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A União Europeia tem tomado diversas medidas para promover e divulgar o turismo sustentável. Desde 1990 a UE tem vindo a dar um lugar de destaque ao debate ligado à temática “turismo e ambiente” e em 1993 aparece o Plano de Acção da Comunidade para

assistir o turismo. Uma das seis componentes do relatório está ligada à selecção de

medidas para suportar a conservação do ambiente natural e cultural assim como o respeito pelo estilo de vida das comunidades locais. Este documento defende (Blangy e Vautier, 2001):

• iniciativas com o objectivo de fazer com que os operadores e os turistas conheçam a interdependência entre turismo e ambiente;

• projectos-piloto que tenham como objectivo manter o balanço entre turismo e a protecção dos ambientes naturais, em particular em zonas costeiras, parques nacionais e reservas naturais;

• iniciativas que tenham como objectivo desenvolver diferentes formas de turismo sustentável.

Sob a alçada da Direcção Geral DG XXIII (unidade ligada ao turismo) 16 durante 1993 e 1995 foram lançados 17 projectos piloto dentro do âmbito do Plano de Acção da

Comunidade para assistir o turismo.

No “Quinto Programa da Comunidade Europeia para o Ambiente e Turismo Sustentável” (1993) o turismo aparece como uma das cinco áreas prioritárias, a nível de (Blangy e Vautier, 2001):

• integração de considerações ambientais nas políticas e no planeamento do turismo ao nível mais apropriado;

• uma rede para a protecção de áreas sensíveis;

• informação para que os turistas adoptem medidas amigas do ambiente; • gestão dos fluxos turísticos para respeitar a capacidade de carga.

A direcção geral do Ambiente da UE17 está a ter um papel fulcral ao nível da temática “turismo e ambiente” gerindo o fundo LIFE (natureza e ambiente): apoiando programas piloto em toda a Europa e coordenado uma nova rede de áreas protegidas. Este programa apoiou alguns projectos de conservação com o objectivo de desenvolver modelos específicos de turismo sustentável em ambientes naturais. Destacam-se duas iniciativas: i) a Carta Europeia para o turismo sustentável em Áreas Protegidas e ii) As linhas orientadoras para o turismo sustentável em áreas protegidas e locais da Rede Natura

200018.

Em 2001 a Comissão Europeia lança um documento designado “Trabalhar em conjunto para o futuro do turismo europeu”, onde se dá uma especial atenção para a necessidade de todos os intervenientes do sector trabalharem de uma forma integrada. Com base neste

16 Esta mudou de nome em 1999 para DG Empresa 17 Anteriormente designada DGXI

18 O sistema de áreas protegidas designado Natura 2000, é uma rede de protecção desenvolvida com base na Directiva de Protecção das aves (1979) e na Directiva dos Habitats (1992). Tem como objectivo criar uma rede coerente de vários tipos de habitats com vista a estabelecer uma fundamentação sólida para o desenvolvimento sustentável (Hiedanpää, 2002).

documento a UE lançou em Novembro de 2003 uma comunicação, onde indicou que pretendia estabelecer um “Grupo para o turismo sustentável”, no qual representantes de vários níveis administrativos e territoriais desenvolveriam orientações para o sector do turismo (UE, 2003). A mensagem que a U.E. tem vindo a tentar divulgar é que a integração a nível ambiental faz sentido a nível empresarial (Blangy e Vautier, 2001) reforçando a ideia de que é necessário todos os intervenientes trabalharem em conjunto.

O Concelho da Europa também tem vindo a desenvolver medidas no âmbito da implementação de um turismo sustentável na Europa. Em 1995 o Concelho da Europa criou uma estratégia pan-europeia para a diversidade biológica e paisagística e no âmbito da implementação da estratégia foi criado um comité de especialistas ligados ao turismo e ambiente (Blangy e Vautier, 2001). Esse grupo de trabalho desenvolveu algumas recomendações que o Concelho da Europa disseminou, 19 o Concelho da Europa também

desenvolveu programas específicos com o intuito de promover o turismo sustentável de duas formas (Blangy e Vautier, 2001):

• Cooperação intergovernamental e assistência técnica em projectos-piloto ligados ao desenvolvimento do turismo sustentável, localizados em zonas críticas da Albânia, Roménia, Eslováquia, Ucrânia Látvia e Bielo-Rússia.

