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As diretrizes da radiodifusão nos Estados Unidos foram estabelecidas pelo Communication Act em 1934. Esta legislação criou, conforme relatado ante- riormente, a Federal Communication Comission (FCC) – entidade composta por cinco comissões, cujos dirigentes são indicados pelo presidente dos Estados Unidos e aprovados pelo Senado. Para ser membro da FCC é necessário ser cidadão norte-americano, não ter interesse fi nanceiro em empresas de comuni- cação e exercer o cargo em regime de dedicação integral.

A FCC tem como competência regulamentar as comunicações por rádio, televisão, Internet, satélite e a cabo, concedendo licenças de rádio e televisão, renovando-as e eventualmente cassando-as. Cabe ainda à FCC a supervisão do correto uso das estações, além do monitoramento de questões acerca do conteúdo transmitido. Não é da alçada da FCC a administração da parte do espectro utilizada para a comunicação dos vários departamentos e órgãos civis e militares do governo federal, cabendo à National Telecommunications and Information Adminis- tration esse controle. Por outro lado, as questões relativas ao poder econômico e à prevenção de formação de cartéis fi cam sob responsabilidade da Federal Trade Commission.

As licenças são concedidas por um prazo de oito anos para quaisquer serviços de radiodifusão e a FCC tem uma política de expectativa de renovação. Se o concessionário prestou um serviço que atendeu à conveniência, à necessidade e ao interesse público e não incorreu em violações sérias – prestar declarações falsas, fraudar contas – difi cilmente não terá sua licença renovada

Vale observar que os processos de renovação e de cassação têm forte partici- pação popular, prevista em lei. Qualquer indivíduo pode escrever à Comis- são apresentando uma queixa com relação à emissora. E, além disso, conta ainda com a possibilidade de apresentar uma petition to deny, ou seja, razões de mérito público para que aquela licença não seja renovada ou para que seja cassada.

O Estado norte-americano encontra nos pressupostos de ampla liberdade de ex- pressão e na do “mercado de idéias”5 o caminho para garantir a multiplicidade e

diversidade na área de radiodifusão. Para obter êxito nessa tarefa, são aplicadas três políticas diversas. A primeira procura fomentar o “localismo”, dando prefe- rência aos proprietários que estejam engajados na gerência da estação e conhe- çam os problemas e interesses locais. A segunda impõe limites à propriedade e ao controle dos meios de comunicação de massa, evitando a concentração econômica no setor. E por fi m, a terceira estratégia tem por objetivo limitar a infl uência predatória da programação das redes nacionais no contexto geral da radiodifusão.

O interessado em obter licença deve, entre outras características, ser cidadão norte-americano, demonstrar honestidade, ter capacidade fi nanceira de cons-

5. O conceito de market place of ideas envolve o entendimento de que a verdade e o interesse pú- blico são amplamente benefi ciados em função da competição das mais diversas idéias e dos mais variados assuntos, por mais impopulares que possam ser.

truir e de manter sua emissora por 90 dias e demonstrar que é capaz de cum- prir as exigências técnicas impostas pela FCC.

O Telecommunications Act, de 1996, proíbe, por exemplo, que uma emissora de televisão aberta possua ou controle uma rede de televisão a cabo na mesma área de difusão. Restringe também a possibilidade de que um determinado grupo econômico possua ou controle ao mesmo tempo um jornal e uma emis- sora de rádio ou televisão na mesma localidade. A partir dessa regra, o mesmo grupo econômico pode controlar no país 24 emissoras de televisão, 30 emis- soras de rádio AM e 30 emissoras de rádio FM. Além disso, qualquer rede de televisão está proibida de atingir audiência maior que 35% do total nacional. Há ainda limites de propriedade de estações de rádio por pessoa ou entidade. Não existe, por outro lado, proibição de propriedade cruzada no que se refere à tevê a cabo. Ou seja, operadores desse serviço podem ter jornais impressos ou prestar o mesmo serviço por outra empresa na mesma localidade, sendo permitida também a concentração de propriedade dos canais à cabo para as redes de tevê.

A atividade das redes é controlada de maneira a propiciar um relacionamento saudável entre as afi liadas, garantir um aproveitamento igualitário e proporcio- nal do horário nobre, assegurando que produções realizadas internamente pela rede não ultrapassem 40% da programação.

