• Nenhum resultado encontrado

4 ESCOLHAS E PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

4.2 Escolha da estratégia de pesquisa: Estudo de caso descritivo

Essa demanda por pesquisas empíricas capazes de se relacionarem com a prática da Administração de Recursos Humanos tem influência direta com as escolhas sobre o tipo de pesquisa a ser realizada. Não se pode menosprezar uma necessidade identificada na área de pesquisa e tampouco se pode ignorar uma aplicação prática para um trabalho acadêmico desenvolvido.

Dessa forma, as escolhas metodológicas da presente pesquisa buscaram atender essas necessidades latentes do campo da Administração de Recursos Humanos. Partiu-se então da premissa de que a escolha do método a ser utilizado numa pesquisa científica requer uma noção inicial da realidade a ser estudada, de modo a caracterizar como o fenômeno ocorre e que abordagem melhor o explicita para que o pesquisador tenha condições de ter uma análise mais completa do fenômeno analisado (MORGAN, 1983). Sabendo então que as escolhas metodológicas devem ser escolhidas conforme as possibilidades que se tem no campo e conforme abordagem que melhor responde as perguntas de pesquisa, o presente estudo dotou- se de opções metodológicas que se julgou mais adequadas para se conseguir dados relevantes da pesquisa empírica. Portanto, segue-se a preposição de Maxwell (2005) de que se deve assegurar que a escolha do método esteja coerente com a pergunta de pesquisa.

Assim sendo, a busca por informações e contextualização da realidade do presente objeto de estudo (CSCs) em relação às suas atividades estratégicas de ARH deve conter um método capaz de identificar elementos teóricos contidos na realidade organizacional dos CSCs. Deve-se levar em conta a realidade do CSC e das atividades de ARH lá realizadas com as respectivas abordagens acadêmicas, para que assim se possa encontrar um método em consonância com a realidade.

Diante disso, é fundamental exaltar a importância em se realizar estudos empíricos sobre o tema. Os estudos de campo relativos aos CSCs são importantes devido ao fato de que o tema lida com grande complexidade de fenômenos e o atual estado da arte do conhecimento sobre CSCs é insuficiente para se explicar por completo o fenômeno, principalmente para se tecer relações causais existentes (JANSSEN; JOHA, 2006). No mais, a escassez de estudos

empíricos sobre os fenômenos dos CSCs faz com que haja um desamparo na natureza e no pano de fundo dos motivos que justificam a implantação e a relações causais dessas centrais (JANSSEN; JOHA, 2006).

Esses elementos descritos que acusam a necessidade de uma pesquisa empírica servem também de alicerces para que o método de pesquisa escolhido seja o estudo de caso. Ele que, segundo Yin (2008), é adequado para a explicação de fenômenos sociais, aos quais se busca entender os “por quês” e os “como” de seu funcionamento. O autor completa ainda que o método é relevante quando a problemática exige uma descrição profunda e extensiva de um fenômeno social.

Tais considerações se reafirmam válidas ao CSC, dado que o fenômeno dos CSCs é característico e demandante de estudos de caso. No mais, trata-se de um fenômeno que não pode ser estudado fora de seu contexto espaço-tempo, específico (JANSSEN; JOHA, 2006). Essa concepção de estudar o CSC sob seu contexto de espaço tempo direciona a pesquisa para a compreensão específica de experiências e casos singulares sobre CSC. No mais, pesquisas com sustentação em estudos de caso realizados em profundidade são importantes para que se consiga ter insights nos verdadeiros motivos que justificam fatores existentes nos CSCs que não são facilmente quantificáveis (JANSSEN; JOHA, 2006).

Além do estudo de caso ser uma estratégia de pesquisa relevante para a compreensão dos CSCs, essa escolha se reforça porque o método é considerado importante para situações que envolvem questões relacionadas à Administração de Recursos Humanos, já que permite o pesquisador coletar dados ricos em informações provenientes das atividades do ambiente de trabalho (BRATTON; GOLD, 2001). Portanto, o estudo de caso se justifica como uma estratégia de pesquisa relevante para o presente estudo porque ao mesmo tempo em que é válida e capaz de servir de intermédio para a compreensão de fenômenos oriundos do CSC, é também importante para se entender questões relacionadas à gestão de RH. Trata-se de uma estratégia de campo capaz de sustentar a intersecção entre as necessidades de pesquisas sobre o CSC e as da área de RH.

Definido que a abordagem metodológica para os CSCs deveria buscar estudos de caso sobre o fenômeno para sua melhor compreensão, o passo seguinte foi escolher o tipo de estudo de caso que deveria ser feito sobre essas centrais. Para Yin (2002), um estudo de caso pode ser realizado sob três abordagens: exploratória; descritiva; explanatória (causal). Joia (2007, p. 128) explica a diferença desses três tipos:

Descritivos – quando o objetivo é basicamente descrever uma situação com profundidade, buscando ilustrar e dar realismo a ela, pela maior quantidade de dados e informações coletadas; Explanatórios – quando se busca explicar o relacionamento entre os vários componentes do caso, tentando avaliá-lo por meio de relações causais; Exploratórios – quando a situação ainda é por demais nova, objetivando gerar hipóteses que possam ser testadas por investigações futuras. (JOIA, 2007, p. 128).

Portanto, dessas perspectivas para a realização de um estudo de caso, optou-se por manter o caráter descritivo da pesquisa. Descritivo porque tem a finalidade de descrever características de um fenômeno, no intuito de se compreender respostas de questões de quem, como, por que, o quê, quando e onde sobre determinado fenômeno (ZIKMUND, 2003). Essa descrição depende da análise e da interpretação do pesquisador, estas que são sustentadas por pré-compreensões, paradigmas e acessos do pesquisador (GUMMESSON, 1999).

Para Yin (1997), um estudo de caso que se propõe ser descritivo deve ter claro: seu propósito de escolha pela descrição; o real alcance das considerações descritivas, entendendo as limitações de uma descrição; os principais tópicos que servirem de essência à descrição devem ser evidenciados. No caso dos CSCs, existe uma necessidade em se descrever o fenômeno sob a ótica da Administração de Recursos Humanos Estratégicos, entende-se que essa descrição é limitante à capacidade do pesquisador em captar, absorver e perceber a realidade dos CSCs e devem se ater aos seis tópicos apresentados no capítulo anterior apontados como temas de análise empírica.