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Aplicação do Instrumento de Pesquisa do MLC

• O instrumento de pesquisa do MLC (TFI) o TFI e sua tradução

• Procedimentos metodológicos o População e Amostra • Resultados

Estudo Ilustrativo

Esta parte do trabalho é dedicada à descrição do estudo ilustrativo desenvolvido durante a pesquisa e análise do MLC, em que se aplicou o instrumento de pesquisa desenvolvido por R&M, o TFI (Team Factors Inventory) traduzido para o português, com os proprietários-gerentes das empresas das incubadoras tecnológicas do Paraná.

Iniciaremos apresentando o TFI e sua estrutura. Em seqüência serão descritos os procedimentos metodológicos utilizados na aplicação do TFI e sua tradução para a língua portuguesa, bem como a população e amostra em que se constituiu a coleta dos dados.

Por fim, serão discutidos os resultados encontrados, relacionando-se os sete fatores de equipes criativas com cinco variáveis, liderança transacional, liderança transformacional, performance criativa, produtividade e gerenciamento do conhecimento.

O instrumento de pesquisa do MLC (TFI)

O TFI, “Teams Factor Inventory”, constitui-se de um questionário de auto- avaliação que compreende 36 afirmativas que procuram medir, em uma escala de 5 pontos de Likert, os sete fatores de liderança criativa e cinco variáveis, sendo três afirmativas para cada fator e variável. As afirmações contidas no TFI foram desenvolvidas a partir de discussões com alunos de MBA de diferentes culturas que selecionaram três afirmações para cada fator (Rickards, Chen & Moger, 2001: 244).

Uma afirmativa nula foi adicionada no início do TFI com o propósito de evitar algum vício no processo de resposta. As 36 afirmativas foram distribuídas aleatoriamente na folha de respostas, com exceção da afirmativa nula, e estão relacionadas na tabela 3, logo abaixo, associadas aos seus respectivos fatores e variáveis.

Tabela 3 – Itens do TFI e suas correspondências com os fatores e as variáveis.

Fator / Variável Nr Pergunta

Nulo 01 Eu tenho experiência pessoal sobre a forma como esta equipe trabalha.

19 Membros da equipe têm um bom entendimento das crenças e pressupostos de cada um.

27 Membros da equipe têm um bom entendimento de suas diferenças pessoais. Plataforma de

Entendimento (P.E.)

35 Membros da equipe têm um bom entendimento das necessidades pessoais de cada um.

06 Membros da equipe têm uma visão compartilhada das futuras realizações da equipe.

07 Membros da equipe têm um claro senso de propósito compartilhado. Visão

Compartilhada

(V.C.) 13 Membros da equipe têm uma visão clara para onde a equipe está indo.

26 Membros da equipe confiam uns nos outros.

32 A atmosfera da equipe é acolhedora. Clima (CLI.)

36 Membros da equipe apóiam uns nos outros.

16 A equipe recupera suas forças após quaisquer obstáculos em seus planos.

20 Membros da equipe se unem para lidar com problemas inesperados. Resiliência (RES.)

34 A equipe se recupera bem de frustrações.

02 Membros da equipe preocupam-se com o sucesso de novas idéias.

04 Membros da equipe desejam assumir responsabilidade para fazer novas idéias daremcerto.

Idéias Próprias (P.ID.)

09 Membros da equipe estão comprometidos em fazer novas idéias darem certo.

17 Membros da equipe usam contatos pessoais para ajudar a equipe de diversas maneiras.

21 Membros da equipe contatam pessoas de fora para acrescentar às idéias da equipe. Ativação em Rede

(AT.R.)

23 Membros da equipe têm contatos fora da equipe que são úteis.

14 A equipe é boa em aprender através da discussão de seus comportamentos.

15 Membros da equipe discutem construtivamente quando as coisas saem erradas. Aprendizado Vindo

da Experiência

(AP.E.) 33 A equipe é boa em aprender através de seus erros.

