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INDÚSTRIA TÊXTIL FIBRAS E FILAMENTOS

2- Médias por empresa nos segmentos

2.5.4 Etapa Produtiva de Beneficiamento

Esta é a etapa final de produção dentro do segmento da indústria têxtil, no qual se tem um conjunto de diferentes operações que visam beneficiar o tecido cru e conferir-lhe melhores características finais em termos de durabilidade, conforto, aspecto visual, enfim, proporcionar o enobrecimento do tecido para que o mesmo possa ser manufaturado nas etapas seguintes de corte e costura.

As operações de acabamento dos tecidos crus, realizadas durante a etapa de beneficiamento, podem ser classificadas como primária, secundária ou terciária. No primeiro momento, durante o acabamento primário, através de processos técnicos específicos, objetiva- se a remoção das impurezas decorrentes das etapas produtivas precedentes. No acabamento secundário, ocorrem as operações de tingimento e estampagem para diferenciar os tecidos em relação às cores e aos desenhos do produto final. Por fim, no acabamento terciário, são executadas as atividades por meio de tecnologias específicas que procuram agregar ao produto têxtil estabilidade dimensional, características especiais, etc (Braga Jr. e Hemais,1999 apud CHEREM, 2004, p.62).

As operações de acabamento primárias ou processos de pré-tratamento, conforme definidas por Heywood (2003 apud CHEREM, 2004, p. 63), constituem-se das atividades de limpeza das impurezas, como óleos e aditivos utilizados nas etapas anteriores de produção. No caso de artigos de malhas, os fios podem ainda conter ceras ou parafinas utilizadas a fim de reduzir o desgaste das máquinas devido ao atrito. A operação de limpeza das malhas de algodão é chamada de purga ou cozinhamento, quando os artigos têm a eliminação das impurezas pela lavação, em processo técnico específico. Durante a etapa de pré-tratamento dos tecidos, pode-se ainda incluir a operação de alvejamento, cuja finalidade é apresentar

tecidos sem cor aos olhos humanos, ou mesmo proporcionar um branqueamento adicional pelas técnicas e aplicação de produtos específicos.

Dentro da atividade de acabamento secundário, são realizadas as operações de tingimento e estampagem. A operação de tingimento tem por objetivo mudar a cor do tecido com a aplicação de produtos químicos capazes de combinações estáveis com as moléculas da fibra têxtil e, portanto, resultar em uma modificação física e química do substrato têxtil de forma que a luz refletida crie uma percepção diferenciada de cor para quem vê o produto. Em outras palavras, pela utilização de corantes químicos, em processo técnicos específicos, pode- se conferir ao artigo têxtil uma coloração específica.

De acordo com as características desejadas do produto final, podem ser usados alguns processos produtivos diferentes para o tingimento, mas que têm em comum a característica quanto ao processo de tingimento pela imersão do material têxtil em banho de corantes, trabalhando-se com o conceito de bateladas de produção. Isto significa dizer que, um determinado lote de produção, com tamanhos que variam de acordo com a capacidade dos equipamentos utilizados, permanecem, pelo tempo necessário, em processamento dentro do equipamento. Este tipo de produção não permite uma inspeção de qualidade simultânea à produção, como pode ser feito nas etapas de tecelagem e malharia, haja vista que somente ao final do processo o lote poderá ser inspecionado, porém, problemas de qualidade durante o tingimento geram grandes perdas em retrabalho.

Os processos produtivos mais utilizados para o tingimento em escala, segundo Cherem (2004), podem ser divididos em:

• Processos contínuos: são aqueles em que devido o banho de impregnação conter, corantes químicos, estes ficam estacionados enquanto o substrato têxtil passa de forma contínua por ele, o tecido é espremido mecanicamente e fixado por calor seco ou a vapor ou ainda por repouso prolongado;

• Processos por esgotamento: neste tipo de processo, os corantes são deslocados do banho para o substrato têxtil. Há contato constante entre corantes e substratos pela movimentação de um deles ou dos dois.

