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4.4 O trilho pedestre em França 4.4.1 Organização do trilho pedestre

França é um país que tem uma longa tradição em caminhos e rotas que vem desde a época da ocupação romana. No entanto, o uso do caminho para fins turísticos e de lazer começou a efectuar-se no início do século XX com o aparecimento dos novos utilizadores designados de pedestrianistas.

Segundo o guia Chemins o pedestrianismo surgiu por causa de dois pioneiros da montanha de origem suíça e que tinham uma paixão pelo Mont Blanc. Mas o turismo pedestre desenvolveu-se muito lentamente. O aparecimento das férias pagas em 1936 contribuiu bastante para o fomento desta modalidade. Nesta época o escutismo e os passeios de bicicleta também tinham bastantes adeptos (Toutchet, s.d.).

Começam a aparecer os primeiros clubes de amigos que gostam de andar a pé (Toutchet, s.d.):

• Em 1872, criou-se o primeiro clube de pedestrianismo o Club Volgien;

• Em 1874 criou-se o Club Alpin Français, com o intuito de facilitar e promover informação sobre as montanhas de França e dos países limítrofes;

• Em 1890, é fundado o Touring Club de France por um grupo de ciclistas, sendo também constituído por uma grande secção de excursionistas pedestres em 1904; • Em 1910, nasceu o Camping Club de France.

Depois da Segunda Grande Guerra Mundial verificou-se, em França, um grande desenvolvimento da prática do pedestrianismo. Assim, um grupo de adeptos começou a reflectir sobre o desenvolvimento do turismo pedestre com a implementação da “Commission de tourism pedestre” no “Touring Club de France”. Em 22 de 1947 foi criado o Comité National dês Sentiers de Grande Gandonnée (CNSGR), impulsionado por Jean Loiseau, tendo como fundadores as seguintes entidades (FFRP, 2003):

• O Touring Club de France; • O Éclaireurs de France;

• O Club Alpin Français; • O Club Volgien;

• O Auberges de Jeunesse.

Este comité tinha como ambição implementar uma rede de trilhos pedestres e desenvolver um sistema de albergues-refúgio para apoiar o pedestrianismo ao longo do território francês (FFRP, 2003). Nesta altura não havia nada feito, era necessário começar a balizar os caminhos28. Em 1952 já havia mais de 1000 Km de trilhos pedestres. Para além de desenvolver os itinerários esta associação começou também a tarefa de os divulgar e em 1957 surge o primeiro guia (topo-guide) que descrevia uma parte do “Tour de l’Île-de-

Françe” (GR1). Em 1969 a CNSGR recebe a aceitação do Ministério da Juventude e dos

Desportos para actividades de ar livre. Em 1971 ganha o estatuto de entidade pública. Em 1972, já existiam mais de 10 000 Km de GR e já se tinham vendido mais de 25 000 guias. Em 22 de Abril de 1978 o Comité National de Grande Randonné torna-se a “Federação Francesa de Trilho Pedestre” (FFRP) e recebe uma aprovação do Ministério do Ambiente pelo seu papel a nível da protecção, da manutenção dos caminhos e salvaguarda do património natural. Para se sinalizar (balizar) os trilhos é necessário seguir-se algumas regras pré-definidas; surge assim, em 1980, a primeira edição da Chartre du balisage29. Em 1985 a Federação muda os estatutos para que estes fiquem em conformidade com os das federações desportivas, neste mesmo ano são criados os comités departamentais e regionais. Em 1992 esta federação envolveu-se numa política de criar parcerias no sentido de obter mais apoios. E para tal foram definidas duas linhas de actuação prioritária:

• Protecção e salvaguarda do património dos caminhos e das rotas em França

• Desenvolvimento da prática do trilho pedestre como actividade de desporto e de lazer em plena natureza.

Foram desenvolvidas parcerias com as empresas: Gaz de France, Ricoré, L’express, La

société Blanchard e Epitact. Mas também mantém uma colaboração com o Instituto de

28 . O 1º GR (Grand Randonnée) foi inaugurado em 1947 e tornar-se-ia o GR3 (GR do rio Loire), que só foi terminado em 1983. Em 1948 dá-se início ao GR1 e este da região parisiense, é terminado em 1956. Nesta altura é também balizado um caminho com muito prestígio o “Tour de Mont Blanc” (GR5).