03 A liderança da equipe tende a ser motivadora.

12 A liderança da equipe tende a ser criativa. Liderança

Transformacional

(TRF.) 30 A liderança da equipe tende a ser inspiradora.

05 A liderança da equipe concentra-se em corrigir erros.

10 A liderança da equipe tende a ser orientada a resultados. Liderança

Transacional (TRA.)

25 A liderança da equipe concentra-se no monitoramento de progressos.

18 A equipe é criativa.

22 A equipe é imaginativa no trabalho. Criatividade

(CRIA.)

31 A equipe freqüentemente sugere boas idéias.

08 A equipe é bem sucedida em atingir seus padrões de desempenho.

29 A equipe é produtiva. Produtividade

(PROD.)

37 A equipe produz produtos ou serviços de boa qualidade para seus consumidores.

11 A equipe produz conhecimento que não existia antes da equipe ser formada.

24 A equipe é preocupada com o gerenciamento do conhecimento. Gerenciamento do

Conhecimento

(CON.) 28 A equipe está envolvida em criar conhecimento para a organização.

A tradução do TFI para o português ocorreu através do processo de back translation de Craig & Douglas (2000). Esse método de tradução compreende a tradução do instrumento original para o idioma alvo, por uma pessoa nativa na língua alvo, e sua re- tradução para o idioma original por outra pessoa nativa na língua original. São comparados os resultados das traduções na língua original e, se necessário, refina-se o mesmo processo até que o instrumento resultante contenha o mesmo significado.

Procedimentos metodológicos

A aplicação dos questionários aconteceu no mês de Julho de 2001 e foi realizada diretamente com os proprietários-gerentes das empresas incubadas nesse período. As folhas contendo os questionários (ver Anexo III) foram entregues e respondidas pelos sócios- gerentes dessas empresas durante o mesmo período, o que permitiu com que questionários rasurados ou incompletos pudessem ser reaplicados.

Em conjunto com o TFI foi aplicado um outro instrumento de pesquisa para a mensuração de um índice empreendedorismo que não foi utilizado neste estudo

População e Amostra

Os dados foram coletados de uma população total de 5452 empresas das 9 incubadoras tecnológicas do Paraná. Entre as empresas que fizeram parte da população em questão estão as empresas: pré-incubadas, incubadas e graduadas.

Empresas pré-incubadas são aquelas empresas que residem em uma incubadora mas que ainda não são juridicamente constituídas como empresas. Em geral, empresas pré- incubadas estão iniciando suas atividade e ainda não possuem produtos à venda. As

52 Este número (54) refere-se ao total de empresas incubadas e graduadas que compunham a população atual

de empresas das Incubadoras do Paraná na data em que foram aplicados os questionários. Atualmente, segundo informações da REPARTE (2001), o Paraná conta com 9 incubadoras, num total de 71 empresas residentes e 37 graduadas.

empresas incubadas são aquelas que residem na incubadora e já são juridicamente constituídas. As empresas graduadas são aquelas que já passaram pela incubadora e geralmente têm seus produtos ou serviços a disposição no mercado.

As incubadoras tecnológicas do Paraná estão distribuídas em todo o Estado entre as cidades de Foz do Iguaçu, Pato Branco, Cascavel, Maringá, Londrina (duas incubadoras), São Mateus do Sul e Curitiba (duas incubadoras). Normalmente, as incubadoras localizam- se associadas a universidades ou institutos de tecnologia, com exceção das incubadoras de Cascavel que se situa em um Parque Industrial e da incubadora de São Mateus do Sul que se localiza dentro da Petrobrás, tendo seus projetos limitados ao uso de subprodutos do xisto.

Da população total de 54 empresas, foram coletados um total de 73 questionários de 38 empresas visitadas, uma média de 1,92 questionários por empresa. A tabela 4 a seguir mostra o número de questionários coletados por incubadora, e número de empresas visitadas na respectiva incubadora. A incubadora de número 5 estava fechada, durante o período em que foram aplicados os questionários e por isso não foi visitada.

