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Estudos sobre o impacto e os efeitos da avaliação externa de escolas no desenvolvimento organizacional das escolas e nas práticas profissionais

Capítulo I Problemática da Investigação

1. Avaliação externa de escolas

1.4. Estudos empíricos sobre a avaliação externa de escolas em Portugal

1.4.3. Estudos sobre o impacto e os efeitos da avaliação externa de escolas no desenvolvimento organizacional das escolas e nas práticas profissionais

Para avaliar o impacto da avaliação externa na aprendizagem profissional e organizacional das UG intervencionadas pela IGE, na área da Delegação Regional do Centro, durante o ano letivo 2006/2007, Lopes (2010) realizou uma investigação que incidiu sobre as ações de melhoria efetuadas pelas UG intervencionadas pela IGE, visando a superação das debilidades indicadas nos relatórios de avaliação externa, bem como sobre os resultados

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provindos dessas ações. Nos casos em que as UG não realizaram quaisquer ações de melhoria, a investigadora propôs-se a determinar os motivos dessa letargia.

Constituíram a amostra deste estudo, 13 das 19 escolas intervencionadas pelas equipas de avaliação externa no período de análise.

Após categorizar as debilidades enunciadas nos relatórios da avaliação externa de cada UG, através da análise de conteúdo, a investigadora concluiu que todas as UG evidenciaram esforços e procuraram atuar de forma ajustada com a exigência das situações, providenciando as medidas que consideraram necessárias para superar as debilidades apontadas. Em termos de números, a investigadora constatou que para as 54 fragilidades referenciadas na amostra foram empreendidas 81 ações de melhoria.

A autora verificou que 10 das 13 escolas participantes no estudo consideraram que a utilidade atribuída à avaliação externa de escolas se prende com o facto de possibilitar a melhoria e o aperfeiçoamento do desempenho das mesmas, através da explicitação dos seus pontos fracos, concluindo, a investigadora, a existência de aprendizagem profissional e organizacional dos sujeitos e das instituições envolvidas na avaliação externa de escolas levada a cabo pela IGE.

Relativamente aos dados provenientes das medidas levadas a cabo pelas UG, a investigadora averiguou que se registaram melhorias em cada uma das categorias de debilidades, definidas aquando da análise do conteúdo dos relatórios da IGE, salientando os resultados positivos relativos à ação pedagógica e ao trabalho colaborativo entre os docentes, com consequências nos resultados académicos, onde se verificou um aumento da taxa de sucesso relativamente a anos transatos.

O estudo de natureza qualitativa realizado por Domingos (2010) procurou avaliar o impacto decorrente da aplicação pela IGE do programa de avaliação externa de escolas, implementado desde 2006, procurando identificar efeitos da avaliação externa de escolas ao nível do desenvolvimento organizacional e da melhoria da qualidade do processo de ensino/ aprendizagem.

Esta investigação baseou-se, fundamentalmente, na auscultação das opiniões dos docentes de um agrupamento de escolas intervencionado no âmbito do referido programa, através de um questionário aplicado a todos os seus docentes (n=57), de uma entrevista ao Diretor da instituição, bem como na análise documental dos documentos internos do

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agrupamento de escolas (projecto educativo e plano de melhoria) e do relatório da avaliação externa produzido pela IGE.

Tendo em consideração o objetivo do estudo, a investigadora concluiu que a avaliação externa de escolas produziu mudanças em algumas práticas do agrupamento visado, direcionando-o para o desenvolvimento de uma lógica construtiva, tendo em vista a sua melhoria a vários níveis, nomeadamente no que se refere aos resultados dos alunos.

A investigadora considerou que o impacto da avaliação externa de escolas, neste agrupamento, foi positivo, pois a partir dos seus resultados foram repensadas estratégias, tendo ficado impressa uma mudança de vontade e de melhoria, consubstanciada pela implementação da autoavaliação. Além disso, após a avaliação externa, foi elaborado um plano de melhoria onde se definiram novas medidas para o agrupamento, tendo sido dada especial atenção aos pontos fracos apontados no relatório da IGE. Estas medidas passaram também a constar como metas no projeto educativo do agrupamento.

Com um estudo realizado através de análise documental e inquérito por questionário, Caldas (2011) pretendeu avaliar o impacto da avaliação externa de escolas numa instituição escolar do norte de Portugal, bem como as vantagens e desvantagens resultantes dessa avaliação em termos organizacionais e quais as implicações daí resultantes.

Os resultados deste estudo revelaram concordância entre os dados de opinião e os dados documentais produzidos pela escola. Relativamente aos dados de opinião, a investigadora concluiu que houve impactos e efeitos positivos ao nível prestação de serviço educativo, verificando-se também um maior dinamismo, por parte da escola, após a avaliação externa, no sentido de envolver a comunidade educativa no processo de avaliação interna, tendo como objetivo a melhoria da qualidade da escola. A análise dos dados documentais referentes à autoavaliação da escola, produzidos após a emissão do primeiro relatório de avaliação externa da escola, reiterou a opinião dos professores, quanto à preocupação dos principais atores educativos no que se refere à melhoria da qualidade da escola.

