dados seguindo– se de análise e interpretação, o que a coloca no plano científico. Ela caracteriza-se por ser pouco sistemática e é recomendada para pesquisas qualitativas sendo não recomendada para estudos que objetivem testar hipóteses ou descrever com detalhes as características de uma população ou de um grupo. O segundo tipo de observação tem como princípio de inserção a utilização de um plano de observação produzido antes da realização das ações de observação e o uso em investigação que tem como objetivo o teste de hipóteses e a descrição rigorosa dos fenômenos observados.

O tipo de registo para estas ações de observação é contínuo, o que é entendido por Martin e Bateson (apud Lee, 2003, p.75) como aquela

“que tem como objetivo produzir um registo rigoroso e fidedigno da frequência e da duração de ocorrência de comportamentos específicos, com indicação precisa do início e do fim do processo. O método permite que tais elementos sejam medidos com precisão e não envolve a perda de informação inevitavelmente associada à amostragem”.

A observação não participante tem como objetivo "a análise de produção social a partir de uma perspectiva externa. [...] Esta forma de observação é essencialmente uma abordagem do terreno a observar[...]. Deve, por isso, ser aplicada principalmente em lugares públicos, onde o número de membros não pode ser limitado ou definido" (Flick, 2013, p.141).

A presente pesquisa inicia a sua metodologia de captação dos dados com os métodos de observação direta. Quivy e Van Campenhoudt (2008, p.181-185) afirmam que a observação é composta por três operações. A primeira é a construção do instrumento de observação, na qual são criadas as grelhas para a observação dos indicadores, contendo o que deve ser observado sobre cada indicador. A segunda é o teste do instrumento de observação, que pode ser, por exemplo, uma observação prática da funcionalidade da grelha de observação antes dela ser executada na pesquisa, para que sejam evitadas imprecisões. A terceira e última é a recolha dos dados.

98 De acordo com Gil (1999, p. 111), a observação simples também é chamada de observação reportagem por apresentar similaridades com técnicas usadas pelos jornalistas.

Na observação do tipo não-participante são verificadas os tipos de postagens feitas e as ações dos radialistas ou da produção da emissora em relação ao estímulo dos diferentes utilizadores que acedem aos recursos de participação online oferecidos pela emissora. O investigador neste caso apenas observa a postagem de outros utilizadores e recolherá os dados das postagens. Neste tipo de recolha de dados o instrumento de observação é o guião de observação, que deve ser construído a partir dos indicadores o qual informa o que será investigado. No caso da presente pesquisa o guião deve ser construído pelo próprio pesquisador, sendo, deste modo, do tipo de produção, baseado nos postulados de De Ketele e Roegiers (1999, p.24). Os indicadores investigados são os da dimensão participação através de postagens visíveis ao radialista do conceito participação em linha do utilizador (ver tabelas 4,5,6,7,8 e 9) e os do conceito produção de webrádio (ver tabelas 10 e 11).

É observado como a rotina de produção se comporta durante o tempo; ou seja, é observado se há mudanças ou manutenção do modo de operacionalização da interatividade com o utilizador e como esta interatividade influi na produção durante o tempo. Este tipo de observação, ao ser aplicado em um tipo de emissão que é constante e que dura o dia inteiro, tem que ser circunscrito a um período de tempo no qual o pesquisador pode observar. Por isso, a observação é restrita a um determinado período, que serve como amostra do que é transmitido pela emissora. Sugere-se um período de algumas horas durante vinte e oito dias para esta observação, o que configura-se em período de quatro semanas99. Caso o conteúdo seja semanal,

sugere-se o período de quatro edições do programa.

As ações para a recolha de informação consiste em acompanhar a emissão de áudio durante um tempo pré-determinado, enquanto também observa os locais virtuais onde os utilizadores postam mensagens para o radialista e onde o radialista responde para os utilizadores. Ao longo desse período sugere-se aplicar a técnica de print screen para capturar o que tem no ecrã a cada mensagem postada, seja do utilizador, seja do radialista. Com esta ação há o registo do conteúdo da postagem e da hora da postagem (que pode ser vista nos dados do ficheiro salvo com as informações contidas no ecrã) e também o tempo de resposta em linha do radialista

99 Uma pesquisa foi feita por Sousa e Rodrigues (2013) utilizando a técnica da observação não participante para investigar as redes sociais da Campina FM, mas com um período de observação menor, de apenas uma semana.

em relação ao estímulo do utilizador. Ao mesmo tempo sugere-se também a gravação da emissão. Com esta ação há o registo das locuções feitas em relação à participação em linha do utilizador e também o tempo de resposta sonora do radialista em relação ao estímulo do utilizador.