• Nenhum resultado encontrado

6.1 Categorias de enquadramento do BNDES nos governos FHC e Lula

6.1.3 O Globo

A coleta do jornal O Globo retornou em 747 unidades de registro. Quanto ao período do governo FHC, foram 446 matérias e do governo Lula, 301 matérias. De forma geral, a presença dos enquadramentos no jornal se deram da seguinte maneira:

Tabela 13 - Enquadramentos do BNDES no jornal O Globo

Enquadramentos Nº de matérias Porcentagem

Agente do Governo (AG) 131 12,69%

Agente do mercado financeiro (AMF) 46 4,46%

Atuante Internacionalmente (AI) 10 0,97%

Banco Lucrativo (BL) 5 0,48%

Banco Público no Fornecimento de Crédito (BPFC) 30 2,91%

Captador de Recursos (CR) 24 2,33%

Envolvido em Setor Irregular (ESI) 20 1,94%

Financiador de Investimentos (FI) 184 17,83%

Financiador Social e MPM (FS) 31 3,00%

Fomentador da Privatização (FP) 243 23,55%

Formulador/executor de política econômica (FEPE) 68 6,59% Instituição que Necessita de Melhorias (INM) 11 1,07%

Locus de Conhecimento (LC) 77 7,46%

Mitigador de Efeitos do Câmbio/Abertura (MECA) 60 5,81%

Não Lucrativo Financeiramente (NLF) 28 2,71%

Órgão de Poder (OP) 12 1,16%

Participante de Empresa (PE) 25 2,42%

Termômetro da Atividade Econômica (TAE) 9 0,87%

Outros 18 1,74%

Total 1032 100,00%

Fonte: Elaborado pela autora

Os framings mais frequentes nos seis anos de análise foram, em ordem decrescente, Fomentador da Privatização (FP), Financiador de Investimentos (FI) e Agente do Governo (AG), os únicos que ultrapassaram 10% em participação em relação ao total de enquadramentos presentes no jornal. As privatizações exercem grande influência nessa distribuição, considerando-se também que o processo foi um dos mais marcantes na economia brasileira no período analisado. A forma de se tratar o BNDES foi também influenciada pelo papel da Instituição na desestatização ocorrida no governo FHC.

Sobre o período FHC, a tabela a seguir traz a configuração dos enquadramentos das matérias do jornal O Globo de 1997 a 1999.

Tabela 14 - Enquadramentos O Globo: período FHC

Enquadramentos Nº de matérias Porcentagem

Agente do Governo (AG) 75 12,18%

Agente do mercado financeiro (AMF) 33 5,36%

Atuante Internacionalmente (AI) 1 0,16%

Banco Lucrativo (BL) 3 0,49%

Banco Público no Fornecimento de Crédito (BPFC) 2 0,32%

Captador de Recursos (CR) 13 2,11%

Envolvido em Setor Irregular (ESI) 3 0,49%

Financiador de Investimentos (FI) 85 13,80%

Financiador Social e de MPM (FS) 23 3,73%

Fomentador da Privatização (FP) 241 39,12%

Formulador/executor de política econômica (FEPE) 32 5,19%

Instituição que Necessita de Melhorias (INM) 4 0,65%

Locus de Conhecimento (LC) 45 7,31%

Mitigador de Efeitos do Câmbio/Abertura (MECA) 16 2,60%

Não Lucrativo Financeiramente (NLF) 6 0,97%

Órgão de Poder (OP) 5 0,81%

Participante de Empresa (PE) 17 2,76%

Termômetro da Atividade Econômica (TAE) 3 0,49%

Outros 9 1,46%

Total 616 100,00%

Fonte: Elaborado pela autora

Como se pode depreender da tabela, o framing FP é responsável por quase 40% de todos os enquadramentos verificados no governo FHC. O peso dele é tão importante que chega a ser refletido na proporção geral apresentada na tabela 12. O enquadramento é seguido por Financiador de Investimentos (FI), Agente do Governo (AG), Locus de Conhecimento (LC) e Agente do Mercado Financeiro (AMF). Estes cinco enquadramentos representam mais de 75% do total de enquadramentos identificados nas matérias do jornal O Globo.

A representação em forma gráfica permite a visualização mais precisa desta concentração de framings no material coletado do periódico no período do governo FHC. O Gráfico 7 traz essa representação.

