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A EMA apresenta o perfil de motivação dos alunos em três categorias: motivação intrínseca (MIN), motivação extrínseca (ME) e amotivação. No entanto, dependendo de como os dados são trabalhados, as categorias MIN e ME podem ser apresentadas cada uma em três subcategorias, sendo elas MIN para saber, MIN para realização, MIN para vivenciar estímulos, ME de regulação identificada, ME de regulação introjetada, ME de regulação externa.

Na Tabela 6.3 apresentamos o perfil de motivação dos alunos do Curso Técnico (C/S) em subcategorias aos ingressantes nos anos de 2016 e 2017.

TABELA 6.3 – Perfil de motivação dos alunos do Curso Técnico Concomitante/Subsequente apresentando a média ( ̅), desvio padrão populacional ( ), o coeficiente alfa de Cronbach ( ) em cada subcategoria da EMA e a quantidade de questionários respondidos (Q).

Motivação TC2016 (Q = 34) TC2017 (Q = 31) ̅ ̅ MIN – saber 6,4 1,0 0,82 6,6 0,7 0,65 MIN – realização 5,9 1,1 0,79 6,3 1,2 0,58 MIN – vivenciar 5,5 1,3 0,56 5,7 1,5 0,32 ME – identificada 6,2 1,0 0,83 6,4 1,1 0,67 ME – introjetada 5,7 1,5 0,66 5,8 1,7 0,67 ME – externa 6,1 1,2 0,46 6,4 1,0 0,81 Amotivação 1,6 1,4 0,39 1,5 1,4 0,35 Fonte: AUTOR.

Podemos compreender o coeficiente alfa de Cronbach da seguinte forma: quanto mais próximo o alfa de Cronbach estiver de 1,00, mais as respostas tendem a um valor. Alternativamente, explicando com exemplos, imagine que na primeira categoria de uma turma qualquer, a grande maioria dos alunos assinalaram o valor 5 e os demais assinalaram os valores 6 ou 4. Assim, o alfa de Cronbach para essa turma será um valor próximo a 1,00. Mas, se as respostas não apresentam uma tendência, o valor do coeficiente poderá se aproximar de zero (0) ou até apresentar valor negativo, mostrando que a média obtida a partir dos valores não é significativa, pois o conjunto de respostas não apresentou uma tendência.

Na Tabela 6.3 as médias de todas as motivações ficaram próximas ou superiores a seis para ambas as turmas, indicando que os alunos desse curso estão

muito motivados em frequentar as aulas no Campus Capivari, já que a escala varia de 1 a 7. Concordando com essa afirmação temos a média da amotivação próximo ou igual a 1,5 em ambas as turmas. Os valores do coeficiente alfa de Cronbach geralmente flutuaram entre 0,50 e 0,80, apesar de apresentarem três valores abaixo de 0,4, na amotivação e na motivação intrínseca para vivenciar (TC2017), indicando que as tendências nessas subcategorias não são tão confiáveis como nas outras, ainda que não seja um valor que possa comprometer o perfil de resposta dos alunos. Isso pode indicar que alguns alunos não estão certos sobre sua motivação intrínseca para vivenciar, ou que alguns alunos divergem bastante dos demais nessa subcategoria. O valor do desvio padrão nessa subcategoria para a turma TC2017 concorda com essa hipótese. É importante notar também que o coeficiente alfa de Cronbach não apresenta correlação com o desvio padrão, sendo possível ser observado na Tabela 6.3, onde há alguns valores com alfa acima de 0,66 que apresentam desvio padrão igual ou superior a 1,5.

Na Tabela 6.4 apresentamos o perfil de motivação dos alunos do Curso Técnico (C/S) em categorias aos ingressantes nos anos de 2016 e 2017.

TABELA 6.4 – Perfil de motivação dos alunos do Curso Técnico Concomitante/Subsequente apresentando a quantidade de questionários (Q), a média ( ̅), desvio padrão populacional ( ) e o coeficiente alfa de Cronbach ( ) em cada categoria da EMA.

Motivação TC2016 (Q = 34) TC2017 (Q = 31) ̅ ̅ Intrínseca 5,9 1,2 0,86 6,2 1,2 0,64 Extrínseca 6,0 1,3 0,69 6,2 1,4 0,77 Amotivação 1,6 1,4 0,39 1,5 1,4 0,35 Fonte: AUTOR.

Com esses resultados confirmamos que o perfil de motivação dos alunos desse curso é alto, no entanto não podemos identificar qual categoria é a que contribui mais com o perfil de motivação pois os valores da motivação intrínseca e da motivação extrínseca estão muito próximos ou iguais dentro da turma, e muito próximos entre as duas turmas. Também é possível perceber que a motivação é reduzida ao longo da permanência dos alunos no curso, mas os valores estão muito próximos, o que pode comprometer essa afirmação.

Na Tabela 6.5 apresentamos o perfil de motivação dos alunos do Curso Integrado em subcategorias e na Tabela 6.6 temos o perfil de motivação em categorias. Em ambas as tabelas apresentamos os ingressantes entre 2016 e 2018.