FRANÇA

A regulação do setor conta com três atores principais: o Governo, que dese- nha as políticas de radiodifusão; o Parlamento, que aprova leis e controla o fi nanciamento das emissoras públicas; e o Conséil Supérieur de l’Audiovisuel (CSA), autoridade administrativa independente. Criada em 1989, o CSA tem como atribuições assegurar a igualdade de tratamento, a independência e a imparcialidade da radiodifusão, o pluralismo, a liberdade de concorrência, o monitoramento da qualidade dos programas e o desenvolvimento de cultura audiovisual baseada na língua francesa.

Cabe ainda ao Conselho proceder às concessões e autorizações para a explora- ção do serviço de radiodifusão. É esse órgão que controla o cumprimento das obrigações legais previstas para o setor, embora não possua poder mais amplo de regulamentação. Entretanto, pode estabelecer regras e recomendações e, além disso, é freqüentemente consultado pelos órgãos legislativos, a Assem- bléia Nacional e o Senado.

Em caso de inobservância das obrigações legais, é o CSA que aplica as sanções às empresas – desde advertência até a cassação da concessão ou autorização, passando pela suspensão e multa. Ressalta-se que o poder de sanção aos canais públicos só passou a ser previsto a partir de 1994.

A França possui uma legislação rigorosa no que tange à concentração dos ve- ículos de comunicação social. Há restrições no plano regional e local. Além disso, uma mesma pessoa ou grupo de pessoas está proibido de acumular mais de duas das seguintes situações:

• Ser titular de uma ou mais autorizações relativas ao serviço de televisão aberta. • Ser titular de uma ou mais autorizações relativas ao serviço de radiodifusão so- nora que permitam atingir uma população de 30 milhões de pessoas.

• Ser titular de uma ou mais autorizações de áudio e vídeo que permitam atingir uma população de 6 milhões de habitantes.

• Publicar ou controlar uma ou mais publicações cotidianas de informação políti- ca ou geral que representem mais de 20% do mercado nacional de publicações de mesma natureza.

No que se refere especifi camente à televisão aberta, a lei francesa proíbe ainda a qualquer pessoa ou grupo de pessoas acumular:

• Duas concessões de canais de televisão aberta nacional ou um canal nacional e outro regional ou local.

• Mais de duas autorizações para a exploração de serviço de televisão por satélite. • Autorizações de exploração de canais de televisão que atinjam uma população superior a 6 milhões de habitantes.

• Duas autorizações que permitam a cada uma explorar um canal de televisão aberta, mas atingindo, total ou parcialmente, uma mesma zona geográfi ca. A publicidade é também rigidamente controlada no país, seguindo padrões esta- belecidos pela União Européia.

HOLANDA

O sistema de radiodifusão televisiva do país é inteiramente público sem, no en- tanto, ser estatal. As concessões são dadas a associações de ouvintes e telespecta- dores e são custeadas pelo pagamento de taxas pelos proprietários de aparelhos de televisão. Recentemente, aceitou-se a inclusão de publicidade na programação, sendo esta rigorosamente controlada.

As transmissões são divididas entre as associações civis, em proporção direta ao seu número de associados. As rádios funcionam praticamente nos mesmos mol- des que a televisão, porém existem emissoras controladas pela iniciativa privada.

JAPÃO

As concessões de radiodifusão são outorgadas às empresas por três anos, renová- veis, desde que sirvam ao interesse público, mediante o cumprimento de critérios rigidamente defi nidos em lei.

A principal representante do setor público é a Nippon Hoso Kyokai (NHK) que detém cinco canais de televisão e três de rádio, todos de alcance nacional. Além disso, ela provê serviço de transmissão internacional e de rádio e televisão por Internet. As estações privadas têm a incumbência das transmissões de alcance re- gional e não podem transmitir nacionalmente. O setor público é em parte fi nan- ciado pelo pagamento de taxas pelos proprietários de aparelhos de tevê, sendo vedada a publicidade. Já as empresas privadas podem veicular publicidade dentro do limite de 18% do tempo total de transmissão.

No documento Mídia e políticas públicas de comunicação (páginas 105-108)