• Nenhum resultado encontrado

INDÚSTRIA TÊXTIL FIBRAS E FILAMENTOS

CAPÍTULO 3 MANUFATURA ENXUTA

3.4 Planejamento e Controle da Produção

Tubino (1997) define o PCP como um departamento de apoio da gerência industrial encarregado da coordenação e aplicação dos recursos produtivos de forma a atender, da melhor forma possível, os planos estabelecidos em níveis estratégicos, tático e operacional. Na visão de Martins (1998 apud MOURA, 1996), "o objetivo principal do PCP é comandar o processo produtivo, transformando informações de vários setores em ordens de produção e ordens de compra - para tanto exercendo funções de planejamento e controle - de forma a satisfazer os consumidores com produtos e serviços e os acionistas com lucros".

Para atingir estes objetivos, o PCP reúne informações vindas de diversas áreas do sistema de manufatura. A Figura 3.3 relaciona as áreas e as informações fornecidas ao PCP.

Figura 3.3 Fornecimento de informações para PCP. Fonte: Moura Júnior (1996).

As atividades do PCP são normalmente desempenhadas em três níveis hierárquicos: Nível Estratégico (longo prazo); Nível Tático (médio prazo) e Nível Operacional (curto prazo).

No nível estratégico, o PCP, baseado em uma estimativa de vendas, formula o planejamento estratégico da produção e gera um plano de produção para um período considerado de longo prazo, no qual são previstos a quantidade e tipos de produtos que se espera vender neste horizonte de planejamento, bem como auxilia nas decisões de natureza estratégica, como ampliações de capacidade, alterações na linha de produtos e desenvolvimento de novos produtos (TUBINO, 1999).

No nível tático, o PCP é responsável pelo planejamento-mestre da produção que resulta no plano-mestre da produção (PMP) de produtos finais, detalhados em médio prazo, período a período, a partir do plano de produção, com base nas previsões de venda de médio prazo ou nos pedidos em carteiras já confirmados. É a partir deste planejamento que o PCP direcionará as etapas de programação e execução das atividades operacionais da empresa (montagem, fabricação e compras) (TUBINO, 2000).

O PMP especifica os itens finais que fazem parte das famílias (especificadas anteriormente pelo plano de produção) e cabe ao PCP analisá-lo quanto à necessidade de recursos produtivos. A finalidade é identificar possíveis gargalos que possam inviabilizar a execução deste plano no curto prazo.

Por fim, é no nível operacional que se executa a programação da produção e o seu respectivo acompanhamento pela administração de estoques, do seqüênciamento, da emissão e liberação das ordens de compras, fabricação e montagem.

Na Figura 3.4, abaixo, encontra-se a relação entre os planos elaborados pelo PCP e o horizonte necessário de planejamento.

Figura 3.4 Visão geral dos planos de PCP. Fonte: Moura Júnior (1996).

As atividades desenvolvidas pelo PCP, até aqui expostas, são encontradas em qualquer sistema produtivo, contudo a forma como estas funções são implantadas e os resultados efetivos alcançados estão diretamente relacionados à filosofia da produção. Estudos mais aprofundados em sistemas de PCP podem ser encontrados nos trabalhos de Tavares (2000), Rocha (2000) e Elias (1999). Na seqüência será explorada como se dá a dinâmica do PCP quando este opera em um ambiente de manufatura enxuta.

3.4.1 Planejamento e controle da produção na manufatura enxuta.

O planejamento da produção na manufatura enxuta, como em qualquer outro sistema produtivo, procura saber quais os níveis necessários de materiais, mão-de-obra e de equipamentos para atender a uma determinada demanda.

Uma vez que o fundamento da manufatura enxuta é a eliminação do desperdício, o planejamento e programação da produção procuram adequar a demanda esperada às possibilidades do sistema produtivo e buscam sempre o resultado mais próximo possível da realidade, a fim de evitar desperdícios por superprodução. Como destacado por Monden (1984), esta situação é caracterizada como produção prontamente adaptável para atender as variações de demanda, o que resulta na eliminação de inventários excessivos de produtos acabados.

A utilização da técnica de produção nivelada permite que a produção atenda, de forma rápida e flexível, à variada demanda do mercado e produza, normalmente em lotes de pequena dimensão, vários produtos diferentes a cada dia. É fundamental para a utilização da produção nivelada, a busca pela redução dos tempos envolvidos nos processos (MOURA JÚNIOR, 1996).

A execução desta ferramenta abrange duas fases: a primeira refere-se ao planejamento de médio prazo e corresponde à adaptação mensal, ou seja, adequar a produção mensal às variações da demanda, ao longo do ano. Esta adaptação está relacionada à execução do planejamento da produção e à elaboração do plano mestre de produção (PMP). A segunda fase adapta a produção diária às variações da demanda ao longo do mês (MONDEN, 1984; TUBINO, 1999).

Uma das principais diferenças destacadas por Tubino (1999) é que, em um sistema produtivo que opera com a lógica do pensamento enxuto, o PMP não é utilizado para gerar um programa de produção e sim para organizar as variáveis estruturais do sistema como o tempo de ciclo e os níveis de estoques necessários para atender a demanda (número de kanbas), preservando-se em médio prazo, a flexibilidade de se alterar o volume e o mix do programa de produção, uma vez que nenhuma ordem foi expedida, conforme apresentado na Figura 3.5 a seguir.

Figura 3.5 Flexibilidade e PCP no sistema de produção JIT.

Fonte: Tubino (1999).

A partir dos pedidos de curto prazo, o PMP elabora um plano com lotes diários mistos e pode distribuir a produção mensal em pequenos lotes de cada modelo de produto, a cada dia, ao longo do mês. A partir da elaboração do programa misto e da seqüência de montagem, todas as demais etapas do sistema produtivo, como submontagem, fabricação de componentes e fornecimento de materiais externos são acionados de acordo com a lógica de puxar a produção, mediante o uso do kanban. Neste sentido, os recursos serão solicitados à medida que a demanda por itens se efetivar e fornecer ao sistema uma flexibilidade de mix.

Um programa de produção, com base neste horizonte, induz os sistemas produtivos a se reestruturarem em termos operacionais para obter redução do lead time, redução do setup, fabricação de pequenos lotes, boa integração com clientes e fornecedores, polivalência dos trabalhadores, dentre outros aspectos. Estes requisitos proporcionam ao sistema de produção a flexibilidade para suportar as mudanças da demanda, tanto aquelas relacionadas às quantidades como ao mix de produtos sem recorrer aos estoques.

O sistema de PCP voltado para a aplicação das ferramentas da ME deve estar preparado para operar com fluxos de produção empurrados, bem como fluxos puxados através do gerenciamento via Kanbans. Neste caso, durante o horizonte de médio prazo, quando se dá a elaboração do PMP, haja vista que a etapa relacionada com a emissão de ordens é eliminada ou reduzida dentro da dinâmica dos sistemas puxados, o PCP deverá focar no planejamento

da adequação do tamanho de supermercado do sistema para períodos futuros próximos. Este ajuste, realizado de forma oportuna, garante a manutenção da eficácia do sistema puxado frente às freqüentes oscilações de demanda.