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INDÚSTRIA TÊXTIL FIBRAS E FILAMENTOS

2- Médias por empresa nos segmentos

2.5.1 Etapa Produtiva de Fiação

Após a produção das fibras e filamentos fornecidos pelo segmento anterior, tem-se o processamento destes pelos processos industriais específicos ao tipo de fibra utilizada, para produção dos vários tipos de fios, quais sejam:

• Fios naturais; • Fios sintéticos; • Fios artificiais.

As fibras naturais são obtidas a partir do beneficiamento de produtos de origem mineral (amianto), vegetal (algodão, linho, rami, etc) e animal (seda e lã).

As fibras sintéticas derivam de subprodutos do petróleo e dão origem a fios como poliéster, náilon, acrílico e propileno. Cada vez mais recorre-se à mistura de fibras naturais e artificiais durante a etapa de fiação, para assim, possibilitar a produção de fios mistos utilizados na diversificação de produtos finais (Garcia, 1994).

Já as fibras artificiais são obtidas via processo de regeneração da celulose natural, na qual o polímero de celulose é diluído em solução aquosa alcalina e posteriormente solidificado em meio ácido (Senai/Cetiq apud DIAS, 1999) e o resultado são fibras como o acetato e a viscose.

O processo a ser utilizado para produção dos diferentes fios é definido de acordo com as características físicas da matéria-prima utilizada, assim como a espessura do fio pretendida e viável. A espessura e demais propriedades do fio desejado estão diretamente ligadas à fibra

utilizada. O conceito do processo de fiação de fibras naturais, apresentado por Cherem (2004), define:

“a fiação como um processo de estiramento e torção das fibras, juntando-as firmemente para obtenção de fio contínuo, com determinada massa por unidade de comprimento desejado. A fiação de fibras naturais compreende diversas operações através das quais as fibras são orientadas em uma mesma direção, em resumo, o processo de fiação paraleliza as fibras utilizando diversas passagens de estiramentos e torcidas de moda a prenderem-se umas às outras por atrito. Objetivando a finura desejada, com o correto nível de torção e coesão, resistência e aspecto.”

Já a fiação de fibras artificiais dá-se pelo processo de extrusão, no qual a matéria- prima, em estado líquido pastoso, é forçada a passar pelos orifícios da fieira e dar origem aos filamentos solidificados ao final.

A unidade de medição utilizada para os fios é conhecida como título do fio que relaciona a massa do fio por unidade de comprimento. Desta forma, há uma unidade que pode ser diretamente relacionada à medida de diâmetro do fio e ser capaz de determinar o título, ou espessura, do fio em questão.

Do ponto de vista tecnológico, o setor de fiação foi a parte da cadeia que mais evoluiu. Inovações e avanços em automação foram incorporados e isto garantiu elevadas taxas de produtividade às empresas. Em decorrência disto, os altos investimentos envolvidos na montagem de uma planta fabril de fiação limitam as possibilidades de novos entrantes neste mercado, ou seja, fica reservado para grandes empresas, com alto poder financeiro e capazes e suportar o nível de investimentos necessários.

De acordo com Gorini e Siqueira (1997), a implantação de uma fiação economicamente viável é possível somente a partir de grandes volumes de produção, pois os equipamentos envolvidos possuem escalas mínimas de produção elevada e trabalham de forma interligada, em regime contínuo. Assim, o elevado investimento se constitui em uma barreira à entrada e torna pouco viável e ineficiente a implantação de pequenas unidades nesse segmento. Em função disto, o número de empresas de fiação é reduzido.

A capacidade de produção de uma empresa de fiação é basicamente definida pelo tipo de filatório utilizado, que podem ser de três tipos principais, diferenciados em relação às velocidades de produção, aos níveis de automação e à qualidade do fio produzido, quais sejam:

• Filatório de anéis: utiliza o princípio de estiramento do pavio de algodão conjugado com uma torção no fio. Fornece grande versatilidade, posto que permite a produção de fios de todos os títulos;

• Filatório de rotores: apresenta maior produtividade que a fiação por anéis ao se considerar que pode trabalhar com velocidades de produção mais elevadas além de eliminar etapas do processo produtivo desta. Este tipo é conhecido como open-end e bastante utilizado para produção de jeans. No entanto, sua aplicação fica restrita à produção de fios mais grossos com resistência inferior aos fios de mesmo título produzidos pela fiação a anéis;

• Filatório jet-spinner: ou filatório a jato de ar: este tipo de equipamento utiliza- se de tecnologia relativamente recente, em nível mundial, e ainda pouco difundida entre empresas brasileiras. Apresenta alta produtividade conjunta à versatilidade para produção de fios finos, o que garante elevadas capacidades de produção no que se refere às empresas que utilizam este equipamento. Os filatórios que utilizam as tecnologias de rotores e a jato de ar apresentam maiores capacidades de produção instalada, redução dos espaços utilizados e da energia consumida, além de eliminarem etapas do processo produtivo das fiações tradicionais de anéis. O que explica a coexistência dos filatórios de anéis com sistemas mais produtivos é justamente a versatilidade que estes oferecem ante aos demais sistemas em consideração.

De acordo com o estudo desenvolvido para o segmento de fiação por Gorini e Siqueira (1997), o parque industrial brasileiro pode ser considerado antigo, com a maioria dos equipamentos com idade superior a 15 anos, com exceção de alguns equipamentos mais modernos de rotores e a jato de ar.

Importante salientar que além da preocupação com o tipo de filatório utilizado, se o ponto relevante é produzir com qualidade e rapidez, é fundamental o conhecimento das características da matéria-prima utilizada, seja ela de origem natural ou química.

Segundo estudo realizado pelo IEL, CNA e SEBRAE (2000) quanto à competitividade da cadeia têxtil brasileira, revelou-se que não houve grandes mudanças no comportamento da produção após o choque da abertura comercial nas fiações, sendo assim não foi constatada uma queda considerável de produção, conforme pode-se ver na Tabela 2.2.

Tabela 2.2 Produção física de fios (em toneladas).

Fonte: IEMI (2006).

Em parte, a razão pela qual não houve um impacto tão grande quanto o esperado na produção das fiações se deu devido à elevada capacidade de diferenciação de produto, característica fundamental deste processo produtivo. Além disto, o alto nível de flexibilidade permitiu grande agilidade de mudança nas linhas de produção dos fios. Assim, as empresas que diferenciavam uma parcela de sua produção de fios sofreram menos com a abertura comercial, já que as que não diferenciavam seu produto, passaram a adotar tal estratégia como forma de se tornarem mais competitivas e garantirem sua participação no mercado.

Em relação à manutenção dos empregos nas fiações, pode-se dizer que o segmento acompanhou a tendência de redução do setor têxtil durante a década de 90, a grande redução do número de postos de trabalhos se deu em virtude da própria redução do número de empresas, assim como o aumento do grau de automação das plantas fabris, com a implantação de equipamentos com comando eletrônico, os quais permitem que um mesmo operário possa controlar diversos equipamentos simultaneamente para que a produção seja mais intensiva em capital. Conforme dados apresentados pelo IEMI (2006), o número de empregados, diretos e indiretos, nas fiações, em 1990, que era de 272 mil funcionários foi reduzido até cerca de 80 mil funcionários em 2005, no entanto esse número tem estado estabilizado desde o ano 2000 quando havia 91 mil funcionários trabalhando nesta parte do segmento.

ANO PRODUÇAO 1990 1.141.526 1995 1.066.914 2000 1.444.049 2001 1.328.078 2002 1.225.755 2003 1.172.881 2004 1.256.625 2005 1.294.159