Tabela 4– Localização e quantidade de empresas e pessoas pesquisadas

Incubadoras Empresas Respondentes

1 9 21 2 6 13 3 3 3 4 2 3 5 - - 6 10 17 7 3 9 8 3 4 9 2 3 Total 38 73

Resultados da aplicação do TFI

A tabela 5 abaixo demonstra as médias gerais e o desvio padrão para os fatores de liderança criativa observados pelos respondentes. A tabela 6 demonstra as médias gerais e o desvio padrão para as variáveis. As médias contidas em ambas as tabelas foram agrupadas das três afirmativas correspondentes na folha de respostas, tanto para as variáveis quanto para os fatores, assim como o desvio padrão.

Tabela 5 – Média e Desvio Padrão Gerais Obtidos dos Sete Fatores

Fatores Média Desv. Pad.

Plataforma de Entendimento (P.E.) 3,89 0,66

Visão Compartilhada (V.C.) 3,88 0,68

Clima (CLI.) 4,23 0,60

Resiliência (RES.) 4,05 0,60

Idéias Próprias (P.ID.) 4,24 0,59

Ativação em Rede (AT.R.) 4,07 0,75

Aprendizado Vindo da Experiência (AP.E.) 4,03 0,68

Tabela 6 – Média e Desvio Padrão Gerais Obtidos das Cinco Variáveis

Variáveis Média Desv. Pad.

Liderança Transformacional (TRF.) 4,14 0,58

Liderança Transacional (TRA.) 3,61 0,74

Criatividade (CRIA.) 4,20 0,55

Produtividade (PROD.) 4,27 0,50

Gerenciamento do Conhecimento (CON.) 4,27 0,58

A figura 12 abaixo demonstra em um gráfico de teia as médias gerais obtidas nos fatores de liderança criativa, e a figura 13 as médias obtidas nas variáveis. Este tipo de gráfico foi empregado por R&M em seu trabalho com equipes criativas porque facilita a visualização da pontuação obtida.

Figura 12 – Gráfico de Teia da Média Geral dos Sete Fatores

Figura 13 – Gráfico de Teia da Média Geral das Cinco Variáveis

Média Geral dos Sete Fatores

4,24 4,07 4,03 3,89 3,88 4,23 4,05 P.E. V.C. CLI. RES. P.ID. AT.R AP.E

Média Geral das Variáveis

4,20 4,27 4,27 4,14 3,61 TRF TRA CRIA PROD CON

A tabela 7 abaixo relaciona a correlação entre os sete fatores de liderança criativa e as cinco variáveis medidas e a tabela 8 a correlação entre as variáveis. Os valores marcado em negrito em ambas as tabelas são estatisticamente significantes para um p < 0,05, ou seja, para um nível de confiabilidade de 95%.

Tabela 7 – Correlação obtida entre os Sete Fatores e as Cinco variáveis

Variáveis

TRF TRA CRIA PROD CON

P.E. 0,08 0,17 0,12 0,46 0,28 V.C. 0,13 0,32 0,26 0,38 0,37 CLI. 0,36 0,20 0,40 0,60 0,34 RES. 0,29 0,23 0,41 0,51 0,31 P.ID. 0,38 0,12 0,47 0,50 0,33 AT.R. 0,15 0,12 0,45 0,26 0,21 Fator es AP.E. 0,29 0,13 0,42 0,48 0,15

Como pode ser observado na tabela acima, a maioria dos fatores de liderança criativa correlacionaram-se em maior grau com a liderança transformacional (CLI. 0,36; RES. 0,29; P.ID. 0,38 e AP.E. 0,29), com exceção da Visão Compartilhada (V.C. 0,13), que correlacionou-se mais fortemente com a liderança transacional (V.C. 0,32), e da Resiliência (RES. 0,23), que correlacionou com ambas.

