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NOTICIÁRIOS TELEVISIVOS E OS LAYOUTS INFORMATIVOS

20 Tecnologia 21 Religião

2.4. EVOLUÇÃO E TENDÊNCIA NOS NOTICIÁRIOS TELEVISIVOS

2.4.1. ESTRATÉGIAS MULTIPLATAFORMA

Com o aparecimento da internet e posteriormente com a massificação dos media sociais, o consumo de informação alterou-se, e com isso, os hábitos de consumo também sofreram modificações. O conceito de cultura de convergência introduzido por Jenkins (2006), explica precisamente as mudanças existentes no consumo de conteúdos por parte dos indivíduos. A convergência e integração dos media tradicionais com os media digitais (e vice-versa), permitiu aos utilizadores destes serviços consumirem e interagirem com a informação de modos diferentes e complementares (ERC, 2015). Através desta convergência e integração dos diversos media noticiosos, a informação deixou de ser transmitida através de um só formato, combinando-o com outros códigos comunicativos (Canelas, 2011). É desse ponto de vista que os noticiários televisivos se têm vindo a adaptar, tendo uma presença noutros formatos, aproveitando para tal as novas tecnologias para se diferenciarem e continuarem a captar as suas audiências, quer na televisão quer nos outros formatos, como é o caso da internet. A questão da multiplataforma, e a possibilidade do telespectador ter a possibilidade de visualizar e aceder à informação, quando quer e onde quer (Jenkins, 2006), tem vindo a ser explorado por parte dos produtores de conteúdos.

As questões da audiência, sobretudo as suas fragmentações, assumem um papel determinante nas escolhas que os noticiários televisivos têm vindo a fazer. As três principais estações televisivas portuguesas (RTP, SIC e TVI) perceberam esse fenómeno e têm a sua presença noutras plataformas. Um bom exemplo dessa estratégia multiplataforma é o caso da “RTP Play”19. Com este serviço, o utilizador/telespectador tem a possibilidade de visualizar os diversos conteúdos nos diversos dispositivos digitais (tablets, smartphones e PC), bem como personalizar e interagir com uma variedade de conteúdos disponibilizados. A televisão deixou de estar isolado na transmissão de conteúdos, compartilhando essa função com outras plataformas digitais (Cádima, 2010).

“canais de televisão deixaram de estar circunscritos a este media, procurando expandir-se nos media digitais: seja online, via aplicações e redes sociais, no cenário atual de convergência mediática”

(Lamas, 2013, p. 33).

Outro excelente exemplo de estratégia multiplataforma foi lançado também pela RTP no decorrer do ano de 2014. Em inícios de 2014 a RTP apostou numa nova aplicação, intitulada de 5i20. Esta aplicação, tem como principal propósito a participação ativa dos telespectadores, através de um telemóvel ou tablet. Esta nova aplicação poderá ser utilizada em vários tipos de programas, onde estão incluídos os programas de informação. Assim, o fenómeno multiplataforma pode ser bastante atrativo para as novas gerações, uma vez que são estas que se sentem mais predispostas a consumir televisão de uma outra forma, onde a televisão não é o único elemento a que estes focam toda a sua atenção, partilhando-o com outras tarefas ou dispositivos. São estas gerações que se podem tornar nos novos “protagonistas de uma nova forma de ver televisão, que é cada vez mais multitarefa” (Sobral, 2012, p. 154).

19 http://www.rtp.pt/play/, 8/8/2014 20 http://media.rtp.pt/blogs/5i/, 8/8/2014

Um outro fenómeno multiplataforma que deve ser referido diz respeito à crescente importância das redes sociais nos noticiários televisivos. A utilização das redes sociais por parte das estações televisivas, tem permitido aos utilizadores enviarem conteúdos, que por vezes são mostrados nos noticiários. Um exemplo prático desse uso diz respeito à utilização de vídeos amadores. Em notícias de última hora as equipas de reportagem por vezes não conseguem chegar a tempo ao local do acontecimento, e graças aos conteúdos fornecidos pelos utilizadores nas redes sociais é possível retratar mais rapidamente esse acontecimento.

Além deste fenómeno, a presença de algumas estações televisivas nas redes sociais, mais concretamente no facebook (ex. RTP21), tem servido também para que estas utilizem as redes sociais para a publicação de notícias. Estas notícias ao serem colocadas numa rede social tendem a gerar comentários por parte dos utilizadores, influenciando assim a forma como vão ser consumidos aqueles conteúdos por parte de quem os lê. As redes sociais tornam-se assim um excelente exemplo de participação dos utilizadores nos conteúdos informativos, abandonando estes uma postura de recetores passivos de informação noticiosa, e assumindo um papel de criadores e disseminadores de conteúdos.

Estas estratégias multiplataforma não vieram só revolucionar os conteúdos informativos e os respetivos suportes onde podem ser apresentados, tendo também um papel relevante nas próprias redações e na procura de informação por parte dos jornalistas. Por exemplo, os conteúdos disponibilizados na Internet, e a sua difusão, são já uma importante fonte de informação para os jornalistas, tendo modificado alguns hábitos na obtenção de informação. Os jornalistas mantêm-se agora mais tempo nas redações do que no exterior (Dias, 2010). Além disso, a relação entre as estações e as respetivas audiências apresentam nos dias de hoje novos meios de comunicação. Enquanto que anteriormente, e antes do aparecimento da internet, essa relação era feita primordialmente por carta ou telefone, hoje em dia essa comunicação e/ou feedback é feita através do envio de emails, mas também através da participação nas diversas plataformas digitais fornecidas pelas estações televisivas, bem como através dos comentários diretos às notícias existentes nessas plataformas (Dias, 2010).

Hoje, o que define um media informativo não é já o corpo redactorial, mas os nós, as ligações, as interações entre redatores, sistema/aplicações e fontes/produsers - é nesse “entreato”, nessa rede

real/virtual que tudo está a acontecer. (Cádima, 2015, p. 89)

O aspeto multiplataforma tem possibilitado o consumo de conteúdos informativos nos mais diversos suportes tecnológicos, como se pode comprovar a partir do relatório “Públicos e Consumos de Média” (ERC, 2015). Devido às diferentes audiências presentes, quer nos media tradicionais quer nos media digitais, é necessário que esses conteúdos sirvam o propósito dessas audiências em particular (Sobral, 2012). Acima de tudo é importante que os produtores adaptem os conteúdos informativos aos diferentes suportes para que a experiência do utilizador seja a mais eficaz e eficiente possível. É então necessário que as estações televisivas criem novas estratégias comunicativas, dependendo das plataformas onde os conteúdos informativos irão ser exibidos.

2.4.2. VISUALIZAÇÃO DE NOTICIÁRIOS TELEVISIVOS EM DIFERENTES