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Na Tabela 6.12 apresentamos um recorte da tabela de unitarização e categorização do corpus 2A, turma TI2016. A categoria foi atribuída conforme o contexto da unidade de sentido na resposta do aluno.

TABELA 6.12 – Recorte da tabela de unitarização da turma TI2016, apresentando a unidade de sentido e a categoria em que ela foi enquadrada.

Unidade de sentido Categoria

A gente criar uma coisa, uma ideia, a gente tentar fazer

alguma coisa. Método Investigativo

Compartilhar como o grupo ajudou a resolver o problema. Relacionamento Depois de ter as atividades com você, me ajudou a entender

o que a gente fazia no laboratório. Método Investigativos Quando você pega um roteiro já pronto, perde-se uma parte

da emoção. Método Tradicional

Geralmente você já sabe o resultado. Método Tradicional Ao criar o roteiro você ganha a emoção de descobrir. Método Investigativo Aprendemos a usar novos equipamentos. Competência

Com roteiro é mais fácil. Método Tradicional

O que mais ajudou foi o trabalho em grupo. Relacionamento Mas, devido à correria, estou estudando mais para as

provas marcadas. Competência

O professor também ajudou em algumas dúvidas. Relacionamento Eu comparei os dois cursos (Química e Informática) e

escolhi Química. Autonomia

Eu mesmo decidi qual linha caminhar. Autonomia

Quando você mesmo cria, você pode trilhar outros

caminhos. Autonomia

O erro é bom. Competência

Fonte: AUTOR

6.2.7 – Metatexto 2A

Os alunos indicaram que, ao receberem o roteiro pronto, a prática fica mais fácil e rápida, e também afirmaram que a prática fica mais automática, sem se preocupar com o que estão fazendo, sem muita participação, algo já estabelecido que ele não possa ―fugir muito‖. Desta forma, o objetivo é seguir o procedimento e terminar logo a prática para iniciar prontamente a realização do relatório; é estranho quando um aluno que fez a prática experimental afirma que não participou dela, como se ele tivesse realizado sem estar presente. Isso deve ter relação com a forma

que ele encara o procedimento, é necessário apenas segui-lo de forma mecânica, sem pensar, sem exercer autonomia. Essa forma mecânica de interpretar um roteiro pronto deve ser evitada, conforme a BPNT (RYAN e DECI, 2017). Alguns alunos também indicaram que, ao receber o roteiro, eles não recebem estímulo para pensar. Outros, indicaram que pensam de qualquer forma, mesmo com roteiros prontos, e um aluno afirmou que às vezes até já sabe o que vai acontecer no experimento. Outros, indicaram que perdem a sensação de estarem ―descobrindo algo‖ e assim perde-se também ―parte da emoção‖. Fica claro para os alunos que o laboratório é um local de descobertas, e podemos entender isso como um local para desenvolver competências. Essa é a expectativa dos alunos ao quererem ir ao laboratório para utilizar o que aprenderam anteriormente, na teoria ou em outra prática e desenvolver novas competências. Eles não querem apenas confirmar teorias ao seguir um procedimento desenvolvido pelo professor.

Nesse corpus também foram levantados alguns pontos negativos sobre o MI. Um aluno indicou que a prática experimental seguindo o MI é mais cansativa quando comparada com o método tradicional. Outro, também indicou que o professor não pode responder a todas as perguntas, para forçar o pensamento por parte do próprio aluno. Outro aluno afirmou que é um pouco mais difícil, porém é um método melhor; talvez esse último estivesse afirmando que, mesmo sendo mais difícil quando comparado ao método tradicional, ele facilita a aprendizagem e estimula o pensamento, como observado nos outros metatextos. Outro aluno afirmou que apresentou dificuldades em desenvolver o procedimento por estar no início do curso, e não tem muitos conhecimentos sobre alguns equipamentos e vidrarias no laboratório. Diversos alunos afirmaram que o MI facilitou a aprendizagem e estimulou o pensamento pois, para desenvolver a prática, você tem que pensar e prestar muita atenção; quando desenvolve o roteiro, você pensa mais e entende o que está fazendo, e isso ajuda a escrever o relatório pois realmente compreendeu o que fez no laboratório. Os alunos afirmaram que sentem mais independência, eles seguem o próprio roteiro e ganham a emoção de descobrir; o conceito de autonomia às vezes é confundido com independência, assim percebemos que os alunos tiveram um reforço na autonomia e, ao desenvolver e seguir o próprio roteiro, eles conseguiram desenvolver competências, permitindo a sensação de descoberta. Diversos alunos gostaram e acharam o MI interessante, e um aluno afirmou que a partir dessas atividades ele passou a participar mais das

aulas de laboratório. Um aluno indicou que a etapa mais difícil foi desenvolver o procedimento individual, antes de discutir em grupo. Os pontos positivos do MI podem ser compreendidos, pois permite o suporte às necessidades psicológicas básicas de autonomia e competência, motivando intrinsecamente os alunos, isso de acordo com a CET (RYAN e DECI, 2017).