Ainda sobre a tabela 7, observa-se que, em geral, a variável da produtividade obteve maior correlação com os fatores de liderança criativa, seguido pela variável da criatividade e por último do conhecimento.

Tabela 8 - Correlação obtida entre as Cinco variáveis

Variáveis

TRF TRA CRIA PROD

TRF - - - - TRA 0,18 - - - CRIA 0,44 0,27 - - PROD 0,22 0,12 0,21 - Variáv eis CON 0,31 0,35 0,24 0,27

Sobre a tabela 8, observa-se que variável da criatividade correlacionou-se em maior grau com a variável da liderança transformacional do que com a variável da liderança transacional. A variável do conhecimento correlacionou-se positivamente com todas as demais variáveis. A correlação da variável produtividade com as outras variáveis não foi estatisticamente significante.

Discussão

As tabelas 5 e 6, que apresentam as médias gerais obtidas pelos respondentes, mostram que todos valores são superiores a 3 e, de fato, acima da média da escala (2,5) com quase todos os valores aproximando-se de 4. O desvio padrão apresentado não foi superior a um ponto, o que pode sugerir que os valores inferiores para os fatores e as variáveis não foram, em geral, inferiores à média do instrumento.

As altas pontuações nos fatores de liderança criativa e nas variáveis pode sugerir que houve uma tendência dos respondentes em super-avaliarem suas equipes de trabalho, devido ao fato da maioria dos respondentes serem proprietários-gerentes e possivelmente não representarem a maioria das opiniões sobre a equipe. Desta forma, conclui-se que estudos subseqüentes deverão dar maior atenção para o papel do respondente nas equipes criativas, considerando que há uma forte tendência dos líderes de equipes em super-

avaliarem sua liderança, e procurar obter respostas de um número maior de membros por equipe pesquisada.

Sobre a aplicação do TFI, sugere-se que este tipo de instrumento de auto-avaliação possa ser empregado não apenas como uma ferramenta para diagnóstico organizacional, mas também com um instrumento para auxiliar processos de aprendizado em equipes de trabalho. Os gráficos de teia apresentados nas figuras 12 e 13, por exemplo, facilitam o processo de visualização da pontuação obtida pela equipe em cada fator e em cada variável, e poderiam servir de base para a discussão dos fatores a serem melhorados pela equipe.

As correlações obtidas entre as variáveis e os fatores de liderança criativa, que são apresentadas nas tabelas 7 e 8, indicam que os respondentes, ao avaliarem o estilo de liderança predominante, tenderam a liderança transformacional, como era de se esperar. Existem algumas exceções para essa afirmação, como no caso do fator visão compartilhada, que se correlacionou mais fortemente com a liderança transacional (V.C. 0,32), e do fator resiliência (RES. 0,23), que correlacionou com ambas.

Conclui-se, a partir destas exceções, que a liderança transacional também pode auxiliar processos de liderança criativa, o que pode ser observado pela correlação entre as variáveis criatividade, liderança transacional e transformacional na tabela 8. Ainda sobre a liderança transacional, não pode ser afirmado pelo estudo ilustrativo que ela se opõe à performance criativa uma vez que não foi observado correlação negativa.

Por fim, é importante lembrar das limitações deste estudo ilustrativo, que se trata de uma primeira incursão do TFI, de língua inglesa, na língua portuguesa e no Brasil, portanto, sujeita a problemas de tradução e adaptação à cultura brasileira. Este estudo não procurou a validação do TFI para a língua portuguesa, uma vez que não foi seu objetivo principal, mas, sobre a validação dos dados incluídos aqui, maiores informações podem ser encontrados no

trabalho de Inácio Jr. (2002), que apresentou um estudo mais detalhado sobre os dados obtidos nesta pesquisa.

Anexo II – TFI versão em língua inglesa