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Capítulo I Problemática da Investigação

1. Avaliação externa de escolas

1.3. Pareceres, recomendações e relatórios sobre a avaliação externa de escolas em Portugal

1.3.2. Parecer n.º3/2010 do CNE

Em 2010, o CNE emitiu novo parecer acerca do programa de avaliação externa de escolas – Parecer n.º3/2010 – abrangendo a avaliação realizada nos anos letivos 2007/2008 e 2008/2009. Para a emissão deste documento foram realizadas audições específicas a diretores e a autarcas, bem como a representantes de associações de pais e encarregados de educação. Este parecer referiu-se, ainda, às recomendações do anterior, avaliando a sua evolução.

Uma das primeiras considerações deste parecer, foi a não inclusão das escolas do ensino particular e cooperativo na avaliação externa de escolas, facto constitutivo de uma limitação das potencialidades do processo, questionando as vantagens da separação destes dois universos que, nalguns territórios, integram a mesma rede, na Carta Educativa.

No que diz respeito à visibilidade do programa de avaliação externa de escolas, o CNE considerou que este continuou a não ter concretizado a sua principal função de fornecer quer aos utentes diretos da escola (alunos e encarregados de educação), quer aos utentes indiretos (comunidade local), elementos que lhes permitissem fazer uma leitura clara da qualidade das escolas, no sentido de orientar escolhas e intervenções.

No que se refere ao modelo da avaliação externa de escolas, o CNE observou que aquele continuou a não considerar os pontos de partida específicos das diversas escolas, o que estava a impossibilitar conhecer a evolução produzida em cada uma, assim como, nem sempre

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distinguia os aspetos que, sendo identificados como fragilidades, eram da responsabilidade da administração educativa central ou local.

O mesmo parecer considerou ainda limitada a participação dos representantes do poder local, estando desaproveitados os Conselhos Municipais de Educação. Destacou, também, o deficiente papel das autarquias no que concerne aos resultados da avaliação externa de escolas e às ações subsequentes.

O envolvimento dos encarregados de educação e das Associações de Pais na avaliação externa de escolas e na vida escolar em geral, continuou também insuficiente, na opinião do mesmo conselho.

No que à divulgação de resultados diz respeito, e dado que estes interessam de forma particular à comunidade em que está inserida a escola, o CNE foi de opinião que os órgãos de comunicação social regionais e locais podiam assumir um papel fundamental na disseminação da informação decorrente da avaliação externa de escolas.

Quanto à evolução do processo, foi considerado que a avaliação externa de escolas em Portugal não se revestia da externalidade desejável por ser coordenada por uma entidade do sistema educativo, a então IGE, preferindo caracterizá-la como uma “avaliação mista” (CNE, 2010, p.5).

Na opinião deste conselho, o impacto da avaliação externa de escolas tinha sido, até então, eminentemente interno, conduzindo à correção de situações problemáticas detetadas, pelo que se considera fundamental o desenvolvimento dos processos de autoavaliação. Porém, o CNE observou que a administração educativa não tem asseverado condições para a concretização dos planos de melhoria, não tendo, por isso, a avaliação das escolas, a devida sequência e efeitos desejáveis.

Ao efetuar uma análise da evolução do modelo de avaliação externa de escolas, relativa às questões que, no Parecer n.º5/2008, foram apreciadas de forma menos positiva e, portanto, sugeridas como alvo de ações de melhoria, o CNE constatou que, muitas delas, continuaram a verificar-se, nomeadamente:

 falta de clarificação dos objetivos da avaliação externa de escolas, por parte da IGE;

 relação entre os resultados da avaliação externa de escolas e as percentagens máximas definidas para a atribuição das menções de excelente e muito bom na avaliação dos professores;

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existência de redundância dos factores analisados, resultando da sua fixação a priori;

 insuficiência na explicitação dos padrões de medida;

 o tempo dedicado à visita às escolas, que continuou aquém das necessidades, não permitindo, em alguns casos, a visita a todas as escolas que constituem um agrupamento, conforme sugestão anterior do CNE;

 ausência de uniformidade no que se refere à observação de aulas, não para avaliar formalmente as mesmas, mas para sentir o ambiente que aí se vive, o que constitui um problema de equidade entre escolas;

 forma de organização do contraditório e ausência de mecanismos de recursos;

 falta de expectativas, por parte das instituições, quanto ao que decorre após a avaliação, no que se refere a eventuais apoios e à conquista de mais autonomia;

 no que se refere ao “valor acrescentado”, mantêm-se lacunas significativas na produção e disponibilização da informação necessária que permita conhecer o ponto de partida das escolas e compará-lo com os resultados alcançados;

 falta de apoio às escolas para a realização da sua autoavaliação e preparação da avaliação externa de escolas;

 falta de informação disponibilizada pela IGE, quanto à realização de formação específica por parte dos avaliadores.

Perante as apreciações e constatações referidas anteriormente, o CNE sugeriu:

 ampliação dos mecanismos de auscultação, no sentido de garantir uma maior representatividade e um olhar completo da realidade das escolas, através da promoção de estratégias que apoiem uma participação mais eficiente das autarquias, um maior envolvimento dos pais e a aferição da opinião e grau de satisfação dos alunos;

 apresentação presencial às escolas e outros parceiros, do relatório elaborado pela IGE, com a presença de elementos das estruturas regionais e locais do ME, com responsabilidades no apoio e acompanhamento da implementação dos planos de melhoria ;

 adoção de processos que garantam a divulgação efetiva da informação final do processo de avaliação das escolas a todos os encarregados de educação;

 adequação do tempo de duração das visitas às especificidades das escolas (dispersão geográfica, número de escolas agrupadas, número de alunos);

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 entroncamento do processo de avaliação externa de escolas na celebração de contratos de autonomia;

 aperfeiçoamento dos mecanismos de apoio e acompanhamento, por parte das estruturas intermédias do ME, no que se refere concretização do plano de melhoria;

 melhoramento dos sistemas de recolha, tratamento e disponibilização de informação essencial para a avaliação e gestão das escolas.

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