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Na era pré-histórica, as pessoas viajavam essencialmente para procurar comida, escapar às intempéries, com o intuito de obter uma expansão territorial, caçar, fazer comércio e até talvez satisfazer a curiosidade de descobrir terras desconhecidas (Inskeep, 1991).

A invenção do dinheiro pelos Sumerianos (Babilónia) e o desenvolvimento do comércio aproximadamente em 4000 A.C. marcaram o inicio da era moderna de viajar (McIntosh, 1995). Mas nem todas as viagens desta época estavam ligadas ao comércio, situações de âmbito administrativo ou militar. Há cinco mil anos atrás os egípcios começaram a desenvolver os cruzeiros (MacIntosh, 1995). Na Grécia as pessoas viajavam para assistir a jogos olímpicos. Os romanos também desenvolveram viagens de lazer, principalmente para visitar grandes atracções como as pirâmides do Egipto e locais históricos da Grécia. Estes locais continuam a ser na actualidade bastante populares a nível turístico. Os romanos também viajavam para locais com praias e com termas. Nos finais do Império Romano a divulgação do cristianismo levou ao desenvolvimento de viagens às cidades de Jerusalém e Belém (Inskeep, 1991).

Depois da queda do Império Romano entramos na época designada por Idade Média. Caracteriza-se por um declínio das actividades económicas e do comércio na Europa, onde a classe média desapareceu, os meios de comunicação terrestres se desintegraram, o banditismo aumentou e as viagens se tornaram perigosas. Estes factos levaram a que se verificasse uma quebra nas viagens efectuadas (www.historyguide.org).

Entre o século XIII e XVIII, a Europa viveu um período denominado de Renascimento. Neste período deu-se um desenvolvimento da produtividade agrícola, o florescimento de cidades, a expansão do comércio, os descobrimentos, o florescimento das artes, literatura e o início da ciência moderna (Inskeep, 1991). Segundo Lundberg (1990) viajar por motivos educacionais começou a popularizar-se. Durante os séculos XVII e XVIII, a “Grand Tour” popularizou-se. Nesta época, surgiram algumas universidades de prestígio e a actividade “viajar para educar” foi largamente introduzida, principalmente pelos ingleses. Alguns alunos deslocaram-se a Oxford, Paris, Salamanca ou Bolonha.

A Revolução Industrial, que teve início no século dezoito mudou a capacidade produtiva da Europa e dos Estados Unidos. Mas a revolução significava mais que apenas aumentos de produtividade e desenvolvimentos no nível de vida, transformando as sociedades ocidentais nas suas raízes (www.historyguide.org). Segundo Inskeep (1993) esta revolução criou a base para o desenvolvimento do turismo moderno. As termas e as praias, que eram atracções bastante apreciadas na época Romana, tornaram-se novamente destinos bastante procurados. Assim, durante o século XIX começam a desenvolver-se os transportes, a hotelaria e a restauração. As iniciativas de Cook marcam uma das mais importantes etapas na história do turismo, tendo sido ele o percursor da era do turismo organizado. Também em Portugal nascem as primeiras organizações de viagens de que é exemplo a criação da Agência Abreu, em 1840, que ainda hoje se encontra em funcionamento (Cunha, 1997). Apesar dos acontecimentos que assombraram o mundo, como a I Guerra Mundial, a Grande Crise de 1929 e a Guerra Civil de Espanha, o turismo alcançou dimensões significativas até ao início da II Grande Guerra para, a partir daí, entrar numa fase em que, praticamente, desapareceu (Cunha, 1997).

No entanto, a prosperidade económica e o período de paz verificado após a II Grande Guerra, juntamente com a instituição das férias pagas e com o aparecimento do avião a jacto (Poon, 1993), constituem os principais factores responsáveis pelo nascimento do fenómeno turístico como o conhecemos actualmente.

