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INDÚSTRIA TÊXTIL FIBRAS E FILAMENTOS

CAPÍTULO 3 MANUFATURA ENXUTA

3.3 Práticas e ferramentas da Manufatura Enxuta

3.3.6 Sistema Puxado de Produção

A superprodução é um dos desperdícios mais perseguidos pela manufatura enxuta, pois a sua existência indica que toda uma gama de recursos foi despendida para produzir algo que o cliente final não deseja.

Na busca por evitar este tipo de desperdício, a manufatura enxuta busca operar de tal forma que, os produtos finais sejam produzidos apenas na quantidade e no momento demandado, bem como os itens componentes possam chegar às estações de trabalho na quantidade e no momento em que são necessários. Evita-se, desta forma, não apenas a superprodução, mas também a formação de estoque e o tempo de espera na fila (SEIBEL, 2004).

Esta forma de produzir apenas no momento e na quantidade certa (Just in Time) é conseguida pela operacionalização do Sistema Puxado de Produção, cujo funcionamento está baseado na seguinte lógica: o processo subseqüente vai ao processo precedente buscar apenas os itens que necessitam ser processados e apenas no momento exato. Este sistema é regulado por um método de controle de estoque e da produção chamado Kanban que, na sua forma básica, funciona por um controle visual por meio de cartões, sustentado por “kanbans” (cartão

ou bilhete em japonês) reutilizáveis, os quais autorizam a realimentação de material das estações de trabalho ou depósitos precedentes. Várias formas diferentes de sistemas Kanbans foram estabelecidas, desde que Taiichi Ohno introduziu o Kanban em fábricas de automóveis da Toyota.

O Kanban não apenas tem a função de fornecer informações sobre tempo e quantidade, mas também molda processos de produção de forma que facilitem o aperfeiçoamento, além dos padrões originais.

Como ferramenta de informação, ele fornece informações oportunas às estações de trabalho precedentes e, portanto, controla o processo de fabricação. Como ferramenta de aperfeiçoamento, ele torna aparentes as fraquezas no fluxo do material. Todo o processo ganha em transparência, e as falhas (ou desperdícios) tornam-se óbvias. Este conceito pode, até mesmo, ser expandido para incluir a fábrica do fornecedor.

Além dos benefícios já citados, existem alguns requisitos para a implementação bem- sucedida do Kanban. A produção, por exemplo, deve ser repetitiva e em grande volume. A estabilidade de demanda também é importante. Não chega a ser um requisito que inviabilizaria a aplicação do Kanban. No entanto, é altamente desejável que as mudanças de curto prazo sejam evitadas, pois somente com a estabilidade será possível alcançar o todo potencial que o sistema pode oferecer.

Os ajustes de máquinas devem ser rápidos e pouco freqüentes e tais características conferem maior flexibilidade ao sistema. Um elevado nível de manutenção preventiva é necessário para que paradas não programadas sejam evitadas e os itens devem chegar às estações de trabalho livres de defeitos, ou seja, com qualidade assegurada.

Os operadores devem ser treinados e comprometidos com os objetivos do sistema. Como se pode notar, muitos destes requisitos são exatamente as ferramentas que compõem a manufatura enxuta, os quais evidenciam a forte inter-relação e o caráter complementar existente entre cada uma delas. Raramente todas estas condições estão presentes, quando os princípios do Kanban são considerados. Nestes casos, uma versão sob medida deste flexível conceito, para cada sistema produtivo especificamente, sintoniza as exigências e características especiais da produção que devem ser postas em prática.

Segundo Tubino (1999, p.109), muito dificilmente todos os pré-requisitos serão atendidos plenamente antes de se iniciar a produção em Kanban, por isto, deve-se iniciar a implementação do sistema juntamente com as demais técnicas da manufatura enxuta em

setores em que seu potencial de sucesso seja maior. Toda empresa possui algum setor onde o fornecedor e o cliente de uma gama restrita de itens estejam próximos e as demandas sejam regulares. Na medida em que os fluxos produtivos forem são organizados pela focalização da produção, a implantação inicial do sistema pode se expandir com segurança.

Entre as diferentes etapas de produção de um sistema, são criados os supermercados que abastecem o processo subseqüente (cliente interno), com os itens necessários, e que armazenam a produção do processo precedente (fornecedor interno). Os supermercados são estoques posicionados estrategicamente de forma a garantir o abastecimento de toda a cadeia produtiva.

De acordo com Ohno (1997, p.45), um supermercado é onde um cliente pode obter: o que é necessário, no momento em que é necessário, na quantidade necessária. Os operadores do supermercado, portanto, devem garantir que os clientes possam comprar o que precisam em qualquer momento.

Os supermercados são também chamados de Buffers, pulmões ou estoques intermediários. O princípio básico é o de se repor exatamente o quê foi consumido das “prateleiras”, e somente no momento em que o consumo efetivamente existiu. A sinalização ao processo precedente, via cartão, é o que autoriza a produção do item e, assim, requisita a recomposição do supermercado consumido.

"O sistema Kanban, na sua forma de agir, simplifica, em muito, as atividades de curto prazo, desempenhadas pelo PCP, dos sistemas de produção JIT e delega-as aos próprios funcionários do chão-de-fábrica" (TUBINO, 1999, p.87).

Kanban significa cartão ou bilhete em japonês. São, por intermédio dos cartões, que se comunicam, para as diversas etapas produtivas, as informações referentes à produção e à movimentação dentro do sistema.

Assim como os cartões, os Quadros ou Painéis porta-kanbans são peças fundamentais na comunicação visual do sistema, pois executam a função de sinalização das necessidades de produção e movimentação. É no quadro que os cartões são lançados quando existe o consumo de um item ou lote de itens. Sendo assim, o Quadro Kanban orienta diretamente os operadores de chão-de-fábrica em relação ao que deve ser produzido, montado, requisitado ou movimentado. O quadro também possibilita um acompanhamento do nível de estoque atual e um correto monitoramento fornece valiosas informações para uma otimização do sistema produtivo como um todo.

O método de trabalho definido com o uso dos cartões e do quadro porta-kanban é de fácil entendimento, amigável e se constitui uma importante ferramenta de monitoramento e acompanhamento do sistema produtivo. Sinaliza problemas eminentes e, portanto, possibilita uma ação preventiva a tempo. A simplicidade de funcionamento do sistema é uma de suas melhores características, a qual constituiu-se como excelente motivador para o comprometimento dos colaboradores com o sucesso da implementação. É um sistema que confere uma maior autonomia de decisão aos operadores, e na prática, reflete-se com um aumento da responsabilidade dos mesmos para com o produto final.