A investigação de Freitas (2012) incidiu nas mudanças provocadas nas práticas de decisão curricular ao nível da sequencialidade, planificação, metodologia e avaliação, decorrentes da avaliação externa.

Utilizando uma metodologia de natureza quantitativa, a investigadora realizou um inquérito por questionário a 119 docentes de um agrupamento de escolas do norte de Portugal.

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Após a análise dos resultados, a autora concluiu que, dos efeitos mais visíveis da avaliação externa nas escolas, entre os professores, é a crescente preocupação, ao longo dos anos, por implementar uma cultura de partilha e de trabalho em parceria entre os diferentes departamentos e docentes. Referiu, também, a mudança nas práticas dos professores ao nível de estratégias e metodologias utilizadas, com o objetivo de responder às necessidades dos alunos e de contribuir para o seu sucesso. A investigadora salientou que a avaliação externa de escolas tem contribuído para um aperfeiçoamento do trabalho docente, devido à crescente preocupação pela obtenção de bons resultados nas provas de avaliação externa.

O estudo de Costa (2013) procurou aferir o impacto e efeitos da avaliação externa de escolas nas estruturas intermédias de gestão, optando por uma abordagem mista (qualitativa e quantitativa), através de inquérito por entrevista a coordenadores de departamento (n=6), grupo focal, inquérito por questionário a docentes (n=52) e análise documental.

Segundo a investigadora, os dados recolhidos neste estudo parecem indicar uma concordância dos participantes para as potencialidades do modelo de avaliação externa, assim como uma aceitação dos aspetos que trouxeram alterações efetivas a nível organizacional. Contudo, a nível curricular e pedagógico, ficou patente que, embora tendo algum impacto, os efeitos da avaliação externa de escolas são ainda insipientes, apesar de, do decorrer da sua implementação, se verificar a existência de um maior número de dinâmicas ao nível da gestão intermédia.

A investigadora concluiu ainda que os efeitos da avaliação externa de escolas se constatam sobretudo a nível organizacional, com a alteração de hábitos e procedimentos, havendo, contudo, dualidade de respostas: se por um lado os entrevistados afirmaram que a avaliação externa de escolas tem desempenhado um papel importante na consolidação da autoavaliação, por outro lado, como docentes, consideram que o que fazem agora já era igualmente realizado antes da implementação da avaliação externa.

No que se refere aos efeitos da avaliação externa de escolas ao nível curricular, a investigadora concluiu que os inquiridos têm alguma dificuldade em relacionar esta avaliação com a alteração de procedimentos sobretudo no que se refere à organização de atividades conjuntas, à planificação das atividades letivas e ao trabalho colaborativo.

No que diz respeito às práticas pedagógicas, a investigadora concluiu que, em consequência da avaliação externa de escolas, os docentes participantes no estudo passaram a valorizar mais os resultados dos alunos, bem como a pressão que a sociedade exerce sobre os

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professores para a obtenção de melhores resultados escolares. Importa ainda referir que, deste estudo se concluiu que os docentes participantes consideram que a avaliação externa de escolas não tem tido qualquer impacto ao nível das suas práticas na sala de aula.

Recorrendo a uma abordagem de natureza qualitativa, através de entrevistas a Diretores dos Conservatórios (n=6) e da análise documental dos relatórios da avaliação externa, elaborados no primeiro ciclo (2006-2011) da avaliação externa, Marques (2013) investigou sobre os impactos e efeitos da avaliação externa de escolas nos Conservatórios de Música, ao nível organizacional, curricular e pedagógico, bem como sobre as perceções de Diretores de Conservatórios, sobre a avaliação externa de escolas.

Segundo a investigadora, a avaliação externa de escolas teve efeito direto sobre o processo de reorganização interna dos Conservatórios, exigindo a todos os atores os mesmos procedimentos, visando uma uniformização e impondo a necessidade destas escolas efetuarem a autoavaliação e autorreflexão.

Ao nível das práticas pedagógicas do ensino especializado da música, avaliação externa não tem tido qualquer impacto, ficando apenas no campo administrativo, sem um efeito direto nas salas de aula. Contudo, a leitura do relatório da avaliação externa de escolas teve bastante impacto dentro dos Conservatórios, promovendo momentos de reflexão, partilha e discussão entre a comunidade educativa, principalmente entre os professores e coordenadores, considerando o relatório como uma ferramenta importante para o crescimento e valorização da instituição. Posteriormente a estes momentos, todos os Conservatórios prosseguiram com a realização de um plano de melhoria para a escola, criando ou apoiando de forma diferente as equipas de autoavaliação.

Deste estudo concluiu-se, ainda, que o impacto da avaliação externa de escolas na comunidade educativa afeta aos Conservatórios não foi significativo.

1.4.4. Estudos sobre o impacto e os efeitos da avaliação externa de escolas nas

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