Nesse corpus, alguns alunos indicaram que antes de iniciar o Curso Integrado eles tiveram que fazer uma escolha entre Química e Informática, as duas áreas de Curso Integrado presente no IFSP – Campus Capivari. Escolher a área por conta própria representa um reforço à necessidade psicológica básica de autonomia, onde não relataram influências externas a essa escolha. Todavia, um aluno indicou que preferia Informática, mas aceitou ouvir a recomendação do pai, escolhendo Química, e atualmente afirma que ―viu que o curso é legal‖. Todos que citaram sobre essa escolha apresentaram que continuam satisfeitos com a decisão tomada inicialmente. A escolha do curso pode ter relação com a motivação intrínseca de continuar estudando no curso, estando isso de acordo com a CET; e o fato de ouvir a recomendação de alguém da família, como o pai, não frustra a necessidade psicológica de autonomia, desde que exista um sentimento de relacionamento entre eles (RYAN e DECI, 2017).

Um aluno indicou que percebeu um possível caminho implícito no material entregue junto com o problema, o que o influenciou, segundo ele, na elaboração do procedimento como um norteador, pois não estava claro como resolver o problema. Esse deveria ser elaborado pelo próprio aluno, individualmente, e depois em grupo, e dessa forma a autonomia dos envolvidos na atividade não foi abalada. Um aluno afirmou que desenvolver o próprio roteiro lhe permitiu ver novas coisas, trilhar outros caminhos, seguindo um que não fora estabelecido por outra pessoa; isso é um indício de que ocorre o reforço da autonomia quando o aluno elabora seu próprio procedimento, motivando-o de forma intrínseca, isso conforme a CET (RYAN e DECI, 2017).

Diversos alunos afirmaram que o trabalho em grupo auxiliou muito na elaboração do procedimento, onde indicaram novamente que escrever o procedimento individualmente foi difícil mas, quando se reuniram, foi possível discutir e decidir um procedimento para resolver o problema.

Os alunos indicaram que nas práticas do MI aprenderam conteúdos e a utilizar novos equipamentos; isso é um indício de que o MI pode dar suporte à

necessidade de competência. Um aluno afirmou que começou a entender mais e a participar mais do laboratório. Outro aluno afirmou que no início do curso os experimentos eram muitos simples, mas mesmo assim eram coisas novas que chamava a atenção. Percebemos nessa afirmação que experimentos muito simples não eram desejados pelo aluno, podendo este ser um indício de que o experimento simples não é interpretado como desafiador e, por isso, o aluno poderá não estar intrinsecamente motivado, isso de acordo com a CET (RYAN e DECI, 2017).

Dois alunos afirmaram que o erro não é algo negativo, pois com ele podemos aprender como não fazer, como não funciona. Alguns alunos relataram que estudam apenas para as atividades marcadas, relatando que já tinham o hábito de estudar bastante, mas devido ao excesso de atividade eles passaram a estudar apenas para as atividades marcadas. Isso não é ruim, pois os alunos indicaram que eles sempre possuem muitas atividades marcadas em diversas disciplinas, ou seja, eles estão sempre estudando para fazer alguma atividade; essa sobrecarga pode servir como motivação ou como amotivação, dependendo de como o aluno interpreta esse excesso de atividades. Caso o aluno perceba como um desafio ótimo, que está próximo de suas habilidades, então haverá motivação. Caso contrário, se o aluno interpretar que esse excesso está acima de suas habilidades, isso pode extinguir completamente a motivação do aluno, isso conforme a CET (RYAN e DECI, 2017). Por isso, o excesso de atividades deve ser muito bem trabalhado pelos professores.

Um aluno indicou que devido ao MI ele precisa estudar mais para errar menos durante a elaboração e execução da aula prática. Dois alunos indicaram que gostavam de Química Geral no início do curso, mas um deles indicou que poderiam ir mais vezes ao laboratório. Um aluno indicou que em TLB os alunos faziam muitas atividades no laboratório, e gostou do MI porque os experimentos ficaram mais complexos. No início utilizavam apenas água, óleo e sal, sempre com roteiros prontos, mas depois do MI os experimentos ficaram mais interessantes; novamente a indicação do desafio ótimo por parte do aluno.

Os alunos que falaram de motivação foram claros em indicar que a motivação foi aumentando conforme seguiam no curso e alguns alunos também afirmaram que a sensação de aprender aumenta a motivação, ou seja, a necessidade psicológica básica de competência está relacionada com a motivação; isso está de acordo com CET (RYAN e DECI, 2017).

Um aluno indicou que aprender conteúdos úteis para o futuro o motiva bastante. O aumento da motivação também foi relacionado com a maior frequência de executar aulas práticas, ou seja, quanto mais participaram das aulas práticas, mais motivados eles se sentiam, no curso e nas aulas. Novamente, há indícios de que o suporte à necessidade de competência está relacionado com a motivação, estando isso de acordo com a CET (RYAN e DECI, 2017).

Um aluno deixou claro que uma das atividades investigativas despertou um interesse nele a ponto de ficar se questionando sobre os conceitos da Química em atividades do cotidiano, como por exemplo aquecer água para fazer um simples café. Um aluno indicou que se sente menos motivado ao utilizar roteiros prontos e outro indicou que a sua motivação aumenta quando ele se surpreende com o curso, e segundo este, o curso ainda o surpreende.