• Conferências e grupos de trabalho que foram desenvolvidos em vários estados membros.

As medidas desenvolvidas por este organismo influenciaram as políticas nacionais nos diferentes estados membros assim como surtiu efeito a nível do sector privado. Na Europa existem também várias associações de âmbito diverso que têm vindo a assumir um papel fundamental na implementação do turismo sustentável. Algumas das organizações são de âmbito internacional, como é o caso da WTO, UNESCO e UNEP IE (ver Quadro 3). Existem ainda inúmeras iniciativas que surgem no sector privado e que são bastante pertinentes a nível da implementação de medidas ligadas ao turismo sustentável, principalmente a nível da hotelaria.

19 Na colecção “environmental encounters” encontram-se algumas obras de referência como é o caso da

publicação “Sustainable Tourism, Environment and Employment Proceedings of an International Conference, Berlin October 2000”, editada em 2002.

Quadro 3: Organizações envolvidas no turismo sustentável a nível europeu

Europar É a organização europeia que está ligada às áreas protegidas, em 1993 desenvolveu a carta com algumas recomendações para o turismo sustentável, também designada “Loving them to death?” em 1993 e mais tarde, em 1999 a “Carta Europeia para o desenvolvimento do Turismo Sustentável em Áreas Protegidas” destinada aos gestores de áreas protegidas, à indústria turística nos destinos e aos operadores turísticos e empresas de transporte.

WWF PAN Parks Esta organização criou uma marca de qualidade com os seguintes princípios: i) expandir uma rede de áreas protegidas bem geridas; ii) áreas que são amplamente conhecidas pelos europeus como capital natural e das quais têm orgulho; iii) locais de interesse para turistas e amantes da natureza; iv) muito apoio público e politico para as áreas protegidas; v) mais receitas para parques, mais rendimentos para residentes de áreas rurais. Esta organização tem como objectivo conseguir mais financiamento para áreas protegidas.

WTTC Tem alojado no seu site a Eco-net que já foi referida anteriormente

UNESCO, UNEP IE Esta organização está sediada em França (Paris) tendo produzido algumas publicações muito utilizadas na Europa como refências tais como a “Ecolabel”.

UICN “parks for life” Fundada em 1948, The World Conservation Union junta estados, agências governamentais e um número variado de organizações não governamentais tendo 980 membros estando espalhada por 140 países. A divisão europeia está sediada na Suissa Esta organização trabalha ao nível do desenvolvimento sustentável e colaborou em vários projectos desenvolvidos na Europa ligados ao turismo sustentável, destacando-se o seu contributo para a “Carta Europeia para o Turismo Sustentável em Áreas Protegidas” (UICN, 2003).

Tourism concern É uma organização britânica fundada em 1989. Tem como objectivo promover um turismo justo e desenvolvido com ética (Tourism Concern, 2003).

WTO Sediada em Madrid, esta organização exerce uma forte influência a nível da implementação do turismo sustentável na Europa (WTO, 2003), por exemplo, a carta mundial para o turismo sustentável (1995) foi usada como bibliografia de referencia para o desenvolvimento da rede Natura 2000

Fonte:Tourism Concern (2003); IUCN (2003); WTO (2003a); Blangy e Vautier (2001)

Outra medida que a União Europeia tem vindo a desenvolver no âmbito da sustentabilidade centra-se no desenvolvimento de um rótulo ecológico. Trata-se de uma forma de certificação que informa o turista ou o consumidor de que o produto ou actividade estão a ser desenvolvidos de acordo com certos padrões standardizados e que preservam o ambiente ou pelo menos minimizam os impactes ambientais. Este rótulo ecológico europeu não tem aplicação exclusiva aos produtos turísticos. Em 17 de Julho o Concelho e o Parlamento Europeu fizeram sair o Regulamento nº 1980/ 2000, onde é indicado que o rótulo ecológico é aplicável a produtos que geralmente são vendidos em grande quantidade ao consumidor final, tendo geralmente um elevado impacte ambiental, e assim um substancial potencial de melhoria do ambiente.

Este rótulo aplica-se a produtos bastante variados como detergentes, computadores portáteis, calçado, etc. Em 14 de Abril de 2003 a Comissão estabeleceu os critérios ecológicos para a atribuição do rótulo ecológico comunitário a serviços de alojamento turístico (Jornal oficial nº L 102 de 24/04/2003).