29 Esta publicação será reeditada em 1995 com a participação do Ministério do Ambiente e com a empresa

Geografia Nacional (IGN), o Organismo Nacional das Florestas (ONF), a Federação de Parques Naturais Regionais e a Federação Nacional de Gîtes de France (Bruzek, 2003). A FFRP é o organismo nacional que coordena todos os aspectos ligados ao trilho pedestre, estando em contacto com as diferentes entidades que operam a nível nacional, regional e local, como é visível no seguinte modelo:

Figura 13: Estrutura da Federação Francesa de Pedestrianismo (FFRP)

Fonte: FFRP (2003)

Esta federação “...tem como objectivo principal o desenvolvimento do trilho pedestre em França, tanto pela sua prática desportiva como pela descoberta, salvaguarda do meio ambiente, o turismo e o lazer. Concretamente visa:

• Suscitar a criação, sinalização, animação e promoção de Itinerários Pedestres de Grande Rota (GR), de passeio pedestre (PR), os caminhos turísticos e os seus equipamentos complementares;

ESTRUTURA DA FFRP Escritório nacional

Direcção

Assembleia Geral Nacional

(representantes dos comités departamentais que representam

as associações)

Comités departamentais

Comissões dos trilhos Gestão de licenças

Vida associativa

Assembleia Geral Departamental

(representação das associações)

Interlocutores: Ministérios Partenaires Federações Grandes associações Prefeitura,

Conselho geral (PDIR), municípios, DDJS (FNDS), CDOS, DDE, ONF,

CDT, Imprensa local

Assembleia Geral Nacional

(representantes dos comités departamentais que representam as associações)

Associações membros da FFRP

Animação, balizagem

Entrega da licença FPRP

Edição, vida associativa Comités transversais

Financeiro, jurídico, médico, turismo, Relações internacionais, Comunicação e parcerias Comités regionais Comissões de trilhos Coordenação e representação regional, formação, competição

Interlocutores:

Conselho geral, DIREN, CROS, CRT, DRAF, DRJS, Prefeitura da região, PQR Individuais Entrega da “Randocarte” ESTRUTURA DA FFRP Escritório nacional Direcção

Assembleia Geral Nacional

(representantes dos comités departamentais que representam

as associações)

Comités departamentais

Comissões dos trilhos Gestão de licenças

Vida associativa

Assembleia Geral Departamental

(representação das associações)

Interlocutores: Ministérios Partenaires Federações Grandes associações Prefeitura,

Conselho geral (PDIR), municípios, DDJS (FNDS), CDOS, DDE, ONF,

CDT, Imprensa local

Assembleia Geral Nacional

(representantes dos comités departamentais que representam as associações)

Associações membros da FFRP

Animação, balizagem

Entrega da licença FPRP

Edição, vida associativa Comités transversais

Financeiro, jurídico, médico, turismo, Relações internacionais, Comunicação e parcerias Comités regionais Comissões de trilhos Coordenação e representação regional, formação, competição

Interlocutores:

Conselho geral, DIREN, CROS, CRT, DRAF, DRJS, Prefeitura da região, PQR

Individuais

Entrega da “Randocarte”

• Estudar todas as questões relativas ao caminho pedestre;

• Intervir no domínio da protecção dos itinerários, por todos os meios legais;

• Representar e defender todos os direitos dos pedestrianistas e das suas associações a nível de entidades públicas e de todos os organismos internacionais;

• Organizar manifestações de lazer ou de competição e estabelecer todas as relações a nível local, nacional e internacional;

• Descentralizar e difundir aos seus membros a documentação necessária ao exercício das suas actividades de acordo com o objectivo da associação;

• Colocar à disposição os meios técnicos e de assistência para a organização das suas actividades, o seu funcionamento administrativo ou as suas relações com os poderes públicos, por exemplo ao nível da formação de animadores de trilho pedestre e da deliberação dos respectivos brevets;

• Deliberar uma licença aos pedestrianistas filiados;

• Associar-se consoante o seu desejo às iniciativas ligadas ao acolhimento e alojamento de pedestrianistas;

• De uma forma geral, tomar iniciativa em todas as acções de intervenção que tenham como objectivo o trilho pedestre em todos os seus aspectos.

Em França são também ministrados cursos de formação para a actividade de “técnico de trilho pedestre”, existindo actualmente muitos profissionais ligados a esta actividade distribuídos por todo o território.