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6.1 Categorias de enquadramento do BNDES nos governos FHC e Lula

6.1.2 O Estado de São Paulo

A coleta de dados do jornal O Estado de São Paulo retornou um total de 858 unidades de registro. Destas, 481 foram referentes ao período de governo FHC e 377, ao governo Lula. A seguir, a tabela com os enquadramentos presentes no jornal de forma geral.

Tabela 10 - Enquadramentos do BNDES no Jornal O Estado de São Paulo

Enquadramentos Nº de matérias Porcentagem

Agente do Governo (AG) 68 6,20%

Agente do mercado financeiro (AMF) 48 4,38%

Atuante Internacionalmente (AI) 15 1,37%

Banco Lucrativo (BL) 12 1,09%

Banco Público no Fornecimento de Crédito (BPFC) 73 6,65%

Captador de Recursos (CR) 28 2,55%

Envolvido em Setor Irregular (ESI) 13 1,19%

Financiador de Investimentos (FI) 199 18,14%

Financiador Social (e MPM) (FS) 11 1,00%

Fomentador da Privatização (FP) 223 20,33%

Formulador/executor de política econômica (FEPE) 112 10,21% Instituição que Necessita de Melhorias (INM) 32 2,92%

Locus de Conhecimento (LC) 119 10,85%

Mitigador de Efeitos do Câmbio/Abertura (MECA) 21 1,91%

Não Lucrativo Financeiramente (NLF) 24 2,19%

Órgão de Poder (OP) 21 1,91%

Participante de Empresa (PE) 17 1,55%

Termômetro da Atividade Econômica (TAE) 27 2,46%

Outros 34 3,10%

Total 1097 100,00%

Fonte: Elaborado pela autora

Dessa forma, como pode ser observado, o enquadramento FP mais uma vez ganha lugar de destaque entre os enquadramentos de todos os períodos, representando sozinho mais de 20% do registro de framings do jornal. Considerando que é muito pouco identificado no período Lula, é possível afirmar que aqui também o papel do Banco no profundo processo de privatização ocorrido no Brasil no período FHC foi de grande importância para a atuação da

Instituição, conforme foi inclusive demonstrado na literatura. Essa importância foi revelada também na imprensa.

O framing FP é seguido por Financiador de Investimentos (FI), Locus de Conhecimento (LC), Formulador/Executor de Políticas Econômicas (FEPE) e Banco Público no Fornecimento de Crédito (BPFC). Estes, somados aos de Agente do Mercado Financeiro (AMF) e Agente do Governo (AG), representam mais de 70% de todos os enquadramentos presentes no jornal.

Para detalhar mais, nos voltemos à configuração dos enquadramentos no periódico em cada um dos governos analisados. A tabela 10 apresenta a distribuição dos enquadramentos no governo de FHC.

Tabela 11 - Enquadramentos no jornal O Estado de São Paulo: período FHC

Enquadramentos Nº de matérias Porcentagem

Agente do Governo (AG) 27 4,41%

Agente do mercado financeiro (AMF) 34 5,56%

Atuante Internacionalmente (AI) 2 0,33%

Banco Lucrativo (BL) 6 0,98%

Banco Público no Fornecimento de Crédito (BPFC) 14 2,29%

Captador de Recursos (CR) 11 1,80%

Envolvido em Setor Irregular (ESI) 8 1,31%

Financiador de Investimentos (FI) 103 16,83%

Financiador social (e MPM) 8 1,31%

Fomentador da Privatização (FP) 222 36,27%

Formulador/executor de política econômica (FEPE) 34 5,56%

Instituição que Necessita de Melhorias (INM) 8 1,31%

Locus de Conhecimento (LC) 65 10,62%

Mitigador de Efeitos do Câmbio/Abertura (MECA) 16 2,61%

Não Lucrativo Financeiramente (NLF) 6 0,98%

Órgão de Poder (OP) 6 0,98%

Participante de empresa 14 2,29%

Termômetro 7 1,14%

Outros 21 3,43%

Total 612 100,00%

Fonte: Elaborado pela autora

Neste caso, o enquadramento de Fomentador da Privatização (FP) aumenta sua participação para mais de 36% dos framings verificados. Os de Financiador de Investimentos (FI), Locus de Conhecimento (LC), Formulador/executor de política econômica (FEPE) e Agente do Mercado Financeiro (AMF) seguem a lista dos mais frequentes. Os cinco são responsáveis por quase 75% dos enquadramentos verificados no período.