Em relação ao equipamento utilizado para a operação de tingimento, têm-se diferentes tipos que podem ser usados e depende da forma física dos materiais têxteis a serem tingidos. Podem-se tingir os fios anteriormente ao processo de tecelagem e, portanto, permitir, por exemplo, a obtenção de tecidos listrados devido ao uso de fios de diferentes cores durante o

processo de tecelagem. Pode-se também tingir diretamente o tecido cru e obter uma cor homogênea para todo lote de produção, ou ainda, pode-se tingir até mesmo as peças já confeccionadas a fim de se obter versatilidade de cores e padrões.

No caso do tingimento de fios, faz-se uso dos equipamentos denominados de autoclave. Já para o tingimento de tecidos prontos, convém separar os equipamentos em função do processo produtivo adotado, em processos contínuos, adota-se equipamento do tipo

foulard, constituído por um reservatório que contém de dois a três rolos espremedores. Em processos por esgotamento, há as barcas nas quais os tecidos circulam no banho de corante dentro do equipamento. Para o tingimento de malhas circulares, os maquinários mais utilizados são os jets.

É importante destacar que, em função de características específicas dos equipamentos utilizados, tais como limites máximo e mínimo dos volumes de ocupação do equipamento, assim como, particularidades técnicas dos próprios materiais têxteis a serem tingidos, como incompatibilidade de tingimento conjunto de materiais diferentes em função dos tipos de fios utilizados, surgem sérias barreiras técnicas para a consolidação dos lotes de produção nesta etapa produtiva.

Ainda durante a etapa de beneficiamento dos materiais têxteis, há uma série de outros processos de acabamento que visam proceder ao melhoramento de certas propriedades dos materiais, tais como: estabilidade dimensional, caimento, brilho, maciez, amarrotamento, resistência e aspecto final. Heywood (2003, apud CHEREM, 2004, p.70) apresenta a seguinte subdivisão dos processos de acabamento:

• Químico: são aplicados aos materiais têxteis produtos químicos que ao reagirem com as fibras, promovem alterações nas propriedades químicas e físicas dos mesmos;

• Mecânico: as propriedades dos materiais têxteis são alteradas em função da ação mecânica exercida por equipamentos específicos;

Dentre as demais etapas de acabamento, após o tingimento, podem-se destacar os seguintes processos de acabamento mecânico cujo objetivo final é proceder o relaxamento mecânico dos tecidos:

• Hidroextração: tem por objetivo proporcionar ao tecido uma pré-secagem, amaciamento e pré-encolhimento. O efeito de hidroextração na pré-secagem é obtido por espremagem entre cilindros, centrifugação ou ainda aspiração.

• Secagem: Os equipamentos de Rama e Secador tumbler, que trabalham o processo de secagem por convecção, se apresentam como os mais significativos para esta operação;

• Compactação: visa promover o encolhimento dos tecidos no sentido do comprimento. A calandra de compactação ou as compactadeiras agulhadas são os equipamentos mais utilizados. Nesta fase, são obtidos todos os parâmetros desejáveis do tecido, em termos físicos, de largura, gramatura e percentual de encolhimento e;

• Enobrecimentos físicos: englobam diferentes acabamentos finais que visam ampliar o valor agregado dos produtos. Dentre os mais utilizados, pode-se destacar a flanelagem e a lixagem, ambos voltados para a criação do efeito de toque tipo flanela ou “pele de pêssego”, diferenciando-se apenas na forma de obtenção dos efeitos desejados.

Finalizados os processos de beneficiamento dos artigos têxteis, o fluxo normal dentro da cadeia produtiva, conforme apresentado na Figura 2.4, tem-se o segmento da indústria da confecção e o vestuário como a etapa final de todo o processo produtivo de artigos têxteis. Esta etapa foge ao escopo deste trabalho nesta revisão, portanto, não serão apresentadas as particularidades existentes neste segmento da cadeia produtiva têxtil.