Gráfico 7 - Enquadramentos O Globo: período FHC

Fonte: Elaborado pela autora

A partir dessa concentração nesses cinco enquadramentos é possível aferir que o tratamento do jornal O Globo ao BNDES no período do governo FHC se deu de forma majoritária na atuação da instituição no extenso processo de privatização que o país viveu na época, e, de forma secundária, ao seu papel em financiamentos e como instrumento do governo. Quanto ao período de 2007 a 2009, é possível notar uma distribuição mais equilibrada dos enquadramentos verificados na análise. A seguir, a Tabela 15 traz como os framings se deram no período.

Tabela 15 - Enquadramentos O Globo: período Lula

Enquadramentos Nº de matérias Porcentagem

Agente do Governo (AG) 56 13,49%

Agente do mercado financeiro (AMF) 13 3,13%

Atuante Internacionalmente (AI) 9 2,17%

Banco Lucrativo (BL) 2 0,48%

Banco Público no Fornecimento de Crédito (BPFC) 28 6,75%

Captador de Recursos (CR) 11 2,65%

Envolvido em Setor Irregular (ESI) 17 4,10%

Financiador de Investimentos (FI) 99 23,86%

Financiador Social e de MPM (FS) 8 1,93%

Fomentador da Privatização (FP) 2 0,48%

Formulador/executor de política econômica (FEPE) 36 8,67%

Instituição que Necessita de Melhorias (INM) 7 1,69%

Locus de Conhecimento (LC) 32 7,71%

Mitigador de Efeitos do Câmbio/Abertura (MECA) 44 10,60%

Não Lucrativo Financeiramente (NLF) 22 5,30%

Órgão de Poder (OP) 7 1,69%

Participante de Empresa (PE) 7 1,69%

Termômetro da Atividade Econômica (TAE) 6 1,45%

Outros 9 2,17%

TOTAL 415 100,00%

Fonte: Elaborado pela autora

A partir desses dados, é possível depreender que o enquadramento mais presente no jornal no período do governo Lula foi Financiador de Investimentos (FI), que correspondeu a quase 24% de todos os framings verificados no período. Ademais, também é possível denotar um maior equilíbrio entre os enquadramentos que lideram a lista.

O gráfico a seguir retrata a distribuição entre os enquadramentos verificados no período de 2007 a 2009 no jornal O Globo.

Gráfico 8 - Enquadramentos O Globo: período Lula

Fonte: Elaborado pela autora

Além do FI, os enquadramentos mais frequentes no período do governo Lula foram Agente do Governo (AG), Mitigador de Efeitos do Câmbio/Abertura (MECA), Formulador/Executor de Política Econômica (FEPE), Locus de Conhecimento (LC), Banco Público no Fornecimento de Crédito (BPFC) e Não Lucrativo Financeiramente (NLF). Estes sete enquadramentos correspondem a pouco mais de 75% de todos os framings apontados no período em tela.

Como se pode perceber, o enquadramento MECA aparece como o terceiro mais frequente do período, passando de 2,6% no governo FHC a 10,6%, no período Lula. O enquadramento FP diminui a menos de 1% e outros enquadramentos se destacam, como BPFC e NLF. Este último mais do que quintuplica a proporção de aparecimento, passando de 0,97% a 5,3%.

Neste sentido, o quadro abaixo aponta os enquadramentos mais frequentes dos dois períodos.

Quadro 12 - Enquadramentos mais frequentes O Globo

Período FHC Período Lula

Fomentador da Privatização (FP) Financiador de Investimentos (FI) Agente do Governo (AG)

Locus de Conhecimento (LC)

Agente do Governo (AG)

Mitigador de Efeitos do Câmbio/Abertura (MECA) Formulador/Executor de Política Econômica (FEPE) Locus de Conhecimento (LC)

Banco Público no Fornecimento de Crédito (BPFC) Não Lucrativo Financeiramente (NLF)

Os enquadramentos FP e AMF só estão presentes como mais frequentes no período FHC. Os cinco enquadramentos representam 77,8% dos framings do período. Já os enquadramentos FI, AG e LC ganham mais peso no período Lula e são os mais frequentes. O framings MECA, FEPE e NLF já estão entre os mais frequentes do período Lula, mas não têm peso significativo no período FHC. No caso do segundo período analisado, são necessários sete enquadramentos para representar um total de 76,4% dos enquadramentos do período. Isso revela uma distribuição mais equilibrada entre as formas de tratar o Banco, mas também um aumento da complexidade tanto da atuação da Instituição como do trabalho jornalístico.

A seguir, serão realizadas algumas comparações e inferências sobre os resultados da análise apresentados nesta seção.