TABELA 6.5 – Perfil de motivação dos alunos do Curso Técnico Integrado apresentando a média ( ̅), desvio padrão populacional ( ), o coeficiente alfa de Cronbach ( ) em cada subcategoria da EMA e a quantidade de questionários respondidos (Q). Motivação TI2016 (Q = 26) TI2017 (Q = 38) TI2018 (Q = 37) ̅ ̅ ̅ MIN – saber 5,4 1,4 0,92 5,9 1,2 0,82 6,3 1,1 0,84 MIN – realização 5,1 1,5 0,87 5,3 1,5 0,77 5,9 1,4 0,77 MIN – vivenciar 4,1 1,5 0,66 4,7 1,6 0,73 5,3 1,4 0,57 ME – identificada 5,2 1,8 0,89 5,8 1,4 0,73 6,0 1,5 0,56 ME – introjetada 4,6 1,9 0,82 5,1 1,7 0,79 5,6 1,6 0,80 ME – externa 5,3 1,7 0,88 5,7 1,5 0,48 6,0 1,4 0,65 Amotivação 1,4 1,1 0,93 1,5 1,3 0,78 1,4 1,2 0,44 Fonte: AUTOR.

TABELA 6.6 – Perfil de motivação dos alunos do Curso Técnico Integrado apresentando a quantidade de questionários (Q), a média ( ̅), desvio padrão populacional ( ) e o coeficiente alfa de Cronbach ( ) em cada categoria da EMA. Motivação TI2016 (Q = 26) TI2017 (Q = 38) TI2018 (Q = 37) ̅ ̅ ̅ Intrínseca 4,8 1,6 0,93 5,3 1,5 0,88 5,8 1,4 0,86 Extrínseca 5,0 1,8 0,92 5,5 1,6 0,73 5,8 1,5 0,90 Amotivação 1,4 1,1 0,93 1,5 1,3 0,78 1,4 1,2 0,44 Fonte: AUTOR.

Ao compararmos os valores da Tabela 6.5 percebemos bons valores para o coeficiente de Cronbach, sendo muitos acima 0,7; 15 no total, poucos abaixo de 0,5 (apenas dois), permitindo uma boa confiabilidade as médias obtidas. A motivação para frequentar as aulas no Campus Capivari pelos alunos do Curso Técnico Integrado é menor quando comparada com os alunos do Curso Técnico (C/S). Além disso, realmente é possível perceber uma redução no perfil de motivação dos alunos conforme eles permanecem no curso. Isso já foi observado nos dados do Curso Técnico (C/S), mas no Curso Técnico Integrado essa variação foi mais acentuada. Também é possível observar que há uma ordem decrescente

entre as motivações intrínsecas, na seguinte ordem: para saber - para realização - para vivenciar. Esse padrão também está presente na Tabela 6.6. Já na motivação extrínseca, o menor valor tende a ser o de regulação introjetada, enquanto que os valores relacionados à regulação identificada e externa são muito próximas ou iguais, e isso também é observado na Tabela 6.3.

Observando os dados na Tabela 6.6 também percebemos que a motivação no Curso Integrado é menor do que no Curso Técnico (C/S) e que, aparentemente, a motivação decresce conforme a permanência dos alunos no curso. Os valores das médias para a amotivação continuam próximos a 1,5.

Na Tabela 6.7 apresentamos o perfil de motivação dos alunos do Curso de Licenciatura em Química em subcategorias e na Tabela 6.8 temos o perfil de motivação em categorias. Em ambas as tabelas, apresentamos os ingressantes entre 2015 e 2018.

TABELA 6.7 – Perfil de motivação dos alunos do Curso de Licenciatura em Química apresentando a média ( ̅), desvio padrão populacional ( ), o coeficiente alfa de Cronbach ( ) em cada subcategoria da EMA e a quantidade de questionários respondidos (Q). Motivação LQ2015 (Q = 12) LQ2016 (Q = 10) LQ2017 (Q = 9) LQ2018 (Q = 20) ̅ ̅ ̅ ̅ MIN - Saber 6,3 0,9 0,81 6,4 0,8 0,68 6,6 0,6 0,87 6,3 1,0 0,74 MIN - Realizar 5,4 1,3 0,76 5,8 1,2 0,09 6,1 1,2 0,90 5,5 1,5 0,89 MIN - Vivenciar 5,1 1,5 0,42 4,9 0,9 -5,84 5,9 1,1 0,57 5,3 1,7 0,03 ME - Identificada 5,9 1,1 0,96 6,3 1,1 0,25 6,4 1,3 0,23 6,2 1,4 0,57 ME - Introjetada 3,9 1,8 0,76 5,3 1,4 0,49 5,0 1,8 0,57 4,9 1,8 0,72 ME - Externa 5,1 1,3 0,71 5,7 1,1 0,68 5,5 1,3 0,29 5,1 1,9 0,86 Amotivação 1,6 1,2 0,79 1,4 0,8 0,61 1,4 0,8 0,76 1,4 1,0 0,27 Fonte: AUTOR.