Com o boom turístico verificado após a II Grande Guerra o turismo sofreu um crescimento acelerado. Num espaço temporal de 50 anos, o turismo sofreu um crescimento abismal de 25 milhões de chegadas de turistas em 1950, para cerca de 687 milhões em 2000. No entanto, em 2001 esta tendência inverteu-se e verificou-se um decréscimo das viagens internacionais. Este fenómeno está ligado à ameaça terrorista que começou com o episódio do 11 de Setembro. Segundo a WTO (2003b), este facto fomentou o turismo interno e as viagens efectuadas através de formas de transporte alternativas ao avião, como o automóvel e o autocarro. Mas, apesar de durante o ano de 2002 o mundo continuar preocupado com a ameaça terrorista, a guerra no Iraque e os efeitos da crise económica

mundial, verificou-se um novo crescimento no sector, ultrapassando a barreira dos 700 milhões.

Segundo a WTO (2003b) a Europa é a primeira região emissora de turistas e ao mesmo tempo é o destino da maioria dos fluxos turísticos internacionais. Em 2002 registaram-se cerca de 57% das chegadas mundiais e cerca de 60.7 % das receitas mundiais neste continente. 20,1 114,9 131,3 399,8 27,6 0 50 100 150 200 250 300 350 400 M ilhõe s

Africa Américas Asia e Pacífico Europa Médio Oriente

Regiões

Figura 2: Chegadas de turistas em 2002 (milhões)

Fonte: WTO (2003b)

Segundo a WTO (2003) os países asiáticos têm vindo a aumentar a sua importância a nível da procura turística mundial, verificando-se ao mesmo tempo uma perda relativa dos destinos ocidentais, embora em valor absoluto também tenham crescido.

Segundo Gouveia e Duarte (2001) a procura turística global está a aumentar, mas o número de destinos estão a crescer mais rapidamente. Esta realidade indica que os países que estão a desenvolver o turismo enfrentam grandes desafios. As áreas de destino que estão mais desenvolvidas a nível turístico ou que apresentam uma forte dependência desta actividade terão que responder à concorrência, aumentando a qualidade e diversificando os seus produtos e mercados alvo, de forma a ajustar a oferta turística à crescente diversidade das necessidades e expectativas dos consumidores. A Europa tem vindo a diminuir a sua quota a nível das chegadas e também a nível das receitas, verificando-se um aumento da quota

relativa de outras regiões, principalmente, da Ásia Ocidental/ Pacífico. Para Gouveia e Duarte (2001) esta perda de quota de mercado está ligada, por um lado, ao aumento da procura de destinos fora da Europa por parte dos Europeus e, por outro lado, ao desvio das correntes turísticas com origem no Japão e América do Norte para outros destinos.

Segundo Cunha (2000) o turismo é um fenómeno de múltiplas implicações, constituindo um fenómeno complexo, abarcando muitos aspectos do homem e da sociedade. Simultaneamente, tem vindo a sofrer alterações ao longo do tempo. Desta forma podem-se destacar algumas tendências do turismo a nível mundial:

• Crescimento de novos segmentos, como o ecoturismo (Fennel, 2002), turismo cultural (Gonçalves e Correia, 2003), turismo rural (Kastenholz, 1997) e turismo sénior (Gouveia e Duarte, 2001)

• Forte concentração dos grandes operadores turísticos (Klemm e Parkinson, 2001) • Integração vertical das grandes cadeias hoteleiras internacionais (Pender, 2001) • Importância crescente da inovação e das novas tecnologias de informação (Poon,

1993)

• Melhoria dos níveis de educação e do acesso a fontes de informação (Gonçalves, 2003)

• Crescente globalização da actividade (Cunha, 2000)

• Crescimento do número de viagens entre as grandes regiões mundiais (WTO, 2003) • Surgimento de um turista cada vez mais exigente (Poon, 1993)

Estas tendências que caracterizam a actividade turística na actualidade estão inter- relacionadas com a própria conjuntura económica internacional (Gouveia e Duarte, 2001).