Gráfico 5 - Enquadramentos O Estado de São Paulo: período FHC

Fonte: Elaborado pela autora

O gráfico deixa clara a distribuição entre os enquadramentos no período e, ainda, o peso que o processo de privatizações teve na atuação do BNDES nos anos de 1997 a 1999. Em compensação, os framings FEPE, AG e AMF tiveram participação bem menor em relação aos três primeiros.

Quanto ao período do governo Lula, a tabela de configuração dos enquadramentos do jornal O Estado de São Paulo é disposta a seguir.

Tabela 12 - Enquadramentos O Estado de São Paulo: período Lula

Enquadramentos Nº de matérias Porcentagem

Agente do Governo (AG) 41 8,47%

Agente do mercado financeiro (AMF) 14 2,89%

Atuante Internacionalmente (AI) 13 2,69%

Banco Lucrativo (BL) 6 1,24%

Banco Público no Fornecimento de Crédito (BPFC) 59 12,19%

Captador de Recursos (CR) 17 3,51%

Envolvido em Setor Irregular (ESI) 5 1,03%

Financiador de Investimentos (FI) 96 19,83%

Financiador Social (e MPM) (FS) 3 0,62%

Fomentador da Privatização (FP) 1 0,21%

Formulador/executor de política econômica (FEPE) 77 15,91% Instituição que Necessita de Melhorias (INM) 24 4,96%

Locus de Conhecimento (LC) 54 11,16%

Mitigador de Efeitos do Câmbio/Abertura (MECA) 5 1,03%

Não Lucrativo Financeiramente (NLF) 18 3,72%

Órgão de Poder (OP) 15 3,10%

Participante de Empresa (PE) 3 0,62%

Termômetro da Atividade Econômica (TAE) 20 4,13%

Outros 13 2,69%

Total 484 100,00%

Fonte: Elaborado pela autora

Mais uma vez, os enquadramentos mudam sua distribuição em relação ao governo FHC. As privatizações perdem espaço de forma demasiada, e outros enquadramentos ganham mais espaço. Mais uma vez, Financiador de Investimentos (FI) lidera, mas agora por uma diferença bem menor em relação ao segundo colocado do que no caso do período anterior, demonstrando uma divisão mais equilibrada entre os framings no período Lula.

Gráfico 6 - Enquadramentos O Estado de São Paulo: período Lula

Fonte: Elaborado pela autora

A distribuição muda mais uma vez e os framings Financiador de Investimentos (FI) e Formulador/Executor de Política Econômica (FEPE) aumentam de importância, bem como os de Banco Público no Fornecimento de Crédito (BPFC), Agente de Governo (AG) e o Termômetro da Atividade Econômica (TAE), que compõe o grupo dos enquadramentos mais frequentes. Estes cinco mais o enquadramento Locus de Conhecimento (LC), que praticamente mantém a sua frequência, lideram a lista e, juntos, representam mais de 70% dos framings utilizados pelo jornal para tratar o BNDES.

Aqui, destaca-se a ascensão do enquadramento TAE, que é quando as atividades do banco são vistas como forma de revelar tendências sobre o comportamento econômico e a situação do grau de investimento de setores da economia brasileira. Este enquadramento quadriplicou em termos proporcionais em relação ao período anterior, o que revela que o jornal deu uma interpretação maior aos balanços de atuação e falas dos dirigentes da do BNDES.

Neste sentido, o quadro abaixo traz os framings de maior peso proporcional no jornal nos dois governos analisados.

Quadro 11 - Enquadramentos mais frequentes O Estado de São Paulo por governo

Período FHC Período Lula

Fomentador da Privatização (FP) Financiador de Investimentos (FI) Locus de Conhecimento (LC)

Formulador/executor de política econômica (FEPE)

Agente do Mercado Financeiro (AMF)

Financiador de Investimentos (FI) Formulador/Executor de Política Econômica (FEPE)

Locus de Conhecimento (LC)

Banco Público no Fornecimento de Crédito (BPFC)

Agente de Governo (AG)

Termômetro da Atividade Econômica (TAE) Fonte: Elaborado pela autora

A partir dessa disposição, é possível depreender que cinco enquadramentos mais frequentes no jornal nos anos de 1997 a 1999 são responsáveis por 74,8% de todos os framings verificados no período no veículo. No caso do período que vai de 2007 a 2009, uma fatia de pouco mais de 71% é dividida pelos seis enquadramentos mais frequentes.

Os enquadramentos mais frequentes comuns aos dois períodos analisados foram FI, FEPE e LC. AMF e FP só é destaque no período FHC, enquanto BPFC, AG e TAE são diferenças do período Lula em relação ao anterior.