TABELA 6.8 – Perfil de motivação dos alunos do Curso de Licenciatura em Química apresentando a média ( ̅), desvio padrão populacional ( ), o coeficiente alfa de Cronbach ( ) em cada categoria da EMA e a quantidade de questionários respondidos (Q). Motivação LQ2015 (Q = 12) LQ2016 (Q = 10) LQ2017 (Q = 9) LQ2018 (Q = 20) ̅ ̅ ̅ ̅ Intrínseca 5,6 1,4 0,77 5,7 1,2 0,16 6,2 1,1 0,87 5,7 1,5 0,83 Extrínseca 5,0 1,6 0,78 5,8 1,3 0,48 5,6 1,6 0,52 5,4 1,8 0,83 Amotivação 1,6 1,2 0,79 1,4 0,8 0,61 1,4 0,8 0,76 1,4 1,0 0,27 Fonte: AUTOR.

Ao observar a Tabela 6.7, um = -5,84 chama a atenção. A primeira hipótese que surgiu foi alguma fórmula incorreta na planilha de cálculo e, após uma verificação, essa hipótese foi descartada. Optamos por observar os dados brutos a procura de algum erro de digitação em algum valor, mas também não observamos nada além dos valores de 1 a 7. No entanto, percebemos que nessa subcategoria (MIN – Vivenciar) havia um questionário com os valores (3, 7, 4, 6), e esse questionário foge do padrão pois os valores observados de um questionário para a mesma subcategoria são geralmente repetidos ou muito próximos, como por exemplo (7, 7, 7, 6), (5, 5, 6, 6) etc. Realizamos um teste para verificar essa hipótese e, ao mudarmos os valores (3, 7, 4, 6) para (7, 7, 6, 6), o coeficiente alfa de Cronbach saltou de -5,84 para 0,46. Assim, acreditamos que valores divergentes de um questionário, em uma subcategoria com uma quantidade pequena de questionários, contribuíram para uma queda significativa nos valores do coeficiente de Cronbach. Outra forma de explicar esse fato é que o desvio padrão das respostas de um questionário para uma subcategoria é em média igual a 0,5 geralmente, mas o desvio padrão do questionário que apresenta as repostas (3, 7, 4, 6) apresenta um desvio padrão de 1,6. Ademais, o desvio padrão da maior parte das respostas para essa subcategoria na turma de 2016 é próximo de 1,0, contribuindo possivelmente para o valor extremo de -5,84. Por isso, talvez as conclusões utilizando as respostas da turma LQ2016 não sejam válidas, pois essa turma apresentou 4 valores de alfa menor que 0,5, sendo um deles próximo a zero (0), além do valor extremo de -5,84. Ainda assim, os dados dessa turma seguem o padrão observado nas outras tabelas, onde se observa uma ordem decrescente no sentido: MIN – para saber / MIN – para realização / MIN – para vivenciar.

Mas, quando analisamos a tendência de reduzir a motivação com a permanência no curso, percebemos que ela não está sendo seguida no Curso de Licenciatura em Química. Devemos levar em consideração que o curso sofreu uma reestruturação quando ocorreu a implantação do projeto de inovação. Assim, há dois grupos distintos de alunos, as turmas de 2015 e 2016, que entraram em um curso tradicional de licenciatura e, no decorrer do curso, ele foi modificado com o projeto de inovação. Já as turmas de 2017 e 2018, foram ingressantes em um Curso de Licenciatura seguindo as metodologias do projeto de inovação. Se levarmos isso em consideração, a tendência a reduzir a motivação com a permanência no curso está sendo respeitada apenas para as turmas que iniciaram em um curso tradicional, ou seja, as turmas de 2015 e 2016. Essa tendência não foi respeitada na subcategoria MIN – para vivenciar, mas como já apresentado, essa subcategoria apresentou um alfa muito abaixo de 0, o que compromete a confiança em sua média. Já para as turmas de 2017 e 2018 observamos uma inversão na tendência de redução de motivação, ou seja, à medida que o aluno permanece no curso, sua motivação aumenta.

Ainda não sabemos como, mas talvez o projeto de inovação esteja afetando a motivação dos alunos de Licenciatura em Química, fazendo com que a motivação não reduza com a permanência no curso, e sim aumente. Essa tendência também é observada na Tabela 6.8. Isso talvez ocorra pelo suporte à necessidade psicológica de autonomia, um dos cernes do próprio projeto de inovação. Em relação à amotivação, ela continua com valores próximos de 1,5 no Curso de Licenciatura em Química, como ocorrido nos demais cursos.

O questionário EMA foi mais utilizado como uma caracterização da amostra, a fim de estudar como estava a motivação dos alunos para frequentar as aulas nos seus respectivos cursos. Sabemos que as principais fonte de dados nesta pesquisa foram as entrevistas semiestruturadas.